RESUMO MÁQUINAS TÉRMICAS

1. Revisão histórica

A primeira “máquina” a vapor foi a máquina de heron, contudo ela tinha pouco
proveito e utilidade, além da demonstração do princípio físico, o próximo surgimento
relevante veio em 1712 com Denis Papin, que percebeu que ao ferver água em uma panela
hermética, tanto a pressão do vapor quanto a temperatura da água subiam
proporcionalmente, disto ele teve a ideia de criar um cilindro que continha um pistão móvel
e uma haste fixa a ele, que deu o nome de êmbolo, o qual se movia quando a pressão do
vapor dentro do cilindro aumenta, e retornava ao estado inicial ao diminuir a pressão, notou
se também o quão forte era o êmbolo em relação a uma pessoa. Thomas Newcomen usou
o princípio da máquina de Papin para criar uma máquina para transporte de água, que
também podia carregar peso, esta por sua vez usava o vácuo para mover o êmbolo, mas
tinha eficiência menor que 1%.

Em 1736 James Watt, mostrou o desperdício de energia presente no modelo de

newcomen, onde 80% dessa energia era usada somente para aquecer o cilindro, então
trouxe a ideia de uma máquina com um condensador separado, o que era muito mais
eficiente e veio a substituir as máquinas de newcomen.

Em 1856 o gerador de vapor de Stephen Wilcox, revolucionou o com uma caldeira

de tubos de água projetada para produzir vapor de maneira muito mais eficiente. Seu
projeto inclui uma circulação forçada da água através de tubos aquecidos pelos gases de
combustão, tambores de vapor e de água para separar a água do vapor e uma grande área
de superfície de aquecimento para aumentar a eficiência.

Em 1880, o gerador de vapor de Stirling feito de tubos curvados utilizava de um ciclo

desenvolvido por ele, o qual leva seu nome, assim aquecendo a água através de um
trocador de calor no fim do processo gerando vapor.

O fim da década de 1940 e início da década de 1950 foram marcadas pelo

desenvolvimento de geradores de vapor nucleares, pesquisa liderada por Enrico Fermi, que
utilizava a fissão nuclear para gerar calor e produzir vapor para acionar turbinas a vapor.
Esses geradores de vapor foram inicialmente desenvolvidos para fins militares, mas logo
foram adotados em aplicações civis, como a geração de energia elétrica, entrando em
operação para este fim em 1954 em Obninsk na Rússia e em Shippingport nos EUA em
1957.

Nesta mesma época começam a ser desenvolvidos geradores de vapor de

recuperação e de ciclo combinado, que são resultados de aperfeiçoamentos e de diversas
pesquisas diferentes, sendo pioneiras as empresas General Electric e Westinghouse dos
EUA, e Siemens da Alemanha. O sistema de recuperação funciona com a queima de
material para aquecimento e geração de vapor, onde no fim do ciclo os gases de exaustão
resultantes da queima são capturados e guiados a um recuperador de calor, que extrai o
calor restante nesses gases e o transferindo para um segundo circuito de geração de vapor.
Quanto ao sistema de ciclo combinado, este processo começa com a queima do
combustível no interior da turbina a gás, produzindo energia mecânica que é utilizada para
girar a turbina e gerar eletricidade. Os gases de exaustão da turbina a gás são então
direcionados para o gerador de vapor de recuperação, onde transferem calor para produzir
vapor adicional para acionar uma turbina a vapor secundária. A turbina a vapor secundária,
por sua vez, aciona outro gerador elétrico, produzindo ainda mais eletricidade.

Além desses, em 1950, foi realizado a primeira aplicação de um gerador de vapor

supercrítico pela empresa ASEA, ideia conceituada em 1920 pelo pesquisador
noter-americano Mark Benson, este gerador de vapor utiliza água em estado supercrítico,
ou seja, água entre o estado líquido e o estado gasoso, permitindo o gerador operar em
maiores temperaturas e de maneira mais eficiente.

Em 1960 começaram a ser desenvolvidos os geradores de vapor de recuperação

avançada, sendo estes mais eficientes, econômicos e biologicamente mais agradáveis,
empregados principalmente nas indústrias de papel e celulose.

Em 1980 houve um aumento no uso de geradores a vapor nucleares ao redor do

mundo, os quais chegaram ao Brasil com a construção de Angra 1, operando inicialmente
em 1985, posteriormente veio Angra 2 em 2001 e atualmente está em construção Angra 3.
Outro tipo de tecnologia que ganhou força na mesma década foi o de cogeração,
gerando energia elétrica e calor simultaneamente, nestes são usados geradores de vapor
de recuperação ou de ciclo combinado, os quais continham agora maior eficiência junto a
uma ótima taxa de economia. Outra tecnologia emergente foi a de geradores de vapor de
biomassa, fruto de diversas pesquisas, esta, funcionava como os modelos anteriores,
contudo, tinha fonte de energia mais limpa, vinda da queima de materiais como, cana de
açúcar, madeira, caim, hoje sendo utilizado até mesmo restos alimentícios de lixo urbano.

