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GESTÃO ESTRATÉGICA DE
RECURSOS HUMANOS
MÉTODOS E TÉCNICAS
DE PESQUISA:
uma introdução
2. O projeto de pesquisa............................................................................ 14
Referências bibliográficas.......................................................................... 52
mapa do texto
Guia para busca interativa de assuntos
1. Noções preliminares
1.1.Tipos de conhecimento
2. O projeto de pesquisa
4. Publicações científicas
Referências
O senso comum, embora seja assistemático, serve de base para a construção das teorias cien-
tíficas, uma vez que o conhecimento científico procura exatamente confirmar ou rejeitar o
conhecimento baseado no senso comum. Nesse movimento, o conhecimento científico in-
terage com o senso comum e modifica-o ao longo do tempo, incorporando novas informa-
É um conjunto de verdades a que os homens chegaram não com o auxílio de sua inteligên-
cia, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina.
Pode-se dizer que grande parte dos esforços da ciência destina-se ao conhecimento dos fatos
que já existem, e que são produzidos pela natureza, os quais o homem desconhece ou, pelo
menos, não sabe todo o alcance de suas implicações. Nesse caso, a pesquisa é utilizada para
fazer descobertas.
Cabe esclarecer, no entanto, que fato é diferente de fenômeno, apesar de um certo uso in-
distinto. O fato acontece independente de haver ou não quem o conheça, já o fenômeno é a
percepção do fato pelo observador.
Foi feita uma distinção anterior entre os diversos tipos de conhecimento para, exatamente,
demarcar as características do conhecimento científico. Porém, algumas questões ainda sus-
citam polêmica, uma vez que nem tudo o que é chamado de científico, de fato pode ser to-
mado como tal. É preciso elucidar melhor o problema da neutralidade científica, da subjeti-
vidade, na tentativa de demarcar alguns critérios daquilo que se entende por conhecimento
científico.
A neutralidade (ou a objetividade) para os positivistas poderia, grosso modo, ser obtida
mantendo-se uma distância entre sujeito e objeto. Cabe observar que, ao escolher um tema,
tal escolha já vem permeada por valores; logo, a questão da objetividade deve ser discutida
para além da simples distância entre sujeito e objeto.
Na verdade, não se trata de opor objetividade e subjetividade, nem de dizer que existe uma
subjetividade “boa” e outra “má”. No tocante à subjetividade, deve-se levar em conta, inclu-
sive, o contexto onde é produzido o conhecimento. De qualquer forma, os riscos da subjeti-
vidade existem. O primeiro passo é reconhecer a possibilidade de subjetividade, sem reco-
nhecer: é como se ela não existisse; e, se ela não existe, por que se preocupar? Assim, reco-
nhecendo o problema da subjetividade, pode o pesquisador envidar esforços no sentido de
superá-la ou minimizá-la. Nas ciências sociais, por exemplo, a busca de objetivida-
de/objetivação concentra-se no esforço do pesquisador em relação aos quadros teóricos uti-
lizados e no controle dos “experimentos”, dentre outros aspectos.
“Os valores metodológicos são os que nos fazem estimar que o saber construído
de maneira metódica, especialmente pela pesquisa, vale a pena ser obtido, e que
vale a pena seguir os meios para nele chegar. Isso exige curiosidade e ceticismo, a
confiança na razão e no procedimento científico e, também, a aceitação de seus
limites...” (Leville e Dionne, 1999, p. 96).
Demo (1995), sugere alguns critérios internos e externos para demarcar o que seja um tra-
balho científico. Nestes termos, qualquer trabalho científico tem algumas características in-
ternas que se esperam encontrar, quais sejam, a coerência, consistência, originalidade e a ob-
jetivação.
No entanto, embora relevantes, os critérios internos podem ser verificados em trabalhos que
não são científicos. Então, paralelo aos critérios internos, o autor propõe o denominado cri-
tério externo. Tal critério trata exatamente da avaliação da produção científica pela comu-
nidade científica. Chamada de intersubjetividade, um trabalho científico adquire maior va-
lidade na medida em que é aceito por esta comunidade. (Demo, 1995)
É a lógica que parte do particular para o geral. Permite fazer generalizações a partir de certos
estudos individualizados.
