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INSTITUTO POLITÉCNICO BOA ESPERANÇA DELEGAÇÃO DE NACALA

CURSO DE TÉCNICO DE MEDICINA GERAL

TEMA:

HIV EM CRIANÇAS: CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO

NACALA-PORTO, 2023
TEMA:

HIV EM CRIANÇAS: CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO

ESTUDANTES:

JOAQUINA JOÃO

PIEDADE JOSÉ

RABIA JAMAL

SAMIRA ALBERTINO

RICARDINA MARIA

UARILA EMANUEL

VASSILISSA PEDRO
Trabalho de Pediatria a ser apresentado ao
VICTÓRIA FERNÃO
Instituto Politécnico Boa Esperança Delegação de
ZAINABO SULAIDINE Nacala como requisito parcial para realização de
avaliação.

Docente: Anifa Benedito

NACALA-PORTO, 2023
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 4
CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO: 1ª PARTE .............................................................................................. 5
1. EPIDEMIOLOGIA DA DESNUTRICÃO EM MOÇAMBIQUE ........................................................... 5
1.1. Causas da Desnutrição ...................................................................................................................... 5
1.2. Terminologia da Desnutrição ............................................................................................................ 6
2. INTERACÇÕES ENTRE CRESCIMENTO, NUTRIÇÃO E HIV .......................................................... 7
2.1. Crescimento, Nutrição e HIV ............................................................................................................. 7
3. TUBERCULOSE E DESNUTRIÇÃO ..................................................................................................... 8
4. MONITORIA DO CRESCIMENTO ........................................................................................................ 8
4.1. Técnicas para Medição ...................................................................................................................... 9
4.2. Gráficos/Curvas de Crescimento ..................................................................................................... 10
CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO: 2ª PARTE ............................................................................................ 11
1. MONITORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR ................................................................ 11
2. AVALIACÃO NUTRICIONAL............................................................................................................. 14
2.1. Rotina da avaliação nutricional ...................................................................................................... 15
2.2. Diagnóstico das Causas de Desnutrição ......................................................................................... 16
2.3. Complicações da desnutrição aguda ............................................................................................... 17
2.4. Tratamento/suporte para pacientes com Desnutrição Aguda ......................................................... 17
3. OPÇÕES DE ALIMENTAÇÃO............................................................................................................. 19
3.1. Condições AVASS para o desmame ................................................................................................. 20
3.2. Alimentação infantil no contexto do HIV: Práticas de amamentação e a sua duração em mulheres
seropositivas ........................................................................................................................................... 20
3.3. Preparação segura de alimentação de substituição ........................................................................ 22
3.4. Recomendações do MISAU e amamentação .................................................................................... 23
4. NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA CRIANÇA INFECTADA COM HIV .................................. 24
4.1. Estratégias para prevenir a desnutrição nas crianças seropositivas .............................................. 24
4.2. Gestão de Problemas de Alimentação nas Crianças Seropositivas................................................. 25
CONCLUSÃO ............................................................................................................................................ 27
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................ 28

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INTRODUÇÃO
De acordo com o inquérito demográfico e de saúde feito em 2003 em Moçambique, 41% das
crianças menores de 5 anos apresentam uma baixa altura para a sua idade, o que significa uma
alta prevalência de desnutrição crónica. Uma análise feita através dos perfis nutricionais em 2004
mostrou que, em Moçambique, 43% das mortes nos menores de 5 anos são atribuíveis à
desnutrição. A avaliação das curva de crescimento nas crianças é crucial. Esta é uma das
principais diferenças na assistência clínica entre crianças e adultos. Nos adultos, a perda de peso
é um importante indicador da doença, mas algumas crianças podem sofrer falhas severas no
crescimento que podem não ser em decorrência da perda de peso, mas por não ganharem peso
adequadamente. O processo de crescimento das crianças está directamente relacionado com o
desenvolvimento das habilidades motoras e cognitivas (linguagem, pensamento, habilidades
sociais). O atraso no desenvolvimento ou falta de cumprimento destes marcos pode ser o
primeiro sinal de infecção pelo HIV. Os pais são geralmente os primeiros a reconhecer
problemas na criança.

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CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO: 1ª PARTE

1. EPIDEMIOLOGIA DA DESNUTRICÃO EM MOÇAMBIQUE


De acordo com o inquérito demográfico e de saúde feito em 2003 em Moçambique:

 41% das crianças têm baixa altura para idade;


 4% têm baixo peso para idade;
 As províncias mais afectadas são: Cabo Delgado, Zambézia, Niassa e Tete;
 A desnutrição esta associada a 50% das mortes nas crianças.

1.1. Causas da Desnutrição


As principais causas para a elevada prevalência de desnutrição em Moçambique são as seguintes:

 Fraco acesso aos serviços de saúde e ao saneamento do meio ambiente.


 Nível elevado de doenças - HIV, malária, anemia, diarreia e TB.
 Baixas taxas de alfabetização, especialmente entre as mulheres.
 Pobreza.
 Práticas alimentares inadequadas – baixo nível de aleitamento materno exclusivo.
 Introdução precoce da alimentação complementar.
 Insegurança alimentar (secas, cheias, conflitos e outras emergências).