Nos anos 2000 os geradores de vapor de recuperação, de ciclo combinado e

nucleares só ganharam ainda mais força, agora ainda mais modernos e trabalhando a
maiores pressões.

Desde então são realizadas cada vez mais pesquisas a respeito dos geradores de
vapor, atualizando e melhorando os mesmo. Atualmente o que se tem de mais moderno no
meio, são os geradores de vapor de supercríticos avançados, geradores de vapor de ciclo
combinado de alta eficiência, geradores de vapor de biomassa avançados, geradores de
vapor nucleares avançados.

2. Motivação

A revisão do tema de geradores de vapor e suas aplicações na indústria moderna é

importante por diversos motivos, podemos destacar dentre eles:

2.1. Avanços tecnológicos: a indústria de geração de energia está em constante

evolução e inovação, o que leva a novos desenvolvimentos em geradores de vapor.
Assim é importante revisar o tema para estar atualizado sobre as tecnologias mais
recentes e como elas podem ser aplicadas de forma eficiente e sustentável.

2.2. Eficiência energética: os geradores de vapor são componentes essenciais em

muitos processos industriais e de geração de energia. Revisar o tema pode ajudar a
 identificar oportunidades para melhorar a eficiência energética desses processos,
reduzindo custos e impactos ambientais.

2.3. Sustentabilidade: a revisão do tema pode ajudar a identificar tecnologias e

práticas mais sustentáveis para a geração de energia e processos industriais,
reduzindo as emissões de gases de efeito estufa e outros impactos ambientais.

2.4. Segurança: os geradores de vapor são equipamentos críticos e a segurança é

uma preocupação importante. Revisar o tema pode ajudar a garantir que as práticas
de manutenção e operação sejam seguras e que as normas e regulamentos
aplicáveis sejam cumpridos.

Em resumo, a revisão do tema de geradores de vapor e suas aplicações na indústria

moderna é fundamental para garantir que as tecnologias e práticas mais eficientes,
sustentáveis e seguras sejam utilizadas para a geração de energia e processos industriais.

3. Empresas

No Brasil, algumas das principais empresas que fabricam e comercializam

geradores de vapor são:
● Indeck - atua na fabricação de geradores de vapor para diversas aplicações
industriais, incluindo petróleo e gás, alimentos e bebidas, papel e celulose,
entre outros setores.
● Aalborg Industries - empresa dinamarquesa com presença global, fabrica
geradores de vapor para indústrias como petróleo e gás, marítima, energia e
outros.
● Babcock & Wilcox - multinacional americana que atua na fabricação de
caldeiras e geradores de vapor para diversas aplicações, incluindo indústria
de papel e celulose, energia, petróleo e gás, entre outros.
● Thermax - empresa indiana que fabrica geradores de vapor para indústrias
como petróleo e gás, energia, alimentos e bebidas, farmacêutica, entre
outros.

No mundo, algumas das principais empresas que fabricam e comercializam

geradores de vapor são:
● General Electric (GE) - multinacional americana que atua na fabricação de
geradores de vapor para diversas aplicações, incluindo energia, petróleo e
gás, alimentos e bebidas, entre outros.
● Siemens - empresa alemã que fabrica geradores de vapor para indústrias
como energia, petróleo e gás, papel e celulose, entre outros.
● Mitsubishi Heavy Industries - empresa japonesa que fabrica geradores de
vapor para diversas aplicações, incluindo energia, petróleo e gás, química,
entre outros.
● Doosan Heavy Industries & Construction - empresa coreana que atua na
fabricação de geradores de vapor para diversas indústrias, incluindo energia,
petróleo e gás, química, entre outros.
 Atualmente, existem várias empresas e organizações que trabalham no
desenvolvimento de tecnologias de geração de vapor, temos a GE Power, a Mitsubishi
Power, a Valmet, a Andritz e a Siemens. No brasil a pesquisa é liderada pela Petrobras, a
Eletrobras, a Furnas (subsidiária da Eletrobras) e pelo COPPE/UFRJ (centro de pesquisa
da universidade).

