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INTRODUÇÃO
O Presente trabalho foi elaborado pelos estudantes finalistas do instituto técnico de saúde do
Uíge, que aborda aspectos relacionados ao Perfil dos pacientes com desnutrição assistido no
Centro Nutricional Terapêutico do Hospital Geral do Uíge
A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social multifactorial cujas raízes se
encontram na pobreza. A desnutrição acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crónica
e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente. Pode começar precocemente na vida
intra-uterina (baixo peso ao nascer) e frequentemente cedo na infância, em decorrência da
interrupção precoce do aleitamento materno exclusivo e da alimentação complementar
inadequada nos primeiros 2 anos de vida, associada, muitas vezes, à privação alimentar ao
longo da vida e à ocorrência de repetidos episódios de doenças infecciosas (diarreiasdistúrbios
alimentares, Dieta sem nutrientes, Parasitasentre outros). Isso gera a desnutrição primária.
Outros factores de risco na génese da desnutrição incluem problemas familiares relacionados
com a situação socioeconómica, precário conhecimento das mães sobre os cuidados com a
criança pequena (alimentação, higiene e cuidados com a saúde de modo geral) e o fraco
vínculo mãe e filho.
Segundo, Monte (2000) a desnutrição é a segunda causa de morte mais frequente em
crianças menores de 5 anos dentro dos países em desenvolvimento. Cerca de 20 a 30% das
crianças gravemente desnutridas chegam falecer ainda durante o tratamento em serviços
públicos de saúde nesses países. Sendo que a taxa aceitável pela Organização Mundial de
Saúde (OMS) é de apenas 5%, o que acaba gerando um alto índice de mortes devido a vários
causadores, como o descaso dos governantes em não aplicar saneamento básico, atendimentos
adequados de recuperação nutricional, as pessoas também têm sua parcela de culpa com sua
higiene e não preocupação com o ambiente, apenas se acomodando esperando a ação dos seus
representantes, governamentais. A prevenção e o controle da desnutrição dependem de
medidas mais amplas e eficientes de combate à pobreza e à fome e políticas de inclusão social.
No entanto, é responsabilidade dos profissionais de saúde o atendimento à criança com
desnutrição de acordo com o actual conhecimento científico disponível e a actuação efectiva,
tanto para salvar as vidas dessas crianças, como para promover a sua recuperação e evitar
recaídas.
0.1- PROBLEMÁTICA
A má-alimentação é um dos distúrbios mais comuns de desenvolvimento em bebés e crianças
pequenas, saudáveis em outros aspectos, e resultam frequentemente em crescimento
inadequado e deficit de crescimento. Segundo o relato dos pais, estima-se que 25% a 28% dos
bebés com menos de 6 meses de idade, 24% das crianças de 2 anos de idade e 18% das de 4
anos de idade manifestem dificuldade na alimentação e por este motivo o grupo coloca a
seguinte questão:
Qual é o perfil dos pacientes com desnutrição assistido no Centro Nutricional
Terapêutico do Hospital Geral do Uíge?
0.2- HIPÓTESES
É possível que, a faixa etária seja também um factor determinante no perfil do
paciente com desnutrição;
É também possível que, os sinais e sintomas apresentados possam ser determinantes
na apresentação de um perfil singular.
Alteração de cabelo e pele: o cabelo perde sua coloração e a pele descama e fica
envelhecida.
Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratórios, Imunológico, renal, cardíaco, hepático,
intestinal, entre outros (Op cit).
2.9- Sintomas
Segundo Brenelli (1992) delineia os diversos sintomas de desnutrição os seguintes:
Fraqueza: Quando existe a desnutrição, o corpo não tem energia o bastante para
realizar tarefas e fica fraco.
Irritabilidade: Fome e falta de nutrientes tem a capacidade de deixar a pessoa irritada.
Falta de concentração: Devido a falta de glicose no cérebro, pode haver dificuldades
de concentração em pacientes com desnutrição.
