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AVALIAÇÃO
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NUTRICIONAL
s e õ ç at o n a r e V
APLICADA
139.5 minutos
Aula 1
INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
Isso mesmo, até 2050 teremos cerca de 7,7 bilhões de idosos no mundo, no Brasil teremos, até 2025, 33,4
milhões de pessoas nessa faixa etária. Muitas modificações biológicas ocorrem com o envelhecimento,
redução de massa muscular, aumento de gordura abdominal, alterações na coluna vertebral, como
escoliose, encurtamento de vértebras, envergamento da coluna, alterações ósseas, como osteoporose,
cifose torácica, além de flacidez da pele e desequilíbrio hidroeletrolítico. Todas essas modificações afetam
diretamente a antropometria, a aferição de altura, a pega da dobra cutânea e o uso da bioimpedância.
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) idosos são as pessoas com idade igual ou maior que 60
anos. Todas as alterações citadas têm relação com a saúde e nutrição do idoso, além do aspecto relacionado
à composição corporal, mudanças na capacidade funcional e alteração do paladar também são comuns
nesse período.
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Vamos começar?
ANTROPOMETRIA DO IDOSO
Peso e altura, circunferência de braço, panturrilha, cintura e quadril e dobras cutâneas tricipital (DCT) e
subescapular (DCSE) são as aferições mais indicadas para a antropometria do idoso.
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Estatura
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O protocolo para a aferição de altura não difere do realizado em outras fases da vida. Quando não houver a
possibilidade de medir a altura em pé, a altura do joelho é uma opção para estimar a altura, visto que os
ossos longos não têm seu comprimento comprometido com o envelhecimento, para isso, a medida deve ser
realizada com o paciente deitado, a perna esquerda flexionada formando um ângulo de 90° entre o joelho e
a coxa, mede-se a distância entre o calcanhar e a parte superior da patela (Figura 1).
Outra opção para saber a altura é utilizar a hemienvergadura do braço, a medida é realizada a partir da
distância entre o meio do peito até o final do dedo médio (Figura 2).
Peso
O peso começa a reduzir a partir dos 65 anos para homens e 75 para mulheres. Idosos hospitalizados
tendem a ter uma perda de peso mais pronunciada, sendo que perdas maiores que 2% em uma semana é
considerada grave, por isso, trata-se de uma medida de acompanhamento muito importante.
A aferição do peso também segue o mesmo protocolo que o utilizado para adultos. Caso essa medida não
seja possível, uma opção é estimar o peso a partir de equações matemáticas que levam em consideração a
circunferência de braço e panturrilha, a altura do joelho e a dobra cutânea subescapular. O peso habitual é
uma opção na impossibilidade de aferir ou estimar o peso. Algumas considerações são importantes, como a
presença de edema, membro amputado e ascite, nesses casos, alguns autores indicam descontar o valor
relacionado a essas situações.
Circunferência de Braço (CB)
Essa medida é utilizada junto à dobra cutânea tricipital (DCT) para cálculo da CMB e AMB. Você deve seguir o
mesmo protocolo realizado para outras fases da vida, podendo ser realizada da mesma maneira com o
paciente sentado. Caso o paciente esteja acamado, a medida deve ser realizada com o paciente deitado de
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lado, seguindo o mesmo método de medição.
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Figura 3 - Circunferência de braço
É uma aferição utilizada para avaliação de massa muscular em idosos. O valor adequado dessa medida deve
ser ≥31 cm. Quando menor, está associado à desnutrição. Para medida, o paciente deve estar sentando e a
perna esquerda formando um ângulo de 90° com o joelho, a fita deve ser posicionada no local de maior
protuberância, sem compressão (Figura 4). Pacientes acamados devem estar na mesma posição indicada
para a medida da altura do joelho.
CQ é uma medida utilizada junto à CC para identificação de deposição de gordura abdominal, não é uma
medida utilizada para avaliação do estado nutricional. Deve ser realizada ao redor de quadril e a fita
inelástica deve ser posicionada no local de maior protuberância dos glúteos. A CC deve ser aferida entre a
última costela e a crista ilíaca. No caso de idosos acamados, essas aferições podem ser realizadas da mesma
forma (MUSSOI, 2015).
São medidas preditoras de gordura corporal e também utilizadas para verificação de estado nutricional,
devem seguir o mesmo protocolo de aferição orientado para outros públicos. Idosos acamados devem ter a
DCT e DCSE, ficando deitado de lado. Os valores para dobra cutânea tricipital podem ser classificados em
valores de percentis.
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peso de idosos acamados, afinal, a aferição da forma habitual já é de seu conhecimento, mas antes disso, é
preciso que você saiba que o exame físico do idoso é muito importante, inclusive, dados de edema, por
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exemplo, são verificados com o exame físico.
Exame físico
Consiste em avaliar a presença de edema, perda de tecido adiposo e muscular e, em acamados, deve ser
verificada a presença de lesões por pressão (Quadro 1).
Observação da face
Observação do pescoço
Observação do tórax
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de redução de massa peso e sua coluna e existe a presença de cifose (curvatura da coluna). Há
muscular na região uma dificuldade de mensuração de temperatura corporal, pois o oco axilar
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torácica fica mais profundo.
Figura 11 - Abdome com O abdome fica escavado, o umbigo na forma de cálice, indicando perda
redução de massa grave de reserva calórica. Os membros inferiores apresentam atrofia de
muscular e pernas musculatura das coxas e da panturrilha e consequente fraqueza das pernas.
enfraquecidas
Avaliação da perda de massa muscular
Avaliação de edema
Figura 12 - Sinal de Godet O edema é mais comum nas pernas e quando o idoso fica de pé. E quando
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acamado o edema se concentra na região lombar. Ele pode ser reconhecido
quando pressionada a região com o dedo indicador por pelo menos 5
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segundos, percebe-se uma depressão que não se desfaz imediatamente
após a descompressão (Sinal de Godet).
Para estimar a altura, será necessário que você aplique uma das seguintes equações (SILVA; MARUCCI;
ROEDIGER, 2014):
Ou
Já para a estimativa do peso serão necessárias as medidas de CP, CB, DCT e DCSE (SILVA; MARUCCI;
ROEDIGER, 2014):
Homem
Mulher
Lembre-se que, caso o idoso apresente edema ou amputação, você deverá descontar esse valor do peso
total, de acordo com os Quadros 2, 3 e 4.
Tornozelo 1,0
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Raiz da coxa 5,0 – 6,0
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Anasarca 10,0 – 12,0
Fonte: Duarte e Castellani (2002); Newton e Halsted (2003 apud SUS/PBH, 2015, p. 6).
Leve 2,2
Moderada 6,0
Grave 14,0
Mão 1,0
Pé 1,8
Fonte: Riella e Martins (2000); Christie et al. (2011 apud SUS/PBH, 2015, p. 7).
Não existe consenso científico quanto à classificação do IMC, no entanto, a Quadro 5 apresenta duas
opções.
