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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO

DISCIPLINA DE METODOLOGIA DA PESQUISA

Prof. Dr. Dioniso de Souza Sampaio

UFPA/IECOS/FACIN (Bragança)

E-mail: sampaiods@ufpa.br/sampaio.ds@gmail.com

Prof. Dr. Diego Assis das Graças

UFPA/ICB/ENGEBIO

E-mail: diegoassis@ufpa.br/diego.a87@gmail.com

Belém-PA – 2021
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A metodologia científica é o estudo e o desenvolvimento de ferramentas facilitadoras da


produção e apresentação de conhecimentos. Nessa construção acontece o processo lógico (a
construção de conhecimentos), quanto do processo gráfico (a apresentação escrita dos
processos e resultados). Consta de três fases básicas: planejamento, execução e apresentação
gráfica.
O planejamento de pesquisas científicas consiste na transformação de um tema em
problema a ser racionalmente construído. O pré-projeto é o processo de transformar um tema
em hipótese. Projeto é transformar tal hipótese em objetivos.
A execução da pesquisa consiste na criação e na organização originais de ideias para os
raciocínios propostos. A coleta de dados é a geradora de conhecimentos para o cientista que,
confrontada com cada um dos objetivos planejados, gera ideias, que comporão o texto pensado
do pesquisador. A redação é o momento de transformação de um texto pensado em um texto
escrito, ou seja, o conjunto lógico vai transformar-se em um conjunto gráfico.
A apresentação gráfica dos textos científicos segue as orientações da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT). O objetivo das normas, além da padronização gráfica dos textos, é
também resguardar qualidade lógica através da apresentação obrigatória de alguns elementos
informativos.
O material instrucional apresentado nesta disciplina foi construído com base nas
bibliografias citadas no planejamento da disciplina, em especial foi utilizado como referência o
livro ‘’Metodologia científica: a construção do conhecimento’’ de Antônio Raimundo dos Santos;
o Guia de Elaboração de Trabalhos Acadêmicos publicado pela UFPA (2ª edição, 2021) e as
normas da ABNT (NBR 6023; 6024; 6027; 6028; 6029; 6034; 10520; 12225 e 14724).
Sumário
1. Fundamentos da Metodologia Científica ............................................................................. 4
1.1. O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento ..................................... 4
1.2. Classificação e Divisão da Ciência ................................................................................. 6
2. A Pesquisa e suas classificações ........................................................................................... 6
2.1. Pesquisa ........................................................................................................................ 6
2.2. Classificação da Pesquisa .............................................................................................. 7
2.2.1. Natureza ............................................................................................................... 7
2.2.2. Forma de abordagem do problema ...................................................................... 7
2.2.3. Objetivos (Gil, 1991) ............................................................................................. 7
2.2.4. Procedimentos técnicos ....................................................................................... 8
2.3. O Planejamento da Pesquisa ........................................................................................ 8
2.4. Método Científico ......................................................................................................... 9
2.5. Etapas da Pesquisa ..................................................................................................... 11
3. Problema e Hipótese .......................................................................................................... 17
3.1. O que é um problema? ............................................................................................... 17
3.2. Por que formular um problema? ................................................................................ 18
3.3. Como formular um problema? ................................................................................... 20
3.4. O que são hipóteses?.................................................................................................. 21
3.5. Características das hipóteses ...................................................................................... 21
3.6. Classificação das hipóteses ......................................................................................... 21
3.7. Como formular hipóteses ........................................................................................... 22
4. O projeto de Pesquisa......................................................................................................... 22
4.1. O projeto de pesquisa..................................................................................................... 22
4.2. Esquema clássico deve conter: ....................................................................................... 23
5. O Discurso Acadêmico ........................................................................................................ 24
5.1. Características ............................................................................................................ 24
5.2. Manias e Chavões ....................................................................................................... 25
5.3. Pleonasmo .................................................................................................................. 27
5.4. Contradições lógicas ................................................................................................... 28
5.5. Regras básicas na redação científica .......................................................................... 29
6. Considerações sobre a disciplina ........................................................................................ 30
7. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 30
1. Fundamentos da Metodologia Científica
1.1. O Conhecimento Científico e Outros Tipos de Conhecimento

Para falar de conhecimento é necessário entender quais tipos existem. A maior parte dos
estudiosos consideram que existem quatro tipos de conhecimento – científico, popular,
filosófico e religioso. Desde a antiguidade até os nossos dias, os quatro tipos de conhecimento
são utilizados. Primeiramente falaremos do conhecimento popular e do científico, que são muito
relacionados.

O conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado de senso comum, não se


distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto
conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou os métodos e os instrumentos do conhecer.

Saber que determinada planta necessita de uma quantidade X de água e que, se não a
receber de forma natural, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e
comprovável, mas nem por isso científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além:
conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as
particularidades que distinguem uma espécie da outra. Dessa forma, patenteiam-se dois
aspectos:

a) A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade


b) Um mesmo objeto ou fenômeno pode ser matéria de observação tanto para o
cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento
científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.