Desmaios: Sem energia o bastante para manter o cérebro completamente funcional o
tempo todo, pode haver desmaios.
Emagrecimento acelerado: Quando não há alimento, o corpo passa a usar suas
reservas de energia. Elas são a camada de gordura que fica abaixo da pele, lipídios em
reservas nos músculos e no fígado e, por fim, os próprios músculos. Esse processo
causa emagrecimento acelerado.
Pele grossa: Com a desnutrição, a pele fica mais grossa após a perda da camada de
gordura subcutânea.
Perda de massa muscular: Os músculos são consumidos por energia. Isso afeta todos
os músculos do corpo, que ficam mais fracos. O coração perde massa muscular e pode
não ser capaz de enviar o sangue de maneira apropriada para todo o corpo da pessoa
desnutrida.
Cicatrização lenta: Devido a falta de nutrientes, o processo de cicatrização fica
desacelerado.
Recuperação de infecções lenta: A produção glóbulos brancos fica reduzida pela falta
de nutrientes e o sistema imunológico se torna mais fraco. A recuperação de infecções
fica prejudicada e lenta.
Diarreia persistente: Alguns pacientes podem sofrer de diarreia persistente ou de
constipação.
Letargia: Letargia, nesse caso, é o estado de suspensão da sensibilidade e de
movimentos do corpo. Os sinais vitais ficam extremamente reduzidos e a pessoa pode
parecer morta.
O paciente pode estar completamente lúcido durante o estado letárgico, mas não
consegue reagir. A depleção quase total de nutrientes leva a esse estado que, por deixar
a respiração e o pulso quase imperceptíveis, pode ser confundido com o óbito.
Inchaços: Inchaços podem surgir nas pernas e outras partes do corpo devido a falta de
proteína no sangue.
Anemia: é um sintoma da falta de ferro no organismo e surge em pacientes de
desnutrição (Op cit).
Ainda segundo Souza (2009) afirma que, crianças podem apresentar alguns sintomas extras
como:
Crescimento abaixo do esperado para a idade: A falta de nutrientes para crianças
dificulta seu crescimento e ela pode não se desenvolver adequadamente. Uma criança
magra demais e baixinha demais pode sofrer de desnutrição.
Mudanças de comportamento: Assim como em adultos, o comportamento de
crianças é afetado pela fome e pela falta nutritiva. Ela pode ficar apática ou irritada.
Mudanças na cor da pele, cabelo e olhos: Os nutrientes em falta podem causar
mudanças físicas na criança. Seus olhos podem ficar acinzentados, assim como os
cabelos, que podem ganhar um tom de cinza, avermelhado ou loiro.
2.10- Diagnóstico
Segundo Brenelli (1992), o diagnóstico da doença é feito através de alguns métodos pelo
médico clínico geral, nutrólogo ou nutricionista. Os métodos são:
IMC: É feita a medição do IMC (índice de massa corporal), que indica a quantidade de
gordura corporal da pessoa. A conta é simples: peso em quilogramas dividido pela altura em
centímetros ao quadrado. O resultado é o IMC do paciente.
O IMC é considerado saudável caso se encontre entre 18,5 e 25. Quando o IMC está entre 17 e
18,5, o paciente pode ser considerado levemente subnutrido. Entre 16 e 17, ele está desnutrido
e, quando o IMC está abaixo de 16, a desnutrição é grave.
Exames de sangue
Através de exames de sangue, é possível saber quais nutrientes estão faltando no corpo da
pessoa e fazer o diagnóstico de desnutrição. Ele serve para definir o tipo de desnutrição
presente e, quando ela é grave, descobrir que nutrientes devem ser repostos no corpo do
paciente.
Crianças: Em crianças, o diagnóstico pode ser feito através da medição da altura e peso do
paciente, comparando os números com a expectativa para a idade.