Exemplo: Pedro é estudioso e é aluno desta classe. Antônio é estudioso e é aluno desta clas-
se... Logo, todos os alunos desta classe são estudiosos.
Parte do geral para o particular. Permite certas relações a partir de um conhecimento geral.
Reformula ou enuncia, de modo explícito, a informação já contida nas premissas. O méto-
do dedutivo tem o propósito de explicitar o conteúdo das premissas.
Exemplo: Todos os alunos desta classe são inteligentes. João é aluno desta classe... Logo, Jo-
ão é inteligente.
HIPÓTESE: Dentre as diversas hipóteses preliminares, o pesquisador opta pela mais verossí-
mil, para submetê-la a testes de experiência.
APLICAÇÃO: Como tudo que é científico, os resultados e as conseqüências devem ser aplica-
dos na prática, servindo de pauta para premissas de problemas semelhantes.
Embora a criatividade seja um elemento importante, é bom registrar que a pesquisa científi-
ca não pode ser fruto apenas da espontaneidade e da intuição. Ela exige submissão a méto-
dos e técnicas científicas. Uma boa pesquisa começa com um projeto de pesquisa bem deli-
neado.
Para Abramo (1979), a tentativa de estabelecer uma supremacia da teoria sobre o fato, ou
vice-versa, revela uma falsa dicotomia, uma vez que teoria e fato se interligam e se interde-
pendem.
Nesses termos, existem alguns aspectos da relação entre teoria e fato que merecem ser desta-
cados. Dentre eles:
“(...) a) a teoria serve como orientação para restringir a amplitude dos fatos a se-
rem estudados;
1
VAN DALEN, Deobold B., MEYER, William J. Manual de técnica de la investigación educacional. Barcelona: Ediciones
Omega, 1971.
e) a teoria serve para indicar os fatos e as relações que ainda não estão satisfatori-
amente explicados, e as áreas da realidade que demandam pesquisas” (Goode e
Hatt2 apud Abramo, 1979, p. 26).
Além disso, como observam Goode e Hatt (apud Abramo, 1979, p. 27), a relevância dos
fatos em relação à teoria deve-se às seguintes causas:
“(...) a) um fato novo, uma descoberta, pode provocar o início de uma nova teo-
ria;
2
GOODE, W. J., HATT, P. K. Métodos em pesquisa social. São Paulo: Ed. Nacional, 1960.
e) exige que o observador seja competente para observar e obter os dados com
imparcialidade, sem contaminá-los com juízo de valor.
No sentido restrito, somente a observação sistemática pode ser usada como técnica científi-
ca. A observação sistemática pressupõe, pelo menos, três elementos:
Exemplo: Análise da evolução do perfil da delinqüência juvenil em Belo Horizonte nos úl-
timos 10 anos.
Além do mais, não se pode fazer uma pesquisa válida sem consultar livros e outras obras, em
cada uma das fases do processo. Na própria escolha e definição do tema, é necessário recor-
rer à biblioteca; não apenas para buscar subsídios que orientem a escolha e ajudem a elabo-
rar o enunciado, mas também para verificar se o assunto que se pretende estudar já foi, ou
não, motivo de outras pesquisas.
Para realizar uma pesquisa científica é necessário, em primeiro lugar, um projeto de pesqui-
sa articulado. Antes de executar qualquer pesquisa, deve-se elaborar um projeto que estabe-
leça as bases do planejamento dessa pesquisa.
Um planejamento de pesquisa, até alcançar a forma de projeto, passa pelas seguintes fases:
e) funcionamento normal.
Um iniciante em pesquisa pode supor que elaborar projetos é perder tempo e que é melhor
começar imediatamente o trabalho de pesquisa. No entanto, a experiência vai lhe ensinar
Fazer um projeto de pesquisa é traçar um caminho eficaz que conduza ao fim que se pre-
tende atingir, livrando o pesquisador do perigo de se perder antes de tê-lo alcançado. Assim,
planejar significa traçar um curso de ação a ser seguido para atingir as finalidades desejadas.