Para Ander-Egg, o conhecimento popular caracteriza-se por ser:

a) Superficial, isto é, conforma-se com a aparência.


b) Sensitivo, ou seja, se refere a vivências e experiências.
c) Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e
conhecimentos.
d) Assistemático, pois não tem organização na obtenção e nem na formulação do
conhecimento.
e) Acrítico, não se manifesta de forma crítica.
f) Valorativo, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido.
g) Reflexivo, porém limitado pela familiaridade com o objeto.
h) Verificável, ou seja, está limitado ao âmbito da vida diária.
i) Falível, se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito.
j) Inexato, se conforma com a aparência.

O conhecimento filosófico não busca fatos concretos ou percebidos sensitivamente, mas


sim as ideias, relações conceituais e exigências lógicas. Segundo Ruiz (1979), a filosofia emprega
“o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não
exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica”. O conhecimento filosófico é:

a) Valorativo, pois o ponto de partida consiste em hipóteses


b) Racional, consiste de um conjunto de enunciados logicamente relacionados.
c) Sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam uma representação
coerente da realidade.
d) Não verificável, pois as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência do
indivíduo e da sociedade, e não na experimentação, como na ciência.
e) Infalível, não é submetida a testes da observação (experimentação)
f) Exato, como não é testável, ela assuma exatidão.

O conhecimento religioso apoia-se em doutrinas que contem proposições sagradas, e por


isto, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis. A adesão das pessoas é um ato de
fé, e a visão de mundo passa a ser da religião e como obra divina. O conhecimento religioso, ou
teológico, é:

a) Valorativo, pois são proposições sagradas.


b) Inspiracional, por terem sido reveladas pelo divido sobrenatural.
c) Sistemático, tem origem, significado, destino e bem organizado.
d) Não verificável, pois envolve a fé.
e) Exato, pois como é uma revelação divina, contém toda a verdade do universo.

Por último temos o conhecimento científico, usado na disciplina e no curso. Este


conhecimento é caracterizado como:

a) Real (factual), pois lida com ocorrências e fatos.


b) Contingente, pois suas proposições ou hipóteses tem sua veracidade ou falsidade
conhecida através da experiência e não apenas por meio da razão.
c) Sistemático, trata de um saber ordenado logicamente.
d) Verificável, pois suas proposições devem ser testadas experimentalmente.
e) Falível, pois não é definitivo, absoluto ou final. Permite ser modificado.
f) Aproximadamente exato, pois permitem que novas proposições e técnicas
reformulem a teoria existente.
Essas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa. Um cientista pode ser
afiliado a uma religião, um sistema filosófico, e em muitos aspectos de sua vida usar o senso
comum em sua tomada de decisões.

1.2. Classificação e Divisão da Ciência

Há vários conceitos de ciência propostos por vários pensadores. Segundo Trujillo Ferrari
(1974), “a ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático
conhecimento com o objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. Há quem seja mais
objetivista, definindo a ciência como um tipo de conhecimento adquirido por métodos
rigorosos, sistematizados e suscetíveis de serem ensinados. Independente do conceito é fato
que as ciências possuem:

a) Objetivo ou finalidade: distinguir a característica comum ou as leis gerais que


regem determinados eventos.
b) Função: aperfeiçoamento, aumentar o conhecimento da relação do homem com
seu mundo.
c) Objeto
a. Material: o que se pretende estudar, analisar, verificar.
b. Formal: enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o
mesmo objeto material.

Devido à complexidade do universo e a diversidade de fenômenos, o homem acaba


dividindo as ciências em áreas. O CNPq inclusive usa a divisão de “áreas do conhecimento”.
Vários autores dividem as ciências segundo a complexidade ou conteúdo. Segundo Chaui (1997),
a classificação de ciência usada hoje é:

• Ciências Matemáticas ou Lógico-Matemáticas


• Ciências Naturais
• Ciências Humanas ou Sociais
• Ciências aplicadas

2. A Pesquisa e suas classificações


2.1. Pesquisa
Procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos
problemas que são propostos.

Ø Não se dispõe de informações suficientes para responder ao problema;


Ø A informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não pode ser
relacionada ao problema.

2.2. Classificação da Pesquisa


2.2.1.Natureza

Básica – gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática
prevista. Envolve verdades e interesses gerais.

Aplicada – gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas


específicos. Envolve verdades e interesses específicos.

2.2.2.Forma de abordagem do problema

Quantitativa – a realidade pode ser quantificável, direta ou indiretamente, traduzindo em


números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Estatística (média, mediana,
desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão etc). O ambiente natural é a fonte
direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave.

Qualitativa – relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, por meio de vínculo indissociável
entre objetividade e subjetividade, que não é redutível a números. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são básicas na pesquisa qualitativa. O ambiente social
é a fonte direta para coleta de informações e o pesquisador é o instrumento-chave.

2.2.3.Objetivos (Gil, 1991)

Exploratória - visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas, análise de
exemplos. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudo de Caso.

Descritiva – visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o


estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta
de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
Explicativa – visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos
fenômenos, aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das
coisas. Nas Ciências Naturais requer o uso do método experimental e nas Ciências Sociais recorre
ao método observacional. Assume, em geral, as formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa
Expost-facto.

