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UCJ
ARDI
M GUANABARA
APOSTILA DO CURSO DE INTRODUÇÃO À TEOLOGIA
SISTEMÁTICA PENTECOSTAL - VOLUME I
ÍTALO VICTOR
NATANAEL SOUSA
ROBSON ALMEIDA
25 DE MARÇO, 2022
FORTALEZA-CE
PREFÁCIO
Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda,
corrija, exorte com toda a paciência e doutrina.
2 Timóteo 4:2
É com muita alegria que agradecemos ao Senhor por ter nos contemplado a realizar o
Curso de Introdução à Teologia Sistemática Pentecostal (ITSP), ao qual nos dedicamos para
produzir este material de apoio às aulas que serão realizadas. Primeiro, quero agradecer a
toda igreja pela confiança, e depois a cada professor que dedicou seu tempo para apoiar, seja
na produção do conteúdo, ou mesmo dando aulas para este curso.
Queremos salientar que este curso é totalmente voltado para as bases mais ortodoxas
da fé, sendo uma INTRODUÇÃO para aquele que quiser se aprofundar mais no campo
teológico, principalmente a partir dos amplos materiais já produzidos de Teologia
Sistemática, ao qual esta apostila usou de fontes, principalmente voltado para a igreja
pentecostal do Brasil, especificamente aos cristãos da Igreja Canaã do Jardim Guanabara.
Entendemos que este material tem por objetivo despertar a curiosidade teológica dos nossos
queridos alunos, sendo um guia das categorias mais básicas da teologia ortodoxa pentecostal
que não devemos negar, mas antes afirmar com plena convicção pois se tratam de tópicos
basilares do cristianismo e do pentecostalismo.
Esperamos que estes conteúdos citados possam tecer boas bases cristãs sobre nossa
ortodoxia, por isso meditem com cautela e se dediquem ao curso, pois ele pode escancarar
sua sede por Deus e por conhecer ao Senhor. A dedicação para as bases da fé é o alimento
que produz um crente firmado e o capacita para tomar alimentos ainda mais sólidos, por isso
esperamos que você trate com carinho o material produzido e disponibilizado de maneira
gratuita para seu crescimento espiritual. A honra, a glória e domínio sejam dados ao Senhor,
pois é Soberano e verdadeiramente o único Deus! Amém!
ÍNDICE
BIBLIOLOGIA…………………………………………………… 5
TEONTOLOGIA…………………………………………………. 19
TRINDADE……………………………………………………….. 35
CRISTOLOGIA…………………………………………………... 48
PNEUMATOLOGIA……………………………………………... 64
BIBLIOLOGIA
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja
apto e plenamente preparado para toda boa obra.
2 Timóteo 3:16,17
1. INTRODUÇÃO
As palavras de Deus foram registradas ao longo dos séculos por homens inspirados
pelo Espírito Santo para prover uma revelação especial acerca de Deus para os povos.
Ao conjunto de livros, escritos em variados períodos de tempo, inspirados pelo
divino, damos o nome de Bíblia.
Assim, a Bíblia, tem o principal propósito de nos apresentar o Deus que se revela,
seus planos e seus mandamentos, ao qual encontramos personificado através do
testemunho do "Logos", ou seja, Jesus Cristo. A formação da bíblia levou cerca de
1500 anos, aos quais 40 escritores diferentes participaram de sua produção.
2. ESTRUTURA
1
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 25.
Dentro desta divisão, para melhor compreensão da narrativa bíblica, também existem
subdivisões por diferentes categorias.
● Revelação Geral
● Revelação Especial
A) REVELAÇÃO GERAL
Uma definição mais perto da revelação geral demonstra que diz respeito à
auto-revelação de Deus através de exame de natureza, história e no
interior do ser humano. É geralmente de duas maneiras: a sua
disponibilidade universal (é acessível a todas as pessoas em todos os
tempos) e do conteúdo da mensagem (revelação especial menos
particularizada e minuto).2
2
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática, 2º edição. Vida Nova. 2008, p. 104
A natureza atesta o seu autor, assim como o retrato apresenta traços do pintor. Vemos
que a primeira área ligada ao reconhecimento da revelação geral implica
necessariamente na natureza, na criação em si existem traços de um Deus onipotente,
onipresente e onisciente. Ao vermos a beleza da lua, ao admiramos o nascer do sol,
quando vislumbramos as ondas salgadas da praia, ou mesmo quando escutamos o
doce som dos pássaros, tudo isto atesta sinais e a grandeza de um Deus criador.
Vemos que o Apóstolo Paulo diz que o poder e divindade de Deus é percebido nos
atributos de sua criação (Romanos 1:20)
Assim, vemos como Deus é o Senhor da História e suas marcas são ativas, temos
outro exemplo na evidências descobertas pelo Arqueólogo Rodrigo Silva acerca da
Babilônia e a historicidade de Nabucodonosor4 afirmam com maior autoridade tal
providência divina e a revelação de Deus na história.
3
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática, 2º edição. Vida Nova. 2008, p. 104
4
SILVA, R. P. A historicidade de Nabucodonosor: análise paleográfica e interpretativa de uma
inscrição neo-babilônica. Kerygma, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 39–44, 2005. Disponível em:
https://revistas.unasp.edu.br/kerygma/article/view/351. Acesso em: 22 fev. 2022.
dádivas de Deus para resplandecer sua glória. Portanto temos um aspecto da
consciência, que também é dito por Paulo aos romanos, ao quais falam de uma lei
escrita nos corações dos homens (Romanos 2:12-16) , que os capacita a compreender
aquilo que é correto e errado, ou seja, fazer julgamentos morais que envolve impulsos
morais naturais do próprio homem, aos quais apontam para um princípio moral
unificador e absoluto em Deus.
Salientamos, a partir deste ponto, que a revelação geral tem suas limitações em alguns
aspectos. Apesar desta revelação apontar para Deus, ela não expõe diretamente a
natureza moral de Deus e do homem, portanto não possui um caráter redentor apesar
de revelar o caráter corrompido do homem, a morte é a principal prova do fato. Deste
modo, a revelação geral só tem efeito condenatório sobre o homem, pois não revela
Deus de forma específica ou salvadora.
A revelação geral é comum para todos os homens, entretanto a revelação especial tem
uma natureza única devido não ter sido alcançada por todas as pessoas. Tal revelação
parte diretamente de Deus, portanto, podemos chamá-la também de auto-revelação
divina. Assim, a revelação especial é a auto-revelação da Pessoa, obras e propósitos
de Deus em forma, de maneira propositiva, ou seja, se confirmando ao homem como
Deus, isto é realizado através da história da redenção, da pessoa de Cristo e do
registro das Escrituras Sagradas.
5
CALVINO, João. As Institutas ou Tratado da Religião Cristã. Livro I. São Paulo. Casa Editora
Presbiteriana, 1985, p. 57
A igreja ortodoxa, porém, sempre creu muito ao contrário disso,
sustentando que a revelação da Palavra de Deus ao homem é absoluta e
simplesmente necessária à salvação. Ela é a “semente” da qual nascemos
de novo (IPe 1.23), a “luz” por meio da qual somos orientados (SI
119.105), o “alimento” com o qual nos nutrimos (Hb 5.13,14) e o
“fundamento” sobre o qual somos edificados (Ef 2.20).6
Em conformidade com a ortodoxia, também cremos que tal revelação é a única que
pode trazer a luz ao homem caído e perdido no pecado. Ao homem é impossível
alcançar tal revelação, mesmo que ele ainda tenha limitadas dádivas divinas em seu
estado de natureza pecadora, pois ele é cego, pobre e nu, mas o Espírito Santo as revela
para quem quer (1 Coríntios 2:9-14).
Turrettini também argumenta que o duplo apetite implantado no homem é uma prova
essencial da necessidade de uma revelação especial, o primeiro apetite seria por uma
busca incessante pela verdade e outro pela imortalidade. Tais apetites estão diretamente
ligados ao estado da inocência do homem antes de sua queda, portanto destes apetites
que não podem ser saciados por uma revelação geral, mas antes apenas encontramos
mentiras e depravações, temos assim a assistência de Deus em se auto-revelar para nós,
a partir deste conhecimento a verdade é esclarecida e a vida eterna é ganha. Citando,
novamente, Turrettini podemos concluir que:
Porém, visto que esses apetites não podem ser vãos, fez-se necessária uma
revelação a fim de exibir a verdade primeira e o bem supremo, bem como
o caminho para cada um desses (o que a natureza não poderia fazer).