E, enquanto planejamento, um projeto de pesquisa serve essencialmente para responder às
seguintes questões:
a) o que fazer?
c) onde fazer?
f) como pagar?
a) o que pesquisar?
d) como pesquisar?
Capa;
Folha de rosto;
Instituição;
Coordenador/autor/pesquisador;
Local e data.
1) TÍTULO DA PESQUISA
2) INTRODUÇÃO
3) PROBLEMA DE PESQUISA
4) JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
5) FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6) HIPÓTESES DA PESQUISA
7) OBJETIVOS DA PESQUISA
8) METODOLOGIA DA PESQUISA
9) CRONOGRAMA
10) ORÇAMENTO
11) REFERÊNCIAS
1) TÍTULO DA PESQUISA
O tema é o assunto que se deseja investigar. O título é uma decorrência direta do tema e re-
flete a tentativa do pesquisador de delimitar a questão em estudo.
Um bom título é o que sintetiza a idéia principal do trabalho. Deve ser atrativo, sem cair,
contudo, no sensacionalismo, no uso excessivo de metáforas. Deve ser conciso e explicativo
e evitar o uso de palavras desnecessárias, tais como: “Estudos em..., Investigações...”, “Pes-
quisa sobre problemas em...”.
2) INTRODUÇÃO
3) PROBLEMA DE PESQUISA
O problema levantado pela pesquisa, início de todo processo, nasce freqüentemente da in-
tuição de alguma dificuldade existente na realidade de determinada teoria. Essa dificuldade,
em geral percebida casualmente, é fruto da atenção, perspicácia e discernimento de quem é
capaz de selecioná-la dentre muitas outras, que eventualmente poderiam ser vistas ou esco-
lhidas.
"(...) O que mobiliza a mente humana são problemas, ou seja, a busca de um mai-
or entendimento de questões postas pelo real, ou ainda a busca de soluções para
problemas nele existentes tendo em vista a modificação para melhor..." (Leville e
Dionne, 1999, p. 85)
Existem alguns pontos que devem ser considerados na eleição de um tema para a pesquisa
ou tese:
Necessidade da pesquisa;
2. O problema deve ser formulado sob a forma de pergunta, uma vez que cla-
rifica para o autor, e para o leitor, o que se deseja saber. Deve-se apresentá-
lo em forma de pergunta, como por exemplo: “Como acontece ou aconte-
ceu alguma coisa? Em que medida tal coisa contribui para outra coisa?” As-
sim feito, torna-se evidente para o autor, e para o leitor, o que se deseja sa-
ber;
4. O problema deve ser definido de tal forma que a solução seja possível. De-
ve-se estabelecer corretamente a situação-problema, isto é, situar bem a pro-
blemática como condição básica na delimitação do problema de pesquisa;
Descobrir os problemas que o assunto envolve, identificar as dificuldades que ele sugere e
formular as perguntas (adequadas ou pertinentes), significa abrir as portas pelas quais o pes-
quisador entrará no terreno do conhecimento científico.
3.3. Guia para o iniciante (fontes de busca para novos assuntos em pesquisa)
Levantar um assunto interessante e relevante de pesquisa é uma das partes mais difíceis de
um projeto de pesquisa, e alguns alunos tendem a gastar um tempo enorme até se fixarem
em algum assunto em particular. Por isso, você não deve desanimar. Não é raro o iniciante
sentir dificuldades nesta fase de definição da pesquisa. Porém, todo o desenvolvimento da
pesquisa depende, obviamente, da escolha do assunto: se for feliz ao escolher o seu tema, te-
rá mais condições de êxito; se infeliz, estará fadado ao fracasso.