2.2.4.Procedimentos técnicos

Ø Bibliográfica – elaborada a partir de material já publicado, como livros e artigos de


periódicos etc.
Ø Documental – elaborada a partir de material que não recebeu tratamento analítico.
Ø Experimental - quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis,
definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que estas produzem no
objeto.
Ø Pesquisa Expost-Facto – quando o experimento se realiza depois dos fatos.
Ø Levantamento - envolve a interrogação linear, horizontal, de pessoas e bancos de dados,
daquilo que se deseja conhecer.
Ø Censo - informações de todos os integrantes do universo pesquisado.
Ø Amostra - são pesquisados parte dos integrantes da população.
Ø Estudo de campo - estudo de situações empíricas, em termos de estrutura social e
história, ressaltando a interação entre seus componentes.
Ø Estudo de caso – estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos (uma pessoa,
uma família) de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
Ø Pesquisa-Ação – concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes da situação estão
envolvidos de modo cooperativo ou participativo.
Ø Pesquisa Participativa – desenvolve-se a partir da interação entre pesquisadores e
membros das situações investigadas.

2.3. O Planejamento da Pesquisa

A pesquisa constitui construção de conhecimento original, em acordo com certas exigências da


Ciência. Um estudo é considerado científico quando obedece aos critérios de coerência,
consistência, reprodutibilidade, falseabilidade, originalidade e objetivação.
Requisitos (Goldemberg, 1999):

a) existência de uma pergunta que se deseja responder;

b) elaboração de um conjunto de passos para chegar a uma resposta;

c) indicação de um grau de confiabilidade na resposta obtida.

O planejamento de uma pesquisa dependerá de três fases: decisória, construtiva e redacional.

Fase decisória – escolha do tema, definição e delimitação do problema de pesquisa e construção


da hipótese.

Fase construtiva – construção do plano e sua execução.

Fase redacional – análise dos resultados obtidos na fase construtiva, sob determinada forma de
expressão. É a organização das ideias de forma sistematizada, visando à elaboração do relatório
final.

2.4. Método Científico

Instrumento utilizado pela Ciência na sondagem da realidade. Tem por base a observação
rigorosa dos fenômenos, com garantias de redução ao mínimo das interveniências subjetivas e
ideológicas. Tal observação deve ser capaz de distinguir, dentre os muitos fenômenos
ocorrentes em determinadas circunstâncias, os que são relevantes para o problema.

Método científico – conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na


investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa.

Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético-
dedutivo, dialético e fenomenológico (Gil, 1999).

Método dedutivo – proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que
só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro.

Objetivo: explicar o conteúdo das premissas por meio de uma cadeia de raciocínio em ordem
descendente; análise do geral para o particular, para chegar a uma conclusão.

Usa o silogismo, construção lógica para a partir de duas premissas, retirar uma terceira
decorrente das duas primeiras, denominada conclusão.

Exemplo:
Todo homem é mortal ............................ Premissa maior

Pedro é homem ....................................... Premissa menor

Logo, Pedro é mortal .............................. Conclusão

Método indutivo – proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera o
conhecimento fundamental na experiência, não leva em conta, princípios pré-estabelecidos. No
raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As
constatações particulares levam à elaboração de generalizações.

Exemplos:

Antônio é mortal.

João é mortal.

Paulo é mortal.

Carlos é mortal.

Ora, Antônio, João, Paulo...e Carlos são homens.

Logo, (todos) os homens são mortais.

Método dialético – proposto por Hengel e Marx, no qual as contradições se transcendem, dando
origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação
dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de
um contexto social, político, econômico etc.

Processo: descrição, análise, síntese, contextualização histórica ou micro-histórica, crítica


teórica.

Método hipotético-dedutivo – proposto por Popper consiste na seguinte linha de raciocínio:

“quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a


explicação de um fenômeno, surge um problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas
no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se
conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas. Enquanto no método dedutivo se procura
a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se
evidências para derrubá-las”.

Método fenomenologógico – proposto por Husserl e Jaspers, não é dedutivo nem indutivo.
Preocupa-se com a descrição direta da experiência tal como ela é.

A realidade é construída socialmente e entendida como o compreendido, o interpretado, o


comunicado. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as suas
interpretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no processo de
construção do conhecimento. Empregado em pesquisa qualitativa.

2.5. Etapas da Pesquisa

a) Escolha do tema;

b) Formulação do problema;

c) Revisão de literatura;

d) Justificativa;

e) Determinação dos objetivos;

f) Metodologia/Tratamento Metodológico/Material e Métodos;

g) Submissão aos critérios éticos, quando cabível;

h) Coleta de dados/informações/discursos;

i) Organização dos resultados/Preparação para análise;

j) Análise e discussão dos resultados;

l) Conclusão da análise dos resultados;

m) Redação e apresentação do trabalho.

a) Escolha do tema

O que pretendo abordar?

Escolher um tema significa eleger uma parcela delimitada de um assunto, estabelecendo


limites ou restrições para o desenvolvimento da pesquisa.
A definição do tema pode surgir com base na observação do cotidiano, na vida
profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com especialistas, no
retorno de pesquisa já realizadas e em estudo da literatura especializada (BARROS; LEHFELD,
1999).

Deve-se levar em conta, para a escolha do tema, sua atuação e relevância, seu
conhecimento a respeito, sua preferência e sua aptidão pessoal em lidar com o tema escolhido.

b) Formulação do problema

Natureza do problema: Científico, Tecnológico, Operacional.