As causas da desnutrição também são descritas sob o ponto de vista político, ideológico e
económico, podendo ser causas básicas, subjacentes e imediatas. As causas da desnutrição tanto
da mãe como da criança actuam em vários níveis:

Primeiro nível (causas básicas): verificam-se ao nível social e são também conhecidos como
factores de risco social (recursos humanos, económicos, organização social e política), exemplo:
a educação, as crenças tradicionais, os casamentos prematuros e a gravidez precoce.

Segundo nível (causas subjacentes): estão relacionadas com os serviços de saúde disponíveis, o
meio ambiente, cuidados inadequados prestados às crianças e à mulher, assim como a
insegurança alimentar.

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Terceiro nível (causas imediatas): ocorrem ao nível do indivíduo, isto é, factores de risco
biológicos, como as doenças e a ingestão inadequada de alimentos (calorias e micronutrientes).

1.2. Terminologia da Desnutrição


Ao falar da desnutrição, devem ser definidos alguns termos de uso frequente, como por exemplo:

 Crescimento insuficiente (CI) ou falência de crescimento: é ausência de ganho de peso


entre duas pesagens consecutivas, num intervalo não inferior a 1 mês e não superior a 3
meses, o que significa curva de crescimento horizontal ou em declínio da curva no Cartão
de Saúde da Criança.
 Desnutrição crónica: é a carência de calorias e nutrientes que se produz de forma lenta e
mantida ao longo do tempo. Mede-se como a relação entre a estatura e a idade. As
crianças com desnutrição crónica têm altura baixa para a sua idade.
 Desnutrição aguda: é a carência de calorias e nutrientes que se produz de forma rápida,
em pouco tempo e/ou aparecimento de edema bilateral. Mede-se como a relação entre
peso e comprimento/ altura e/ou edema bilateral:

Indicadores Nutricionais P/E ou IMC/Idade Perímetro Braquial (PB)


6-59 meses: < 11,5 cm
Desnutrição aguda grave < -3 DP 5-10 anos < 13,0 cm
(DAG) 11-14 anos: < 16,0 cm
6-59 meses: ≥11,5 e < 12,5 cm
Desnutrição aguda moderada ≥ -3 e <-2 DP 5–10 anos: ≥ 13,0 e < 14,5 cm
(DAM) 11-14 anos: ≥16,0 e < 18,5 cm
Desnutrição aguda ligeira ≥ -2 e < -1 DP

A desnutrição aguda grave manifesta-se através das seguintes condições clínicas:

 Marasmo: emagrecimento grave.


 Kwashiorkor: edema bilateral dos membros inferiores.
 Kwashiorkor-marasmático: emagrecimento grave com edema bilateral dos membros
inferiores.

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NOTA: Desvio Padrão (DP) ou “Z-score” em Inglês, é definido como sendo a diferença entre o
valor da estatura ou do peso de um individuo e o valor da mediana duma população de referência
da mesma idade, dividido pelo desvio padrão da população de referência.

2. INTERACÇÕES ENTRE CRESCIMENTO, NUTRIÇÃO E HIV

2.1. Crescimento, Nutrição e HIV


O crescimento é um bom indicador nutricional e sensível para todas as crianças e, em particular,
em crianças infectadas pelo HIV. O seguimento das crianças seropositivas tem demonstrado que
o fraco crescimento precede o declínio dos linfócitos T CD4 e o desenvolvimento de infecções
oportunistas. A nutrição tem um papel importante na função da imunidade e na maturação do
sistema nervoso central (SNC).

O HIV pode actuar sobre o estado nutricional, desencadeando os seguintes processos:

 Baixo peso ao nascimento devido à desnutrição materna durante a gravidez.


 Má absorção dos nutrientes.
 Aumento da utilização dos nutrientes com desregulação do metabolismo, incluindo o
aumento da necessidade de energia.
 Aparição de infecções oportunistas que têm impacto sobre o estado nutricional ou
somente aparição de doenças imunológicas.

A falência do crescimento é frequente na criança infectada pelo HIV, devido não só às


infecções repetidas que as crianças seropositivas podem apresentar, mas também às infecções
próprias causadas pelo HIV. A falência do crescimento pode acontecer em qualquer momento,
quer durante os primeiros tempos de vida (progressão rápida), quer em crianças mais velhas, de
forma mais lenta ou como efeitos da desnutrição crónica. É de referir que:

 A desnutrição moderada, sem resposta ao tratamento, é definidora do estadio III da


OMS da classificação do SIDA pediátrico em África.
 A desnutrição grave, sem resposta ao tratamento, é definidora do estadio IV da OMS da
classificação do SIDA pediátrico em África.

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3. TUBERCULOSE E DESNUTRIÇÃO
A tuberculose (TB) é uma das doenças oportunistas mais frequentes em doentes infectados por
HIV. A desnutrição em crianças seropositivas possibilita a co-infecção pelo bacilo da TB. Cerca
de 60% de crianças com a infecção tuberculosa também sofrem de infecção por HIV.

A TB causa o aumento da velocidade do metabolismo, facilitando o consumo de calorias e


favorecendo a desnutrição. Muitas vezes, os primeiros sinais de tuberculose nas crianças são a
falência do crescimento e a desnutrição.

Nota importante:

 Todas as crianças desnutridas devem fazer o rastreio para tuberculose.