Finalmente, a glória de Deus e a salvação dos homens o exigiam, porque
a escola da natureza não era capaz de guiar-nos ao conhecimento do
Deus verdadeiro e a sua legítima adoração, nem de descobrir o plano da
salvação por meio do qual os homens podem escapar da miséria do
pecado para um estado de perfeita felicidade, proveniente da união com
Deus. Portanto, era preciso estabelecer a gloriosa escola da graça, na
qual Deus pudesse ensinar-nos por meio de sua Palavra a verdadeira
religião, instruir-nos em seu conhecimento e adoração, e elevar-nos à
comunhão com ele para o gozo da salvação eterna - onde nem a filosofia
nem a razão jamais poderiam chegar.7
Aqui temos então que a revelação especial é aquela que salva, nisto podemos
vislumbrar que Deus instituiu a Cristo, o verbo vivo, como a revelação central e sua
persona como salvador dos homens, assim também como as Escrituras, ou seja Bíblia
6
TURRETINI, François. Compêndio de Teologia Apologética - Vol. 3. 1 ed. São Paulo: Cultura Cristã.
2011, p. 103.
7
TURRETINI, François. Compêndio de Teologia Apologética - Vol. 3. 1 ed. São Paulo: Cultura Cristã.
2011, p. 104.
Sagrada, que fala de Cristo, sua vida, sua obra, seu propósito e também a consumação
deste século (Isaías 7:14; 9:6; Hebreus 1:3; Mateus 11:27; João 1:18).
4. INSPIRAÇÃO
Vemos que Deus move os homens, sendo Deus a causa primária do processo de
inspiração, cuja causa instrumental são os homens de Deus que escrevem as
Escrituras, aos quais são movidos pelo Espírito Santo. Portanto advogando deste
processo nós devemos concluir que as Inspiração nas Escrituras é Verbal e Plenária,
para compreendermos melhor o significado quando dissermos tais termos tente pensar
nos seguintes características
Tais características irão nos fazer vislumbrar as questões da inerrância bíblica, mas
antes disso devemos ver algumas teorias da inspiração em relação à bíblia para que
evitemos os perigos de uma doutrina não ortodoxa.
Ao longo dos séculos os homens têm observado as Sagradas Escrituras com olhares
diferentes, nem todos os homens consideram que a Bíblia é uma revelação divina,
mas antes um produto de homens em determinadas culturas. Também devemos ter em
mente que com o surgimento de seitas novas atitudes e visões acerca da Bíblia
também foram desenvolvidas por estes, enfim, segue a lista das principais atitudes de
visão sobre a inspiração da Bíblia.
RACIONALISMO
Nega qualquer possibilidade de revelação sobrenatural, entretanto com os moldes
atuais existem grupos que admitem a possibilidade moderada de revelação divina,
mas julgar quais partes seriam “sobrenaturais” estaria sob a razão humana.
ROMANISMO
Posição oficial do Catolicismo Romano, ao qual observa a Bíblia como um produto da
igreja ao longo dos séculos, assim sendo, a bíblia não detém a maior autoridade nas
questões fundamentais, mas antes é igualada a tradição dos homens como o definidor
das questões essenciais da fé, assim há um princípio de dupla autoridade.
MISTICISMO
Uma posição antiga, mas que novamente ganha destaque dentro do cristianismo. A
partir desta posição existe um pressuposto que a experiência pessoal de indivíduos
tem o mesmo caráter de autoridade da Bíblia.
SEITAS
Neste caso, a Bíblia é colocada ao lado dos escritos de seus líderes ou fundadores.
Para estes grupos, estes líderes fundadores e seus escritos têm a mesma autoridade
que a Bíblia.
NEO-ORTODOXIA
Baseado principalmente em Karl Barth, a bíblia é uma testemunha falível da
revelação de Deus na Palavra de Cristo, a bíblia contém a palavra de Deus mas não é
em si a Palavra de Deus, pois depende em partes da experiência individual da pessoa
com a revelação de Deus, além de conter escritos puramente humanos e portanto
passíveis de erros e falhas.
ORTODOXIA
Baseado no princípio da reforma prostestante, com o Sola Scriptura, vemos o modelo
adotado por Martinho Lutero sobre a bíblia como a autoridade final e determinante da
fé cristã, sendo a única fonte infalível da revelação de Deus, portanto vemos que
diferentemente da posição da romanista, a ortodoxia preza pela Escritura acima da
tradição, mas isto não quer dizer que a descarte ou rejeite, mas antes que a submete ao
crivo da autoridade bíblica como determinante as tradições da igreja.
5. INERRÂNCIA E INFALIBILIDADE
Se Deus inspirou as Escrituras, de maneira plenária e verbal, então logo ela não tem
falhas ou erros, assim os conceitos de revelação e inspiração produzem e condicionam
o conceito de autoridade da Bíblia como Palavra de Deus.
8
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.184
9
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro.
CPAD. 2016, p.65-66
2. A verdade de Deus é expressada com exatidão através de todas as
palavras da totalidade da Escritura, e não meramente através das
palavras de conteúdo religioso ou teológico.
3. A verdade de Deus é expressada de modo inerrante somente nos
autógrafos (escritos originais), e de modo indireto, nos apógrafos (cópias
dos escritos originais).
4. A inerrância dá lugar à "linguagem de aparência", aproximações e
várias descrições não-contraditórias, feitas a partir de perspectivas
diferentes. (Por exemplo, dizer que o sol se levanta não é um erro, mas
uma descrição perceptiva e reconhecida).
5. A inerrância reconhece o uso de linguagem simbólica e figurada, e
uma variedade de formas literárias para se transmitir a verdade.
6. A inerrância entende que as citações no Novo Testamento de
declarações do Antigo Testamento podem ser paráfrases, sem a intenção
de serem traduções literais.
7. A inerrância considera válidos os métodos culturais e históricos de se
relatar coisas tais como genealogias, medidas e estatísticas ao invés de
exigir os métodos de precisão da moderna tecnologia.
6. CANONICIDADE
10
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p.68.
do tempo reconheceu, a partir de concílios e análises minuciosas, quais livros são
divinamente inspirados e podem ser tornar parte do cânon.
A palavra cânon é usada para descrever a lista de livros inspirados, ela vem do grego
kanon e do hebraico qaneh significando "vara de medir". Assim o termo cânon e
canônico vem a denotar os padrões usados para analisar quais livros eram realmente
inspirados por Deus. É importante notar que os concílios religiosos não tiveram
qualquer poder para causar que os livros fossem inspirados, mas apenas
reconheceram, pelas características oriundas da própria inspiração, aqueles que Deus
houvera inspirado no momento de sua escrita.
O texto do Antigo Testamento pode ter sido reunido desde 5 a.C, sob o comando de
Esdras, também a partir do Texto Massorético (hebraico) do Antigo Testamento já
vemos uma tripla divisão em em trinta e nove livros e era reconhecida pela
comunidade judaica como inspirados, juntamente destes argumentos, também atestam
a confiabilidade desta divisão homens como o Flávio Josefo (35-95 d.C), Bispo
Melito de Sardes (100 d.C a 170 d.C), Tertuliano (160-250 d.C) e outros. O concílio
de Jâmnia em 90 d.C, uma reunião de rabinos fariseus judaicos para reconhecimento
do cânon, é geralmente considerado a ocasião que o Cânon do Antigo Testamento foi
reconhecido publicamente.
Assim, temos que o Antigo Testamento é inspirado, tal inspiração geralmente se deu
após a confirmação das palavras de Deus por meio do seu Arauto divino, ocorrendo
uma definição do cânon pelos judeus.
Também temos a era após os apóstolos, cujo os pais da igreja também afirmam o
cânon do Novo Testamento. Clemente de Roma mencionou ao menos oito livros do
Novo Testamento em uma carta, Inácio de Antioquia também reconheceu cerca de
sete livros, Policarpo, discípulo de João, reconheceu quinze cartas. Irineu escreveu
reconhecendo vinte e um livros, Hipólito já tem em seu reconhecimento vinte dois
livros. Devemos ter em mente que o reconhecimento dos livros inspirados aqui
citados estão em conformidade com os escritos destes homens, isto não quer dizer que
eles só reconhecem esta quantidade como inspirado. A principal discussão da
inspiração divina naquela época eram os escritos de Hebreus, Tiago, 2 Pedro e 2 e 3
João.
A partir dos concílios da igreja podemos assim ter um cânon definido dos 27 livros
que correspondem ao nosso atual Novo Testamento, sobre isso Paul Enns ressalta:
11
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.191
A partir disso podemos ter a plena convicção da definição do cânon, um processo
gradual que envolve o reconhecimento da igreja dos escritos inspirados a partir de
determinadas características padrões a todos eles. Vemos como a providência divina é
maravilhosa ao guiar e preservar suas palavras para que cheguem até nós nas forma da
Bíblia Sagrada que lemos.