Seguem abaixo, segundo Salomon (1991), algumas sugestões de fontes para o pesquisador
encontrar um tema relevante de pesquisa:
b. a reflexão;
Quem sabe pensar encontra em si mesmo um rico manancial de assuntos que oferecem
inúmeras possibilidades de serem explorados. Pela reflexão é que surgem as relações
c. o senso comum;
d. a experiência pessoal;
Todos nós temos maneiras peculiares de reagir não só às situações concretas da vida,
mas também às influências culturais, científicas e ideológicas. A experiência de vida
pode constituir uma rica fonte para se encontrar bons temas de pesquisa.
e. as analogias;
Muitos modelos e teorias pertinentes a uma ciência derivam de analogias com outras
ciências. Pode-se dizer, por exemplo, que a Teoria dos Sistemas (Cibernética) faz uma
analogia explícita com a Biologia dos organismos vivos.
f. a observação documental;
g. os seminários e as controvérsias;
Quando bem dirigidos, os seminários costumam ser um campo propício para idéias
novas.
É interessante notar que os temas mais fecundos têm origem nas controvérsias. Preste
atenção aos debates e às controvérsias! No confronto de idéias pode estar latente um
bom tópico de pesquisa.
h. fatos atuais.
A leitura e o acompanhamento dos fatos ocorridos, através de jornais, revistas etc., po-
de ser uma boa maneira de se encontrar um assunto atual e interessante como objeto
de pesquisa.
4) JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
Para apresentar a justificativa do seu projeto de pesquisa, o pesquisador deve procurar res-
ponder POR QUE é importante investigar a questão, ou o problema proposto. Em outras
palavras, o pesquisador deve destacar quais as contribuições teóricas e/ou práticas a resposta
ao problema formulado poderá trazer.
a atualidade do tema;
5) FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica fixa, também, o campo no qual irão recair as hipóteses da pesquisa.
Uma vez delimitado teoricamente o estudo e formulado o problema, com a certeza de ser
cientificamente válido, o pesquisador deverá propor uma “suposta” resposta, provável e
provisória, ao problema formulado, isto é, uma hipótese.
Portanto, uma hipótese é uma afirmação provisória acerca da realidade que, tendo em vista
o campo teórico estabelecido, pretende dar uma resposta ao problema formulado. A função
da hipótese é orientar o investigador quanto aos dados que ele deve dar importância e quais
abandonar, desconhecer, por serem irrelevantes.
Assim, ao se enunciarem hipóteses para uma pesquisa, o pesquisador deve ter claramente
diante dos olhos a dupla função que elas desempenham, ou seja:
A formulação de hipóteses para ser válida deve obedecer alguns parâmetros, tais como:
Nem todos os tipos de pesquisa necessitam de formulação de hipóteses. Todavia, nos estu-
dos em que há possibilidade de enunciá-las, obtém-se vantagens metodológicas uma vez que
as hipóteses também possuem a função, como dito anteriormente, de orientar e balizar o
pesquisador na condução do trabalho.
Em alguns casos, é útil fazer uma distinção entre objetivos gerais e objetivos específicos.
8) METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia é, por assim dizer, o pólo técnico da pesquisa. É na metodologia que o pes-
quisador responde como será realizada a pesquisa. É o espaço onde se deve traçar os meios
necessários para uma observação da realidade de modo sistemático e disciplinado, no senti-
do de observar os fatos, analisar as relações entre eles e finalmente responder ao problema
da pesquisa que representa, para o pesquisador, uma lacuna no conhecimento.
A seguir, deve-se explicitar o método adotado que, de certa forma, já traz implícita a defini-
ção das técnicas de coleta e análise de dados que se pretende usar. É importante, ainda, que
fique clara a justificativa da escolha do método adotado.
De uma forma geral, a escolha do método não é aleatória, estando vinculada à natureza do
problema que está sendo investigado. A decisão em relação ao método de pesquisa implica
avaliar as seguintes possibilidades:
De modo geral, em se tratando do método de pesquisa do tipo Estudo de Caso (seja caso
único, sejam casos múltiplos), é relevante descrever e tipificar cada unidade empírica, objeto
do estudo, e explicar as razões de sua escolha para o estudo. Isso porque tal método torna-se
muito mais importante quando a escolha recai sobre casos típicos, ou que tenham uma sin-
gularidade que requeira o seu estudo.