 Todas as crianças com desnutrição moderada ou severa devem fazer o teste de HIV.
 Todas as crianças com TB devem ser avaliadas quanto à desnutrição.

4. MONITORIA DO CRESCIMENTO
Os parâmetros que devem ser avaliados e inter-relacionados nos gráficos correspondentes são:
idade, peso, altura/comprimento, perímetro craniano e perímetro braquial. O ideal é tomar as
medidas de crescimento antes do exame físico. O peso é o primeiro a declinar, seguido da altura
e, depois, do perímetro craniano (o corpo protege o crescimento do cérebro), embora em caso
de declínio severo, todos esses parâmetros possam ocorrer em simultâneo.

O peso para idade deve ser avaliado mensalmente durante o primeiro ano ou de 2 em 2 meses em
crianças maiores de 1 ano. O perímetro craniano deve ser avaliado em cada consulta até aos dois
anos de idade, pois é até essa idade que a cabeça pára de crescer. As medições devem ser
documentadas no cartão de saúde da criança e no registo médico.

O seguimento das medições são importantes para:

 Crianças com uma história anterior de desnutrição.


 Crianças com uma história actual de desnutrição aguda ou crónica.
 Crianças seropositivas com ou sem sintomas.

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4.1. Técnicas para Medição
a) Técnica para medição da altura para crianças maior ou igual ≥87cm

 Formulário de registo e lápis num cavalete no chão;


 Assistente e medidor de joelhos.;
 Mão direita do assistente sobre as canelas da criança e os pés da criança encostados a
base inferior do altímetro;
 Mão esquerda do assistente sobre os joelhos da criança, os joelhos da criança juntos e
pernas bem direitas;
 Calcanhares da criança encostados a tabua e a sua linha de visão perpendicular a tabua;
 Mão esquerda do medidor sobre o queixo da criança, e os ombros da criança bem direitos
com as mãos nos lados (sentido);
 Corpo direito sobre a tabua e a base superior do altímetro firmemente sobre a cabeça da
criança apoiada pelo medidor com a mão direitita.

b) Técnica para medição do comprimento para crianças < 87cm deitada

 Formulário de registo e lápis num cavalete no chão, o medidor e assistente de joelhos;


 Braços do assistente confortavelmente direitos apoiando a cabeça da criança;
 Linha de visão da criança perpendicular a prancha, corpo plano e pés na base;
 Mãos do medidor nos joelhos e canelas da criança.

c) Medição do perímetro craniano/cefálico

 Meça o volume maior;


 Coloque a banda a meio da nuca e estenda-a para abranger a parte mais proeminente do
osso occipital;
 Use uma banda flexível e não elástica.

Durante a medição craniana, deve ter a certeza de que:

 Está a medir de forma não apertada e também não folgada.


 As medições não sejam influenciadas por formas anormais da cabeça.

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Quando a circunferência da cabeça é de 38cm, significa que a criança apresenta-se abaixo do
percentil 5 e, nesse caso, considera-se que ela tem microcefalia.

d) Medição do Perímetro Braquial

Perímetro braquial é uma medida importante para avaliar a desnutrição na comunidade. Serve
para o despiste da desnutrição aguda severa (DAG) e também para DAM (Desnutrição Aguda
Moderada).

O perímetro braquial (PB): É a medida do diâmetro do braço da criança e é aplicável a partir


dos 6 meses de idade e nas crianças com altura superior aos 65cm. Deve ser feito no braço
esquerdo, quando o braço estiver estendido ao lado do corpo e é medido no ponto intermédio
entre o ombro e a ponta do cotovelo. As medidas de referência dependem da idade da criança
assim como do tipo de desnutrição em questão: severa ou moderada.

Técnicas para medição do PB:

 Localizar a ponta do ombro, ponta do ombro (acrómio), ponta do cotovelo (olecrano);


 Colocar a fita na ponta do ombro, puxar a fita até a ponta do cotovelo e marcar o ponto
médio;
 Colocar a fita no braço e ajustar para a medição.

4.2. Gráficos/Curvas de Crescimento


Os gráficos foram elaborados pela OMS. Depois, foram adaptados por cada país a partir das
medidas tomadas em um número elevado de crianças de todos os continentes, que serviram de
base para a definição de valores de referência para cada parâmetro, isto é, o valor mais comum
para altura e peso em função da idade e do sexo. As curvas de crescimento são essenciais na
pediatria e obtêm-se a partir da correlação entre o peso, a altura e a idade nos gráficos de
crescimento e usando o Desvio Padrão (DP) que da diferença entre o valor da altura ou do peso
da criança e o valor da mediana duma população de referência de uma criança da mesma idade e
sexo, dividido pelo desvio padrão da população de referência.

De referir que o suficiente não é a criança estar a aumentar de peso e de altura, mas ela tem que
crescer a uma velocidade apropriada. Devem ser feitas medições de crescimento para todas as
crianças expostas ou infectadas com o HIV, e estas medições devem ser colocadas em gráficos

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todos os meses até aos 60 meses de idade. Há gráficos específicos para os rapazes e para as
raparigas. As medições podem ser feitas quer na Unidade Sanitária, quer durante as actividades
de visitas comunitárias.

O Cartão de saúde da criança também é um instrumento muito importante para a avaliação do


crescimento da criança. A tabela de peso-para-altura é largamente utilizada em Moçambique,
especialmente na avaliação de crianças com desnutrição aguda.

