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Cadeira: Termodinâmica II
TEMA: Compressores
No século 4.500 a.C. já era conhecido o fole manual, utilizado na fundição de metais. Por
volta de 1.500 a.C. ocorreu um primeiro incremento tecnológico, por meio de introdução do
fole acionado por pedais. Posteriormente, com o desenvolvimento de tecnologia para a
usinagem mais precisa do interior de tubos em ferro fundido, para fabricação de canhões,
foram criadas as condições para o desenvolvimento de compressores com um único pistão. A
história registra a primeira utilização de um compressor a pistão em 1776 em uma fábrica da
Inglaterra. Este compressor foi concebido para fornecer a estupenda pressão, para a época, de
1bar. As válvulas e vedações eram de madeira e couro e não permitiam pressões mais
elevadas do que esta.
De uma maneira geral, o tema ar comprimido pode ser dividido em três partes:
O primeiro homem que, com certeza, sabemos ter-se interessado pela pneumática, isto é, o
emprego do ar comprimido como meio auxiliar de trabalho, foi o grego Ktesibios. Há mais de
dois mil anos, ele construiu uma catapulta a ar comprimido. Um dos primeiros livros sobre o
emprego do ar comprimido como transmissão de energia, data do 1º século d.C. e descreve
equipamentos que foram acionados com ar aquecido.
Embora, a base da pneumática seja um dos mais velhos conhecimentos da humanidade, foi
preciso aguardar o século 19 para que o estudo de seu comportamento e de suas
características se tornasse sistemático. Porém, pode-se dizer que somente após o ano 1950 é
que ela foi realmente introduzida na produção industrial.
É admirável como a pneumática tem conseguido expandir-se e se impor em tão pouco tempo.
Isto ocorre porque nenhum outro elemento auxiliar pode ser empregado tão simples e
rentavelmente para solucionar muitos problemas de automatização. Portanto, estas são as
características que fizeram o ar comprimido tão conhecido:
Fig.1
COMPRESSOR DE AR COMPRIMIDO
Definição:
Segundo (Pacheco, 2018) os compressores podem ser definidos como estruturas mecânicas
industriais destinadas a elevar a energia utilizável de ar – pelo aumento de sua pressão.
Pressão é a razão entre a força exercida (peso é força) por um corpo sobre uma superfície e a
área de contato desse corpo com a superfície.
Pressão atmosférica
É fato conhecido que a Terra está envolta por uma camada gasosa denominada atmosfera. A
atmosfera exerce sobre qualquer ponto da superfície terrestre uma pressão conhecida pelo
nome de pressão atmosférica.
A pressão é a força exercida por unidade de área, neste caso a força exercida pelo ar em um
determinado ponto da superfície. Se a força exercida pelo ar aumenta em um determinado
ponto, consequentemente a pressão também aumentará.
Segundo (Procel Industria, 2009) foi primeiramente medida, recorrendo a uma coluna de
mercúrio, por Torricelli no século XVII. A pressão atmosférica, ao nível normal das águas do
mar, é de 760 mm de mercúrio i e 760 mmHg mm de mercúrio, i.e. 760 mmHg.
Experiência de Torricelli
O aparelho inventado por Torricelli recebeu o nome de barômetro. Depois que Torricelli
inventou o barômetro, foram realizadas muitas experiências para medir a pressão atmosférica
em diferentes altitudes e chegou-se à conclusão de que a pressão atmosférica varia com a
altitude. De fato, a cada 100 m de variação na altitude, a pressão atmosférica varia de 1cm de
mercúrio. Quando subimos, a pressão diminui; quando descemos, a pressão aumenta. Se, em
vez de medirmos a pressão atmosférica em centímetros de mercúrio o fizermos em
milímetros de mercúrio, teremos a unidade chamada Torricelli (Torr).
Pascal repetiu a experiência de Torricelli usando água em lugar do mercúrio e verificou que a
pressão atmosférica equilibra uma coluna de água de 10,33m de altura.
Essas diferenças de pressão têm uma origem térmica estando diretamente relacionadas com
a radiação solar e os processos de aquecimento das massas de ar. Formam-se a partir de
influências naturais, como: continentalidade, maritimidade, latitude, altitude etc. As unidades
utilizadas são: polegada ou milímetros de mercúrio (mmHg), quilopascal (kPa), atmosfera
(atm), milibar (mbar) e hectopascal (hPa), sendo as três últimas, as mais utilizadas no meio
científico.
Além dos gases citados, o ar atmosférico pode ter a presença de vapor de água e poeiras em
suspensão, que devem ser considerados devido a necessidade de tratamento para retirá-los do
ar comprimido a ser utilizado. O ar atmosférico age como uma esponja e tem a habilidade de
conter uma certa quantidade de água até seu ponto de saturação. Essa água de seu interior
tende a precipitar quando o ar é comprimido ou resfriado.