Reflete-se aqui sobre se a questão/dificuldade constitui realmente um problema, se é


problema científico, e se vale a pena tentar encontrar uma solução. A pesquisa científica
depende da formulação adequada do problema, isto porque objetiva buscar solução que crie
conhecimento.

RUDIO (2000) sugere que o pesquisador deve fazer as seguintes perguntas:

• O problema é original?
• O problema é relevante?
• Ainda que original/relevante, é adequado para aquele pesquisador?
• Existem possibilidades reais da pesquisa ser executada?
• Existem recursos financeiros que viabilizem a execução do projeto?
• Há tempo suficiente para resolver tal questão?

A escolha do problema de pesquisa. Formulação do problema de pesquisa

• O problema deve ser formulado como pergunta;


• O problema deve ser restrito para permitir sua viabilidade;
• O problema deve ter clareza;
• O problema deve ser preciso.

c) Revisão de Literatura

Quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto?

Que aspectos foram abordados?


Quais as lacunas existentes na literatura?

Pode objetivar determinar o “estado da arte”, ser uma revisão teórica, uma revisão
empírica ou a uma revisão histórica.

Evitar a duplicação de pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema e definir contornos


mais precisos do problema a ser estudado.

Determinação do “estado da arte” – através da literatura já publicada, o pesquisador


procura mostrar o que se sabe sobre o tema, quais as lacunas existentes e onde se encontram
os principais entraves teóricos ou metodológicos.

d) Justificativa

Naturezas da Justificativa: Científica, Política, Administrativa e Ética.

Reflexão sobre o porquê da realização da pesquisa, identificando as razões da


preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação a outros temas.

O tema é relevante? Por que?

Quais os pontos positivos da abordagem proposta?

Que vantagens e benefícios a pesquisa irá proporcionar?

A justificativa deverá convencer quem ler o projeto, em relação à importância e à


relevância da pesquisa proposta.

e) Determinação do objetivo geral e dos objetivos específicos

Nesta etapa o pesquisador deverá sintetizar o que pretende alcançar.

Os objetivos devem estar coerentes com a justificativa e com o problema proposto.

Objetivo geral (teórico) – síntese do que se pretende alcançar.

Objetivos específicos (operacionais) – explicitarão os detalhes e serão um


desdobramento do objetivo geral.

Os objetivos informarão quais os resultados que se pretende alcançar ou seja, qual a


contribuição que sua pesquisa irá efetivamente proporcionar.
O enunciado dos objetivos deve começar com um verbo no infinitivo e este deve indicar
uma ação passível de apreensão objetiva.

a) determinar estágio cognitivo de conhecimento – apontar, definir, enunciar, registrar,


relatar, repetir, inscrever, arrolar, sublinhar e nomear.

b) determinar estágio cognitivo de compreensão – descrever, discutir, examinar,


esclarecer, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever.

c) determinar estágio cognitivo de aplicação - aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar,


interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar.

d) determinar estágio cognitivo de análise – analisar, classificar, comparar, constatar,


criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar.

e) determinar estágio cognitivo de síntese – articular, compor, constituir, coordenar,


reunir, organizar e esquematizar.

f) determinar estágio cognitivo de avaliação – apreciar, avaliar, eliminar, escolher,


estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.

f) Metodologia /Tratamento metodológico/ Material e Métodos

Onde e como será realizada a pesquisa.

Definição do tipo de pesquisa, população, amostragem, instrumentos de coleta,


tabulação e análise de dados.

População x Amostra

Amostra não-probabilística e amostra probabilística

Não-probabilística

a) acidentais – compostas por acaso, com pessoas que vão aparecendo;

b) por quotas – elementos constantes da população na mesma proporção;

c) intencionais – escolhidos casos para a amostra que representem o bom julgamento


da população.
Probabilística – compostas por sorteio

a) casuais simples – cada elemento da população tem oportunidade igual de ser incluído
na amostra;

b) casuais estratificadas - cada estrato, definido previamente, estará representado na


amostra;

c) por agrupamento – reunião de amostras representativas de uma população.

A definição do instrumento da coleta de dados dependerá dos objetivos que se pretende


alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado.

Instrumentos de coleta de dados tradicionais: observação, entrevista, questionário e


formulário.

Observação – quando se utiliza os sentidos na obtenção dos dados de determinados


aspectos da realidade.

Assistemática – não tem planejamento e controle previamente elaborados.

Sistemática - tem planejamento e se realiza em condições controladas.

Não-participante – o pesquisador presencia o fato, mas não participa.

Individual – realizada por um pesquisador.

Em equipe – realizada por um grupo de pessoas.

Na vida real – registro de dados à medida que ocorrem.

Em laboratório – onde tudo é controlado.

Entrevista – obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto


ou problema.

Estruturada – roteiro previamente estabelecido.

Não-estruturada – não existe rigidez de roteiro.


Questionário – série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito pelo
informante. Deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instruções. Estas
devem esclarecer o propósito de sua aplicação, ressaltar a importância da colaboração do
informante e facilitar o preenchimento.

As perguntas do questionário podem ser:

Abertas – “Qual é a sua opinião?”

Fechadas – duas escolhas: sim ou não.

Múltiplas escolhas – fechadas, com uma série de respostas possíveis.

