INNDOC - 2021

Tema: Transformando a educação: Desafios e

perspetivas do ensino primário em Moçambique

Fonte: news.un.org

Apresentado por: Amina Amade & Félix Malache

 Introdução
Objetivo do trabalho: Refletir sobre os desafios que afetam a qualidade de
ensino primário em Moçambique e perspetivar o seu futuro.

Ponto de partida: a qualidade do ensino primário é relevante para garantir a

qualidade nos ciclos subsequentes, no ensino secundário e universitário.

Em Moçambique - indispensável na preparação do capital humano para o

combate à pobreza, a promoção do desenvolvimento socioecónomico e o bem-
estar do cidadão.

Agenda 2030 – ODS/NU, - programas quinquenais/ planos estratégicos

educacionais - prioridade :a escolarização de toda a sua população. É neste
quadro que o país procura assegurar o ensino de qualidade para todos os
cidadãos.
 Introdução (cont.)
O Moçambique se propõe assegurar o ensino de qualidade para todos os
seus cidadãos – três questões fundamentais:
i. será que o aluno do ensino primário em Moçambique alcança as habilidades e
competências pedagógicas desejadas para transitar ao nível subsequente?
ii. As escolas possuem professores com competências pedagógicas de qualidade e
apetrechadas com infraestruturas adequadas?
iii. Como almejar qualidade no ensino primário em Moçambique, com problemas
estruturais de base:

 défice de infraestruturas;
 professores com baixo nível de formação e sem a formação psicopedagógica
exigida;
 uma ineficiente política de distribuição gratuita do livro escolar;
 o problema de pobreza que colocam em causa a formação transformadora dos
alunos.
Fonte: UNESCO 2017
 Introdução (Cont.)

• Metodologia: Pesquisa bibliográfica exploratória e

análise qualitativa, procura estudar os fenômenos que
envolvem os seres humanos e suas intrincadas
relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes
(Godoy, 1995), como o da educação vivenciado em
Moçambique, no processo de ensino a nível primário,
recorrendo a fontes constituídas por livros, artigos
científicos e jornais diários locais e internacionais .
Fonte: Jornal notícias
 Políticas e estratégias de educação em Moçambique (cont.)
A. A Lei nº 18/2018, de 28 de Dezembro estabelece o Sistema Nacional de Educação:
a) Promove uma educação de qualidade e inclusiva e garante a equidade e a igualdade no acesso à
educação para todos os cidadãos.

b) Determina o ensino primário – de 1ª classe a 7ª classe:

i) introduz novo currículo;
ii) impõe a distribuição do livro escolar;
iii) defende a disponibilização de recursos às escolas;
iv. Prioriza a formação de professores e de gestores educacionais;
v. exige o incremento das ações de supervisão pedagógica;
vi. a construção acelerada de salas de aula; e
vii. a introdução do programa Apoio Direto às Escolas.

B. Plano Estratégico da Educação (PEE), 2020-2029: - Para responder aos desafios prioritários da Educação em Moçambique,
o PEE 2020-2029 está estruturado em seis Programas sectoriais, alinhados aos subsistemas da Lei n.º 18/2018 do SNE –
Para este estudo apontamos dois:

a) Educação Pré-Escolar: 0 aos 5 anos de idade - visa estimular o seu desenvolvimento físico, psíquico e intelectual
das crianças e preparar a sua prontidão para o início da atividade escolar .

b) Ensino Primário: 1ª classe a 7ª classes - que visa assegurar que todas as crianças tenham a oportunidade de aceder
e concluir o Ensino Primário inclusivo e de qualidade.
Políticas e estratégias de educação em Moçambique (cont.)
A. Desde 1983, Moçambique tem: a) um sistema de sete anos de educação básica obrigatória.
b) A criança pode frequentar a escola gratuitamente.
c) Há um grau primário até a sétima classe.

B. O sistema educativo continua com um nível secundário de cinco anos. (Estes doze anos de educação
compreendem a base para estudos universitários).

C. O sistema da escola primária é compulsório. A situação econômica e política devastadora – 16 anos de guerra
civil – não permitiu que todas as crianças em idade escolar fossem a escola (Lopes, 2001).

D. Primeiros anos de Independência: taxas brutas de matrícula em quase 100%

E. Anos depois da independência: a) há declínio sucessivo nas taxas brutas de matrícula para 57,4%, em 1989;
b) O desperdício também é extremamente alto, em cada classe:

i. transitam aproximadamente 50% das crianças;

ii. um quarto destas desiste todos os anos e outro quarto repete a mesma.
• Por ex.: Em 1976/77 - Mil alunos que começaram a escola, só 102 chegaram à quinta classe (Martins, 1990 apud
Lopes, 2001, p. 02).