Existem vários modelos usados para representar a relação entre a massa, pressão,
temperatura e volume de um gás. As leis dos gases são os modelos mais simples quando
comparados ao uso de tabelas e interpolações que são baseados em um conjunto de
parâmetros relevantes do gás. A lei mais simples é a que trata as moléculas como
perfeitamente elásticas, é negligenciado seu tamanho quando comparados ao tamanho do
caminho livre médio que elas podem percorrer e não exercem forças entre si. Um gás que
apresenta essas características é chamado de gás perfeito e sua relação entre massa, pressão,
temperatura e volume é dado pela
𝑝.𝑉=𝑚.𝑅.𝑇
PV = k T. (1)
Segundo (1), se o volume do recipiente que contém o gás aumenta, a pressão decresce e
viceversa. Porquê? Suponha que o volume aumenta. Isto significa que as moléculas têm mais
espaço livre para percorrer e, portanto, a frequência dos choques com as paredes do recipiente
diminui. Sendo assim, a pressão será menor. O processo inverso também se verifica.
Esta lei, descoberta por Joseph Louis Gay-Lussac nos princípios do século XIX, relaciona
linearmente a pressão e a temperatura de um gás ideal, se o volume se mantiver constante,
i.e.,
P = kvT .
KV = nRV /V
Esta lei, descoberta em 1787 por Jacques Charles, descreve a relação linear existente entre o
volume e a temperatura de um gás ideal quando a pressão se mantém constante. Está relação
é
V = kPT . (3)
Suponha que a temperatura aumenta. Isto significa que as moléculas dentro do recipiente
movem-se mais depressa (a energia cinética aumenta) e, portanto, a frequência dos choques
com as paredes do recipiente também aumenta. Sendo assim, a pressão será maior. Este
aumento de pressão provocará um aumento de volume do recipiente (para este fim
concebido), o que, por sua vez, pelas razões antes explicadas, se reflectirá numa diminuição
da pressão até esta atingir o seu valor constante.
Assim, se a temperatura aumenta, o mesmo acontece com o volume e vice-versa.
Experimentalmente foi determinado que kP é inversamente proporcional à pressão, P, e
directamente proporcional ao número de moles de gás, n,
Para os gases reais a equação (7) é geralmente bastante complexa, no entanto, para os gases
ideais as grandezas, P,T e V, como já vimos, estão relacionadas de forma bastante mais
simples.
Experimentalmente verificou-se que RT=RP=RV=R (ver equações (2), (4) e (6)). Sendo
assim, as leis de Boyle-Mariotte, de Gay-Lussac e de Charles, podem ser combinadas numa
só equação,
PV = nRT , (8) denominada equação de estado dos gases ideais. A constante R denomina-se
constante universal dos gases, R = 8.314 J.mol-1 K-1.
INSTALAÇÃO DE PRODUÇÃO
De acordo com (Santos, 2015) para a produção de ar comprimido são necessários
compressores, os quais comprimem o ar para a pressão de trabalho desejada. Na maioria dos
acionamentos e comandos pneumáticos se encontra, geralmente, uma estação central de
distribuição de ar comprimido. Não é necessário calcular e planejar a transformação e
transmissão da energia para cada consumidor individual. A Instalação da compressão fornece
o ar comprimido para os devidos lugares através de uma rede tubular.
TIPOS DE COMPRESSORES
Ainda segundo (Santos, 2015) compressores são máquinas destinadas a elevar a pressão de
um certo volume de ar, admitido nas condições atmosféricas, até uma determinada pressão,
exigida na execução dos trabalhos realizados pelo ar comprimido. Serão diferenciados dois
tipos básicos de compressores.
Óleo é injetado junto com o ar que entra na admissão com o intuito de lubrificar os rotores e
rolamentos, retirar o calor gerado na compressão e selar o espaçamento remanescente dos
parafusos. Após a compressão é necessário um separador de ar e óleo para a limpeza desse ar.
Existem ainda modelos que não utilizam o óleo, muito utilizados na indústria alimentícia e
em indústrias nas quais é necessário um ar estritamente limpo de impurezas.
De acordo com (Santos, 2015) este compressor é dotado de uma carcaça onde giram dois
rotores helicoidais em sentidos opostos. Um dos rotores possui lóbulos convexos, o outro
uma depressão côncava e são denominados, respectivamente, rotor macho e rotor fêmea. Os
rotores são sincronizados por meio de engrenagens; entretanto existem fabricantes que fazem
com que um rotor acione o outro por contato direto. O processo mais comum é acionar o
rotor macho, obtendo-se uma velocidade menor do rotor fêmea. Estes rotores revolvem-se
numa carcaça cuja superfície interna consiste de dois cilindros ligados como um "oito". Nas
extremidades da câmara existem aberturas para admissão e descarga do ar. O ciclo de
compressão pode ser seguido pelas figuras a,b,c,d.