Existem outros tipos de instrumentos do registo de peso, idade e estatura:

 Tabela de peso para estatura;


 Tabela de peso para altura para raparigas ou rapazes;
 Tabela de peso para comprimento para raparigas ou rapazes;
 Gráfico de perímetro cefálico para rapazes ou raparigas;
 Tabela para calcular o perímetro braquial;
 Tabela de IMC.

Métodos de arredondamento

Se a altura/comprimento (cm) for:

 69,0 será usado para 69,1 a 69,4;


 70,0 será usado para 69,5 a 69,9 & 70,1 a 70,4;
 71,0 será usado para 70,5 a 70,9.

CRESCIMENTO E NUTRIÇÃO: 2ª PARTE

1. MONITORIA DO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR


O processo de crescimento das crianças está directamente relacionado com o desenvolvimento
das habilidades motoras e cognitivas (linguagem, pensamento, habilidades sociais). O atraso no
desenvolvimento ou falta de cumprimento destes marcos pode ser o primeiro sinal de infecção
pelo HIV. Os pais são geralmente os primeiros a reconhecer problemas na criança.

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A avaliação do desenvolvimento da criança pode ser feita por observação durante o exame físico
e através de perguntas aos pais/cuidadores.

O técnico deve avaliar as seguintes áreas: Função motora principal; Função motora secundária;
Aptidões sociais; Linguagem; Cognição.

Parâmetros de desenvolvimento

Idade (meses) Função motora Função motora Aptidões sociais Linguagem


principal secundária
Apoia o peso nos Abre mãos Sorri Ri
3 antebraços espontaneamente apropriadamente
Senta-se Transfere Demostra o que Emite sons
6 objectos gosta e não gosta
9 Tenta levantar-se Opõe o polegar Brinca Imita sons
Anda quando se Solta objecto a Vem quando se 1-2 palavras com
12 segura uma mão ordem chama significado
Sobe escadas Come com Imita as acções Pelo menos 60
18 com ajuda colher dos outros palavras
Corre Constrói torre de Brinca com Frases de 2-3
24 6 blocos outros palavras

Parâmetros de Desenvolvimento Psicomotor

Sinais Idade (meses) Observações


Segue o objecto com olhar e
vira a cabeça para o lado do Até 2
som
Sustenta a cabeça e sorri
quando lhe fala 3-5
Mantem-se sentada sem apoio 6-8
Gatinha e fica em pé com

12
apoio 9-11
Anda apoiada pela mão e diz
tá-tá 12-17
Anda sozinha e usa 6 a 20
palavras 18-23
Corre e diz o primeiro nome 24-59
Veste-se sozinha e conta os 5
dedos da mão. A partir de 60

Sinais de alarme

Idade Problema de desenvolvimento


 Falha em reagir aos estímulos do
ambiente;
Nascimento até 3 meses  Vira antes dos 2 meses (indicativo de
hipertonia);
 Fecha o punho persistentemente.
 Fraco controlo cervical;
 Não sorri;
4-6 meses  Não alcança os objectos até o 5° mês;
 Não senta.
 Não emite sons;
 Incapacidade de localizar sons até os 10
6-12 meses meses;
 Não consegue levantar-se e muito
menos andar.
 Não produz consoantes;
 Domínio de uma mão antes dos 18
12-24 meses meses (indica fraqueza contralateral);
 Não imita palavras ou actividades até o

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16° mês.
 Perda de marcos previamente
Qualquer idade adquiridos.

2. AVALIACÃO NUTRICIONAL
A avaliação nutricional é o processo pelo qual o clínico recolhe dados relativos à criança no
que concerne a situação alimentar. No processo da avaliação nutricional, deve-se dar maior
ênfase à avaliação da alimentação da criança, assim como às condições socioeconómicas da
família. Deve-se também realizar um exame físico, apoiando-se nos meios auxiliares de
diagnósticos disponíveis. A avaliação nutricional deve ser feita em cada visita em todas as
crianças expostas ou infectadas pelo HIV. Nas crianças onde se verifica um crescimento normal
ou estável, a avaliação pode ser menos detalhada. Para as crianças que têm baixo peso ou mau
crescimento, a avaliação deve ser mais detalhada e mais frequente.

Objectivos dos cuidados e apoio nutricional são:

 Melhorar a situação nutricional: manter o peso, evitar a perda de peso, preservar a massa
muscular;
 Garantir o consumo adequado de nutrientes: melhorar os hábitos e a dieta alimentar,
refazer as reservas de nutrientes essenciais;
 Prevenir as doenças de origem alimentar;
 Melhorar a qualidade de vida: tratar infecções oportunistas, gerir os sintomas que afectam
o consumo de alimentos;
 Dar assistência paliativa.

NOTA: É muito importante que a avaliação nutricional da criança seja feita antes do início do
TARV.