Implica estabelecer, para fins de coleta de dados, quem serão os respondentes da pesquisa.
Por último, em função do tipo de pesquisa, do método e dos instrumentos de coleta de da-
dos, o pesquisador deverá definir qual tipo de análise de dados será delineada na pesquisa.
Para isso, deverá considerar os principais tipos:
Construção de tipos;
Construção de modelos;
Classificação de tipologias.
A base para a organização de respostas do tipo qualitativa (entrevistas abertas, por exemplo)
é o seu agrupamento em categorias de análise. A base para se decidir quais categorias são
mais significativas para o estudo encontra-se nas perguntas, ou nas hipóteses formuladas
A tabulação (mais aplicada a dados quantitativos) é uma forma de organização e análise, es-
pecificamente, para dados estatísticos. Essencial na tabulação é a contagem, para se deter-
minar o número de dados que se encontra em cada categoria.
9) CRONOGRAMA
O cronograma visa a planejar o trabalho em função do tempo. Pode parecer óbvio, mas
quando não se estabelece um cronograma para o início e o fim dos trabalhos (principalmen-
te quando os prazos são pré-determinados), é comum o pesquisador desperdiçar tempo ou
mesmo não ter uma percepção exata do tempo necessário para desenvolver cada uma das a-
tividades.
10) ORÇAMENTO
O orçamento diz respeito aos custos do desenvolvimento da pesquisa que, em geral, envol-
vem material de consumo, equipamentos, pessoal, material bibliográfico etc. Normalmente,
a elaboração de um orçamento de pesquisa é obrigatória quando se trata de projetos finan-
ciados, nos quais há uma prestação de contas à entidade financiadora. Em caso de pesquisas
com orçamentos próprios, o orçamento é importante como instrumento de planejamento e
controle de despesas.
11) REFERÊNCIAS
Após definir o material de pesquisa, deve-se proceder à leitura. O mais indicado é começar
pelos textos mais recentes e gerais, indo para os mais antigos e particulares. As obras mais
recentes geralmente retomam as contribuições significativas do passado. Observar que as
obras clássicas dificilmente perdem seu valor de atualidade. (Severino, 2000).
a teoria não é um modelo, uma luva, à qual a realidade deve se adaptar. Pelo
contrário, é a realidade que aperfeiçoa freqüentemente a teoria, sendo que
algumas vezes a invalida totalmente, ou exige reformulações fundamentais.
b. a síntese a que chegou, após as análises críticas a que submeteu os textos li-
dos e consultados;
É importante reforçar, ainda, que uma boa fundamentação teórica, ou revisão da literatura,
começa com um levantamento bibliográfico inteligente e racional. A instrumentalização pa-
ra a elaboração da fundamentação teórica será abordada a seguir.
A pesquisa bibliográfica pode ser realizada como um estudo independente, isto é, sendo ela
a própria pesquisa, ou como parte de uma pesquisa de campo que se constitui, então, como
a fundamentação teórica ou revisão da literatura no relatório de pesquisa. Em qualquer dos
casos, exige método, rigor e disciplina.
De acordo com o que já foi discutido anteriormente, todo o processo de pesquisa se inicia
com o assunto escolhido. A partir das definições do tema e do problema de pesquisa é que
se começa a explorar a bibliografia disponível sobre o assunto.
Quando se fala em pesquisa bibliográfica, é importante fazer uma diferença entre fonte, bi-
bliografia e documento. Fonte é material de primeira mão, original. Quanto à bibliografia é
o conjunto de obras derivadas sobre determinado assunto, escrita por diversos autores. Já o
documento constitui-se uma categoria específica e diz respeito a todo o material encontrado
nas bibliotecas sob a forma de fotocópias, microfilmagens, ou compilados por computador
etc.