Quadro 5 - Classificação do IMC do idoso
0
NSI** (1992) ≤22 >22 e >27 ≥27 -
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*Organização Pan-americana de Saúde
A circunferência muscular do braço (CMB) deve ser calculada com base na equação a seguir (SILVA;
MARUCCI; ROEDIGER, 2014):
DCT (mm)
CM B (cm) = {CB (cm) − [π x ]}
10
π = 3,1416
75 – 79 22,1 20
80 - 84 21,5 19,2
O cálculo da área muscular do braço (AMB) utiliza os dados de CMB (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2014):
2
CM B
H omens → AM B = − 10
4×π
2
CM B
M ulheres → AM B = − 6,5
4×π
Assim como na análise da CMB, a AMB também exige saber o percentil 50 (Quadro 8) por idade e sexo para
cálculo da adequação de AMB e a classificação pode ser realizada de acordo com o Quadro 7.
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Adequa ção da AM B =
AM B obtida
AM B percentil 50
× 100
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Quadro 8 - Percentil 50 para AMB em idosos
75 - 79 39,4 32,3
80 - 84 37,1 29,7
A circunferência de cintura deve ser analisada com base no Quadro 9 (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2014):
Quadro 9 - Classificação da CC
Utilizando o dado de circunferência de quadril, você deverá calcular a relação cintura-quadril (RCQ) e
classificar a partir do Quadro 10:
CC (cm)
RCQ =
CQ (cm)
0
Fonte: Silva, Marucci e Roediger (2014, p. 262).
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A circunferência de panturrilha menor que 31 cm indica depleção muscular (MUSSOI, 2015).
Para calcular a adequação da DCT, você deverá aplicar a equação (SUS/PBH, 2018):
DCT percentil 50
× 100
60 – 64,9 11,5 26
65 – 69,9 8,1 18
75 - 79 7,0 14,6
80 - 84 6,6 12,7
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esses conhecimentos?
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Está internado em um hospital um idoso de 72 anos, diabético, acamado, teve seu pé direito amputado
devido a complicações do diabetes, apresentando perda da gordura de Bichat, atrofia da musculatura
temporal, cifose, oco axilar profundo e abdome escavado. Os dados antropométricos coletados foram:
Hemienvergadura: 85 cm
Altura de joelho: 53 cm
Circunferência de braço: 27 cm
Circunferência de panturrilha: 28 cm
Circunferência de cintura: 78 cm
Circunferência de quadril: 82 cm
DCT: 7 mm
DCSE: 12 mm
Tendo em mãos esses dados, a nutricionista do hospital precisou avaliar o estado nutricional desse idoso e
seguiu os seguintes passos:
Altura
Estimativa de peso = (0,98 × 28) + (1,16 × 53) + (1,73 × 27) + (0,37 × 12)– 81,69
Classificação: Magreza.
CM B (cm) = 24, 8 cm
24,8
0
Adequa ção da CM B =
26,8
× 100 = 92,5%
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2
24,8
AM B = − 10
4×3,1416
615,04
AM B = − 10
12,57
AM B = 48,93 − 10 = 38,93
38,93
Adequa ção da AM B =
47
× 100 = 82,83%
Passo 5: Classificar a CC
CC = 78 cm
Passo 7: classificação a CP
CP = 28 cm
Diagnóstico nutricional: paciente idoso em risco nutricional, apresentando magreza e depleção de massa
muscular, além disso, o exame físico indica redução grave de reserva proteico-calórica e redução de massa
muscular na região torácica.
Acredito que depois de acompanhar esses cálculos, você deve ter percebido que demanda tempo para aferir
as medidas, calculá-las e interpretá-las, por isso, muitas instituições, devido ao número reduzido de mão de
obra, utiliza outra forma de avaliação, como a Mini Avaliação Nutricional (MAN), essa ferramenta foi
desenvolvida por franceses, americanos e suíços e validada na França, seu principal objetivo é identificar
idosos desnutridos ou em risco de desnutrição (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2014).
A MAN é de fácil e rápida aplicação e pode ser aplicada de forma reduzida (Triagem) ou de forma completa
(Avaliação global), especialmente quando a pontuação obtida na triagem for menor que 11. É uma opção
barata e por ser de fácil aplicação é muito utilizada em instituições de longa permanência e em hospitais. A
Figura 13 apresenta a MAN.
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VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!
Neste vídeo você conhecerá as características da antropometria do idoso e as formas de emitir o diagnóstico
nutricional com base em equações matemáticas e suas interpretações. Entenderá a importância do exame
físico para aplicação da antropometria no que se refere às características físicas de desnutrição, edema e
amputações, além de, inteirar-se sobre a Mini Avaliação Nutricional (MAN), uma ferramenta de avaliação do
estado nutricional rápida e muito utilizada em hospitais e instituições de longa permanência.
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Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.
Saiba mais
A Nestlé Nutrition Institute disponibiliza um formulário da Mini Avaliação Nutricional (reduzida) em pdf
que você pode preencher digitalmente e o resultado é automático, você pode salvar ou imprimir.
Aula 2
INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
Os exames laboratoriais são excelentes ferramentas para acompanhar e validar estratégias nutricionais com
os mais diversos objetivos, além disso, é possível diagnosticar precocemente deficiências nutricionais a
partir da interpretação dos resultados obtidos, logo, estabelecer condutas nutricionais adequadas.
Vale ressaltar que os exames bioquímicos não devem ser interpretados por si, mas o diagnóstico nutricional
deve ser analisado de forma global, associando à antropometria e ao exame físico.
Nesta aula você conhecerá os exames mais indicados para avaliação dos indivíduos com idade igual ou
maior a 60 anos, assim como aprenderá a interpretar os resultados obtidos.
Vamos lá?
Diabetes
O desenvolvimento do diabetes se dá, especialmente, a partir dos 40 anos de idade (Diabetes tipo II – DM2),
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por isso, é comum que idosos já estejam em acompanhamento clínico. A Figura 1 informa quais exames
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estão relacionados ao diagnóstico e acompanhamento do paciente diabético.
A glicemia de jejum refere-se à coleta de sangue do paciente em jejum de no mínimo 8 horas, a glicemia
casual é a coleta de sangue a qualquer momento sem o jejum. O TTG consiste na coleta em jejum, após
essa coleta o indivíduo consome 75 g de glicose anidra ou 82,5 g de glicose monoidratada dissolvida em 250
a 350 mL de água e, após 2 horas, nova coleta de sangue é realizada. O TTG também pode ser realizado para
avaliar a curva glicêmica, para isso, as coletas de sangue após a coleta de jejum devem ocorrer depois de
30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos.
A Hemoglobina Glicada (HbA1C) ocorre pela ligação de glicose à hemoglobina, diferente da glicemia de
jejum que indica o valor glicêmico do momento da coleta, a HbA1C indica a glicemia média de 2 a 4 meses
antes da coleta, pois o tempo de vida de uma hemoglobina é de 120 dias. Poderíamos dizer que esse exame
é o “dedo-duro” no acompanhamento do paciente diabético. Seu resultado é em % e cada elevação de 1%
equivale a um aumento em torno de 25 a 35 mg/dL na glicemia.