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2.1. Rotina da avaliação nutricional
Anamnese

a. História da dieta e práticas alimentares:


 Método de alimentação (aleitamento materno exclusivo ou misto, duração do aleitamento
materno, outros alimentos);
 Frequência e quantidade;
 Prato único ou não e quem alimenta a criança;
 Alimento(s) em casa – onde são obtidos, se na machamba ou no mercado.
b. Problemas relacionados com a ingestão:
 Falta de apetite;
 Mastigação ou deglutição deficiente;
 Intolerância ou aversão aos alimentos;
 Tabus alimentares.
c. Doenças intercorrentes:
 Qualquer doença que possa causar perdas excessivas de calorias, por exemplo diarreia,
vómitos e febres, ou outras infecções, tais como estomatite, candidíase que podem fazer
com que a criança tenha dificuldade de comer e, consequentemente, não receba calorias
suficientes;
 A TB que aumenta a necessidade metabólica.
d. Avaliação psicossocial:
 Falta de alimentos;
 Morte ou doença do cuidador (pai/mãe/guardião);
 Depressão.

Exame físico

 Temperatura (a febre causa aumento do consumo de calorias);


 Aparência geral, nível de actividade (apática, irritável);
 Pele e membranas mucosas: Hidratação, inflamações da boca, edema (1+, 2+ ou 3+) e
anemia;
 Pulmões: Capacidade/dificuldade respiratória, frequência respiratória;

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 Doença cardíaca: Pode causar o aumento do consumo de calorias;
 Neurologia: Encefalopatia que pode causar dificuldades na alimentação – sugar e engolir,
mastigar.

Investigações laboratoriais

 Hemoglobina: A anemia grave pode causar falta de vontade de comer;


 Avaliação da tuberculose (mantoux, RX do tórax, VS) sempre que houver algum sinal de
alerta;
 Exame de fezes, se a criança tiver diarreia (fezes à fresco, Coprocultura);
 Análise da urina (urina II e urocultura) ou avaliação da função renal;
 Diagnóstico do HIV (por exemplo, PCR e teste rápido) se disponível para os bebés
expostos ao HIV;
 Contagem de CD4 nas crianças com infecção por HIV confirmada.

2.2. Diagnóstico das Causas de Desnutrição


A partir das informações recolhidas no processo de avaliação, o clínico deve tentar determinar a
causa da falência do crescimento e da desnutrição. Estas causas podem ser diversas:

 Dose inadequada: Devido à falta de comida, doença do cuidador, questões psicossociais.


 Perdas excessivas: Como diarreia, vómitos, má absorção, tuberculose.
 Progressão da doença do HIV: Quando não se encontram outras causas aparentes para
justificar a falência do crescimento, deve-se considerar esta possibilidade. Nesse caso, e
segundo a gravidade da desnutrição, pode-se estadiar a criança nos estadios clínicos da
OMS: desnutrição moderada (estadio III) e desnutrição severa (estadio IV).
 Falência do TARV: Nos casos de crianças que já recebem tratamento anti-retroviral e
que apresentam falência do crescimento, o técnico deve pensar na possibilidade de má
adesão, mau desenvolvimento ou resistência ao medicamento.

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As diferentes formas de desnutrição podem aparecer isoladas ou de forma combinada e incluem:

 Desnutrição aguda, que se manifesta através de perda recente de peso e/ou edema
bilateral;
 Desnutrição crónica ou emagrecimento estável, que se manifesta através da perda não
recente de peso ou perda de peso de longa duração;
 Deficiência de micronutrientes, que incluem mais comumente as deficiências de ferro,
vitamina A, iodo e das vitaminas do complexo B.

2.3. Complicações da desnutrição aguda


 Pneumonia;
 Anorexia e diarreia;
 Desidratação severa;
 Choque séptico;
 Hipoglicemia;
 Hipotermia;
 Convulsões;
 Vómitos intratáveis.

2.4. Tratamento/suporte para pacientes com Desnutrição Aguda


O tratamento/suporte nutricional dos pacientes com desnutrição aguda é feito através da
administração de produtos terapêuticos (leites terapêuticos e ATPU) e de produtos suplementares
(MAE/CSB+). Para além do tratamento nutricional deve-se também providenciar um tratamento
de rotina.

DAG com edema bilateral, complicações médicas ou falta de apetite:

Independentemente da idade, todos pacientes diagnosticados com DAG e que tenham


complicações médicas, edema bilateral ou com falta de apetite devem ser tratados no
internamento:

 Internar e tratar inicialmente com leites terapêuticos (F-75 seguido de F-100);


 De seguida, após a estabilização do paciente e retorno do apetite, reabilitar com ATPU,
podendo ser no internamento ou no ambulatório.

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DAG e sem complicações (edema bilateral, complicações médicas ou falta de apetite):

 Tratar no ambulatório com ATPU (Plumpy` Nut) dose de acordo com peso. A prioridade
na distribuição do ATPU é sempre dada as crianças, os adultos apenas receberão ATPU,
se a Unidade Sanitária tiver estoque suficiente para as crianças;
 Educação nutricional e aconselhamento.

Desnutrição Aguda Moderada

 Suplementação Alimentar com MAE (CSB+);


 Se MAE não existir dar ATPU (Plumpy ‘Nut) dose fixa diária;
 Educação nutricional e aconselhamento.