“(...) é aconselhável não procurar ler, na primeira assentada, todos os livros en-
contrados, mas elaborar a bibliografia básica. Neste sentido, a consulta prelimi-
nar dos catálogos permitirá que se faça pedidos quando já se dispõe da lista (...)”.
recorrer à bibliotecária;
Ficha de autor
Ficha de título
Ficha de assunto
O levantamento bibliográfico se faz por meio de fichas bibliográficas, cujo formato interna-
cional é de 12,5 cm X 7,5 cm. Ao preencher uma ficha bibliográfica, o pesquisador deverá
preocupar-se com a diligência na transcrição dos dados bibliográficos, a saber:
“(...) redigir logo o índice como hipótese de trabalho serve para definir o âmbito
da tese. Objetar-se-á que, à medida que o trabalho avança, esse índice hipotético
se vê obrigado a reestruturar-se várias vezes, talvez assumindo uma forma total-
mente diferente. Certo. Mas a reestruturação será mais bem feita se contar com
um ponto de partida”. (Severino, 2000, p. 73)
No início, esse plano de leitura pode ser feito com tópicos bem genéricos sobre o assunto e,
à medida que o pesquisador vai dominando o assunto, provavelmente novas idéias em ter-
mos de organização de leitura devem surgir e adquirir características próprias. A elaboração
de um esquema que funcione como um plano provisório evita muita perda de tempo e, não
raro, fornece idéias para um esquema definitivo.
Nessa mesma linha, Eco (1991) sugere que uma outra técnica pode ser utilizada: além de se
criar o escopo básico com as divisões, cria-se também uma pequena introdução, que vai
sendo adaptada durante o desenvolvimento do trabalho, servindo inclusive de referência pa-
ra que o pesquisador verifique a coerência na inclusão de novas idéias, assim criando um ní-
vel de consistência maior para o trabalho.
A documentação a ser feita no decorrer de uma leitura deve possuir os seguintes requisitos:
“(...) julgados válidos devem ser transcritos nas fichas de documentação. Passa-se
para a ficha alguma passagem completa do texto em que se lê, caso em se deve
transcrever ao pé da letra, colocando-se tudo entre aspas e citando a fonte; em
outros casos, faz-se apenas a síntese das idéias em questão; nesta hipótese, as as-
pas são dispensadas, mas mantém-se a citação da fonte. Contudo é hábito pesso-
al, a transcrição nas fichas será feita interrompendo-se a leitura (o que é mais a-
conselhável) ou, então, primeiramente será feita uma leitura completa do texto
pesquisado, assinalando-se levemente as passagens mais importantes, transcre-
vendo-as a seguir”. (Severino, 2000, p. 81)
As fichas para documentação podem ter formato maior, e devem ser de três tipos para cada
obra a ser lida:
1) Fichas de citações;
2) Fichas de resumo;
3) Fichas de idéias pessoais. ( Salomon, 1991).
Fichas de citação são aquelas em que o pesquisador, durante a leitura, registra alguma cita-
ção importante de um determinado autor em determinada obra, e que ele julga interessante
e útil para a análise do problema de pesquisa formulado. A anotação dessas citações em fi-
chas exclusivas para cada obra vai facilitar sobremaneira o trabalho de construção posterior
do texto científico. (Salomon, 1991).
2) Fichas de resumo
As fichas de resumo têm por função buscar condensar a exposição do autor em sua obra.
Trata-se de uma síntese da obra. Do mesmo modo que a anterior, esta ficha tem um signifi-
cado muito grande na construção da pesquisa bibliográfica.(Salomon, 1991).
Fichas de idéias pessoais são aqueles em que o pesquisador registra as idéias, críticas e asso-
ciações que realiza durante a leitura de determinada obra. Por isso mesmo, tal ficha pertence
ao leitor e não ao autor da obra.(Salomon, 1991).
Esta fase refere-se ao próprio exame do conteúdo do documento, seu significado. Corres-
ponde à realização da crítica do material que foi documentado, a saber:
fichário bibliográfico;
O trabalho de construção nada mais é do que a coordenação das diversas categorias de fi-
chas e sua utilização. Trata-se, então, de ordenar os elementos numa construção bem arqui-
tetada que responda, plenamente, às exigências e objetivos do próprio estudo.