Medição de braço: Também é possível utilizar, para o diagnóstico em crianças, a medida do
bíceps do paciente em repouso. Medições de menos de 110mm (11 centímetros) podem
indicar desnutrição severa. Também é usado a medida das dobras de pele, que podem se
mostrar finas por causa da falta de gordura subcutânea, que é consumida durante a desnutrição
(Op cit).
2.11- Tratamento
O tratamento para a desnutrição consiste em renutrir a pessoa e tratar a causa. As causas
podem variar de falta de alimentos e alimentação inadequada a infecções por vermes e
câncer.Cada tipo de causa da desnutrição requer seu próprio tratamento específico. Entretanto,
a renutrição costuma seguir os mesmos processos em todos os casos e só vária de acordo com
a severidade da desnutrição do paciente (BRENELLI, 1992).
Ainda segundo Souza (2009), em casos de desnutrição severa, o tratamento hospitalar
pode ser obrigatório. O paciente pode ser incapaz de se alimentar pela boca ou de comer
alimentos sólidos, então três opções de alimentação podem ser usadas. São elas:
Tubo nasogástrico
O tubo nasogástrico é um tubo inserido pelo nariz do paciente e que vai até o estômago. Ele
leva os nutrientes em forma líquida para que o paciente não precise comer, mas seja nutrido de
qualquer forma.
Gastrostomia endoscópica percutânea
Neste procedimento, um tubo é colocado no estômago através de cirurgia. O tubo se conecta
com o exterior do corpo atravessando o abdômen e nutrientes são inseridos lá em forma
líquida. Este tipo de alimentação é utilizado quando o paciente não pode usar o esófago para
se nutrir.
Nutrição parenteral
Em casos extremamente graves de desnutrição, o estômago pode não ser capaz de digerir os
nutrientes, portanto uma aproximação diferente pode ser realizada.
Neste tipo de nutrição, os carboidratos, proteínas, vitaminas, minerais e todos os nutrientes são
administrados directamente na veia. Os nutrientes já estão quebrados para que a absorção seja
feita directamente pelo sangue, sem precisar passar pelo processo de digestão (BRENELLI,
1992).
Reeducação alimentar
Através da reeducação alimentar, é possível introduzir os nutrientes que faltam no corpo da
pessoa que sofre de desnutrição. Na maioria dos casos, as mudanças alimentares são feitas
devagar, dando tempo para que o corpo se acostume com a nova dieta. Casos de desnutrição
leves e moderadas são tratados dessa maneira. Um nutricionista pode ajudar. Suplementos
alimentares e de vitaminas podem ser indicados pelo médico para auxiliar na nutrição.
Em casos em que existe desnutrição moderada para severa por falta de alimentos, não se pode
disponibilizar muita comida de uma vez, ou o corpo sofrerá já que o sistema gastrointestinal
não estará preparado para isso. Os alimentos devem ser reintroduzidos devagar, em diversas
refeições pequenas por dia (Op cit).
2.13- Complicações
Diversas complicações podem surgir em decorrência da desnutrição não tratada. São elas:
Anemia
Entre os nutrientes que podem estar em falta no corpo humano está o ferro, que, quando não
está presente em quantidade suficiente, leva à anemia.
Alterações ósseas
A falta de nutrientes pode levar a osteoporose e outras alterações dos ossos, diminuindo sua
densidade e inclusive causando deformações.
Perda muscular
Músculos são reduzidos pela desnutrição, causando fraqueza e podendo levar a insuficiência
cardíaca, já que o coração é um músculo que também pode ser afetado.
Depressão: A falta de nutrientes pode causar depressão em pacientes de desnutrição.
Perdas neurológicas
As diferenças químicas no cérebro também podem causar problemas em todas as áreas dele,
desde no sistema nervoso central até no comportamento, deixando a pessoa agressiva. O
raciocínio também pode ser afectado, ficando lento.
Infecções
Sem nutrientes, o sistema imunológico do corpo fica enfraquecido, facilitando a penetração de
bactérias, vírus e infecções em geral.