Critérios de suspensão da suplementação ou reabilitação nutricional

Grupo populacional Critérios de alta


Crianças e Adolescentes até aos 14 anos P/E ≥ -1 DP ou IMC/Idade ≥ -1 DP em 2
pesagens sucessivas com intervalo mínimo de
1 mês.
Adolescentes dos 15 aos 18 anos IMC/Idade ≥ -1 DP em 2 pesagens sucessivas
com intervalo mínimo de 1 mês. OU
PB ≥ 23,0 cm
Adultos IMC ≥ 18.5 kg/m2 ou PB ≥ 23,0 cm
Mulheres gravidas e lactentes PB ≥ 23,0 cm OU
Criança amamentada ter completado 6 meses
Nota: Par além dos critérios apresentados na tabela, todos os pacientes devem ter bom apetite e
não ter nenhuma complicação médica. O paciente após a suspensão do alimento terapêutico
deverá ser seguido adequadamente de modo a prevenir o retorno a situação anterior.

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3. OPÇÕES DE ALIMENTAÇÃO
Existem basicamente três opções diferentes para alimentar as crianças nascidas de mães
seropositivas, a saber:

1. Alimentação com a fórmula: Significa alimentar a criança com substitutos do leite materno
(leite artificial), sendo a prevenção completa do leite do peito.

2. Alimentação mista: Significa alimentar a criança com ambos leite materno e um substituto do
leite materno, ou com outros alimentos sólidos.

3. Amamentação exclusiva: Significa que o bebé recebe apenas leite materno, a mãe não dá
outros líquidos (incluído a água) ou quaisquer sólidos.

O aconselhamento sobre a nutrição das crianças expostas ao HIV é difícil, especialmente em


ambientes com recursos limitados. Alguns dados em Moçambique mostram as seguintes
dificuldades:

 Somente 30% das crianças menores de 6 meses de idade são amamentadas


exclusivamente com leite materno. As outras recebem uma alimentação mista, que
favorece a transmissão de HIV de mãe para filho.
 A maioria das crianças em Moçambique (94%) é amamentada ao peito até os 18 a 24
meses de idade, aumentando o tempo de exposição ao vírus nos casos de mães infectadas.

Vantagens da amamentação:

 Tem todos os nutrientes que a criança precisa.


 Anticorpos maternos protectores diminuem a morbilidade e a mortalidade das doenças
comuns respiratórias e diarreicas.
 Barato – não depende da disponibilidade da fórmula ou de água potável.
 Promove uma relação mais estreita entre a mãe e o bebé.

Desvantagens da amamentação:

 Risco de transmissão do HIV ao bebé.

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A realidade de Moçambique faz com que o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses seja na
prática a opção mais segura e deverá fazer o desmame assim que houver condições.

3.1. Condições AVASS para o desmame


Para o desmame no peito, deve-se respeitar Condições AVASS: (Aceitável, Viável, Acessível,
Sustentável e Segura)

 Aceitável: a mãe não sente nenhuma barreira à substituição da alimentação.


 Viável: a mãe (e/ou a família) tem tempo adequado, conhecimentos, habilidades e outros
recursos para preparar o alimento substituto e alimentar a criança até 12 vezes em 24
horas.
 Acessível: a mãe e a família, com o apoio da comunidade ou dos serviços de saúde, se
necessário, têm capacidade para custear a compra, a produção, a preparação e o uso do
alimento substituto, incluindo todos os ingredientes, combustível, água potável, sabão e
equipamento, sem comprometer a saúde e a nutrição da família.
 Sustentável: significa que há disponibilidade de um sistema de distribuição com um
fornecimento contínuo e sem interrupções, de todos os ingredientes e produtos
necessários para uma alimentação de substituição segura, durante todo o tempo que a
criança precisar, até um ano de idade ou mais.
 Segura: o alimento substituto é preparado e guardado correcta e higienicamente e, a
criança é alimentada com quantidades nutricionalmente adequadas, com as mãos limpas e
usando utensílios limpos, de preferência com um copo.

3.2. Alimentação infantil no contexto do HIV: Práticas de amamentação e a sua duração em


mulheres seropositivas
As mães seropositivas (e cujos filhos não estejam infectados pelo HIV ou se desconhece o seu
estado serológico) devem amamentar exclusivamente os seus bebés nos primeiros 6 meses de
vida. Depois dos 6 meses, a mãe deve introduzir alimentos complementares adequados, e
continuar a amamentação durante os primeiros 12 meses de vida, em vigência de uso de
profilaxia ARV. A partir dos 12 meses, o aleitamento materno deve cessar, assegurando que uma
dieta adequada e segura sem o leite materno pode ser oferecida.

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As mães devem ser orientadas a não interromper bruscamente a amamentação; o desmame deve
ser gradual, ao longo de um mês. As crianças que tenham sido submetidas a profilaxia anti-
retroviral durante a amamentação devem continuar com a profilaxia até uma semana após o
desmame completo.

 No caso do bebé ser seropositivo:

Se os bebés forem seropositivos, aconselha-se às mães a amamentarem exclusivamente durante


os primeiros 6 meses de vida, introduzirem a alimentação complementar após este período e a
continuarem com a amamentação até aos dois anos ou mais.

 Transição de amamentação exclusiva para alimentação de substituição:

Quando as mães infectadas pelo HIV decidem deixar de amamentar em qualquer momento, os
bebés devem receber alimentação de substituição segura e adequada para permitir o seu
crescimento e desenvolvimento normais.