O ar à pressão atmosférica ocupa espaço entre os rotores e, conforme eles giram, o volume
compreendido entre os mesmos é isolado da admissão. Em seguida, começa a decrescer,
dando início à compressão. Esta prossegue até uma posição tal que a descarga é descoberta e
o ar é descarregado continuamente, livre de pulsações. No tubo de descarga existe uma
válvula de retenção, para evitar que a pressão faça o compressor trabalhar como motor
durante os períodos em que estiver parado.
Compressores scroll
O compressor scroll é o compressor de projeto mais recente. Possui duais espirais sendo uma
fixa e outra móvel, acionada por um eixo excêntrico. As principais características desse
compressor são: ausência de válvulas de sucção e descarga; baixo ruído e vibração; compacto
e leve; alta confiabilidade e alta eficiência (não possui espaço nocivo).
Nesse processo, o refrigerante é comprimido pela interação entre uma espiral móvel e uma
fixa. O refrigerante entra através de uma das aberturas externas. Na continuação do giro da
espiral móvel a abertura externa é fechada e, com o seu movimento, o refrigerante é
comprimido através da redução de seu volume. A condição de descarga é atingida quando o
refrigerante atinge a região central do compressor.
Figura 7. Detalhes do processo de compressão de um compressor rotativo tipo scroll. Durante
a operação, todos os volumes se encontram em diferentes estágios de compressão, resultando
em um processo de sucção e descarga praticamente contínuo.
Dos compressores alternativos o de pistão é mais utilizado. São movimentados por um motor
externo que rotaciona a biela, transformando o movimento rotativo em alternativo e
comprimindo o ar atmosférico através do pistão em uma câmara fechada. Podem ser bastante
compactos e tem sua movimentação gerada por um motor a diesel ou elétrico na maioria das
situações.
Compressores de lóbulos
Esse compressor possui dois rotores que giram em sentido contrário, mantendo uma folga
muito pequena no ponto de tangência entre si e com relação à carcaça. O gás penetra pela
abertura de sucção e ocupa a câmara de compressão, sendo conduzido até a abertura de
descarga pelos rotores. O compressor de lóbulos, embora sendo classificado como
volumétrico, não possui compressão interna. Os rotores apenas deslocam o gás de uma região
de baixa pressão para uma região de alta pressão. Essa máquina, conhecida originalmente
como soprador "Roots", é um exemplo típico do que se pode caracterizar como um soprador,
uma vez que é oferecida para elevações muito pequenas de pressão. Raramente empregado
com fins industriais, é, no entanto, um equipamento de baixo custo e que pode suportar longa
duração de funcionamento sem cuidados de manutenção. Esse tipo de compressor de estágio
único tem limitações de pressão, segundo a Roots Systems Ltd, não conseguindo passar de
4,5 bar de pressão máxima.
O impelidor é um órgão rotativo munido de pás que transfere ao gás a energia recebida de
um acionador. Essa transferência de energia se faz em parte na forma cinética e em outra
parte na forma de entalpia. Posteriormente, o escoamento estabelecido no impelidor é
recebido por um órgão fixo denominado difusor, cuja função é promover a transformação da
energia cinética do gás em entalpia, com o consequente ganho de pressão. Os compressores
dinâmicos efetuam o processo de compressão de maneira contínua, e portanto correspondem
exatamente ao que se denomina, em termodinâmica, um volume de controle.
Compressores Centrífugos:
O gás é aspirado continuamente pela abertura central do impelidor e descarregado pela
periferia do mesmo, num movimento provocado pela força centrífuga que surge devido à
rotação. O fluído descarregado passa então a descrever uma trajetória em forma espiral
através do espaço anular que envolve o impelidor e que recebe o nome de difusor radial ou
difusor em anel. Esse movimento leva à desaceleração do fluído e conseqüente elevação de
pressão.
Fig 13
fig.14
fig.15
Ciclo termodinâmico
Trabalho
O trabalho é definido como sendo o produto da força pelo deslocamento. Se o trabalho
realizado pelo pistão no processo de compressão (do ponto 1 ao 2, Fig 2.8) for analisado, a
seguinte equação pode ser escrita:
n=1, isotérmico
n, politrópico em geral;
n=k, isentrópico
Da inspeção do diagrama p-v é evidente que o processo que requer menos potência é o
isotérmico, daí que os compressores são refrigerados de alguma forma, mediante aletas ou
com uma camisa onde circula um fluído refrigerante, que pode ser água ou um outro fluído
térmico.