4. Custos e gama de aplicações

O custo médio dos geradores de vapor pode variar significativamente, dependendo

da capacidade de produção de vapor, da tecnologia empregada, da marca e do país de
origem. Em geral, considerando apenas o equipamento, os geradores de vapor mais
aplicados na indústria tem capacidade para produzir de 100 kg/h a 500 kg/h podendo custar
entre US $10.000 e US $30.000, já os geradores de vapor utilizados por indústrias de
grande porte com capacidade para produzir de 1 ton/h a 5 ton/h podem custar entre US
$30.000 e US $100.000. Para usos como o de uma usina elétrica, que utiliza gerador de
vapor que produzem entre 1000 t/h e 5000 t/h, o custo do equipamento é gigantesco,
podendo variar de 5 a 15 milhões de dólares, em média. Um exemplo para tal, estima-se
que o gerador de vapor de Angra 2, com capacidade de produção de 1620 t/h custou entre
6 e 8 milhões de dólares.

Quanto à gama de aplicações, os geradores de vapor são utilizados em diversas

indústrias, como a alimentícia, têxtil, química, farmacêutica, papel e celulose, petróleo e
gás, entre outras. Eles são utilizados para produzir vapor em diversas condições, tais como
alta pressão e alta temperatura, para fins de aquecimento, geração de energia elétrica,
esterilização, limpeza, entre outras aplicações.

Os geradores de vapor mais utilizados atualmente variam dependendo do setor e da

aplicação. Algumas das tecnologias mais comuns incluem:

● Geradores de vapor de recuperação: ainda são amplamente utilizados em

muitas indústrias para aproveitar o calor residual dos gases de exaustão,
incluindo em usinas de energia.
● Geradores de vapor de ciclo combinado e de ciclo combinado de alta
eficiência também continuam sendo utilizados em larga escala na produção
de energia elétrica, oferecendo alta eficiência energética e baixa emissão de
poluentes.
● Geradores de vapor de biomassa e de biomassa avançados são usados ​em
usinas de energia que utilizam fontes renováveis, como madeira, bagaço de
cana e outras matérias orgânicas para produzir vapor e gerar eletricidade.
● Geradores de vapor de recuperação avançada (Advanced Recovery Boilers -
ARBs): são utilizados em usinas de celulose e papel, permitindo a
recuperação do máximo de energia possível a partir da queima de resíduos
de madeira.
● Geradores de vapor de caldeiras a gás natural: são amplamente utilizados
em sistemas de aquecimento e refrigeração de edifícios comerciais e
industriais, além de em usinas de energia elétrica.
 ● Geradores de vapor de cogeração: continuam sendo usados em indústrias
para produzir energia elétrica e calor ao mesmo tempo, o que é
especialmente atraente para a redução de custos de energia.

5. Livros utilizados na modelagem destes equipamentos

Alguns dos livros mais utilizados na área incluem:

● Steam Generation from Biomass: Construction and Design of Large Boilers de Esa
Kari Vakkilainen.
● Power Boiler Design, Inspection, and Repair: Per ASME Boiler and Pressure
(McGraw-Hill Professional Engineering) de Mohammad A Malek.
● Boiler Operator's Handbook, Second Edition de Kenneth E. Heselton.
● Boilers for Power and Process de Kumar Rayaprolu.
● Steam: Its Generation and Use (41st Edition) de Babcock & Wilcox Company.
● Heat Recovery Steam Generators: Design, Applications and Calculations de V
Ganapathy.
● Industrial Boilers and Heat Recovery Steam Generators: Design, Applications, and
Calculations de V Ganapathy.
● Steam Turbines: Design, Application, and Re-Rating de Heinz P. Bloch e Murari P.
Singh.

Alguns dos principais livros de autores brasileiros sobre modelagem e dimensionamento de

geradores de vapor são:
● Geradores de Vapor - Operação e Manutenção - de Edmundo Klotz e José Luiz de
Carvalho (Editora Blucher)
● Tecnologia dos Geradores de Vapor - de Geraldo Magela Vieira (Editora LTC)
● Geradores de Vapor - Princípios e Procedimentos - de Nélio Augusto de Oliveira
(Editora Interciência)
● Caldeiras e Geradores de Vapor - de Roberto B. Ferreira e Roberto de Andrade
Martins (Editora Edgard Blucher)
● Geradores de Vapor - de José de Paula e Silva Neto (Editora Artliber)

Por fim, foram apresentados os aspectos históricos desde a primeira concepção de

modelo gerador de vapor, até o que se há de mais moderno atualmente, abordando as
criações, inovações e contribuições dos mais diversos pesquisadores ao longo da história,
responsáveis por tamanha evolução nessas máquinas, além de se expressar a justificativa
do estudo e pesquisa da área, bem como as principais empresas ligadas a produção e
pesquisa, bem como bibliografia diretamente ligada ao seu desenvolvimento, foram
abordado também aspectos de aplicações desses equipamentos e seus respectivos custos
estimados.