N.B: O uso de substitutos do leite materno deve ser recomendado, temporária ou


permanentemente, apenas na existência de razões médicas aceitáveis para tal, ou para crianças
órfãs que não possam beneficiar de uma ama-de-leite. A sua administração deve ser através do
copo e não biberão.

Algumas das potenciais dificuldades que podem aparecer ao longo do processo são:

Em relação à mãe:

 Mastite, abcessos no peito: o desmame é uma etapa de risco para a aparição de infecções,
por acumulação do leite.
 Gravidez prematura: a amamentação dificulta uma nova gravidez.
 Objecções da família e da comunidade.

Em relação ao bebé

 Dores, diarreia, falta de descanso e perda de apetite.

Por conseguinte, as recomendações que o Técnico de Medicina deve dar à mãe para fazer a
transição com sucesso são as seguintes:
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 Esclarecer que reconhece as dificuldades do processo.
 Dizer que ela pode extrair leite materno e dar com uma chávena entre as mamadas.
 Quando o bebé começar a aceitar a chávena, deve substituir a amamentação com
alimentação pela chávena – gradualmente.

Portanto, uma vez que o bebé aceitar o leite do peito através da chávena, poderá começar a
alimentar-se só com substitutos do leite do peito.

3.3. Preparação segura de alimentação de substituição


Recomendações:

 Lavar as mãos com água e sabão antes da preparação do alimento;


 Lavar os alimentos e os utensílios cuidadosamente ou fervê-los antes da preparação e
manter as superfícies da preparação limpas;
 Ler bem e seguir exactamente as instruções para a preparação;
 Ferver a água usada para lavar os alimentos frescos e para beber;
 Evitar guardar o leite ou alimentos cozidos na geleira e reaquecê-los cuidadosamente (até
ferver) antes de usar;
 Guardar a comida em recipientes limpos e tapados e protegê-los dos insectos, roedores e
outros animais;
 Lavar os frutos e vegetais com água previamente fervida, descascando-os, se possível, e
cozinhando cuidadosamente, antes de os dar às crianças.

Fórmula Infantil Comercial

A alimentação com a fórmula (leite artificial) é a opção mais segura para evitar a infecção após
do parto. Deve ser recomendada a administrar numa chávena, pois os biberões são mais difíceis
de limpar e o risco de contrair diarreia poderá aumentar devido às condições precárias de
higiene.

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Vantagens:

 Nenhum risco de transmissão do HIV no período pós-parto.


 Satisfaz as necessidades nutricionais do bebé nos primeiros 6 meses e 80% das
necessidades até 12 meses de idade.
 Não necessita da mãe para alimentar o bebé.

Desvantagens:

 Deficiente em imunoglobulinas comparado com o leite do peito.


 Precisa de ser feito com água, exigindo assim um fornecimento de água potável.
 Precisa de ser feito por alguém que possa ler e perceber as instruções para a sua
preparação.
 Precisa de tempo para a preparação, pois deve ser fornecido até 8 vezes por dia.
 Precisa de fogão sempre que precise de preparar.

3.4. Recomendações do MISAU e amamentação


Alimentação para filhos de mães seropositivas com menos de 6 meses:

 Iniciar amamentação logo após o parto, sem exceder a primeira hora após o parto, dando
o colostro (o primeiro leite do peito da mãe). Isto inclui a promoção do contacto pele-a-
pele logo após o parto, não excedendo a meia hora após o parto, e durante pelo menos
uma hora.
 Assegurar o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses (não dar líquidos nem outros
alimentos a menos que prescrito por médicos).
 Amamentação deve ser livre demanda, ou seja, amamentar a criança sempre que ela
quiser (de dia e de noite pelo menos 8 vezes por dia).
 Se aleitamento artificial for AVASS, deve evitar o aleitamento materno.

Alimentação para filhos mães seropositivas de 6 a 24 meses:

 Antes de a criança atingir os 6 meses de idade, todos os pais devem ser aconselhados
sobre quando e como introduzir alimentos complementares apropriados.

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 Os alimentos complementares promovidos devem estar disponíveis localmente e devem
ser acessíveis para famílias de baixa renda, nutricionalmente balançados, e culturalmente
aceitáveis.
 Amamentar a criança sempre que ela quiser (de dia e de noite pelo menos 8 vezes por
dia).
 Introduzir alimentos complementares a partir dos 6 meses de idade.
 A partir dos 12 meses, o aleitamento materno deve cessar, assegurando que uma dieta
adequada e segura sem o leite materno pode ser oferecida.

Crianças de 2 anos em diante:

 Manter as orientações para crianças dos 12 a 24 meses;


 Pode-se oferecer também o leite artificial completo 1 a 2 vezes por dia.

NB: Crianças de 6 aos 59 meses devem ser suplementadas com vitamina A de 6 em 6 meses e
desparasitadas também de 6 em 6 meses a partir dos 12 meses.

4. NECESSIDADES NUTRICIONAIS DA CRIANÇA INFECTADA COM HIV


Devido ao estado imunológico relativamente debilitado da criança infectada pelo HIV, em
termos nutricionais, ela precisa de maiores cuidados. As necessidades energéticas (de calorias)
das crianças infectadas pelo HIV são maiores do que nas crianças saudáveis, por exemplo:

 Nas crianças assintomáticas, o consumo é 10% mais elevado do que em crianças não
infectadas.
 Nas crianças com sintomas e sem perda de peso, o consumo é 20-30% mais elevado.
 Nas crianças sintomáticas e com perda de peso, o consumo é 50-100% mais elevado.