7. ILUMINAÇÃO
A bíblia sendo inspirada por Deus requer uma dimensão diferente para
compreendê-la, o homem só pode entender as Escrituras quando recebe a ajuda de
Deus para tal feito, vide que o homem é carnal (1 Coríntios 2:11), ao feito de iluminar
o homem pecador e caído, regenerando sua natureza, e assim trazendo conhecimento
da verdade e portanto capacitando o homem a compreender a Palavra de Deus damos
o nome de "Iluminação". Paul Enns define Iluminação como:
O ministério do Espírito Santo pelo qual ele ilumina aqueles que estão em
um relacionamento certo com Ele, para compreenderem a Palavra escrita
de Deus.12
QUESTÕES
Também devemos ter em mente que ao adorarmos ao Senhor também exaltamos seus
atributos e seu ser. Assim, compreender a Teontologia é necessário para nossa vida
como cristão e também como um passo fundamental para compreender as demais
doutrinas, mas devo avisar que é impossível compreendermos os atributos de Deus
em totalidade, visto que somos criaturas finitas e limitadas, contudo podemos
conhecê-lo, isto é o que chamamos da doutrina da cognoscibilidade de Deus, nisto
afirma Berkhof:
Tendo em mente que Deus é infinitamente superior em todos os seus atributos, mesmo
aqueles que foram comunicados a nós, devemos ser humildes e compreender aquilo
que podemos ter acesso pelo nosso limitado intelecto.
2. EXISTÊNCIA DE DEUS
1- Deus existe
2- Deus se revelou por meio da sua Palavra Divina.
ARGUMENTO DEFINIÇÃO
2
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p.21.
ANTROPOLÓGICO O argumento está centrado na própria
existência do homem, afinal há
características morais, como como
consciência, intelecto, emoção e vontade
que parecem apontar para um Criador
Devemos ter em mente que tais argumentos, apesar de favorecerem a lógica racional e
filosófica sobre a existência de Deus, não podem prová-lo, vide que a fé sempre foi
algo essencial dentro do escopo da teologia.
A partir desses argumentos podemos então fazer uma lista dos argumentos contra a
existência de Deus, geralmente adotados por aqueles que são antiteísta, no sentido de
não darem crédito ao Deus revelado na Bíblia. Isto não quer dizer que tais posições
não tenham sua concepção de “deus”, mas que são totalmente contrárias a concepção
teológica ao qual devemos nos deleitas. Segue abaixo alguns exemplos de posições
contrárias a nossa na tabela abaixo:
POSIÇÃO DEFINIÇÃO
Devemos ter em mente que os atributos de Deus não são suas obras, apesar das suas
obras revelarem sua natureza. Para compreendermos o "Ser" de Deus, devemos
admitir que não temos como fazer uma definição científica, pois ele não pode ser
classificado a partir da observação de conceitos comuns, já que é o único Deus,
portanto somente podemos compreender o ser de Deus na questão analítica e
descritiva, ao qual temos em mente as características mas não buscamos
exaustivamente a explicação do ser essencial. Afinal, já vimos que dentro da
cognoscibilidade de Deus só podemos conhecê-lo parcialmente.
A bíblia descreve Deus como um ser vivente, nunca operando com um conceito
abstrato, mas ao mesmo tempo demonstra vários atributos na relação entre Criador e
criação. Devemos compreender que as escrituras não exaltam qualquer atributo em
detrimento dos demais, mas antes há uma perfeita harmonia no Ser divino, nisto
concorda Berkhof quando diz:
Pode ser verdade que ora um, ora outro atributo receba ênfase, mas a
Escritura evidentemente tenciona dar devida ênfase a cada um deles. O
ser de Deus é caracterizado por profundidade, plenitude, variedade, e
uma glória que excede nossa compreensão, e a Bíblia apresenta isto como
um todo glorioso e harmonioso, sem nenhuma contradição inerente. E
esta plenitude de Deus acha expressão nas perfeições de Deus, e não
doutra maneira.4
Assim, também devemos compreender que Deus é simples, ou seja, ele não é
composto mas antes uma unidade. Portanto não devemos considerar os atributos como
uma composição de Deus, mas antes como uma unidade, Deus e seus atributos são
3
STRONG, A. H. Teologia Sistemática. 3.ed. São Paulo. Hagnos, 2003, p. 364
4
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p.34.
um. Também não devemos considerar os atributos como um acréscimo ao Ser de
Deus, pois ele é eternamente perfeito. Mas devemos salientar, conforme Berkhof, que
há distinções em Deus:
Devemos ter em mente o cuidado com tal apontamento, pois não podemos separar a
essência divina de seus atributos, ou perfeições divinas, mas também não podemos
levantar um falso conceito da sua relação mútua a partir da falta de distinção,
diferença, entre as perfeições e qualidades inerentes do Ser divino. Por fim,
concordamos com Berkhof quando diz:
5
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 37.
6
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 38.
7
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 101.
A distinção mais comum é entre atributos incomunicáveis e
comunicáveis. Os primeiros são aqueles aos quais nada análogo existe na
criatura, como asseidade, simplicidade, imensidade, etc.; os últimos,
aqueles com os quais as propriedades do espírito humano têm alguma
analogia, como poder, bondade, misericórdia, retidão, etc8
Entretanto, devemos salientar que há ressalvas para esta divisão, concordamos que
esta categorização é útil mas ao refletirmos sobre a distinção deve perceber que não
existe nenhum atributo de Deus que seja COMPLETAMENTE COMUNICÁVEL, nem
nenhum atributo de Deus que seja COMPLETAMENTE INCOMUNICÁVEL.
Utilizarei o exemplo de Grudem para orientação quando afirma:
Portanto, esclarecida esta categorização, na próxima seção iremos abordar sobre quais
atributos são incomunicáveis e comunicáveis, assim trazendo melhor compreensão da
natureza divina.
4. ATRIBUTOS INCOMUNICÁVEIS
8
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 48
9
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 102.
10
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 102.
A) INDEPENDÊNCIA
Isto é confirmado pelo apóstolo Paulo, quando diz que Deus não é servido por mãos
de homens, nem que necessitasse de algo, pois é Ele quem dá a todos o fôlego de vida
e as demais coisas (Atos 17:24-25), assim Deus não depende de sua criação, portanto
é independente. Entretanto, quero dizer que apesar da independência de Deus, isto não
lhe faz impessoal, pois Deus escolheu se relacionar com sua criação, não por
necessidade, mas por amor. Concluo com Berkhof:
B) IMUTABILIDADE
11
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 51
12
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 51
imutável pois nela tudo já é perfeito, não é necessário acréscimo ou decréscimo no Ser
de Deus, pois isto tornaria Deus passível de atualização, se algo é passível de
atualização em sua natureza ela não é perfeita e também não é imutável. Vemos que a
doutrina da imutabilidade divina é ressaltada quando é dito "Eu, o Senhor, não mudo"
(Malaquias 3:16), esse atributo também pode ser chamado de inalterabilidade.
Entretanto vemos alguns casos bíblicos que "aparentemente" Deus parece mudar, ou
arrepender-se, mas isto toma compreensão errônea, primeiro pois em muitos destes
acontecimentos estamos vendo a relação entre Criador e Criatura, nesta relação Deus
é imutável mas não é imóvel, ou seja, não está em ação. A questão é que as suas
criaturas são mutáveis, e nisto mudam em relação ao próprio Deus, um exemplo disto
é o arrependimento de pecados que nos faz escapar do juízo vindouro divino, que é a
manifestação da justiça, para usufruirmos misericórdia, neste ato o Ser de Deus não
mudou, mas nós que experimentamos uma mudança. Também temos que
compreender quando há o uso do termo "arrepender" referindo-se a Deus é uma
espécie de antropomorfização da linguagem para que entendamos Deus, ao qual não
tem o mesmo significado de "voltar atrás" ou "mudar o propósito original", mas antes
apenas exprime um sentimento em linguagem humana. Portanto a doutrina da
imutabilidade divina é confiável e baluarte do Ser de Deus.
13
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 51
14
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 105.
C) INFINIDADE
A Infinidade é a perfeição de Deus a qual ele não tem qualquer limitação em seu Ser
divino e Seus atributos, nem tampouco ele pode ser limitado pelo tempo ou pelo
espaço. Isto não quer dizer que sua identidade é a soma das coisas que existem, mas
antes que isto revela a relação Dele com as coisas criadas.
Devemos compreender que Deus não tem um corpo, portanto ele não tem extensão
espacial, por isso não é como se Deus estivesse espalhado por todo o universo, mas
antes devemos entender que a presença de Deus abrange toda sua criação. Dentro
destes aspectos de infinidade, abordaremos três aspectos para facilitar nossa
compreensão da infinidade divina na tabela abaixo
ASPECTO DEFINIÇÃO
D) UNIDADE
1) UNITAS SINGULARITATIS
2) UNITAS SIMPLICITATIS
Para que possamos elencar ambas faremos novamente uso de uma tabela com
definições para exemplificar.
UNIDADE DEFINIÇÃO
15
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 117.
Devemos compreender que Deus tem sua unicidade preservada apesar da nossa
limitada compreensão do seu Ser, vide que a linguagem bíblica deve ser entendida
pelos homens, portanto é necessária certa distinção dos atributos divinos para
compreendermos a própria essência divina, mas isto não significa que haja um
atributo maior ou menor em Deus, ou que ele seja composto por tais atributos.