Dislipidemia
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Desnutrição
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A Figura 3 aponta os exames indicados para avaliação de desnutrição:
A hipoalbuminemia (baixa quantidade de albumina no sangue) tem forte relação com desnutrição, no
entanto, a albumina sérica devido a sua meia vida ser de cerca de 20 dias, não é um marcador interessante
de desnutrição aguda. Para o diagnóstico de desnutrição aguda, a dosagem de pré-albumina e PLR é mais
interessante, pois sua meia vida é de 2 a 3 dias e 10 a 12 horas, respectivamente. A transferrina tem meia
vida de 8 dias, é um marcador que deve ser analisado junto aos já citados, visto ter seus níveis sanguíneos
alterados por infecções e inflamações crônicas, doenças renais, anemias, dentre outros, podendo gerar erro
diagnóstico.
Anemia
Saúde óssea
Os minerais monitorados são o cálcio ionizado (forma fisiologicamente ativa), fósforo sérico, vitamina D,
paratormônio e fosfatase alcalina.
O item V do artigo 2° da Resolução CFN n° 306/2003 diz que os exames solicitados devem ter métodos e
técnicas comprovados cientificamente, por isso, sempre atentar-se às solicitações, que não devem ser
realizadas por modismos ou status, mas sim para auxiliar nas estratégias nutricionais de tratamento e
acompanhamento de distúrbios nutricionais.
Para interpretação dos resultados dos exames bioquímicos, você deve atentar-se aos valores de referência.
Diabetes
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2023), para fechar o diagnóstico é necessário que ao
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menos dois exames estejam alterados, no caso de apenas um exame estar alterado será necessário repeti-
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lo.
Glicemia duas horas após TOTG (mg/dl)** <140 140 a <200 ≥ 200
Dislipidemia
Dislipidemia Referência
Hipertrigliceridemia TG* ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum.
isolada
TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum.
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Valores isolados ou em associação com aumento de LDL-c ou TG.
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*TG - Triglicerídeos
Desnutrição
Como visto, as opções de exames para avaliação de desnutrição são Albumina, Pré-albumina,
Transferrina e Proteína Ligadora de Retinol (PLR) e devem ser interpretados conforme o Quadro 4.
Albumina
Nutrido >3,5
Leve 3 a 3,5
Grave <2,4
Albumina
Transferrina
0
Leve 150 a 200
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Moderada 100 a 150
Grave <100
Pré-albumina
Normal 15,1 a 42
Leve 10 a 15
Moderada 5 a 9,9
Grave <5
Anemia
Já valores aumentados para VCM e HCM têm ligação direta com anemia megaloblástica e/ou perniciosa,
nesses casos a dosagem de vitamina B9 e B12 são indicadas.
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VCM 81,7 - 95,3 fL 83,1 - 96,8 fL
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HCM 27,7 - 32,7 pg 27,7 - 32,7 pg
Além do hemograma e da dosagem das duas vitaminas (cianocobalamina e ácido fólico), o metabolismo do
ferro também é indicado para avaliação de anemia, pois a detecção da doença pode ocorrer mesmo antes
de aparecer os déficits no hemograma.
Mulheres: 15 a 50%
A saturação de transferrina diz respeito à quantidade de ferro que a transferrina está transportando, uma
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saturação baixa indica pouco ferro. No entanto, nessa situação o organismo aumenta a quantidade de
transferrina para poder transportar o máximo que puder de ferro, o que aumenta a capacidade de ligação
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do ferro.
Saúde óssea
Suponha que um idoso de 66 anos, do sexo masculino, foi encaminhado pela médica geriatra a um
ambulatório de nutrição tendo em mãos os seguintes exames bioquímicos:
Hemácias 39%
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Hematócrito 13 g/dL
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Hemoglobina 81,2 fl
VCM 27,8 pg
HCM
Pré-albumina 12 mg/dL
PLR 2 mEq/dL
CT 170 mg/dL
HDL-c 42 mg/dL
TG 125 mg/dL
Ferritina 40 ng/dL
Hb glicada (HbA1c) 7%
Para iniciar a análise, separe os resultados por grupos de comorbidades mais comuns para a faixa etária:
Diabetes
A glicemia está dentro da referência, embora esteja próxima do limite máximo. O valor de hemoglobina
glicada está acima, indicando diagnóstico de diabetes tipo II, lembrando que esse valor emite um panorama
do que ocorreu de 2 a 4 meses antes da coleta. A orientação nesse caso é repetir o exame, visto ter apenas
um resultado que indica o diagnóstico e orientar estratégias nutricionais, além de encaminhar o paciente
para o endocrinologista.
Desnutrição
O resultado para albumina está normal, mas como já observado, a sua meia vida é de 20 dias, por isso,
inespecífica para diagnóstico de desnutrição aguda. A pré-albumina indica desnutrição leve e a PLR indica
desnutrição aguda (PLR). Perceba que se você fosse se pautar apenas pela albumina, não atribuiria
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desnutrição a esse idoso.
Dislipidemia
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O idoso não apresenta alteração do seu perfil lipídico, todas as frações estão dentro dos valores de
referência.
Anemia
Embora os dados de hemograma não emitem diagnóstico de anemia, é possível verificar que todos os
valores estão próximos do mínimo e o metabolismo de ferro indica uma anemia ferropriva em curso com a
presença de ferro sérico e saturação de transferrina abaixo do esperado, e os valores de transferrina e
capacidade total de ligação do ferro aumentados.
Você pode notar que embora a ferritina esteja próxima do limite mínimo, ela ainda está dentro do
adequado, mas prestes a reduzir para tentar suprir a baixa do ferro sérico. Nesse caso, as estratégias
relacionadas à suplementação de sulfato ferroso e alimentação adequada devem ser traçadas e o paciente
deve ser encaminhado para acompanhamento médico.
Por fim, temos um paciente com suspeita de DMII, com desnutrição de leve à moderada e apresentando
anemia ferropriva, uma situação muito comum entre os idosos, visto a redução do consumo de carnes, na
maioria das vezes, devido à pouca ou nenhuma dentição e a inclusão de mingaus com açúcar e farináceos
em excesso.
Vale ressaltar que a avaliação bioquímica não exclui a avaliação antropométrica do idoso, mas completa e
lhe dá mais subsídios para decidir a estratégia nutricional a ser aplicada. E mais, você nutricionista não pode
diagnosticar doenças, por isso, na suspeita emita um encaminhamento médico.
VÍDEO RESUMO
O vídeo que você vai assistir trará informações das comorbidades que mais afetam os idosos e indicar os
exames que auxiliarão, junto com a antropometria, a identificar possíveis agravos à saúde nutricional na
geriatria. Além de conhecê-los, você, a partir dos valores de referência de cada exame bioquímico, poderá
interpretá-los e traçar condutas nutricionais mais efetivas.
Vamos lá?
Saiba mais
O Manual de Exames Laboratoriais da Rede SUS de Belo Horizonte traz a partir da página 58
informações importantes sobre diversos exames laboratoriais, para acessar basta clicar no link:
SUS/PBH – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Manual de Exames
Laboratoriais da Rede SUS-BH. Belo Horizonte: SUS/PBH, 2016.