Portanto, as crianças infectadas devem receber um suporte superior de calorias. Com o aumento
do consumo de calorias, também se incrementa o suporte de proteínas. Com uma dieta
equilibrada, estas crianças também recebem o suporte de micronutrientes de que precisam.

4.1. Estratégias para prevenir a desnutrição nas crianças seropositivas


Como já referenciado, a criança seropositiva está em alto risco de sofrer de desnutrição. Por
conseguinte, para evitar a desnutrição, deve-se garantir o seguinte:

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 Nutrição complementar com alimentos localmente disponíveis com suficiente frequência,
densidade e quantidade.
 Garantir um consumo adequado de nutrientes das crianças e da mãe ou encarregado de
educação.
 Monitoria do crescimento em cada visita.
 Fortalecer a comida e nutrição suplementar, quando for necessário.
 Transferência imediata em casos de desnutrição aguda severa.
 Tratamento imediato e gestão da nutrição para infecções, outras condições (vómitos,
diarreias, úlceras orais, candidíase).
 Suplementação com vitaminas e apoio psicossocial.

4.2. Gestão de Problemas de Alimentação nas Crianças Seropositivas


 Alimentar a criança durante uma doença: o consumo de calorias aumenta durante a
doença e assim uma vez ultrapassada a doença, deve-se aumentar o suporte para evitar a
desnutrição.
 Diarreia: a criança deve receber hidratação suficiente durante os episódios de diarreia,
com alimentos digeríveis: papas, vegetais cozidos, bananas, carne, peixe, ovos e refeições
pequenas e frequentes, deve-se evitar comida com gordura. Os alimentos fermentados são
convenientes.
 Dores de boca/garganta: as causas podem ser lesões na boca por cândida, herpes ou
úlceras. É importante manter o aporte de líquidos, dando alimentos leves como vegetais
cozidos e esmagados, tais como abóbora, batata-doce, cenoura cozidas e carnes, bem
como evitar os alimentos ácidos e picantes como o sumo de limão e laranja. Dê nutrientes
densos/alimentos denso em energia para maximizar o consumo.
 Náuseas: nos casos de náuseas ou vómitos, a criança deve receber refeições em pequenas
quantidades e frequentemente, evitando os líquidos durante as refeições. Evitar alimentos
gordurosos. Os alimentos frios são melhor tolerados do que os quentes, e os salgados ou
ácidos são melhor tolerados do que os doces. A criança deve evitar deitar-se logo após a
refeição.
 Falta de apetite: é frequente nas crianças doentes, devemos tentar oferecer às crianças os
seus alimentos favoritos, evitando os líquidos antes ou durante as refeições, dê alimentos

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ricos em energia, deve-se tentar aumentar as actividades das crianças de modo que elas
aumentem o seu apetite e dê refeições pequenas com maior frequência.
 Dores de barriga: neste caso, devemos aumentar o suporte de líquidos e de dieta fibrosa
(feijão, vegetais, ervilha e lentilhas), dependendo por vezes da causa das dores mas, no
geral, a dieta é a mesma.
 Febre: os líquidos devem ser aumentados durante os episódios de febre para evitar a
desidratação, aumente o consumo de calorias, se possível. Dê refeições ricas em energia e
proteínas com muitos fluidos e sumo de frutas e líquidos, é importante incentivar que
continue com esta dieta durante o período de convalescença.
 Problemas neurológicos: as crianças com uma infecção por HIV avançada podem
apresentar problemas de desenvolvimento neurológico que pode afectar funções básicas,
como a capacidade para mastigar e engolir, os alimentos precisam ser esmagados, estas
crianças devem ser encaminhadas para a avaliação no início do tratamento anti-retroviral.
A alimentação deve ser supervisionada e, se disponível, pode ser considerada a
alimentação parenteral ou por sonda mesogástrica.

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CONCLUSÃO
A desnutrição é uma das causas principais da mortalidade em crianças no país e no mundo, a sua
combinação entre a infecção pelo HIV afecta o sistema imunológico, tornando a criança
vulnerável às infecções oportunistas, contribuindo para o aumento da morbilidade e mortalidade.
O crescimento e o desenvolvimento psicomotor são indicadores importantes da progressão da
doença nas crianças e, por isso, devem ser monitorados em cada visita, a avaliação e educação
nutricional devem ser efectuadas por rotina em todas as visitas.

As crianças com desnutrição grave com complicações devem ser internadas e fazer a reabilitação
nutricional com leites terapêuticos (F75 ou F100), enquanto que as HIV (-) que não têm
complicações devem fazer tratamento ambulatório com ATPU.

Para o desmame, deve-se respeitar as condições AVASS e a alimentação complementar deve ser
introduzida a partir dos 6 meses de vida com alimentos nutritivos.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
 Tratado de PEDIATRIA, Nelson 18ª e/ou 19ª Edição.
 Cuidados hospitalares para crianças: Normas para manejo da Doenças Frequentes com
Recursos limitados – OMS /2005.
 Manual do manejo de HIV pediátrico – MISAU.
 Manual de Referência Pediátrico- HIV-SIDA Técnicos de Medicina – Maio 2013.

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