5. ATRIBUTOS COMUNICÁVEIS
Isto também denota uma prova da personalidade de Deus, que mesmo sendo absoluto,
pode expressar-se no finito, vide que provas naturais como a própria personalidade
humana requer um Deus pessoal para sua explicação , vide que ele é um ser causado,
e também toda estrutura do mundo demonstra claros sinais de uma organização e uma
inteligência superior infinita para criar todas as coisas. Assim, Deus é um Espírito
pessoal.
Segue uma tabela abaixo da divisão dos atributos comunicáveis de Deus com seus
respectivos subtópicos
16
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 57
ATRIBUTOS MORAIS Os atributos morais de Deus são
geralmente as perfeições divinas mais
gloriosas, no que tange a visão do
homem, pois tais perfeições morais não
são alcançáveis aos seres humanos por
sua própria força. Geralmente elas são:
A bondade de Deus, a Santidade de
Deus e a Justiça de Deus.
Assim, temos uma lista de atributos comunicáveis e categorias, segue abaixo outra
tabela contendo a lista das categorias listadas anteriormente com seus conceitos
definidos.
ATRIBUTOS INTELECTUAIS
CATEGORIAS DEFINIÇÃO
ATRIBUTOS MORAIS
BONDADE DE DEUS
É que Ele é, em todos os aspectos e por todos os modos, tudo aquilo que deve ser
como Deus, e, portanto, corresponde perfeitamente ao ideal expresso pela palavra
“Deus”. Ele é bom na acepção metafísica da palavra, é perfeição absoluta e
felicidade perfeita em Si mesmo. É neste sentido que Jesus disse ao homem de
posição: “Ninguém é bom senão um só, que é Deus”, Mc 10.18; Lc 18.18, 19. Tal
bondade é manifestada para as criaturas em geral, aos quais ele trata elas com
generosidade, mas também é exercida para criaturas racionais ao qual
denominamos o amor de Deus, dentro da manifestação da bondade também existe a
graça de Deus que denota o favor de Deus aos homens que não tem nenhum direito
a tal bondade, disto também temos outro aspecto que misericórdia divina ao qual
tem compaixão de suas criaturas e revela sua longanimidade, pois ele tolera os
homens pecadores mesmo com sua prolongada desobediência.
SANTIDADE DE DEUS
A palavra hebraica para “ser santo”, qadash, deriva da raiz qad, que significa cortar
ou separar. É uma das palavras religiosas mais proeminentes do Velho Testamento,
e é aplicada primariamente a Deus. A mesma idéia é comunicada pelas palavras
hagiazo e hagios, no Novo Testamento. Disto já se vê que não é correto pensar na
santidade primariamente como uma qualidade moral ou religiosa, como geralmente
se faz. Sua idéia fundamental é a de uma posição ou relação existente entre Deus e
uma pessoa ou coisa.A idéia escriturística da santidade de Deus é dupla. Em sentido
original denota que Ele é absolutamente distinto de todas as Suas criaturas, e é
exaltado acima delas em majestade infinita. A santidade de Deus é revelada na lei
moral implantada no coração do homem e que fala por meio da consciência e, mais
particularmente, na revelação especial de Deus.
JUSTIÇA DE DEUS
ATRIBUTOS DE SOBERANIA
QUESTÕES
1. INTRODUÇÃO
Devemos ter em mente que a palavra "Trindade" não deve ser procurada na bíblia
como um termo que será passível de ser achado, pois é um termo cunhado
historicamente ao longo do estabelecimento da igreja, ao qual significa que "Deus é
três em um" ou "Deus em três pessoas", a fé cristã resplandece a fé no Deus trino.
O cunho trindade deve ser salientado como um termo que especifica uma doutrina
bíblica, pois apesar do termo "trindade" não ser encontrado a na bíblia a doutrina que
ele significa está expressa seja no Antigo Testamento ou no Novo Testamento, apesar
de sua maior claridade está expressa nos escritos apostólicos. O Credo Assembléias
de Deus afirma:
1
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 39.
2. TRINDADE EM UNIDADE
Devemos ter em mente que a doutrina da trindade foi sendo desenvolvida ao longo
dos séculos, vemos provas bíblicas de sua existência desde o Antigo Testamento, mas
o termo "Trindade" só surge a partir de Tertuliano, que formula a doutrina, mas de
maneira deficiente. Orígenes foi ainda mais longe ao propor uma trindade com
subordinação em essência do Pai ao Filho, que serviu de base ao arianismo - Doutrina
herética que veremos em outra seção - e também para outras heresias como o
Monarquianismo modalista e o triteísmo. A partir do século IV a igreja começa a
formular uma doutrina da Trindade coerente, vemos que o Concílio de Nicéia (325
d.C) declarou que o Filho é co-essencial com o Pai, enquanto o Concílio de
Constantinopla (381 d.C) afirmou a divindade do Espírito. No Oriente a doutrina da
Trindade encontrou a sua proposição mais completa na obra de João de Damasco, e
no Ocidente, na grande obra de Agostinho, De Trinitate.
Contudo, precisamos ter cuidado para não estabelecer a personalidade humana como
padrão pelo qual avaliar a personalidade de Deus, afinal Deus é perfeito e o homem é
imperfeito. Devemos entender que Deus é tripessoal, enquanto o homem é unipessoal.
Berkhof argumenta, ao utilizar Shedd, sobre a necessidade do Ser divino ser tripessoal
quando afirma:
2
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 77.
E esta existência tripessoal é uma necessidade do Ser Divino, e em
nenhum sentido resulta de uma escolha feita por Deus, Ele não poderia
existir em nenhuma outra forma que não a forma tripessoal. Esta verdade
tem sido defendida de várias maneiras. Uma argumentação muito comum
em seu favor provém da própria ideia de personalidade. Shedd baseia o
seu argumento na auto consciência geral do Deus triúno, como distinta
da autoconsciência individual e particular de cada uma das Pessoas da
Divindade, pois na autoconsciência o sujeito tem que se conhecer a si
mesmo como objeto, e também percebe que o faz. Isso é possível em Deus
em razão de Sua existência trina. Argumenta Shedd que Deus não
poderia contemplar-se a Si mesmo, conhecer-se e comunicar-se Consigo
mesmo, se não fosse trino em sua constituição.3
Também é salientado que o contato com as criaturas não pode ser explicativo da
personalidade divina, vide que isto colocaria Deus como dependente de sua criação,
portanto em virtude da existência do ser tripessoal em Deus, há uma infinita plenitude
da vida divina Nele.
Grudem, também nos oferece um ótimo exemplo da doutrina da Trindade nos escritos
do Novo Testamento quando diz:
Também vemos que todas as três pessoas da Trindade são mencionadas juntas no
parágrafo que abre a carta de 1 Pedro: “Escolhidos de acordo com o
pré-conhecimento de Deus Pai, pela obra santificadora do Espírito, para a obediência
a Jesus Cristo e aspersão do seu sangue” (1 Pedro 1:2).
1. Há um só Deus
2. Deus é Três Pessoas
3. Cada Pessoa é plenamente Deus
Assim, temos estas três afirmações que baseiam a doutrina ortodoxa da Trindade,
qualquer afirmação que contradiga ou fuja deste três pontos é um erro herético e já
condenado historicamente pelos concílios.
4
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 152.
sua natureza essencial. Em outras palavras, Deus é um só ser. Não há
três Deuses, apenas um Deus. 5
Vemos também que a unidade da essência do Ser divino, ou seja, sua natureza é
ressaltada biblicamente quando é dito: "Ouça ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, é o
único Senhor. Ame o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas
as suas forças" (Deuteronômio 6:4-5).
O segundo ponto que iremos trabalhar é "Deus é Três Pessoas", ao qual afirmamos
na doutrina da Trindade a existência do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Dentro
desta doutrina alguns defendem o uso da palavra subsistência ou mesmo distinção,
mas iremos usar o termo "pessoas" para facilitação da linguagem teológica.
Devemos compreender que existe distinção em Deus, no caso O Pai não é o Filho,
nem é o Espírito, da mesma forma o Filho não é o Espírito, nem tampouco é o Pai e
o Espírito não é o Filho, nem mesmo o Pai, assim são pessoas distintas dentro da
unidade de Deus. Essa pluralidade na unidade é ressaltada por Rodman Williams ao
afirmar:
5
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 159.
6
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p. 72.
estamos falando das auto-distinções pessoais dentro da essência divina, podemos
dizer então três diferentes modos de existência do Ser divino. Nisto concorda
Berkhof:
Enfatizamos que Deus é três com respeito às suas pessoas, isso quer dizer que cada
uma delas tem a mesma essência como Deus e Cada uma delas possui a plenitude de
Deus. Afinal, conforme vimos na citação de Berkhof, existem três auto distinções
individuais junto a essência de Deus.
O terceiro ponto é "Cada Pessoa é plenamente Deus", aqui queremos salientar que
a essência divina é única, não composta, não são três pessoas que compõem um
Deus, mas antes cada pessoa é plenamente divina, ou seja, cada Pessoa é plenamente
Deus.