Assim, todo o acervo de arquivos (fichas) é recolhido e ordenado em torno da idéia domi-
nante e cada elemento vai sendo destinado para o seu lugar próprio. Nesse processo, é fun-
damental aquele plano provisório de assunto, discutido anteriormente.
A seleção consiste em separar aquilo que é útil e ordená-lo de acordo com o esquema ou
plano de assunto. Durante esse processo, as fichas poderão ter os seguintes destinos:
Desse modo, por um esforço de reflexão, crítica e invenção, vai a mente assimilando pro-
gressivamente os dados do problema, descobrindo-lhes a complexidade, comparando-os. É
dessa atividade que surgem as relações possíveis, prováveis e certas. Pouco a pouco, as pers-
pectivas se desenham, a harmonia é estabelecida e a unidade é feita. Depois do processo de
análise (separação do material), a síntese (junção do que foi ou estava separado) deve ser rea-
lizada. A síntese final é o plano definitivo da pesquisa ou dissertação. (Salomon, 1991).
As citações são idéias de outros autores (informações colhidas em outras fontes) que o pes-
quisador inclui no seu texto para reforçar a argumentação. Num trabalho muito interessan-
o autor estrangeiro deve ser citado na língua original (quando for o caso);
a citação com até três linhas poderá ser inserida no corpo do parágrafo;
Este tipo de citação ocorre quando as idéias de um autor são reproduzidas no texto sem se-
rem transcritas totalmente.
c) quando se tratar de texto traduzido por quem faz a citação, a mesma deverá
vir seguida da expressão “tradução nossa”, entre parênteses;
Existem dois sistemas que podem ser empregados no relatório de pesquisa, ou em qualquer
outro tipo de produção científica, para a indicação de fontes. São eles:
É importante lembrar que qualquer um dos dois sistemas pode ser usado, mas nunca se de-
ve misturar os dois sistemas em um mesmo trabalho científico.
Exemplo:
Exemplo:
Exemplo:
PAGÉS, Max et al. O poder nas organizações: a dominação das multinacionais sobre o
indivíduo. São Paulo: Atlas, 1987.
Exemplo:
SEGNINI, Liliana Rolfsen P. Taylorismo: uma análise crítica. In: BRUNO, Lúcia,
SACCARDO, Cleusa. (Org.). Organização, trabalho tecnologia. São Paulo: Atlas,
1986, p. 81-88.
Exemplo:
6) ARTIGO DE PERIÓDICO
Exemplo:
7) ARTIGO DE JORNAL
Exemplo:
o
FERRAZ, Sílvio. Nasce a super Alemanha. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1 . de jul.
de 1990. Caderno Especial, p. 31.
De um modo geral, o trabalho científico tem três partes básicas. São elas:
1) INTRODUÇÃO
A introdução tem por finalidade apresentar o problema que o pesquisador está estu-
dando, acenar para o seu estágio de desenvolvimento e para a relevância da pesquisa a
ser realizada. Mesmo sendo a primeira parte do trabalho, deve ser redigida por último.
Deve conter os seguintes itens:
3) CONCLUSÕES
Um relatório de pesquisa exige certas qualidades em relação ao estilo. Entre as mais impor-
tantes, pode-se sugerir:
b) Clareza: as idéias devem ser apresentadas de maneira que não haja margem
para ambigüidades. A escolha correta de termos é muito importante para
indicar, com exatidão, os achados de pesquisa;
1. Finalidade;
2. Informações;
3. Estrutura;
4. Linguagem;
5. Abordagem.
Os artigos científicos são estudos breves, porém completos, que tratam de questões verda-
deiramente científicas, mas que, pelo volume, não constituem matéria suficiente que justifi-
É um tipo de relato escrito que divulga os resultados parciais ou totais de uma pesquisa, as
descobertas ou os primeiros resultados de uma investigação em curso. É o mais sucinto dos
trabalhos científicos e restringe-se à descrição dos resultados obtidos em pesquisa. (Lakatos
e Marconi, 1987)
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