Dificuldade para a perda de peso
Em crianças com Kwashiorkor, a versão da doença que é representada pela presença de
calorias mas falta de nutrientes, a desnutrição pode levar a dificuldades para a perda de peso.
Efeitos no crescimento
Crianças em fase de crescimento podem ter seu desenvolvimento desacelerado e até parado
por completo. Isso inclui o desenvolvimento da altura, dos músculos e inclusive o
desenvolvimento cerebral (Op cit).
Exame físico
Dietas
Algumas dietas radicais podem trazer riscos, reduzindo demais o consumo de nutrientes,
levando a desnutrição (Op cit).
2.1- Tipo e local de estudo
Foi realizado um estudo Descritivo-Transversal na secção do CNT do Hospital Geral do Uíge.
A população global foi de 30 pacientes, dos quais foram extraídas uma amostra de 15
pacientes constituindo de forma aleatória simples.
Fonte: HGU/2021.
Os dados na tabela demonstram que, os pacientes que deram entrada no Centro Nutricional
Terapêutico do Hospital Geral do Uíge com desnutrição, maior parte destes estão na faixa
etária de 0-6 anos de idade, o que indica que, pacientes com idade tenra são os mais propensos
com a patologia, numa proporção correspondente a 86.7% da amostra em estudo.
Para o grupo, os resultados são insatisfatórios porque a criança que apresenta quadro
clínico da desnutrição está mais propensa de adquirir infecções, visto que seu sistema
imunológico estar deficiente.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2008), cerca de 178 milhões de crianças no
mundo, possuem baixa estatura, resultado este de uma alimentação inapropriada, com baixo
teor de vitaminas e minerais, acarretando assim a doença.
De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF), cerca de 190
milhões de criança menores de cinco anos são desnutridas e que 50% das mortes em crianças
desta faixa etária em países subdesenvolvidos possuem factor da desnutrição ( SINGULEM,
1980).
Tabela nº3. Distribuição da amostra dos pacientes quanto a sua proveniência
Proveniência Frequência Percentagem
Bunga 1 6.7%
C.Velho 2 13.3
C. Novo 1 6.7%
Mbemba Ngango 8 53.3%
Cakiuia 2 13.3%
Catapa 1 6.7%
Outro Município 0 0
Outra Província 0 0
Total 15 100%
Fonte: HGU/2021.
Conforma os dados, maior parte dos pacientes inqueridos no CNT com desnutrição são
residentes do Município do Uíge e Mbemba Ngango, numa proporção igual a 53.3%. Um
número inferior destes são moradores do Bairro Dunga e Catapa, com 6.7% da amostra em
estudo.
Tabela nº4. Distribuição da amostra dos pacientes com relação aos sinais e sintomas.
Sinais e sintomas Frequência Percentagem
Desmaios 4 26.7%
Fraqueza 6 39.9%
Perda de peso 3 20.1%
Emagrecimento 2 13.3%
Total 15 100%
Fonte: HGU/2021
Os dados localizados na tabela fazem alusão que, os pacientes com desnutrição atendidos
Centro Nutricional Terapêutico do Hospital Geral do Uíge, os principais sinais e sintomas
apresentados pela patologia é a fraqueza, numa percentagem correspondente a 39.9% dos
pacientes inqueridos, um número inferior dos mesmos apresentaram perda de peso com
20.1%, seguida com emagrecimento, numa proporção equivalente a 13.3% dos casos.
Logo, leva-nos entender que os sinais e sintomas mais frequentes apresentados pela patologia
foram a fraqueza, desmaio e perda de peso.
Tabela nº 5. Distribuição da amostra com relação aos antecedentes patológicos.
Conforme os dados, maior parte dos pacientes com desnutrição atendidos no Centro
Nutricional Terapêutico do Hospital Geral do Uíge não tem alguém na família com a mesma
patologia, numa proporção correspondente a 56,7% da amostra em estudo.
Tabela nº6. Distribuição dos pacientes com relação aos hábitos e estilo de vida.