• O questionário deve ser construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem


lógica;
• Redação das perguntas deve ser em linguagem compreensível ao informante. Evitar a
possibilidade de interpretação dúbia, sugerir ou induzir a resposta;
• Cada pergunta deve focalizar apenas uma questão para ser analisada pelo informante;
• Perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa. Deve-se evitar perguntas que, a
priori, já se sabe que não serão respondidas com honestidade.
• Formulário – coleção de questões anotadas por um entrevistador face a face com o
informante.
• O instrumento de coletada de dados deverá proporcionar uma interação efetiva entre
o pesquisador, o informante e a pesquisa. As questões e suas respostas devem ser
codificadas.

g) Submissão aos critérios éticos, quando cabível.

Comitê de Ética em Pesquisa – CEP

Comitê no Uso de Animais de Laboratório - CEUA

h) Coleta de dados

Pesquisa de campo. Paciência e persistência.


i) Tabulação e apresentação dos dados

Organização dos dados: recursos manuais ou computacionais para dar suporte à


elaboração de índices e cálculos estatísticos, tabelas, quadros e figuras.

j) Análise e discussão dos resultados

Deve ser feita para atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e
confrontar dados com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou os
pressupostos da pesquisa.

l) Conclusão da análise e dos resultados obtidos

O pesquisador já tem condições de sintetizar os resultados obtidos com a


pesquisa. Deverá explicitar se os objetivos foram atingidos, se a(s) hipótese(s) foram
confirmadas ou rejeitadas. Deverá principalmente ressaltar a contribuição de sua
pesquisa para o meio acadêmico ou para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

m) Redação e apresentação do trabalho científico

O pesquisador deverá redigir seu relatório, dissertação ou tese.

AZEVEDO (1998), argumenta que o texto deverá ser “gramaticalmente correto,


fraseologicamente claro, terminologicamente preciso e estilisticamente agradável”.

Consultar normas ABNT; Programa de Graduação e Pós-Graduação.

3. Problema e Hipótese
3.1. O que é um problema?

Problema é qualquer questão não resolvida e que é objeto de discussão, em qualquer


domínio do conhecimento (Gil, 1999).

Problema é uma questão que mostra uma situação necessitada de discussão,


investigação, decisão ou solução (Kerlinger, 1980).

Todo o processo de pesquisa irá girar em torno de sua solução.


Segundo Kerlinger (1980), a maneira mais prática para entender o que é um problema
científico consiste em considerar primeiramente aquilo que não é.

Como fazer para melhorar os transportes urbanos?

O que pode ser feito para melhorar a distribuição de renda?

Como aumentar a produtividade no trabalho?

Estes problemas são designados como de “engenharia”, pois se referem a como fazer
algo de maneira eficiente.

A ciência pode fornecer sugestões e inferências acerca de possíveis respostas, mas não
responder diretamente a esses problemas.

Eles não indagam como são as coisas, suas causas e consequências, mas sim sobre como
fazer.

Qual a melhor técnica psicoterápica?

É bom adotar jogos e simulações como técnicas didáticas?

Os pais devem dar palmadas nos filhos?

Estes problemas são de valor, assim como os que indagam se uma coisa é boa ou má,
desejável ou indesejável, certa ou errada, melhor ou pior que outra. A pesquisa científica não
pode dar respostas a questões de valor, porque sua correção ou incorreção não é passível de
verificação empírica.

Um problema é de natureza científica quando envolve variáveis que podem ser tidas como
testáveis: Em que medida a escolaridade determina a preferência político-partidária? A
desnutrição determina o rebaixamento intelectual?

3.2. Por que formular um problema?

Ordem prática

1) Formular um problema cuja resposta seja importante para subsidiar uma


determinada ação.

a) um candidato a cargo eletivo pode estar interessado em verificar como se


distribuem seus potenciais eleitores com vistas a orientar a campanha.
b) uma empresa pode estar interessada em conhecer o perfil do consumidor de
seus produtos para decidir acerca da propaganda a ser feita.

2) Formular problemas voltados para a avaliação de certas ações ou programas.

a) os efeitos de determinado anúncio pela televisão.

b) os efeitos de um programa governamental na recuperação de alcoólatras.

3) Formular problemas referentes às consequências de várias alternativas possíveis.

a) uma organização poderia estar interessada em verificar que sistema de


avaliação de desempenho seria mais adequado para seu pessoal.

4) Formular problemas referentes à predição de acontecimentos, com vistas a planejar


uma ação adequada.

a) A prefeitura de uma cidade pode estar interessada em verificar em que


medida a construção de uma via elevada poderá provocar a deterioração da respectiva
área urbana.

Ordem intelectual

1) Objeto pouco conhecido.

a) Quando Freud iniciou seus estudos sobre o inconsciente, este constituía área
inexplorada. Diz-se que Freud “inventou” o inconsciente.

2) Áreas já exploradas, com o objetivo de determinar maior especificidade às condições


em que certos fenômenos ocorrem ou como podem ser influenciados por outros.

a) em que medidas fatores não econômicos agem como motivadores no


trabalho.

Várias pesquisas já foram realizadas sobre o assunto, mas pode haver interesse em
verificar variações nesta generalização. Pode-se indagar se fatores culturais não interferem,
intensificando ou enfraquecendo as relações entre aqueles dois fatores.