Vemos que essa essência una em três pessoas é ressaltada por Berkhof:
7
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p.80.
Divindade têm unidade numérica de essência, isto é, possuem a mesma
essência, essência idêntica.8
Também vemos como a própria Identidade dada a Deus traz à tona a realidade do
relacionamento dentro da Trindade. Afinal o Pai requer necessariamente
paternidade, conforme ressalta Rodman Williams:
Portanto, neste relacionamento, Pai, Filho e Espírito Santo são a mesma essência,
mas diferentes pessoas. A inteira essência, indivisa, pertence a cada uma das três
pessoas, assim sendo consubstanciais. Temos aqui uma questão sobre a questão da
geração de Cristo, pois é dito que ele é "gerado", mas devemos entender isto no
sentido de relacionamento e não no sentido de essência divina, ou mesmo de
inferioridade, pois cada pessoa é Deus, portanto tem todas as características do Ser
Divino. Rodman Williams ressalta:
Portanto, seja o que for que se diga sobre o Pai gerando o Filho e o
Espírito procedendo do Pai, não se deve entender como se o Filho e o
Espírito recebessem a sua essência ou o seu ser do Pai. O que é gerado ou
procedente não é a essência, mas a pessoalidade. A geração e a processão
são eternas; desse modo, o relacionamento é inerente à realidade divina
única. Isso é às vezes designado como perichoresis (ou “coinerência”) das
pessoas, e então se diz que as três pessoas estão uma nas outras e se
interpenetram mutuamente. Cada uma das pessoas, por conseguinte,
contém a totalidade da Divindade e é o único e indiviso Deus.10
8
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 80-81.
9
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p. 74.
10
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p. 78.
Assim, também devemos entender que as três pessoas são iguais em autoridade, mas
que há uma certa ordem na Trindade Ontológica quanto a existência das suas
pessoas. O Pai é a primeira pessoa, o Filho é a segunda, e o Espírito Santo é a
terceira. Essa ordem não é de questão temporal ou de dignidade essencial, mas
somente a ordem de derivação lógica que vai concorrer na questão da economia da
Trindade, que é relativo aos ofícios dentro do plano divino para cada pessoa da
Trindade, algo que veremos nas próximas seções.
Por fim, queremos concluir essa seção dizendo que a Trindade é um grande mistério
para nós, ela é uma doutrina existente porém que não podemos compreender em
totalidade por se tratar do Ser Divino, portanto devido nosso limitado conhecimento
devemos ser humildes e tentar sempre compreender que esta doutrina é correta, mas
jamais poderemos a expressar em termos humanos da maneira mais apropriada
possível, pois isto é uma questão do relacionamento da Trindade com o Ser essencial
de Deus.
11
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.225 -
imagem adaptada do diagrama.
3. PERCEPÇÕES ERRADAS SOBRE A TRINDADE
MODALISMO
O modalismo afirma que existe uma única pessoa que se revela a nós em três
modos diferentes. Assim, há a negação de que Deus é três pessoas, mas antes que
Ele é só uma pessoa com três formas de manifestação diferentes. No Antigo
Testamento Deus se apresentou como Pai, no Novo Testamento como o Filho,
depois do Pentecoste como o Espírito Santo.
PROBLEMA
ARIANISMO
PROBLEMA
O Triteísmo nega que há um só Deus. Uma maneira final possível de tentar uma
harmonização fácil do ensino bíblico sobre a Trindade seria negar que há um só
Deus. O resultado é a doutrina que Deus é três pessoas e que cada pessoa é
plenamente Deus, mas que Deus não é um só. Assim, teríamos três deuses.
PROBLEMA
Vemos então que existe uma ordem na Trindade que é compatível com a economia
dela, vemos que cada pessoa tem um papel específico e voluntário dentro do seu
pacto. Wayne Grudem cita um magnífico exemplo da economia da Trindade na
criação quando afirma que:
Apesar da proeminência de uma das Pessoas para algum ofício, ou obras da Trindade
que se manifesta exteriormente, sempre são feitas em conjunto mas com destaque
para algum pessoa específica da Trindade em ordem econômica. Berkhof assinala
que:
12
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 81.
13
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 167.
divinas indica a ordem essencial de Deus e forma a base daquilo que
geralmente se conhece como Trindade econômica.14
O nome "Filho" tem sua aplicação a segunda pessoa da Trindade, isto indica sua
divindade, assim como o "Filho do Homem" indica também sua humanidade.
Temos que defender a subsistência pessoal do Filho contra os modalistas, que
negam as distinções pessoais da Divindade, sendo a imagem expressa de Deus. A
propriedade característica do Filho consiste que Ele é eternamente gerado do Pai
(resumidamente denominada filiação) e toma parte com o Pai na espiração do
Espírito. A doutrina da geração do Filho é sugerida no contexto de relacionamento
da Trindade, apontando a relação do Pai e o Filho um com o outro, tal geração é um
ato necessário (não livre, pois isto tornaria Jesus um ser criado e contingente da
existência do Pai) e perfeitamente natural de Deus, sendo portanto um ato eterno do
Pai, sendo um ato atemporal. O filho dentro da Trindade ocupa o segundo lugar nas
obras exteriores, pois todas as coisas provêm do Pai mediante o Filho. Aplica-se
também à obra de redenção, realizando mais particularmente em Sua encarnação,
em Seus sofrimentos e em Sua morte.
14
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 2. ed. São Paulo. Cultura Cristã, 2001, p. 82.
ESPÍRITO SANTO (TERCEIRA PESSOA DA TRINDADE)
QUESTÕES
1. INTRODUÇÃO
Cristo é um ser histórico, vemos que a datação histórica moderna dos calendários
ocidentais é dividido em A.C e D.C, tamanha influência na história revela a
importância de Jesus para a humanidade, entretanto os homens modernos atualmente
tendem a negar a divindade de Cristo, classificando-o como um revolucionário, um
hippie, um comunista, um bom homem, mas há um esquecimento sobre a pessoa de
Jesus como Deus-Homem e de seu propósito enquanto encarnado que está
diretamente ligado a redenção do mundo.
Devemos compreender que Cristo é eterno, pois é Deus, portanto devemos ter em
mente que Jesus sempre existiu, Ele É. Vemos algumas manifestações suas ao longo
do Antigo Testamento, geralmente como O ANJO DO SENHOR, ao qual atribuímos
o nome de Teofania. O próprio Jesus afirma o "Eu sou" antes que Abraão existisse
(João 8:58). A Declaração de Fé da Assembléia afirma sua crença ao dizer:
1
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 49.
expiar pecados, ao qual mesmo sendo homem não teve qualquer pecado, sendo
condenado a morte de cruz, mas ressuscitou corporalmente glorificado e ascendendo a
destra do Pai e em breve voltará.
Jesus foi prometido ao longo de uma ampla história, vemos que a primeira profecia
acerca de um redentor ungido se encontra em Gênesis, quando Deus promete que um
da descendência da mulher ferirá a cabeça da serpente (Gênesis 3:15), ao qual
chamamos de proto-evangelho, pois já anunciava o Messias. Vemos que ao longo do
tempo a promessa vai se estendendo e passa por Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés,
Davi, Isaías entre outros homens até chegar ao nascimento de Cristo.
Vemos que Cristo cumpre com perfeição tais profecias do Antigo Testamento, tendo
um precursor que anunciaria seu caminho, vulgo João Batista, realizando com êxito
sua missão de pregar as boas-novas e seu ministério de levar as enfermidades alheias.
Ao longo de sua vida o seu ensino é preservado pelos apóstolos e também repassado
ao longo do seu ministério terreno, ele também cumpre a entrada triunfal em
Jerusalém ao qual é recebido com "Hosanas" pela multidão, após algum tempo é
rejeitado, crucificado e morto, mas a morte não pode tragar o Senhor, por isso o Pai o
ressuscitou em Glória. Assim, Jesus é aquele que é chamado o Filho do Homem, ou o
Filho de Deus.
2
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática ao alcance de todos. 1 ed. Rio de Janeiro. Thomas
Nelson Brasil. 2019, p. 338.
A tabela a seguir demonstrará as profecias sobre Jesus no Antigo Testamento:
3
Tabela adaptada. ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista
Regular. 2016, p. 253
4
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.
256-257.
A encarnação cumpre uma série de profecias, ao qual listamos algumas na tabela a
seguir:
5
Tabela adaptada. ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista
Regular. 2016, p. 257
Açoites isaías 53:5 João 19:1,18
3. PESSOA DE CRISTO
A) HUMANIDADE DE CRISTO
Nós, como assembleianos, devemos assinar nosso credo que fala acerca da
humanidade de Cristo quando diz:
6
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 50.