Aula 3
DESNUTRIÇÃO NA GERIATRIA
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A partir dos 40 anos de idade, a perda de massa muscular fica em torno de 8% por década até
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70 anos de idade, aumentando para 15% por década.
27 minutos
INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
A partir dos 40 anos de idade, a perda de massa muscular fica em torno de 8% por década até 70 anos de
idade, aumentando para 15% por década. Essa perda de massa muscular é conhecida como sarcopenia,
termo utilizado pela primeira vez em 1989 e tem como consequência a perda da força muscular, quedas e
limitações das atividades diárias.
A frequência de sarcopenia em idosos acima de 80 anos pode chegar a 50%, sendo mais frequente em
mulheres.
Considerando que em 2025 o Brasil pode se tornar o 6° país com maior número de idosos, esses dados são
preocupantes, o que faz da nutrição em geriatria uma área de extrema importância.
SARCOPENIA E DESNUTRIÇÃO
É comum a degradação e síntese proteica, no entanto com o envelhecimento ocorre uma grande alteração
hormonal, afetando o processo anabólico muscular. A partir dos 30 anos de idade já existe uma dificuldade
de manter um balanço nitrogenado estável, ou seja, sintetizar proteínas à medida que são degradadas.
É sabido que tanto o diâmetro como o número de fibras musculares são reduzidos, especialmente as fibras
de tipo II (contração rápida), isso se deve à perda da sensibilidade das células musculares aos estímulos
anabólicos, podendo ser chamada de resistência anabólica (YANAGA, 2020).
A sarcopenia pode ser classificada em três estágios (SILVA; MAURUCCI; ROEDIGER, 2014):
Sarcopenia severa: perda de massa muscular com redução de força e função muscular.
Para diagnosticar a sarcopenia, deve ser mensurada a força, a quantidade de massa muscular e o
desempenho físico (YANAGA, 2020):
Força – força de preensão (exame realizado a partir de um equipamento chamado dinamômetro).
Quantidade de massa muscular – DEXA (emissão de raio-X de dupla energia), BIA (bioimpedância
elétrica), RM (ressonância magnética) ou TC (tomografia computadorizada).
Desempenho físico – SPPB (Short Physical Performance Battery) consiste em uma bateria de testes –
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teste de equilíbrio, teste de velocidade de marcha e teste de levantar-se e sentar-se; TUGT (time up and
go test) e teste de caminhada de 400 m.
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Figura 1 - Equipamento e procedimento para medir a força de preensão
Os processos de envelhecimento, assim como a genética por si, já são suficientes para promover a depleção
de tecido muscular nos idosos, no entanto, muitos idosos não possuem uma nutrição adequada, alguns
estudos apontam que 16,5% dos idosos hospitalizados estão desnutridos ou em risco de desnutrição;
25,5% dos idosos em instituições de longa permanência estão desnutridos e de 1 a 15% dos idosos em
cuidados domiciliares apresentam desnutrição (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012; OLIVEIRA et al.,
2021).
É sabido também que o consumo calórico de muitos idosos não atinge 1.000 Kcal/dia, valor insuficiente para
manter um quadro de boa nutrição. Além disso, outros fatores podem levar a esse quadro, como
medicamentos, depressão, redução do paladar e olfato, falta de dentição, doenças crônicas, disfagia, viver
sozinho, recursos financeiros limitados e dificuldade em preparar os alimentos (MAHAN; ESCOTT-STUMP;
RAYMOND, 2012).
Os sinais clínicos de desnutrição (fraqueza, confusão mental e fadiga) é comum a outras doenças, por isso,
o diagnóstico pode ser negligenciado. Além disso, é um fator de coexistência com a sarcopenia.
A prevenção deve ser pensada desde a juventude, momento em que se deve maximizar a massa muscular,
na idade adulta o propósito deve ser mantê-la e no processo de envelhecimento minimizar a perda. O
exercício físico mais eficaz neste caso é o de força, no entanto, exercícios aeróbicos podem ampliar a área
das fibras musculares e reduzir a perda de massa muscular, mas não contribui para hipertrofia.
Quanto à nutrição, uma dieta equilibrada é o ideal e alguns estudos orientam a suplementação proteica de
0,4g/kg de peso, especialmente de leucina (YANAGA, 2020). A subnutrição é uma das causas de sarcopenia,
por isso, o olhar para a nutrição como um importante instrumento terapêutico é essencial.
Recentes estudos têm apontado que a vitamina D parece ter efeito positivo sobre o sistema
musculoesquelético e deve ser sempre suplementada, especialmente quando se trata de mulheres.
Um ponto importante é que muitos idosos obesos podem ser sarcopênicos, pois a dieta pode ser repleta de
“calorias vazias”, ou seja, ter um teor nutricional muito aquém das necessidades, inclusive utiliza-se o termo
obesidade sarcopênica.
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Rastrear a desnutrição em idosos é essencial para uma boa conduta nutricional, dessa forma, alguns
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exames bioquímicos podem auxiliar nesse processo. A desnutrição é o resultado de um aporte nutricional
inadequado no que se refere à energia, micronutrientes e proteína, por isso, avaliar as proteínas corporais é
o objetivo.
A integridade visceral fica comprometida quando a oferta de nutrientes é escassa, e o fígado é o órgão que
mais fica “abalado”, por isso, é indicado quantificar as proteínas que são sintetizadas pelo fígado:
Albumina.
Transferrina.
Pré-albumina.
Albumina
É a proteína mais abundante no plasma e sua síntese depende do fígado. É o exame mais utilizado por ser
de baixo custo, no entanto, sua meia vida é de cerca de 20 dias, isso significa dizer que, quando seus níveis
estão diminuídos, a desnutrição já se instalou há alguns dias, ou seja, não é possível diagnosticar a
desnutrição aguda. Outro fator a ser considerado é que outras doenças podem impactar na síntese de
albumina, como doenças hepáticas, inflamação, infecção, síndrome nefrótica, entre outras.
Para que um idosos seja considerado bem nutrido, os níveis de albumina devem ser maiores de 3,5 mg/dL,
caso haja um quadro de desnutrição, ela pode ser considerada leve, moderada ou grave.
Leve 3 a 3,5
Transferrina
Sua síntese também é hepática, é responsável pelo transporte de ferro e sua meia vida é de 8 dias, sendo
mais sensível às alterações da ingestão alimentar, no entanto, seus níveis podem ser alterados por outros
fatores, como carência de ferro, anemias, doenças renais, insuficiência cardíaca etc., o que pode levar ao
erro diagnóstico, logo, não é indicado ser a única fração para avaliar desnutrição.