3) Testar uma teoria específica


Wardle (1961) estudou a teoria da carência materna de Bowlby e constatou que crianças
que furtavam ou apresentavam outros comportamentos anti-sociais provinham, com
freqüência significativa, de lares desfeitos ou provinham de pais oriundos de lares desfeitos.

4) Descrição de um determinado fenômeno.

Verificar as características socioeconômicas de uma população ou traçar o perfil do


adepto de determinada religião.

3.3. Como formular um problema?

O problema deve ser formulado como pergunta.

Se alguém disser que vai pesquisar sobre o divórcio, pouco estará dizendo.

“Que fatores provocam o divórcio?”

“Quais as características da pessoa que se divorcia?”

O problema deve ser empírico (baseado na experiência e na observação).

Problemas científicos não devem referir-se a valores, pois conduzem a julgamentos


morais.

Filhos de camponeses são melhores que filhos de operários?

A mulher deve realizar estudos universitários?

O problema deve ser suscetível de solução.

Ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas do cérebro, as visões serão mantidas


auditivamente?

Para formular um problema, é preciso ter o domínio da tecnologia adequada de sua


solução.

O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável.

Em que pensam os jovens?

É necessário delimitar a população dos jovens a serem pesquisados mediante a


especificação da faixa etária, da localidade, da classe social etc.
É necessário delimitar a expressão “o que pensam”.

A delimitação do problema guarda estreita relação com os meios disponíveis para


investigação.

Exemplo: A atitude dos jovens em relação à religião.

3.4. O que são hipóteses?

Hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o


problema da pesquisa.

A(s) hipótese(s) irá (ão) orientar o planejamento dos procedimentos metodológicos.

O processo de pesquisa estará voltado para a procura de evidências que comprovem,


sustentem ou refutem a afirmativa feita na hipótese.

A hipótese é sempre uma afirmação, uma resposta antecipada ao problema proposto.

Quem se interessa por parapsicologia?

Pessoas preocupadas com a vida além-túmulo tendem a manifestar interesse por


parapsicologia.

3.5. Características das hipóteses

Ø Consistência lógica – deve haver compatibilidade entre o enunciado da hipótese com o


conhecimento científico.
Ø Verificabilidade – devem ser passíveis de verificação.
Ø Simplicidade – devem ser parcimoniosas.
Ø Relevância – devem ter poder preditivo e/ou explicativo.
Ø Apoio teórico – devem ser baseadas em teoria.
Ø Especificidade – devem indicar as operações e previsões a que elas devem ser expostas.
Ø Plausibilidade e clareza – devem propor algo admissível.
Ø Profundidade, fertilidade e originalidade – devem especificar os mecanismos aos quais
obedecem para favorecer o maior número de deduções.

3.6. Classificação das hipóteses


Hipótese básica – afirmação escolhida como a principal resposta ao problema proposto.

A hipótese básica pode adquirir diferentes formas tais como:

Ø afirma, em dada situação a presença ou ausência de certos fenômenos;


Ø refere-se à natureza ou características de dados fenômenos, em uma situação
específica;
Ø aponta a existência ou não de determinadas relações entre fenômenos;
Ø prevê variações concomitante, direta ou inversa, entre fenômenos etc.

3.7. Como formular hipóteses

Processo de natureza criativa; requer muita experiência na área.

Gil (1991) concluiu que na formulação de hipóteses podem-se usar as seguintes fontes:

Ø observação;
Ø resultados de outras pesquisas;
Ø teorias;
Ø intuição.

4. O projeto de Pesquisa
4.1. O projeto de pesquisa

Ø Documento cuja finalidade é antever e metodizar as etapas operacionais de um trabalho


de pesquisa;
Ø Traça os caminhos que serão percorridos para alcançar os objetivos;
Ø Permite avaliação da pesquisa pela comunidade para obtenção de aprovação e/ou
financiamento.
Elementos que possam responder às seguintes questões:

Ø O que será pesquisado? O que se vai fazer?


Ø Por que se deseja fazer a pesquisa?
Ø Para que se deseja fazer a pesquisa?
Ø Como será realizada a pesquisa?
Ø Quais os recursos necessários para sua execução?
Ø Quanto vai custar, quanto tempo vai levar e quem serão os responsáveis?
Ø Esquema para elaboração não é único e não existem regras fixas.
4.2. Esquema clássico deve conter:

Ø Título da pesquisa
Ø Introdução (O que se vai fazer? e Por quê?)
• Tema da pesquisa; problema; justificativa e resultados esperados.
Ø Objetivos (Para quê?)
• Objetivo geral – forma genérica qual o objetivo a ser alcançado;
• Objetivos específicos – detalhamento do objetivo geral, indicando o que será
realizado.
Ø Revisão de Literatura (O que já foi escrito obre o tema?)
• Análise comentada do que já foi escrito sobre o tema, enfocando pontos
divergentes e convergentes;
• Mostre os enfoques recebidos pelo tema na literatura publicada (livros e
periódicos).
Ø Metodologia (Tratamento metodológico, Material e Métodos)
• Como será executada a pesquisa?
• Qual o desenho metodológico?
• Qual a população a ser estudada?
• Como será selecionada a amostra?
• Como será a coleta de dados?
• Quais instrumentos serão utilizados?
• Como os dados serão tabulados e analisados?

