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Apresentação
Estudamos no capítulo anterior sobre a geração hidrelétrica, que é a principal forma de geração de energia elétrica do
Brasil.
Nesta aula, abordaremos as centrais termelétricas, seu princípio de funcionamento, os tipos de combustíveis empregados
para a geração de energia e seus impactos ambientais.
Objetivos
Explicar os impactos ambientais da geração termelétrica;
Definir o que são caldeiras e sua utilização no mercado de geração de energia elétrica;
Palavras iniciais
As centrais termelétricas produzem energia elétrica em larga escala através da conversão da energia térmica em mecânica,
geralmente utilizando um fluido que, quando aquecido, expande-se e movimenta a turbina térmica.
Essa queima de combustíveis transforma um fluido líquido, normalmente água desmineralizada e adicionada a outros
componentes químicos numa caldeira, em vapor, que, uma vez superaquecido, passa por uma turbina acoplada a um gerador,
produzindo torque, convertendo assim a energia mecânica em eletricidade.
Normalmente, na saída das turbinas, o vapor superaquecido é resfriado, voltando ao estado líquido, reiniciando o círculo de
geração de energia.
Algumas centrais termelétricas podem trabalhar queimando combustíveis em um motor de combustão interna com o gerador
acoplado diretamente ao eixo desse motor. Elas não geram vapor para produzir eletricidade, a energia mecânica obtida pela
queima é transferida diretamente ao eixo, produzindo movimento no gerador.
A geração termelétrica está associada a uma grande variedade de uso de combustíveis renováveis e não renováveis. Dentre os
combustíveis não renováveis, podemos citar:
Dentre os combustíveis renováveis, citamos a biomassa, obtida da madeira ou do bagaço da cana de açúcar etc., que são
repostos pela natureza em menor tempo do que os combustíveis não renováveis.
As centrais termelétricas que geram vapor são as movidas a óleo, carvão, biomassa e derivados de petróleo. As centrais que
não geram vapor, onde o gerador é acoplado diretamente no eixo da máquina térmica são movidas a gás natural e óleo diesel.
Impactos ambientais
Dentre os impactos ambientais da usina termelétrica, encontra se a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa,
sendo as usinas movidas a derivados de petróleo e carvão mineral as maiores poluidoras.
Rejeitos sólidos
São as cinzas e poeiras resultantes do processo de queima de combustível.
Rejeitos líquidos
A água que, ao retornar do processo de geração, está com temperatura elevada em relação à água captada, podendo
causar interferência na flora e fauna local. Além disso, há os produtos químicos utilizados para tratamento da água e para a
limpeza das caldeiras, que podem ser poluidores do lençol freático.
Rejeitos aéreos
Dióxido de carbono (CO2), dióxido de enxofre (SO2), cinzas que são despejadas na atmosfera, óxidos de nitrogênio (NOx),
monóxido de carbono (CO) e hidrocarbonetos.
Contaminação causada por rejeitos radioativos - permanece ativa por milhares de anos. Os riscos estão na forma de
1 armazenar os descartes, onde são utilizados os containers ou recipientes de chumbo, concreto ou ambos;
Acidentes com vazamentos de material radioativo - a contaminação pode chegar a dezenas e até centenas de
2 quilômetros de raio da usina.
Caldeiras de vapor
Segundo a Norma Reguladora nº 13 da Secretaria de Inspeção do Trabalho, caldeiras são definidas como equipamentos
destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica.
Concluímos então que são máquinas que trabalham com alta pressão onde o vapor se acumula, armazenando energia capaz
de alimentar e movimentar peças móveis de diversos tipos de equipamentos e máquinas ou motores.
Fonte: Shutterstock.com
Caldeiras flamotubulares
São aquelas em que os gases da combustão (gases quentes) circulam no interior dos tubos da caldeira, ficando por
fora, a água a ser aquecida ou vaporizada. Podem ser verticais, porém as mais comumente usadas são as horizontais
de fornalhas lisas ou corrugadas.
Possuem limitada capacidade de geração de vapor e só produzem vapor saturado (vapor com gotículas de água), o
que as torna próprias apenas para a geração de vapor de aquecimento, o que muitas vezes não interessa às indústrias
de grande porte, pois requerem vapor para acionamento de máquinas de processo como bombas, turbinas etc.