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Quadro 2 - Interpretação da concentração de transferrina
s e õ ç at o n a r e V
Nível de desnutrição Concentração de transferrina (mg/%)
Grave <100
Pré-albumina
Também sintetizada pelo tecido hepático, possui meia vida de 2 a 3 dias, sendo de resposta aguda em caso
de desnutrição, mas tem um custo muito elevado, por isso, não é tão utilizada na prática clínica. Assim como
a albumina e transferrina, pode estar relacionada a outras situações que influenciarão o diagnóstico. É
considerado normal o resultado que apresentar de 15,1 a 42 mg/dL.
Leve 10 a 15
Moderada 5 a 9,9
Grave <5
É uma proteína responsável pelo transporte de vitamina A na forma de retinol, uma das mais sensíveis para
identificação da desnutrição proteico-calórica, pois sua meia vida é de apenas 10 a 12 horas. O resultado
também pode ser influenciado por outras patologias, como deficiência de vitamina A e de zinco.
O valor de referência para a proteína ligadora de retirnol está entre 3 e 5 mEq/dL, isso indica que valores
menores associados aos sinais clínicos indica desnutrição.
É sempre importante associar os resultados obtidos com os exames bioquímicos, os sinais clínicos e as
queixas dos pacientes, como sensação de fraqueza, dificuldade de cicatrização, redução da capacidade de
coagulação, perda de peso e diminuição da função intestinal. Outro fator importante é utilizar mais de um
exame bioquímico para acompanhamento e diagnóstico de desnutrição.
APLICANDO OS CONCEITOS
Depois de entender o que é sarcopenia e como rastrear a desnutrição por exames bioquímicos, o que você
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acha de colocar em prática os conhecimentos?
s e õ ç at o n a r e V
Suponha que um idoso de 80 anos apresente alguns sinais clínicos como cansaço, fraqueza e perda de peso.
Esse idoso foi atendido por uma estagiária na clínica de nutrição de uma faculdade e depois de realizar a
anamnese com o auxílio da filha e fazer a antropometria, acredita que esse idoso esteja desnutrido. Para
averiguar melhor e com o auxílio da nutricionista supervisora, solicitou os seguintes exames:
Albumina.
Transferrina.
Pré-albumina.
Leve 10 a 15 mg/dL
A resposta é simples, como visto, a albumina tem uma meia vida de 20 dias, ou seja, ela não é capaz de
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sinalizar desnutrição aguda. A transferrina tem uma meia vida de 8 dias, no entanto, para o diagnóstico de
desnutrição aguda a proteína ligadora de retinol é a mais indicada, tendo uma meia vida de horas, apenas
s e õ ç at o n a r e V
10 a 12h, por isso, PLR abaixo da normalidade é um indicativo de desnutrição, mas esse resultado deve estar
associado à antropometria e às queixas do paciente, conforme citado anteriormente.
As queixas do paciente (fraqueza, cansaço, perda de peso) corroboram para o resultado apresentado. Pode
acontecer de as queixas serem mais tardias, visto a desnutrição estar em fase inicial, por isso, toda atenção
e escuta é essencial.
Uma idosa foi atendida por uma nutricionista em um ambulatório, ela foi indicada por uma amiga quando
reclamou de uma fraqueza extrema nas pernas e muito cansaço. Ao atendê-la, a nutricionista realizou a
avaliação antropométrica e anamenese e solicitou alguns exames bioquímicos, dentre eles: albumina,
transferrina, pré-albumina e proteína ligadora de retinol. No retorno trouxe seus exames:
Leve 10 a 15 mg/dL
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A chance dessa paciente apresentar sarcopenia era grande, por isso, a nutricionista a encaminhou para um
s e õ ç at o n a r e V
geriatra, para que a avaliação para o diagnóstico de sarcopenia fosse realizado, afinal, uma de suas queixas
era de uma fraqueza extrema nas pernas.
VÍDEO RESUMO
O vídeo que você assistirá trará informações sobre sarcopenia e desnutrição. Você conhecerá as formas de
classificação da sarcopenia e como pode ser realizado o diagnóstico. Conhecerá os exames bioquímicos
indicados para a avaliação da desnutrição e como interpretá-los quando estiver atuando e entenderá que a
desnutrição e a sarcopenia são doenças coexistentes, como indicam muitos estudos.
Saiba mais
Alguns testes são utilizados para avaliação do grau de sarcopenia em idosos, dentre eles o SPPB e o
TUGT, para acessá-los e conhecê-los melhor, veja-s a seguir:
• SPPB
• TUGT
Aula 4
INTRODUÇÃO
Olá, estudante!
As doenças que estão entre as dez que mais matam no Brasil são a doença isquêmica do coração, doenças
cerebrovasculares, diabetes e hipertensão. De todas as mortes por essas causas, cerca de 78% ocorreram
em idosos a partir de 60 anos (BRASIL, 2021b).
Sabe-se que a alimentação tem um papel fundamental no tratamento e na prevenção das doenças
hipertensivas, diabetes e das doenças cardiovasculares, por isso, esse tema tem profunda importância,
afinal, o Brasil está envelhecendo e até 2050 teremos 30% da população classificada como idosa, um público
numeroso e que precisará de educação nutricional. (POPULATIONPYRAMID, 2023).
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Que tal aprender mais sobre o assunto?
Vamos lá?
s e õ ç at o n a r e V
DOENÇAS COMUNS NA GERIATRIA
Diabetes Mellitus (DM)
Caracterizada por hiperglicemia proveniente do defeito de secreção de insulina, ação da insulina ou as duas
condições juntas. A insulina é um hormônio produzido pelas células β do pâncreas e favorece o processo
anabólico, consistindo na síntese e no armazenamento do glicogênio, triglicérides e colesterol no fígado,
além de inibir a glicogenólise, a gliconeogênese e a cetogênese.
A morte de idosos por diabetes chega a 82% considerando o total de mortes por essa doença em todas as
faixas etárias e corresponde a 5% das mortes em idosos, em relação à soma de todas as causas de morte
nessa faixa etária (BRASIL, 2021b).
O diabetes pode ser dividido em diabetes gestacional, diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e diabetes mellitus tipo
2 (DM2). A primeira (DM1) ocorre devido à destruição das células β e, consequentemente, deficiência
completa de insulina, mais comum em crianças e jovens. A segunda (DM2) ocorre devido a um defeito
progressivo de ação da insulina, sendo comum em pessoas a partir de 30 anos de idade, ou seja, é o tipo
mais comum em idosos. Cerca de mais de 28% dos idosos brasileiros têm diagnóstico de diabetes (BRASIL,
2021a).
Adiposidade.
Uso de medicamentos.
Genética.
Comorbidades.
A hiperglicemia pode ter relação com baixa imunidade, acidentes cerebrovasculares, sarcopenia e alterações
de mobilidade no idoso (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012; MOURA et al., 2023).
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STUMP; RAYMOND, 2012; SBC, 2019).
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Figura 1 - Semáforo da pressão arterial
Doença arterial coronariana (estreitamento dos pequenos vasos que oxigenam o músculo cardíaco).
Aterosclerose (estreitamento e a perda de elasticidade da parede dos vasos sanguíneos, causados pelo
acúmulo de placas).