7
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.258
Vemos que Jesus tinha um corpo humano, isto revela que ele nasceu como todos os
homens, apesar do sua concepção ser virginal, ele também se cansava como nós (João
4:6), ele tinha sede e fome (João 19:28 e Mateus 4:2), e seu auge de limitações quanto
ao seu corpo humano foi visto na cruz quando este perde a vida e parou de funcionar
da mesma forma que qualquer outro homem quando morre. Jesus também tinha uma
mente humana, pois passou por um processo de crescimento e aprendizado como as
demais pessoas (Lucas 2:52). Vemos que o nosso Cristo também tinha uma alma
humana e emoções humanas, vemos que seu espírito se perturba (João 13:21), ou seja,
tem ansiedade frente ao perigo, ele também chorou com a morte de seu amigo Lázaro.
Assim temos que salientar Jesus também como um homem, ao qual Rodman Williams
salienta:
Com isso Jesus expressa sua singularidade, aliás sua solidariedade, com
todas as pessoas. Ele não veio simplesmente para ministrar à
humanidade, mas veio como um ser humano, dando-se totalmente a seus
companheiros humanos. “Ele também participou dessa condição
humana” (Hb 2.14) e, ao participar e ministrar dessa forma, pôde
devotar-se totalmente a toda a humanidade. Com esse entendimento,
algumas palavras de Jesus assumem significado ainda maior, “pois nem
mesmo 0 Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). Ele era o Homem em favor
de todos os homens. Podemos concluir esta seção acerca da
autodenominação de Jesus destacando que a expressão “0 Filho do
homem” sublinha a humanidade de Jesus. Aliás, isso poderia ser
considerado seu significado mais profundo.140 Assim como a expressão
“0 Filho de Deus” sublinha a deidade de Jesus, a expressão “0 Filho do
homem” sublinha sua humanidade.8
A humanidade de Jesus jamais deve ser esquecida, pois ele é O Filho do Homem,
aquele que representa toda a humanidade como o segundo Adão que veio trazer
redenção, caso neguemos isto acabaremos em um antiga heresia chamado
"Docetismo", bastante antiga, ao qual afirma que Cristo não foi humano, algo negado
veemente pelos apóstolos, principalmente por João em suas cartas.
B) DIVINDADE DE CRISTO
8
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p. 285.
somente semelhante, ou uma das criaturas de Deus Pai, isto é uma heresia que a
ortodoxia já rejeitou em seus concílios.
As Escrituras também afirmam a deidade de Cristo, primeiro através dos seus nomes,
a tabela abaixo fala alguns nomes que são exclusivos da deidade e que são atribuídos
a Cristo:
NOMES DA DEIDADE
Além dos seus nomes, ao qual são característicos da sua Deidade, temos também
alguns atributos que Cristo manifesta, aos quais são:
ATRIBUTOS DE CRISTO
João 1:1 Mateus 28:18 João 16:30 Marcos 2:5-7 Tiago 1:17
As obras de Cristo também atestam sua deidade, vemos que tudo que foi criado foi
por meio de Cristo (João 1:3), também vemos que ele sustenta todas as coisas
(Colossenses 1:16-17; Hebreus 1:3), além de ter poder de perdoar pecados, algo que
só Deus pode (Marcos 2:1-12), além de operar milagres que atestam sua própria
9
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.261
deidade. Uma verdade fundamental também é Cristo como alguém que pode receber
adoração, algo que é propício somente ao Senhor, portanto isto é outro fator que atesta
sua deidade.
C) UNIÃO HIPOSTÁTICA
10
Traduzido de Schaff, Creeds of Christendom , 25-29. citado por A. A. Hodge, Outlines of
Theology , (Edinburgh, & Pennsylvania: The Banner of Truth Trust, 1991), 116-117 e Epifânio,
Ancoratus c. 374 AD, 118 (citado por Henry Bettenson, Documentos da Igreja Cristã, 56).
Deus-Homem, totalmente Deus e totalmente homem, duas naturezas
distintas em uma Pessoa para sempre. 11
APOLINARISMO
CONCEPÇÃO
Doutrina formulada por Apolinário, bispo de Laodicéia, perto do ano 361. Seu
ensino consiste que a pessoa única de Cristo tinha um corpo humano, mas não uma
mente ou um espírito humano, pois estes vinham da natureza divina de Deus.
PROBLEMA
Jesus não pode SOMENTE ter um corpo humano, pois não é somente o corpo dos
homens que precisa de salvação, mas a própria mente e espírito humanos
precisavam ser redimidos, Cristo como representante da humanidade deveria então
ter uma mente humana e um espírito humano para salvar o homem. O Apolinarismo
foi rejeitado em vários concílios da igreja, desde o Concílio de Alexandria em 362
d.C até o Concílio de Constantinopla em 381 d.C
NESTORIANISMO
CONCEPÇÃO
PROBLEMA
Em nenhum lugar da bíblia temos a indicação que Jesus era composto por duas
pessoas distintas. Não temos indícios de uma pessoa humana independente e uma
pessoa divina independente, mas antes temos o retrato de uma unidade íntegra em
Jesus.
11
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p. 264
MONOFISISMO (EUTIQUIANISMO)
CONCEPÇÃO
Doutrina formulada por Êutico, cerca de 378-454 d.C, traz a visão que Cristo tinha
só uma natureza (do grego. monos, “um” e physis, “natureza). Êutico afirmava que
as duas naturezas eram mudadas de algum modo e surgia um terceiro tipo de
natureza, que era oriunda da mistura das natureza divina e humana ao interagirem
entre si.
PROBLEMA
Isto previne que insistamos nas concepções errôneas anteriormentes citadas, vemos
que contra Apolinária a declaração destaca: “verdadeiro homem, constando de alma
racional e de corpo [...] consubstancial a nós, segundo a humanidade; em todas as
12
BETTENSON, Henry, Documentos da Igreja Cristã (SP: ASTE/Simpósio, 1998), p. 101.
coisas semelhante a nós”. Em oposição a visão do nestorianismo de que Cristo
consistia de duas pessoas unidas em um corpo, nós temos as palavras “inseparáveis e
indivisíveis [...] concorrendo para formar uma pessoa e substância; não dividido ou
separado em duas pessoas”. Contra a ideia monofisista de que Cristo só possuía uma
natureza e que essa natureza humana foi perdida na união com a natureza divina,
temos as palavras: "inconfundíveis e imutáveis ; a distinção das naturezas de modo
algum é anulada pela união, pelo contrário, as propriedades de cada natureza
permanecem intactas”. A natureza humana e divina não foram confundidas nem
alteradas quando Cristo se fez homem, mas a natureza humana continua sendo
humana, e a divina continua sendo divina.
Para concluir devemos salientar a questão das naturezas de Cristo, pois cada
propriedade de ambas as naturezas permanecem intactas, logo é preciso distinguir
entre as ações realizadas pela natureza humana e pela natureza divina, um exemplo
disto é a idade de Cristo, podemos dizer que ele tinha cerca de 30 anos, em sua
natureza humana, mas sabemos que ELE É, ou seja, eterno, em sua natureza divina.
Devemos compreender que tudo que uma natureza faz, a pessoa de Cristo o faz.
13
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p. 264
4. OBRA DE CRISTO
A) OFÍCIOS DE CRISTO
Cristo exerceu o chamado munus triplex “o tríplice ofício” de profeta, sacerdote e rei.
Estes ofícios eram os mais importantes dentro de Israel nos tempos do Antigo
Testamento e isto diz respeito às questões da revelação, reconciliação e domínio.
Deus falou para a humanidade através dos profetas. O ofício de profeta foi
estabelecido no Antigo testamento (Deuteronômio 18:15-18) e também já apontava
para o cumprimento em Cristo, nenhum profeta revelou completamente a vontade do
Pai exceto Jesus Cristo. Assim Cristo mostra o Pai para as pessoas ao revelar sua
vontade. Por isso Cristo é um PROFETA, nisto concorda a declaração de fé da
Assembléia de Deus quando afirma:
14
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 54.
apresentou-se como sacrifício pelos pecados de toda a humanidade, e,
além disso, esse sacrifício foi único, perfeito e com validade eterna,
resolvendo, assim, para sempre, o problema do pecador: "mas este,
havendo oferecido um único sacrifício pelos pecados, está assentado para
sempre à destra de Deus" (Hb 10.12).15
Por fim, Cristo também é Rei, pois o Messias viria da tribo de Judá, da descendência
do Rei Davi, indicando assim uma dinastia e um povo sobre o qual Ele governaria. Os
salmos também indicam que o Messias subjugaria Seus inimigos e governaria sobre
eles. Nisto concorda, novamente, o credo das Assembléias de Deus quando afirma:
Estes três ofícios de Cristo como Profeta, Sacerdote e Rei são a chave
para o propósito da encarnação. Seu ofício profético envolvia o revelar da
mensagem de Deus; o ofício sacerdotal relacionava-se com a obra
salvífica e intercessora; Seu ofício como Rei Lhe dava o direito de reinar
sobre Israel e toda a Terra. A intenção divina destes três ofícios históricos
tiveram seu ápice de forma perfeita no Senhor Jesus Cristo. 17
B) MINISTÉRIO DE CRISTO
15
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 54.
16
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 55.