No processo politrópico, quanto menor seja o valor de “n”, menor será a potência requerida.
O valor de “n”depende do resfriamento e das características do processo. O coeficiente “k”
depende do tipo de gás e da sua temperatura , para o ar têm um valor de 1,4 a temperatura
ambiente, para o argônio é de 1,667 (alto) o do metano é mais baixo, 1,299, o do octano é
ainda menor: 1,044. Todos os valores de “k” reportados são à temperatura ambiente.
(Anônimo, 2015)
Eficiência
O rendimento volumétrico real é obtido a partir da determinação de : (i) vazão de fluído que
entra (ou sai) no (do) compressor, (ii) número de batidas do pistão por minuto (considerando
o número de revoluções do motor e possíveis reduções), (iii) cilindrada total (considerando o
número de cilindros funcionando em paralelo). O rendimento volumétrico aparente é obtido a
partir da informação do coeficiente de espaço morto (informação do fabricante ou medição
“in loco”) e das pressões de entrada e saída no compressor, medidas experimentalmente. O
rendimento volumétrico depende do coeficiente de espaço morto e da razão de compressão,
entre outros fatores. A eficiência volumétrica é importante, porque está relacionada em forma
direta a o menor ou maior consumo de potência do compressor. A eficiência volumétrica é
influenciada por diversos fatores: razão de compressão, fatores de compressibilidade dos
gases na entrada e na saída (coeficiente z da equação dos gases reais), espaço morto no
cilindro, perdas nas válvulas, fugas nos anéis do pistão, expoente politrópico ou adiabático na
equação de compressão, vapor de água presente nos gases. Na última equação se mostra a
equação da eficiência volumétrica corrigida com o fator de compressibilidade. Lembrar que
este fator leva em conta o afastamento dos gases do comportamento ideal, que deve ser
considerado a altas pressões. (Anônimo, 2015)
fig 19
Ainda de acordo com (Anônimo, 2015) a eficiência volumétrica é influenciada por diversos
fatores: razão de compressão, fatores de compressibilidade dos gases na entrada e na saída
(coeficiente z da equação dos gases reais), espaço morto no cilindro, perdas nas válvulas,
fugas nos anéis do pistão, expoente politrópico ou adiabático na equação de compressão,
vapor de água presente nos gases. O gráfico acima tenta mostrar o efeito da variação do
espaço morto no processo de compressão. Os valores de 5, 10 e 15 % correspondem a valores
do espaço morto (coeficiente epsilon do slide anterior, em %). A linha cheia ABC
corresponde a um espaço morto de 5 %, se o espaço for maior, a compressão acontecerá
segundo as linhas pontilhadas. Se observa que a linha cheia ABC é mais íngreme que as
pontilhadas, o máximo valor de pressão ponto C é atingido antes quando o espaço morto é
menor. Ao mesmo tempo, a linha cheia DEFA, que corresponde à admissão, é também mais
íngreme para o processo com menor espaço morto. Isto significa que o gás entra e sai do
cilindro mais rapidamente quando o volume morto é menor. No diagrama também é
apresentado o efeito das válvulas, quando a pressão incrementa ao longo da AB, e o valor
desejado é obtido, a válvula de exaustão é aberta, a pressão chega ao seu máximo valor em C,
e o gás é enviado ao tubo de descarga. O processo de descarga consiste numa série de ondas
de pressão que degeneram até que o pistão atinge o ponto D. Os gases que não foram
expelidos se expandem, e o pistão retrocede, de D até Ee F. A válvula de admissão é aberta,
novo gás é admitido, até o pistão atingir a posição A. Observar que devido à forma que
funciona o processo, a eficiência volumétrica depende das razões de volume: (AG – AE)/AG.
Conclusão
O ar comprimido é uma importante forma de energia, visto que é insubstituível em diversas
aplicações e resultado da compressão do ar ambiente, cuja composição é uma mistura de
oxigênio (~20,5%), nitrogênio (~79%) e alguns gases raros. Atualmente, cerca de 6 bilhões
de toneladas de ar são comprimidas por ano em todo o planeta, gerando um consumo de 500
bilhões de kWh a um custo de 30 bilhões de dólares.
São números que provocam um grande impacto no meio ambiente, mas que poderiam ser
substancialmente reduzidos com medidas racionais.
Bibliografia
Anônimo. (2015). Capítulo 4 – Compressores – Parte 1. Disponível em:
http://professor.unisinos.br/mhmac/Refrigeracao/CAP4_REF_2015_v1.pdf
https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/5/57/Pneumatica.pdf