Caldeiras aquatubulares
São caldeiras em que a água está presente no interior da tubulação e os gases quentes oriundos da combustão
circulam pela parte externa das tubulações. Como nessas caldeiras temos maior área de produção de calor, a
quantidade de vapor produzido é aumentada e sai da caldeira a uma temperatura mais elevada do que nas
flamotubulares.
O vapor que esta caldeira produz é chamado de vapor superaquecido porque não tem gotículas de água, todo o fluido
é convertido integralmente em vapor. Por isso, essa é a caldeira utilizada nos processos de produção de energia
elétrica.
Por terem grande produção de vapor, essas caldeiras têm tamanhos consideráveis, podendo chegar a 20 ou 30 metros
de altura. Nas caldeiras aquatubulares, devem ser adicionados produtos químicos na água utilizada, pois facilitam a
troca térmica e evitam incrustações nas tubulações internas.
Caldeira de recuperação
Essa caldeira gera eletricidade, produzindo vapor através do calor obtido pela descarga dos gases da turbina a gás.
Utilizando caldeiras convencionais, podemos queimar combustível para produzir vapor e gerar energia, mas nas
caldeiras de recuperação, é utilizado o calor dos gases de exaustão da primeira caldeira como fonte de energia,
gerando novamente vapor para produzir mais eletricidade.
Em plantas de geração de ciclo combinado (ou cogeração) essa caldeira é o principal elemento, aumentando a
produção de energia sem necessariamente aumentar o gasto de combustível queimado, aproveitando apenas o calor
do primeiro ciclo.
Caldeira de recuperação
Turbinas
Turbinas a gás
São de construção relativamente recente, possuindo ciclo térmico com alta eficiência termodinâmica, pois sua temperatura de
trabalho é em torno de 1.260⁰C. São melhor utilizadas em plantas estacionárias para geração de energia elétrica. Essa turbina
possui vantagem de permitir o aproveitamento do calor para instalação de uma caldeira de recuperação, num ciclo combinado
como vimos anteriormente, configurando uma cogeração de energia elétrica.
Fonte: Shutterstock.com
Existem dois tipos de turbina a gás: Turbinas aeroderivativas e Turbinas Heavy Duty 1 .
Turbinas a vapor
São projetadas com formato radial utilizando lâminas de formato aerodinâmico, presas a um eixo. Quando o vapor passa pela
turbina, temos uma área de maior pressão e menor velocidade na parte inferior da lâmina e uma área de baixa pressão e maior
velocidade do fluido na parte superior da lâmina, produzindo o torque necessário para a turbina girar. Nesse aspecto, as
lâminas se assemelham a asas de um avião, que obtém sua sustentação por princípio físico semelhante. Para geração de
eletricidade essa turbina é acoplada ao gerador.
Ao olhar para a imagem de uma turbina a vapor em corte, percebemos lâminas de tamanho diferentes que nos permitem obter
estágios na conversão da energia do vapor em torque no eixo. Esses estágios podem ser fixos ou móveis, e a turbina possui
essa construção, pois desta forma, é possível ter o maior rendimento.
Na entrada de vapor, onde a pressão é maior, as lâminas são chamadas de lâminas de impulso, já na saída, onde a pressão é
menor, as lâminas são chamadas de lâminas de reação e possuem tamanho maior para compensar a perda de pressão citada.
Lâminas da turbina a vapor
Normalmente, para geração em grande porte, esses motores são movidos a gás natural ou óleo diesel. Para haver a
combustão em motores a gás, é necessário haver uma centelha na mistura combustível-ar, ao que chamamos de ciclo Otto. Já
nos motores a diesel, essa combustão acontece por compressão da mistura.
Centrais a diesel
As plantas de geração a diesel são mais utilizadas com potências até 40MW, normalmente instaladas para atender sistemas
isolados em regiões mais afastadas (normalmente na região Norte do Brasil, principalmente nos estados do Amazonas e de
Rondônia).
A maior desvantagem é o preço do combustível, mas podemos citar também a dificuldade na reposição de peças quando
estão instaladas em locais distantes.