• G. O sistema escolar é assimétrico no que concerne à matrícula em seus diferentes níveis.

Por e.: De todos os alunos, 97,3% são matriculados no nível primário, 2,6% no secundário e 0,1% no universitário.
Políticas e estratégias de educação em Moçambique (cont.)

• Desde 2017 a presente data:

a) a taxa de conclusão do ensino primário continua abaixo dos 50% (metade dos
alunos matriculados não conclui o nível primário).
• b) a avaliação da aprendizagem escolar - a percentagem dos alunos da 3.ª classe
com capacidade de leitura a nível nacional era de apenas 6,3% em 2013, tendo
reduzido para 4,9% em 2016.

“crise de aprendizagem’” ou “escolarização sem aprendizagem”

O Governo não consegue assegurar o acesso à educação, com qualidade ou não

se regista qualquer melhoria plautina de qualidade (Mário, Monjane e Santos, 2020).
 À procura de um ensino primário de qualidade
Para distinguir uma educação de qualidade, é importante ter indicadores
de mensuração da qualidade

Apresentamos um exemplo concreto da Província de Nampula (Província mais Populosa do País), a norte de Moçambique. A TPC Moçambique (2020), avaliou as competências
das crianças as competências de leitura, contagem e cálculo e concluiu:

1. Em geral, as competências das crianças em leitura são baixas:

a) 45 em cada 100 crianças não reconhecem as letras do alfabeto;

b) Apenas 6 em cada 100 crianças conseguiram concluir com sucesso uma prova de leitura da 2ª classe;
c) Apenas uma em cada 10 crianças consegue ler uma história simples da 2ª classe.

2. Em geral, as competências das crianças em contagem e cálculo são baixas:

a) Apenas 8 em cada 100 crianças conseguem fazer operações básicas de divisão da 2ª classe.
b) Apenas 6 em cada 100 crianças conseguem resolver problemas básicos do nível da 2ª classe.
c) Somente 2 em cada 10 crianças conseguem fazer uma operação básica de adição da 2ª classe.

3. A maioria dos alunos passa de classe sem ter adquirido as competências básicas de leitura, contagem e cálculo definidas pelo currículo nacional para a 2ª classe.

a) Somente 2 em cada 10 crianças da 5ª classe conseguem ler uma história simples da 2ª classe.
b) Em cada 10 crianças da 5ª classe não conseguem fazer uma operação simples de adição da 2ª classe;
c) Apenas 4 em cada 10 crianças da 8ª classe conseguem fazer com sucesso uma prova simples de matemática da
2ª classe.

Fonte: News.UN.Org
Fonte: News.UN.Org
 À procura de um ensino primário de qualidade (cont.)

4. As meninas têm desempenho de leitura, contagem e cálculo mais

baixos que os meninos:
a) Existem notáveis desigualdades nas competências de leitura,
contagem e cálculo entre meninas e meninos.
b) Em cada 10 crianças que chegam ao nível mais alto de leitura,
6 são meninos e 4 são meninas.
c) Na contagem e cálculo, a diferença é ainda maior ( o facto de se ser
menina ou menino parece influenciar à partida os níveis de aprendizagem no nosso contexto).

 Quanto mais cresce o nível de dificuldades dos testes, menos meninas conseguem
resolvê-los comparadas aos meninos. Em cada 100 estão 60 meninos contra 40
meninas.

No cômputo geral: As meninas têm desempenho de leitura, contagem

e cálculo mais baixos que os meninos.
 Considerações finais
No quadro do Plano Estratégico de Educação (PEE)-2020-2029 - O governo Moçambicano, se propõe em alargar a rede escolar para todos,
construir mais escolas, distribuir o livro escolar gratuito, formar professores para assegurarem a formação dos alunos primários, cuja meta é o
cumprimento da ODS 4 das Nações Unidas, “Garantir o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para tod1os”.

- UNESCO: Moçambique deve apostar na educação para o desenvolvimento: a responsabilidade da educação não pode ser só do
governo, mas de toda a comunidade e parceiros envolvidos no processo (UNO News, 2017).