Essas doenças matam mais de 350 mil idosos por ano no Brasil, destas as mais recorrentes são doença
cardíaca isquêmica e infarto agudo do miocárdio (BRASIL, 2021b). Assim como na hipertensão, a melhora do
estilo de vida contribui positivamente no tratamento e na prevenção dessas doenças.
Outro fator importante é que idosos frágeis (declínio do sistema fisiológico, vulnerabilidade, sarcopenia)
acometidos por DCV têm duas vezes mais risco de morrer.
Caso o idoso não apresente fragilidades e tenha uma saúde estável, o tratamento a ele direcionado deve ser
similar ao tratamento direcionado a pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) não idoso, isso
compreende trabalhar com foco em menores metas glicêmicas (HbAc1: <7 a 7,5%). Já idosos fragilizados e
com outras doenças coexistentes, a meta deve ser menos rigorosa (HbAc1: <8%). Quanto ao estilo de vida,
atividade física de força e aeróbica deve ser indicada e, no caso de sobrepeso e obesidade, deve ser
estimulada uma perda de 5 a 7% do peso (ADA, 2023).
Quanto à alimentação, busca-se apoiar os hábitos alimentares saudáveis, manter o prazer em comer e
limitar as escolhas alimentares quando indicado por evidências científicas. A quantidade de carboidratos,
proteínas e gorduras deve ser calculada de modo individualizado, pois inúmeros estudos tentaram chegar a
recomendações ideais e falharam nesse aspecto. A ingestão de fibras deve, no mínimo, atingir a
recomendação normal da população em geral (25 a 30 g/dia ou 14 g/1.000 kcal), a partir da alimentação –
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frutas, hortaliças e leguminosas, ou através de suplementos (ADA, 2023; GRAY; THRELKELD, 2019). O Quadro
1 mostra o resultado de alguns tipos de dieta no tratamento do diabetes:
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Quadro 1 - Dietas estudadas no tratamento do diabetes
Muito baixa em 70 a 77% de carboidratos (30 a 60g de fibras). Perda de peso e redução da pressão
gordura arterial.
10% de gordura.
13 a 20% de proteínas.
Como já mencionado, não existe um consenso sobre a melhor dieta, no entanto, evitar bebidas açucaradas,
carboidratos refinados e dar preferências aos alimentos integrais aos processados e ultraprocessados é a
melhor indicação (ERVERT et al, 2019).
A Sociedade Brasileira de Diabetes apresenta em sua diretriz que corrobora com o que foi citado
anteriormente e recomenda o que consta no Quadro 2.
Quadro 2 - Recomendações nutricionais e evidências
Recomendações x evidências
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Não indicar dietas que podem levar à cetose (dietas muito pobres em
carboidratos).
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Carboidratos O uso é controverso, o ideal é orientar a redução da ingestão de
carboidratos refinados e açúcares adicionados.
Índice glicêmico e carga 1 a 1,5 g/kg peso/dia – prevenção da sarcopenia e preservação da massa
glicêmica muscular.
Uma das principais orientações ao idoso está relacionada à redução do sal, no entanto, uma redução
drástica pode levar à desnutrição, pois o idoso, tendo a sua sensibilidade gustativa diminuída pode não
sentir o sabor e deixar de comer. O ideal é considerar as comorbidades e particularidades de cada idoso.
Uma saída para a redução do sal é a utilização do chamado “sal de ervas”, que é uma mistura de 4 partes
iguais de alecrim, manjericão, orégano e sal.
O Ministério da Saúde, por meio do Caderno de Atenção Básica, faz as seguintes orientações (BRASIL, 2013):
Consumo energético Deve ser individualizado, sempre buscando um peso saudável, cada quilograma
perdido promove redução de 1 mmHg na pressão sistólica.
Sal e sódio A redução de sal deve ser orientada para condimentos à base de sal, sal de
cozinha e alimentos processados e ultraprocessados, além disso, desestimular
o uso do saleiro à mesa.
Potássio, cálcio e A dieta rica em potássio é indicada, visto o efeito diurético da medicação e por
magnésio ter efeito hipotensor e protetor contra doenças cardiovasculares. Cálcio e
magnésio também apresentam efeito hipotensor, por isso, seguindo a indicação
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de consumo de três porções de frutas, três de vegetais e três de lácteos já é o
suficiente.
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Dieta DASH (Dietary A dieta DASH enfatiza o consumo de frutas, verduras, cereais integrais, leites
Approaches to Stop desnatados e derivados com menor teor de gordura, redução da quantidade de
Hypertension) gorduras saturadas e colesterol, maior quantidade de fibras, potássio, cálcio e
magnésio associada à redução de sódio, com perfil de micro e macronutrientes
favorável.
Além disso, o Ministério da Saúde orienta os Dez Passos para uma Alimentação Saudável para pessoas com
HAS (Figura 2), baseado nos dez passos para uma alimentação saudável (MARTINS; FÉ, 2020).
Figura 1 - Dez passos para uma alimentação saudável para pessoas com HAS
Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais (2012 apud BRASIL, 2013, p. 84).
Não existe uma única diretriz que abordem a alimentação nas doenças cardiovasculares, diante disso, o
Ministério da Saúde lançou o Manual de Alimentação Cardioprotetora, direcionado aos profissionais da
saúde, conhecido como DICA Br (Dieta Cardioprotetora Brasileira), os grupos de alimentos foram divididos
pelas cores da bandeira brasileira e conta ainda com o grupo vermelho (BRASIL, 2018).
Grupo Verde Composto de verduras, frutas, legumes, leguminosas, leite desnatado e iogurte
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(Figura 3) natural desnatado.
s e õ ç at o n a r e V
Grupo Amarelo Pães, cereais, macarrão, tubérculos e farinhas.
(Figura 4)
Grupo Azul Carnes, queijos (leite, sal e microrganismos para fermentação), creme de leite, leite
(Figura 5) condensado, ovos, manteiga e doces caseiros.
Grupo Vermelho Composto pelos alimentos ultraprocessados, de baixa qualidade nutricional e alta
densidade energética, formulações industriais ricas de aditivos químicos.
Diante disso, as orientações aos pacientes com doenças cardiovasculares devem seguir conforme a Figura 6.
Todas as orientações da DICA Br foram baseadas no Guia Alimentar para a população brasileira e seguindo
as diretrizes para dislipidemias, diabetes, hipertensão e obesidade.
É comum que os idosos tenham mais de uma doença conjuntamente e, muitas vezes, uma leva à outra,
dentro desse contexto é importante saber que, na maioria das vezes, você deverá elaborar recomendações
de forma ampla e não isoladamente.
Suponha que um idoso de 82 anos foi encaminhado a um consultório de nutrição por um médico geriatra,
esse idoso apresenta diabetes do tipo 2, hipertensão arterial e aterosclerose (doença cardiovascular
causada pela formação de placas de ateroma nas artérias), é um paciente obeso sarcopênico. Caso você
fosse o nutricionista, como faria as recomendações nutricionais?
O guia alimentar para a população brasileira é a base de trabalho para qualquer nutricionista e é dele que
advém a maioria das orientações, uma das primeiras coisas a fazer é conhecer a cultura alimentar desse
paciente e corrigi-las sem infringi-las.