17
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p. 278
O ensino de Cristo é demonstrado ao longo dos quatro evangelhos, cada um tinha
escritores diferentes e uma audiência diferente, mas ainda assim retrataram a respeito
de Cristo e suas reivindicações.
Isaías profetizou acerca das obras do Messias, ao qual ele daria visão aos cegos,
audição aos surdos, fala aos mudos e cura aos paralíticos (Isaías 29:18; 32:3; 35:5-6),
quando os discípulos de João vieram perguntar a Jesus, Ele os lembrou das profecias e
as aplicou a Si mesmo (Mateus 11:4-5). Os milagres de Jesus atestam sua Deidade e
Messianidade. Segue abaixo uma pequena tabela adaptada do material de Paul Enns18:
18
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p. 268
mediante a fé através de Jesus, assim temos paz com Deus (Romanos 5:1). Assim,
Jesus por meio da sua morte removeu nossos pecados, perdoando-os, e assim somos
declarados legalmente justos perante Deus, pois a justiça de Jesus é atribuída a nós.
1) Sepulcro Vazio
2) A guarda romana e a impossibilidade de homens comuns roubarem o corpo
3) A forma do seus envoltórios de Linho que ainda mantiveram a forma do
corpo
4) As aparições após a ressurreição
5) A transformação e a fé dos discípulos
6) A observância do primeiro dia da semana
7) A existência da Igreja
Por fim, temos a ascensão de Cristo, ao qual ele vai para destra do Pai e promete a
descida do Espírito Santo, também seu retorno triunfal no dia prometido. A ascensão
de Jesus determina o fim do seu ministério terreno e autolimitação durante os dias de
sua jornada sobre a terra, ela também encerra o período de sua humilhação, pois sua
glória não seria mais velada após a ascensão (João 17:5, Atos 9:3,5). A ascensão de
Cristo marca a primeira entrada da humanidade ressurreta no céu e o começo de uma
nova obra (Hebreus 4:14-16; 6:20), onde um representante da raça humana em um
corpo glorificado e ressuscitado é o intercessor dos Cristãos, também tornando a
descida do Espírito Santo possivel (João 16:7). Concluímos esta seção salientando
como é importante o estudo sobre Cristo, sua pessoa, naturezas, ofícios e obras, mas
lembrando que EM BREVE Cristo voltará para sua amada noiva, a igreja.
QUESTÕES
1. INTRODUÇÃO
1
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 67-68
2. DEIDADE DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo é Deus, então devemos compreender que ele é parte da Trindade e
portanto não pode ser mera “energia” impessoal, compreender a deidade do Espírito
Santo é confirmar a deidade da Trindade, e portanto afirma que o Pai é Deus e que
Cristo é Deus. Negar a Trindade é um escape da ortodoxia, aquele que nega que o
Espírito Santo é Deus é um digno de ser chamado de “herege”, portanto não é parte da
Santa Igreja.
Vemos ao longo da história da igreja que o Espírito Santo é imbuído com títulos
únicos que ressaltam sua Deidade, devemos compreender que tais títulos reforçam o
status de divindade, também devemos compreender que ao analisarmos a
pneumatologia ao longo da igreja, perceberemos que as controvérsias que hoje são
levantadas contra tal doutrina já foram refutadas e dadas como heresias ainda no
período dos pais da igreja.
Desde Orígenes, a reflexão teológica sobre a natureza do Espírito Santo estava por
trás da prática devocional. Ário falava do Espírito Santo como uma pessoa, mas ainda
assim considerou-a diferente do Filho e do Pai. Eusébio falou do Espírito Santo como
uma terceira força. Atanásio, bastante inspirado, expressou suas ideias respondendo às
ideias de Tropici sobre o Espírito ser uma criatura, insistiu no argumento que o
Espírito é totalmente divino, consubstancial (Mesma essência) do Pai e do Filho.
2
ERICKSON, Millard. Teologia Sistemática, 2º edição. Vida Nova. 2008, p. 527
Assim, através de Santo servo vemos uma brilhante refutação a Tropici e temos
firmados bases para a natureza do Espírito Santo, principalmente na argumentação da
Unidade e da Tríada eterna, indivisível. Também, Atanásio, traz a noção da estreita
relação entre Pai, Filho e Espírito Santo, onde todos são Deus, mas que há três
pessoas "participantes" da mesma essência. Isto é atestado pelos títulos dado ao
Espírito Santo ao longo das Escrituras Sagradas, conforme tabela abaixo.
3
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.289 -
Tabela adaptada deste Manual de teologia.
Vemos que os títulos dados ao Espírito Santo refletem atributos comuns a essência da
divindade, a onisciência, onipotência e onipresença são exemplos claríssimos da
consubstancialidade do Espírito com o Pai e o Filho. A partir daqui focaremos em
alguns atributos divinos do Espírito para que possamos compreender que ele é Deus.
Tais atributos ressaltam a deidade do Espírito, primeiro ele é Vida, afinal tem vida em
Si mesmo, o Espírito é onisciente pois sabe de tudo sobre Deus e perscruta suas
profundezas, sendo onipotente pois é visto seu poder na criação e dando vida a ela
própria, portanto concluímos também sua onipresença ao qual lhe faz estar presente
em toda extensão da criação, nada pode fugir de sua presença. A Eternidade é outro
atributo da deidade, pois ele está juntamente com o Pai e o Filho, sendo também parte
do nascimento e da própria morte de Cristo, como é Santo a santidade é um dos seus
aspectos fundamentais, tendo tal aspecto transcendente. Ele é amor, afinal sua obra
produz amor nos cristãos, sendo o Espírito da verdade pois é um de seus papéis no
mundo, sendo aquele que guia o povo a Cristo, que é a verdade.
O Espírito Santo é uma deidade, conforme concluímos na seção anterior, mas também
é uma pessoa. O Espírito Santo é dotado de personalidade, afinal personalidade é
basicamente a característica que define um ser com intelecto, emoções e vontade,
assim não sendo uma "energia'' ou algo impessoal, Ário foi um dos que negou a
4
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.291 -
Tabela adaptada deste Manual de teologia.
personalidade do Espírito Santo, sendo somente uma “influência” do Pai, entretanto
ao longo das Escrituras e também dos debates dentro da igreja primitiva vemos que há
um concílio buscando afirmar a personalidade do Espírito como Deus e hipóstase
(pessoa). Conforme J. Rodman Williams:
Dentro desta citação podemos reconhecer que Cristo atribui aspecto de semelhança ao
Espírito e também de igualdade enquanto uma “Pessoa”. Alguns atributos confirmam
essa personalidade do Espírito:
Outra confirmação de sua personalidade também está nas suas obras, Ele faz obras
similares ao Pai e ao Filho, conforme tabela abaixo:
5
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p.484
OBRAS DO ESPÍRITO6
OBRAS REFERÊNCIAS
As obras confirmam seu intelecto e vontade própria, assim temos uma personalidade
que também se posiciona, vide que pode ser entristecido, pode ser blasfemado, pode
ser resistido e também ainda pode se mentir para o Espírito, apesar disto ser uma
tolice sem tamanho pois ele saberia que você está mentindo, mas ele também pode, e
deve, ser obedecido. Tais exemplos evidenciam as designações do Espírito, vemos
também que o pronome “pneuma”, pronome neutro, também é utilizado para designar
o Espírito, entretanto nos escritos da Bíblia os escritores bíblicos geralmente atribuem
um artigos masculinos ou mesmo pronomes masculinos na utilização do termo,
provando sua personalidade.
O Espírito Santo também esteve presente em várias obras da criação divina, vemos
que na Criação ele estava com Trindade (Gênesis 1:2), também vemos que ele estava
na geração de Cristo (Mateus 1:20), envolvendo Maria para que o fruto de seu ventre
fosse proveniente do Espírito. Também é o Espírito Santo responsável pela inspiração
dos autores bíblicos (2 Pedro 2:21), outro serviço importante está na regeneração (Tito
3:5) do homem, o novo nascimento, ao qual Ele é responsável, além da intercessão
(Romanos 8:26) em nossas orações, santificação (2 Tessalonicenses 2:13) e o auxílio
dos santos ao consolar seus corações (João 14:16). Queremos concluir esta seção
apresentando algumas representações do Espírito Santo nas Escrituras, que
apresentam vividamente sua pessoa e obra, os quais são: Revestimento, Pomba,
Penhor, Fogo, Óleo, Selo, Água e Vento.
6
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016,
p.285-286 - Tabela adaptada deste Manual de teologia.
4. O ESPÍRITO SANTO QUE BATIZA
A atuação do Espírito Santo sempre foi presente na história do mundo, mas devemos
ter em mente que no Antigo Testamento o Espírito ainda não habitava dentro do
homem como morada permanente, vemos que apesar disto o Espírito Santo era
responsável pela inspiração dos autores bíblicos, também pelas próprias revelações
em palavras faladas, sonhos, visões e até mesmo teofanias.