Ø Cronograma (Quando? Em quanto tempo?)


• Identificação de cada etapa da pesquisa: Elaboração do projeto, Coleta de dados,
Tabulação e Análise de dados, Elaboração do relatório final;
• Estime o tempo necessário para execução de cada etapa.
Ø Orçamento (Quanto vai custar?)
• Estimativa dos investimentos necessários;
• Relacione as rubricas utilizadas: CAPITAL (Equipamento e Material Permanente) e
CUSTEIO (Material de Consumo, Serviço de Terceiros - Pessoa Física, Serviço de
Terceiro - Pessoa Jurídica);
• Arrole as quantidades e valores parciais e total (R$ ou U$).
Ø Executores
• Indique o nome e a função dos participantes (Coordenador, Pesquisador, Auxiliar de
Pesquisa etc.;
• Teses e dissertações: Orientador, Co-orientador; Linha de Pesquisa, nome do aluno.
Ø Referências Bibliográficas (Que materiais foram citados?)
• Listagem dos documentos de onde foram extraídas as citações feitas na Revisão de
Literatura;
• NBR 6023-2002 (ABNT)
Ø Apêndices / Anexos

5. O Discurso Acadêmico
5.1. Características

a) Correção – obedecer às normas cultas. Necessidade de encaminhar o trabalho, antes de


publicá-lo, a uma revisão gramatical e de estilo.
b) Simplicidade – escrita de modo natural, sem floreios nem vocábulos cuja finalidade seja
demonstrar erudição.
“O alcândor Conselho Especial da Justiça, na sua apostura irrepreensível, foi correto e
acendrado em seu decisório.

É certo que o Ministério Público tem o seu label largo no exercício do poder de denunciar.

Mas, nenhum label o levaria a pouso cinéreo se houvesse acolitado o pronunciamento


absolutório dos nobres alvarizes de primeira instância (Jornal do Brasil, 06/11/1976). ”

c) Clareza – ausência de ruídos que comprometam a qualidade da mensagem. Os ruídos


ocorrem por inadequação da estrutura da mensagem por parte da fonte

> Falta de preparo para escrever: períodos longos; uso inadequado de conectivos etc.

> Escolha adequado do vocabulário.

Consideremos a afirmação de docente do ensino superior:

... resta-nos uma INDEFINIDA expectativa, notadamente com os quadros científicos da


Universidade, cada vez mais RESTRITOS e IMPONDERÁVEIS.
d) Precisão – Cada área de conhecimento possui terminologia específica, com
significação bem definida.

No entanto, em outras existem vocábulos ou combinações que exigem de quem os


emprega a delimitação do significado.

Na pesquisa qualitativa é necessário a elucidação das Categorias Principais de Análise

Aprendizagem: cognitiva, afetiva ou motora?

Disciplina: comportamento, matéria?

e) Concisão – utilização apenas de palavras indispensáveis à transmissão de suas ideias.

“Me soltem, que eu não tenho paciência de ser preso”

Moreira Campos (O Preso).

Quando se escrevem períodos com várias orações subordinadas, o texto tende a se


tornar prolixo, o que prejudica sua compreensão.

Expor as ideias em frases simples e de poucas palavras.

Adjetivos e advérbios devem ser utilizados com parcimônia.

Elimine o adjetivo e veja se o essencial foi preservado.

5.2. Manias e Chavões

Freqüência de utilização;

b) Emprego universalizado.

1) Questão

(...) a natureza e o objeto de estudo da didática geral (...), tem se tornado entre nós (...),
uma QUESTÃO objeto de acaloradas discussões (...).
Se pretendemos desviar o foco central do processo de ensino para a aprendizagem e,
portanto, para o aluno (...), evidentemente sem abandonar a QUESTÃO do próprio
ensino (...)

2) Colocar

- Eu gostaria de colocar...

- Antes, eu queria fazer uma colocação...

- Conforme o que o companheiro colocou...

3) Enquanto (Conjunção temporal)

- A metodologia ENQUANTO ato político da prática educativa

- (...) implica, por um lado, na apreensão da dinâmica social ENQUANTO atravessada por
contradições e conflitos (...)

- (...) uma visão crítica do fenômeno educativo ENQUANTO parte da totalidade do social.

• (...) para tudo aquilo que os alunos já fazem ENQUANTO vivência, ENQUANTO
formação cultural.

4) Presente do indicativo x Futuro do pretérito

(...) DESTACARIA, antes de mais nada, a recuperação(...)

(...) a integração (...) é condição básica para se ter o que eu CHAMARIA de uso racional
de recursos.

ACRESCENTARIA ao que foi dito o seguinte:

GOSTARIA de discordar do que foi falado...

5) “A nível de...” “Em nível de...”

Nível – instrumento para verificar se o plano está na horizontal.


Pessoas do mesmo nível social tendem a morar na mesma vizinhança.

O nível da água atingiu um ponto que já preocupa os moradores.

Fortaleza fica quase ao nível do mar.

- Objetivos a serem atingidos nos quatro próximos anos:

a) a nível dos docentes; b) a nível do ensino; c) a nível da pesquisa; d) a nível da extensão.

