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História da supervisão na educação em Moçambique

Segundo Viera (2010 cit. em Cohen, 2014), a supervisão é a teoria e prática de regulação de
processo e aprendizagem.

Segundo Nérice, supervisão escolar consiste no serviço de assessoramento a todas atividades


que tenham influência no processo de ensino e aprendizagem, para que as necessidades e as
aspirações dos educandos sejam mais eficientemente entendidas.

A supervisão na área da educação em Moçambique sempre esteve associada ao regime


político vigente. No período colonial, vigorou mais a inspeção do que a supervisão
propriamente dita. No período da luta de libertação nacional, a supervisão caracterizou-se por
uma interajuda, ou seja, devido a falta de professores formados e com prática
psicopedagógica, cada professor supervisionava as aulas do outro. No período pós-
independência, a Frelimo adotou o regime socialista, e foi atribuída também a educação o
papel de formar o homem novo, dotado de ideologias revolucionárias, socialistas e
anticoloniais. É neste âmbito, que a supervisão/inspecção estava virada para a difusão e
cumprimento das ideologias marxistas-leninistas. No âmbito da democratização em vigor no
país, a supervisão passou a ser integrada ou multissectorial. Aliado a isto, devido a crescente
expansão do ensino superior, a inspecção nesta área passou a ser interna e externa.

Segundo Mazula (1995 cit. em A. G. Barbosa, M. N. Ibraimo, M. S. V. Laita & I. Mussagy,


2017). No período do governo de transição (1974-1975) a educação em Moçambique foi
marcada pela transição da inspecção escolar colonial para a inspecção que se pretendia depois
da independência, ou seja, uma inspecção que visava controlar as políticas do Sistema
Nacional de Educação (SNE) (p.83).

Após a proclamação da independência nacional a 25 de junho de 1975, a Frelimo assumiu o


poder político. No âmbito da implantação do seu governo, concretamente em 1978, através
do diploma ministerial 76/ de 11 de setembro, o Ministério de Educação e Cultura (MEC)
criou a Inspecção Geral da Educação e Cultura (Barbosa & Mauride, 2017 cit. em A. G.
Barbosa, M. N. Ibraimo, M. S. V. Laita & I. Mussagy, 2017). Portanto, em 1978 foram
criadas as Comissões de Apoio Pedagógico (CAP’s) que passaram a actuar tanto ao nível
central do Ministério de Educação, quanto no 4 provincial, nas Direcções Provinciais de
Educação e Cultura (DPEC). Nesta perspectiva, cabia a CAPs supervisionar o processo da
divulgação e implementação dos desígnios e ideais da educação no novo panorama político e
ideológico criado pela independência nacional. As CAPs funcionaram até 1987 e
congregavam professores de diversas áreas curriculares e níveis educacionais. (Selimane,
2015, p.96).

No período colonial (1845-1974), foi fortemente marcado por uma educação virada aos
interesses coloniais, sobretudo para a produção de matérias-primas para as indústrias
portuguesas. Neste período houve forte aliança entre o regime colonial português e a igreja
católica. Nessa altura, o inspector tinha a autonomia de tomar medidas punitivas contra os
infractores da lei referente à educação. Tais medidas consistiam em suspender imediatamente
e expulsar, por causa das irregularidades tais como: falta ao serviço, postura não adequada e a
não planificação das aulas. (Barbosa & Mauride, 2017 cit. em A. G. Barbosa, M. N. Ibraimo,
M. S. V. Laita & I. Mussagy, 2017).

No período da luta de libertação nacional, sobretudo nas zonas libertadas, a Frelimo havia
implantado um projecto de educação para os seus guerrilheiros, nestes locais a educação era
marcada por falta de quadros, professores sem preparação psicopedagógicas e sem
supervisores, neste âmbito, nas zonas libertadas passou a vigorar uma espécie de interajuda,
ou seja, os professores faziam de supervisores uns aos outros de modo a melhorarem a
qualidade das aulas que ministravam. (Mazula, 1995 cit. em A. G. Barbosa, M. N. Ibraimo,
M. S. V. Laita & I. Mussagy, 2017)

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