Conforme mencionado, o paciente encontra-se obeso e sabe-se que uma pequena redução de peso em
cerca de 5% já é capaz de ter efeitos benéficos no que diz respeito à HAS e à resistência à ação da insulina.
A orientação constante na DICA Br não diz respeito apenas às doenças cardiovasculares, mas às doenças
crônicas de forma geral, diante disso, o ideal é:
A redução de sódio gradativa até no máximo 4 g ao dia (1 colher de chá), talvez essa meta já seja
alcançada ao orientar a substituição dos alimentos ultraprocessados que são ricos em sódio.
O aumento do consumo proteico para preservar tecido muscular e melhorar a sarcopenia (1,5
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g/kg/dia) – fique atento ao funcionamento do rim.
s e õ ç at o n a r e V
A redução de bebida alcoólica até que ela não faça parte da rotina.
A redução de carboidratos refinados, dando prioridade aos integrais e aos provenientes dos
alimentos in natura ou minimamente processados.
6. Orientar com base na DICA Br a substituição dos alimentos de forma adequada, para que o idoso ou
o seu cuidador possa variar o máximo possível e manter a cultura alimentar a partir dos alimentos de
sua região.
Lembre-se que não existe uma dieta específica para esta ou aquela doença, por isso, a individualização é o
caminho. Para acompanhar a afetividade das alterações alimentares, monitore seu paciente a partir dos
exames bioquímicos e da avaliação física periódica. Tenha empatia, afinal, são anos de alimentação
inadequada e não será a radicalização que irá melhorar tudo de forma rápida. Cada meta alcançada deve
ser motivo de comemoração.
VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!
O vídeo que você assistirá trará informações sobre as recomendações nutricionais com foco em diabetes,
hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Você conhecerá as diretrizes da sociedade brasileira de
diabetes e as orientações do Ministério da Saúde para o atendimento ao paciente idoso enfermo e verá que
é comum um paciente ser acometido por todas essas patologias ao mesmo tempo, tendo o nutricionista um
papel fundamental na qualidade de vida desse idoso.
Saiba mais
Para que você possa atuar de maneira eficiente e eficaz, acesse os materiais a seguir que trazem
preciosas orientações de como proceder orientações nutricionais.
Aula 5
Chegou o momento de relembrar todos os conceitos e práticas aprendidas. Nesta unidade, você soube que
o envelhecimento por si traz mudanças fisiológicas que impactam na saúde, como redução de tecido
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muscular, enrijecimento das artérias e menor sensibilidade à ação da insulina. Essas alterações são capazes,
se somadas aos fatores ambientais, como uma alimentação inadequada, o sedentarismo, o tabagismo, de
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levar ao desenvolvimento de desnutrição, sarcopenia, diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças
cardiovasculares.
A nutrição tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento das referidas doenças, no entanto,
para uma orientação adequada, a antropometria é a base. Peso e altura, circunferência de braço,
panturrilha, cintura e quadril e dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSE) são as aferições mais
indicadas e é importante levar em consideração situações de amputação de membros e a dificuldade em
deambular, que podem ser apresentadas pelos idosos, sendo necessário adequar a forma de mensuração
das medidas.
Para apoiar o diagnóstico nutricional a partir da antropometria, você poderá solicitar exames bioquímicos
que direcionarão a sua conduta. No diabetes, a dosagem da hemoglobina glicada lhe dará subsídios para
acompanhar a glicemia média dos meses anteriores, o perfil lipídico será capaz de informar o risco
cardiovascular e, consequentemente, antecipar condutas nutricionais de prevenção, a dosagem de proteína
ligadora de retinol apontará para desnutrição inicial e o metabolismo do ferro, assim como, o hemograma
completo para possível anemia.
Somado à antropometria e aos resultados dos exames bioquímicos, o exame físico denuncia a perda de
tecido muscular e edema, que são sinais de desnutrição. Como a sarcopenia coexiste com a desnutrição,
você deverá encaminhar o idoso para um profissional especializado para realizar os testes diagnóstico de
sarcopenia: força, quantidade de tecido muscular e função muscular.
Você acabou de relembrar todas as possíveis e mais comuns situações que um idoso pode passar, no
entanto, o diabetes, a hipertensão e as doenças cardiovasculares matam uma alta taxa de idosos todos os
anos no Brasil, daí a necessidade de recomendações que sejam factíveis e duradouras.
Para isso, o respeito ao hábito e à cultura alimentar é de suma importância e é uma recomendação valiosa
do Guia Alimentar para a População Brasileira, foi daí que surgiu a chamada DICA Br – Dieta Cardioprotetora
Brasileira, uma dieta focada no tratamento de doenças crônicas e que divide os alimentos nas cores da
bandeira, o verde é o grupo dos alimentos in natura ou minimamente processados, leite e iogurte
desnatados; o amarelo é o gruo dos cereais e deve ser consumido moderadamente, dando preferência aos
integrais; o azul é o grupo das carnes, queijos, ovos, creme de leite, devendo ser consumidos em menor
quantidade; e , por fim, um grupo vermelho, relacionado aos alimentos que devem ser evitados, como os
processados e ultraprocessados.
Vale ressaltar que a densidade energética da dieta deve ser individualizada, o consumo de fibras deve ser de
no mínimo 25 g/dia e que frutas, verduras e lácteos serão o aporte para cálcio, potássio e magnésio,
importantes pelo seu efeito hipotensor.
REVISÃO DA UNIDADE
Olá, estudante!
Este vídeo fará você recordar como o processo de envelhecimento pode facilitar o desenvolvimento de
doenças e causar a fragilidade do idoso, no entanto, a partir de uma nutrição equilibrada, planejada com
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base em dados antropométricos, exames bioquímicos e exame físico, você poderá mudar o curso.
Considerando o envelhecimento populacional, conhecer sobre o tema o tornará preparado para o mercado.
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ESTUDO DE CASO
Olá, estudante!
Para tornar a sua aprendizagem ativa suponha que você atue no programa saúde da família de sua cidade e
faz visitas periódicas aos pacientes cadastrados, normalmente são idosos. A equipe que você atua é
composta por um médico geriatra, um fisioterapeuta, uma psicóloga, um educador físico, uma enfermeira,
um técnico em enfermagem e um agente comunitário de saúde. O coordenador da equipe elabora uma
escala de visitas e, por dia, você visita cerca de 5 pacientes.
Na rotina de visita você faz a antropometria, avalia possíveis exames bioquímicos, previamente solicitados
pelo geriatra, faz o exame físico, elabora o diagnóstico nutricional e prescreve as orientações nutricionais,
quando é uma primeira visita, você conversa com o paciente para inteirar-se de seus hábitos alimentares.
Ao observar a sua escala, percebeu que seu primeiro paciente é um idoso acamado de 73 anos, que você já
está acostumada a visitá-lo. Ele vive com a esposa de 70 anos e é ela que cuida do “veio” como ela mesma
diz com todo carinho.