Primeiro devemos falar do poder regenerador do Espírito Santo, ele sempre esteve
presente para tal tarefa, entretanto devemos destacar que o Espírito é maior enfocado
quando se trata de habitação seletiva com propósito de capacitação dos homens, como
por exemplo Josué (Neemias 27:18) e Davi (1 Samuel 16:12-13). Nisto, também
concorda Rodman:
7
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p.492
exemplo, libertar Israel em combate ou construir o tabernáculo. Terceiro,
a habitação do Espírito era temporária. O Espírito do Senhor veio sobre
Saul mas também afastou-se dele (1 Samuel 10:10; 16:14). Davi estava
temeroso que o Espírito Santo pudesse deixá-lo (Salmos 51:11). 8
8
ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.303.
9
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p.492-493.
10
WILLIAM, J. Rodman. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 ed. São Paulo.
Editora Vida. 2011. p. 493.
O Espírito Santo também é o agente responsável pelo nascimento virginal de Cristo,
estando repousado no Messias, vemos isto salientado ao longo das narrativas dos
evangelhos quando falam que aquele que estava em Maria foi gerado do Espírito
(Mateus 1:20). Também ao longo do seu ministério Jesus sempre enfatizou o poder do
Espírito Santo, na sua morte também estava presente o Espírito e na sua ressurreição
vemos Deus ressuscitando Cristo pelo poder do Espírito.
Agora iremos abordar a obra do Espírito Santo a partir de sua vinda no Pentecoste,
pois veremos algumas mudanças significativas que provém da Nova Aliança. Após
Jesus cumprir seu ministério tanto pela palavra quanto pela ação, tendo ascendido aos
céus em corpo glorificado então é chegado a hora do Consolador, ou seja, o Espírito
Santo continuar o ministério do Reino de Deus.
Também devemos ter em mente que o Espírito tem um papel regenerador no homem,
a obra batizadora do Espírito inclui o novo nascimento a partir do convencimento do
pecado, da justiça e do juízo. Devemos compreender que o Espírito Santo é exclusivo
para a igreja dentro do Novo Testamento, ele inclui todos os cristãos dessa era. O
Espírito Santo também continua seu trabalho de inspiração dentro das Escrituras, ao
mesmo tempo que traz comunhão entre a própria igreja e capacita em dons espirituais
os cristãos, mas a principal união que o Espírito promove é com Cristo, não sendo
uma obra meramente experimental mas antes uma união real do homem com Deus,
sendo o único agente disto o Espírito Santo.
Assim, vemos que o Batismo “do” Espírito Santo é aquele que ocorre o novo
nascimento, ou seja, a conversão do cristão em filho de Deus. Todos os crentes são
batizados pelo Espírito Santo, neste sentido, pois isso inclui o ministério de
regeneração do Espírito Santo. Antônio, também, esclarece o que seria o batismo
“com” o Espírito Santo:
Assim, conforme a tabela abaixo, vemos que a diferença entre o Batismo “do”
Espírito Santo e o Batismo “com” o Espírito Santo se evidencia nessas características:
11
GILBERTO, A. (Ed.), Teologia Sistemática Pentecostal, 2ª Ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2008. p.
191
12
GILBERTO, A. (Ed.), Teologia Sistemática Pentecostal, 2ª Ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2008. p.
191
5. OS DONS DO ESPÍRITO
Agora que falamos do Batismo, falaremos dos dons espirituais concedidos pelo
Espírito Santo. Antes temos que definir o que é um “dom do Espírito”. Geralmente
dentro da Bíblia são usadas duas palavras para descrever os dons espirituais, a
primeira é “pneumatikos”, significando “coisas espirituais” ou “coisas pertencentes ao
espírito”, esta palavra enfatiza a origem espiritual dos dons, eles não são talentos
naturais, mas ao invés disso, têm sua origem no Espírito Santo (1 Coríntios 12:11). A
outra palavra frequentemente usada para indicar os dons espirituais é “charisma”,
significando “dom da graça”. A palavra “charisma” enfatiza que tais dons são dádivas
do Espírito, ou seja, é conferida a um cristão (1 Coríntios 12:4). Podemos então dizer
que os dons espirituais são:
Ao longo dos tempos há uma discussão se tais dons espirituais cessaram, se alguns
deles já concluíram seu objetivo ou se todos estão ativos, aos quais se enfrenta outro
debate sobre sua atuação temporal, ou seja, se eles ativamente estão disponíveis em
abundância, sem variam em tempo conforme ciclos e avivamentos ou se cessaram tais
manifestação em dons com o fim do ofício apostólico e com o estabelecimento do
cristianismo por todo o mundo. Porém, os pentecostais têm como marca a doutrina do
continuísmo, conforme o Credo das Assembléias de Deus:
13
MCRAE, William. The Dinaymics of Spiritual Gifts. Grand Rapids:Zodervan. 1976. p. 18. Citado
por ENNS, Paul. Manual de Teologia Moody. 1 ed. São Paulo. Editora Batista Regular. 2016, p.314
por meio dos seres humanos, os crentes em Jesus, enquanto a Igreja
estiver na terra, pois, no Céu, não precisaremos mais deles. É por meio da
Igreja que o Espírito Santo manifesta ao mundo o poder de Deus, usando
os dons espirituais.Eles são dados à Igreja para sua edificação espiritual,
seu conforto e seu crescimento espiritual. Os dons espirituais são vários, e
nenhuma lista deles no Novo Testamento pretende ser exaustiva; e nem
mesmo existe a expressão "estes são os dons espirituais". Em Romanos,
aparece uma lista deles, mas não são os mesmos da lista dos nove dons,
exceto o dom de profecia, que aparece em ambas as listas. Há outra lista
que repete os dons de variedade de línguas e os dons de curar.14
Assim, cremos na continuidade destes dons, com algumas diferenças quanto ao dom
de profecia e uma interpretação pentecostal do dom de línguas. Iremos tratar sobre
cada um dons, de maneira abreviada, dentro desta seção.
PALAVRA DE SABEDORIA
FÉ
14
SILVA, Esequias Soares Da. Cgadb (org.). Declaração de Fé: Jesus salva, cura, batiza no Espírito
Santo e em breve voltará. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, p. 171-172.
geralmente este dom está ligado a ministério ativos, eles representam a fé que flui
ação.
CURA
São os dons de curas”, literalmente. Isto é, este dom é multiforme na sua constituição
e na sua operação. É uma sublime mensagem para os enfermos, não importando a sua
doença. São dons de manifestação de poder sobrenatural pelo Espírito Santo para a
cura das doenças e enfermidades do corpo, da alma e do espírito, para crentes e
descrentes.
No original, os dois termos que designam este dom estão no plural: “operações de
maravilhas”. São operações de milagres extraordinários, surpreendentes, pasmosos;
prodígios espantosos pelo poder de Deus, para despertar e converter incrédulos,
céticos, oponentes, crentes duvidosos.
PROFECIA
A profecia na igreja deve ser, pois, julgada. De fato, a Bíblia declara: “Em parte
profetizamos” (I Co 13.9). A profecia da igreja está sujeita a falhas por parte do
profeta; daí a recomendação bíblica de I Coríntios 14.29: “E falem dois ou três
profetas, e os outros julguem”. Assim devemos compreender que esta profecia não
está mais ligada ao ministério apóstolico, no sentido da produção de novos livros ao
cânon bíblico, mas antes está diretamente ligada ao que fora produzido e fechado, por
isso é sempre importante analisar a mensagem que é dita nos púlpitos. Não
esqueçamos que a profecia é um dom que traz edificação, exortação e consolação.
DISCERNIMENTO DE ESPÍRITOS
No original, os dois termos que designam este dom estão no plural. É um dom de
conhecimento e de revelações sobrenaturais pelo Espírito Santo. É um dom de
proteção divina para não sermos enganados e prejudicados por Satanás e seus
demônios, e também pelos homens. Uma das principais atividades de Satanás é
enganar (Apocalipse 12.9; 20.8,10; I Timóteo 4.1). Os homens também enganam
(Efésios 4.14; I João 2.26; 2 João v.7). Líderes em geral — inclusive de música —,
pastores, evangelistas, mestres, precisam muito deste dom para não serem enganados
VARIEDADE DE LÍNGUAS
Dentro da perspectiva pentecostal temos duas classes de "falar em línguas", que são as
idiomáticas (idiomas naturais dos homens) e as chamadas estranhas (misteriosas) que
provêm dos céus para edificação do cristão.
INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS
Ao longo de todos esses dons espirituais citados, podemos então concluir citando o
conselho do Apóstolo Paulo para buscarmos os melhores dons para edificação da
Igreja (1 Coríntios 14:1).
QUESTÕES
1. O que é a pneumatologia?
3. Destaque os títulos do Espírito Santo e aborde como eles provam que o Espírito
Santo é Deus
4. Destaque os atributos do Espírito Santo e aborde como eles provam que Ele é
Deus.
5. Qual é a personalidade do Espírito Santo? Destaque as principais características
que provam tal personalidade.