Fonte: Shutterstock.com
Vale ressaltar a importância do controle da frequência elétrica na geração, que deve ser muito preciso. Quando a geração é
feita por máquinas síncronas, a rotação da máquina deve ser respeitada para que a tensão gerada tenha a frequência desejada.
Numa operação real, quando há um aumento da carga, percebemos que o
eixo do gerador se torna mais pesado, mais difícil de girar, promovendo a
redução da sua velocidade e, consequentemente, da frequência. Numa
redução da carga, o efeito é o inverso. A frequência nos dá parâmetros
importantes sobre a geração.
Os sistemas automáticos de controle de geração, no caso de aumento da carga, gerenciam uma maior injeção de combustível
(ou água para hidrelétricas) para compensar o sobrepeso do eixo, produzindo mais torque para manter a velocidade constante
para a geração de energia. Na ocorrência da redução da carga, o supervisório reduz a injeção de combustível.
Diferenças pequenas de frequência são compensadas pelo próprio sistema de potência onde estão conectadas, que por ser
muito mais robusto e de potência maior que o gerador individual, tenderá a puxar o eixo num processo natural.
EG=P.FC.8760
Onde:
EG = energia gerada
P = Potência instalada
FC= fator de capacidade
8760 = número de horas em um ano
A potência gerada (P) depende da pressão e volume do fluido da máquina, que possuem relação não linear entre si. A potência
pode ser calculada por:
P=m(h1-h2)
Onde:
P = potência disponível
m = massa do fluido passando pela transformação térmica, por unidade de tempo (Kg/seg)
h = entalpia específica do fluido por unidade de tempo, em (Kg/s), sendo h1 a entalpia na entrada e h2 na saída.
µ+
p
h =
p
Onde:
µ = energia interna do fluido
p = pressão em que está submetido
ρ = densidade do fluido
Sendo os índices:
Esse desempenho e transformação podem ser avaliados através do diagrama de Mollier (entalpia x entropia) do vapor d’água.
Diagrama de Mollier (de entalpia x entropia) do vapor d’água. Fonte: Reis, 2001
Atividade
1. Analise as afirmativas abaixo:
a) As centrais termelétricas para geração em larga escala, normalmente, utilizam um fluido que, quando aquecido, expande-se
e movimenta a turbina térmica.
b) O fluido utilizado para a geração de energia é, normalmente, a água, que é desmineralizada e agregada a outros
componentes químicos para evitar incrustações nas paredes das tubulações internas da caldeira e facilitar a troca térmica.
c) Normalmente, na saída das turbinas o vapor superaquecido é resfriado, voltando ao estado líquido, reiniciando novamente o
círculo de geração de energia.
Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para falsa, teremos a seguinte sequência:
a) F, V, V
b) V,V,V
c) V, F, V
d) F, F, V
e) V, F, F
a) As usinas termelétricas a carvão ou derivados de petróleo são as principais poluidoras pela emissão de gases que agravam
o efeito estufa.
b) Nos rejeitos líquidos das usinas, a água que retorna do processo de geração com temperatura elevada em relação à água
captada não causa interferência na flora e fauna local.
c) Nas usinas nucleares, ocorrendo um acidente, a contaminação causada pelos rejeitos radioativos permanece por milhares
de anos.
Atribuindo “V” para a sentença verdadeira e “F” para a falsa, teremos a seguinte sequência:
a) F, V, V
b) V,V,V
c) V, F, V
d) F, F, V
e) V, F, F
3. Assinale a alternativa que não é uma vantagem do emprego de turbinas aeroderivativas para geração de energia elétrica.
a) Tamanho reduzido.
b) Peso reduzido.
c) Baixa manutenção.
d) Alto rendimento.
e) Peças de reposição são facilmente encontradas no mercado nacional.
Notas
Como o nome já diz, possui tecnologia similar à empregada para propulsão das aeronaves. Possui as seguintes vantagens:
Por estes motivos são utilizadas para a geração de energia elétrica e para a cogeração..
Referências
BORGES NETO, M. R.; CARVALHO, P. C. M. Geração de Energia Elétrica – Fundamentos. São Paulo: Érica, 2012.
PINTO, M. O. Energia elétrica: geração, transmissão e sistemas interligados. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
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