- UNICEF (2017): Moçambique demonstrou o seu compromisso em relação à educação:

a) Aboliu as propinas escolares, b) forneceu apoio direto às escolas, c) providenciou livros escolares gratuitos no
ensino primário e c) fez investimentos na construção de salas de aula.

b) É o sector que recebe a maior quota do orçamento do Estado, mais de 15 por cento.

Resultado

Aumento significativo no número de ingressos no ensino primário ao longo da última década.

Mas

i. A qualidade e a melhoria da aprendizagem regrediram

ii. Os ingressos estagnaram no ensino primário do segundo grau e secundário, apesar da maior oferta.
iii. Cerca de 1,2 milhões de crianças estão fora da escola, mais raparigas do que rapazes.
Fonte: cartamz.com
 Considerações finais (cont.)
Estes resultados mostram apesar de Moçambique investir fortemente no seu sector
da educação (um dos maiores em toda a África, ou seja, perto de 20% do seu
orçamento do Estado). Os recursos financeiros são importantes, mas sozinhos não
serão suficientes para tornar a educação relevante para os alunos se a aprendizagem
e o ensino não tiverem a qualidade necessária e forem dominadas absentismo entre
os alunos e professores, aumento de desistentes, repetentes e fracassos (MINED,
2019).

É evidente que é preciso apostar na qualidade do ensino primário: para garantir a

qualidade nos ciclos subsequentes, no ensino secundário e universitário.

Em Moçambique - indispensável na preparação do capital humano para o

combate à pobreza, a promoção do desenvolvimento socioecónomico e o bem-estar
do cidadão. Mas também como forma de mostrar o seu compromisso com a ODS.4.
MUITO OBRIGADO
MUCHAS GRACIAS
 Referências

Castro, M. de (s/d). Desenvolvimento sustentável em moçambique. Disponível em

https://news.un.org/pt/focus/desenvolvimento-sustentavel-em-mocambique Acesso em 15Jun.2021 Acesso em 10Jun.2021

Godoy, A. S. (1995). Pesquisa qualitativa tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas São Paulo, v. 35, n.3, p, 20-29. Disponível em
https://www.scielo.br/j/rae/a/ZX4cTGrqYfVhr7LvVyDBgdb/?lang=pt&format=pdf Acesso em 15Jun.2021

Instituto Camões (2016). Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).Disponível em https://www.instituto camoes.pt/images

/ods_2edicao_web_pages.pdf Acesso em 15Jun.2021

Mário, M., Monjane, C. M & Santos, R. (2020). WIDER Working Paper 2020/130: O sector da educação em Moçambique - Do acesso à qualidade
epistémica do ensino primário. Disponível em https://www.wider.unu.edu/sites/default/files/Publications/Working-paper/PDF/wp2020-130-PT.pdf Acesso em
09Jun.2021

_____________________Lei n.º 18/2018 de 28 de Dezembro – Sistema Nacional de Educação – 2018. Disponível em

https://www.ilo.org/dyn/natlex/docs/SERIAL/108938/134915/F1233978312/Lei%2018_2018%20MOZAMBIQUE.pdf. Acesso12Jun.2021

MINEDH (2019). Revisão de Políticas Educacionais Moçambique. Disponível em http://www.mined.gov.mz/Documents/Politicas%20Educacionais.pdf

Acesso em 15Jun.2021

ONU News (2017). Moçambique deve apostar na educação para o desenvolvimento. Disponível em
https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:MU42AO9yEK0J:https://news.un.org/pt/story/2017/10/1597921-unesco-mocambique-deve-aposta
r-na-educacao-para-o-desenvolvimento+&cd=1&hl=en&ct=clnk&gl=mz
Acesso em 15Jun.2021

____________________Plano Estratégico da Educação 2020-2029 – 2020. Disponível em

https://www.globalpartnership.org/sites/default/files/document/file/2020-22-Mozambique-ESP.pdf Acesso em 15Jun.21

TPC Moçambique (2017). Será que as nossas crianças estão a aprender? Relatório anual sobre a aprendizagem em Moçambique (fase piloto,
província de Nampula). Nampula: Facilidade - (Instituto para Cidadania e Desenvolvimento Sustentável). Disponível em
https://facilidadeicds.org/wp-content/uploads/2015/12/RELAT%C3%93RIO-SOBRE-A-APRENDIZAGEM-DAS-CRIAN%C3%87AS-EM-MO%C3%87AMBIQU
E.pdf
Acesso em 10Jun.2021

UNICEF (2017). Educação para cada criança. Disponível em https://www.unicef.org/mozambique/educa%C3%A7%C3%A3o Acesso em 15Jun.2021