Seu paciente tem diabetes mellitus e teve a perna (do joelho para baixo) amputada devido a complicações
do DM. Chegando ao local, você conversou um pouco com ele e a esposa, que informou que seu marido
estava muito fraco e nem queria mais sair da cama para caminhar usando o andador, dizia que se cansava
muito e chegava a ficar ofegante e, por isso, há duas semanas queria somente ficar deitado. Você anotou
todas as queixas, pois sabe que a escuta traz excelentes informações para fechar o diagnóstico do paciente.
Enquanto aplicava a antropometria, pediu à esposa que apresentasse os resultados dos exames
bioquímicos.
Altura de joelho: 54 cm
Circunferência de braço: 35 cm
Circunferência de panturrilha: 31 cm
Circunferência de quadril: 90 cm
DCT: 18 mm
DCSE: 26 mm
0
Quadro 1 - Exames bioquímicos
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Exame bioquímico Resultado Valores de referência
HCM
Leve 3 a 3,5
Grave <2,4
Leve 10 a 15
Moderada 5 a 9,9
Grave <5
TG <150
CT <190
HDL-c >40
TG <175
Exame bioquímico Resultado Valores de referência
0
Ferro sérico 56 µg/dL Homens: 65 a 175 µg/dL
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Mulheres: 50 a 170 µg/dL
Grave <100
Mulheres: 15 a 50%
DM2 ≥6,5%
De posse dos dados antropométricos, dos exames bioquímicos e das anotações feitas a partir da escuta,
como você analisaria a situação para elaborar o diagnóstico nutricional? E quais recomendações nutricionais
faria ao paciente?
Reflita
Para resolver este caso, lembre-se de atentar-se às informações, separe seu material e sua calculadora.
Faça uma revisão dos conceitos e cálculos e proceda a análise dos dados obtidos na antropometria.
Quanto aos exames bioquímicos, compare cada resultado com os valores de referências e analise o
que eles indicam e se é possível fazer alguma associação com as queixas emitidas pela esposa e com o
observado na antropometria.
Estabeleça o diagnóstico nutricional com base nos conhecimentos adquiridos e, por fim, emita as suas
recomendações nutricionais.
Mãos à obra!
0
Olá, estudante!
Para analisar o caso você deverá aplicar as equações matemáticas, como seguem:
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1. Estimar a altura considerando ser um idoso negro:
2. Estimar o peso:
Estimativa de peso = (0, 98 x 31) + (1, 16 x 54) + (1, 73 x 31) + (0, 37 x 26) − 81, 69
3. Descontar a amputação:
74,58 − 6% = 70, 1 Kg
29,35
Adequa ção da CM B =
26,8
x 100 = 109%
Classificação: Eutrofia
58,55
Adequa ção da AM B =
47
x 100 = 124%
Classificação: Eutrofia
7. Avaliar a CC:
CC = 115 cm
9. Avaliar a CP:
CP = 31
Classificação: Adequado
10. Avaliar a DCT:
DCT = 18 mm
0
O eritrograma do paciente apresenta quantidades diminuídas de todas as frações, logo nos informa anemia
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e, nesse caso, por deficiência de ferro, além disso, ao analisar o metabolismo de ferro, esse dado se
confirma, pois temos valores de ferro sérico, saturação de transferrina e ferritina abaixo da referência e os
valores de capacidade total de ligação do ferro e transferrina elevados. As queixas de cansaço e fraqueza
podem estar relacionadas a esse quadro.
Quanto à avaliação da desnutrição, o paciente apresenta uma leve queda da proteína ligadora de retinol,
indicando desnutrição aguda, visto que as frações de albumina e pré-albumina ainda não estão
comprometidas, pois apresentam uma meia vida maior.
O perfil lipídico aponta para dislipidemia (hiperlipidemia mista), que ao correlacionar com a avaliação da CC
e RCQ e considerando ser uma paciente diabética, será necessário encaminhamento ao cardiologista e
recomendação nutricional cardioprotetora.
Conforme mencionado, o paciente já tem o diagnóstico de diabetes, no entanto, seus exames demonstram
que o idoso não está apresentando uma HbAc1 (hemoglobina glicada) controlada, além do mais, devido às
complicações do DM esse paciente já precisou passar por amputação. Você tem conhecimento que,
considerando o perfil lipídico alterado e a anemia constatada, ou seja, outras situações associadas ao DM, a
meta para hemoglobina glicada desse idoso deve ser em torno de 8% e está em 11%.
Diagnóstico nutricional: diabético descompensado, com perfil lipídico alterado e acúmulo de gordura
abdominal com alto risco para doenças cardiovasculares e desnutrição em curso inicial.
Recomendações nutricionais
Objetivos:
Alimentação
Evitar doces e açúcares refinados e incluir alimentos fonte de ferro, sempre acompanhados de vitamina
C para promover melhor absorção.
Consumir de 1 a 1,5 g de proteínas ao dia.
Todo planejamento alimentar deve estar baseado no Guia Alimentar para a População Brasileira, com
foco no prazer em comer e no respeito à cultura alimentar.
0
RESUMO VISUAL
s e õ ç at o n a r e V
A seguir, você verá uma síntese dos conteúdos que foram vistos ao decorrer dos estudos.
Aula 1
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações
para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.pdf. Acesso
em: 23 maio 2023.
NESTLÉ NUTRITION INSTITUTE. Um guia para completar a Mini Avaliação Nutricional. [S. l.: s. d.].
Disponível em: https://www.mna-elderly.com/sites/default/files/2021-10/mna-guide-portuguese.pdf. Acesso
em: 27 maio 2023.
SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE; PBH – PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Instrutivo de Avaliação
Nutricional e Cálculo das Necessidades Energéticas: material de apoio para nutricionistas da rede
SUS-BH. Belo Horizonte: SUS/PBH, 2018. Disponível em:
https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/avaliacao-nutricional-final.pdf.
Acesso em: 26 maio 2023.
Aula 2
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais aplicados à Nutrição Clínica. Rio de
Janeiro: Editora Rubio, 2012.
COBAS, R. et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 2023.
Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-rastreamento-do-diabetes-tipo-2/. Acesso em: 1
0
jun. 2023.
s e õ ç at o n a r e V
FLEURY – MEDICINA E SAÚDE. Novos valores de referência para hemograma. Fleury, 2022. Disponível em:
https://www.fleury.com.br/medico/artigos-cientificos/novos-valores-de-referencia-para-o-hemograma-no-
fleury. Acesso em: 5 jun. 2023.
Aula 3
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. Rio de
Janeiro: Editora Rubio, 2012.
EICHINGER, F. L. F. et al. Força de preensão palmar e sua relação com parâmetros antropométricos. Cad.
Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 23, n. 3, p. 525-532, 2015.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012.
OLIVEIRA, A. S. et al. Prevalência de desnutrição em idosos. Perspectiva, Erechim, n. 169, v. 45. 2021.
Disponível em: http://ojs.uricer.edu.br/ojs/index.php/perspectiva/article/view/152/74. Acesso em: 15 jun.
2023.
Aula 4
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