- Na universidade há uma relação interminável de usos, como segue:

A nível de Brasil... de governo...de congresso... de MEC... de Estado... de universidade...


de faculdade... de departamento... de hospital...

Observe-se que, em todos esses casos, a nível de pode ser trocada por no ou na (no Brasil,
na universidade...), ganhando o estilo em simplicidade, correção e leveza.

6) DESVELAR no sentido de descobrir, mostrar, desnudar, revelar, demonstrar.

7) Passar por

Uma boa educação passa necessariamente pela qualificação docente.

5.3. Pleonasmo

(...) na CLOACA das aves e dos répteis;

(...) ocorrências de MIALGIAS NA MUSCULAÇÃO das patas;

(...) células MIOEPITELIAIS INTERNAS DOS MÚSCULOS;

(...) semelhante a penas naturalmente fixadas no UROPÍGIO DAS AVES...

Base fundamental, bonita caligrafia (do grego kalli bonito, belo), noções
elementares; infra-estrutura básica, perspectiva-futura, história passada, tradição do
passado, pequena síntese, conforme já vimos anteriormente, o que vai acontecer no
futuro, erário público, estou com uma dor na minha cabeça, entrar para dentro, sair
para fora etc.

Fitopatologia vegetal, necropsia do cadáver, ...aceita-se artigos para publicação


futura, prosseguir em frente e voltar para trás, forças vitais da vida, cair uma queda,
olhar as horas do relógio, completamente impedido, dormir um sono, zoológico de
animais, lágrimas saíram-lhe dos olhos, organização social da sociedade etc.

5.4. Contradições lógicas

Capital/interior/Litoral

• Aracati e Camocim foram sedes de dois importantes portos interioranos do Atlântico


Cearense;
• Jericoacoara possui as mais belas praias do interior do Ceará;
• São Paulo, cidade principal do Estado de São Paulo, é uma capital no interior do Brasil.
• O programa de vacinação antivariólica cobrirá a capital, São Paulo, e todo o interior, de
maneira que o Estado inteiro será imunizado.
Alternativa - de alter (latim) = outro, outra.

Portanto, existe somente UMA ALTERNATIVA

... os itens das provas de múltipla escolha terão, a partir do próximo vestibular, quatro
alternativas, em vez de cinco, como no passado.

Um quesito de um teste de múltipla escolha pode ter duas, três, quatro ou cinco opções

Nascer e Morrer

Por conseguinte, como pode alguém nascer morto?

(...) em 1000 partos, 23 crianças nasceram mortas.

A expressão NASCER MORTO e o nome NATIMORTO (neologismo) são constantemente


utilizados.

Pode-se muito bem ser empregada a expressão bastante utilizada: (...) fulana perdeu a
criança, significando que, antes ou durante o parto, o feto ou a criança morreu.
5.5. Regras básicas na redação científica

Linguagem clara, objetiva, na ordem direta, em frases curtas.

Regras Práticas

a) organize as ideias.

b) utilize gramática e dicionário.

c) escreva em ordem direta.

d) escreva frases curtas e simples.

e) abuse dos pontos.

f) evite orações intercaladas, parênteses e travessões

g) corte palavras inúteis.

h) evite partículas de subordinação: que, embora, onde, quando etc.

i) utilize apenas adjetivos e advérbios necessários.

j) utilize palavras precisas e específicas, mais simples, usuais e mais curtas.

k) evite desequilíbrio definido/indefinido (“queremos o amor e dinheiro”)

l) evite ecos: “avaliação da produção da região” “uma por cada”.

m) confira pontuação (“José, disse”).

n) prefira frases afirmativas.

o) evite frases na voz passiva.

p) evite regionalismos, jargões, modismos, lugar comum, abreviaturas, galicismos,


anglicismos etc.

q) Parágrafo: unidade de pensamento Þ interligar-se.

• Primeira frase – curta, enfática e conter idéia principal.


• Demais frases - corroborar.
• Última frase – ligação, principal (conclusão).
r) evite parágrafos muito longos (meia página) ou muito curtos (1-2 frases)

s) Leia e corrija o parágrafo:


t) confira ordem direta.

u) procure repetições, ecos, cacófatos, orações subordinadas etc.

v) Corte palavras desnecessárias, duplicidades de adjetivos etc.

x) procure erros de grafia, digitação e gramaticais.

Leia o texto três vezes:

1) Observe se o texto está lógico.

2) Observe interligação entre parágrafos.

3) Evite repetições.

4) Confira todas as informações

6. Considerações sobre a disciplina

A disciplina tem como objetivo possibilitar ao discente a refletir e entender sobre a


natureza do processo científico e fornecer conhecimento sobre a elaboração do projeto de
pesquisa e monografia na graduação. É de fundamental importância que o discente exercite em
todas as disciplinas a metodologia científica.

7. Referências Bibliográficas
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ANDERY, M. A. et al. Para compreender a Ciência: uma perspectiva histórica. Rio de Janeiro: Espaço e
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HUHNE, L. M. Metodologia Científica: caderno de textos e técnicas. 7. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1977.

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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Mariana de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São
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MINAYO, M. C. S. O desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 6. ed. São Paulo – Rio de
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Apostila do Curso de Normalização de Trabalhos Acadêmicos realizado pela UFPA.

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