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AVALIAÇÃO

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NUTRICIONAL

s e õ ç at o n a r e V
APLICADA
139.5 minutos

 Aula 1 - Avaliação antropométrica geriatria

 Aula 2 - Avaliação bioquímica na geriatria

 Aula 3 Desnutrição na geriatria

 Aula 4 - Recomendações nutricionais em


situações comuns na geriatria
 Aula 5 - Diagnóstico nutricional e
antropometria
 Referências

Aula 1

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA GERIATRIA


O mundo está envelhecendo. Até 2050, teremos cerca de 7,7 bilhões de idosos no mundo, no
Brasil, teremos até 2025, 33,4 milhões de pessoas nessa faixa etária.
32 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

O mundo está envelhecendo!

Isso mesmo, até 2050 teremos cerca de 7,7 bilhões de idosos no mundo, no Brasil teremos, até 2025, 33,4
milhões de pessoas nessa faixa etária. Muitas modificações biológicas ocorrem com o envelhecimento,
redução de massa muscular, aumento de gordura abdominal, alterações na coluna vertebral, como
escoliose, encurtamento de vértebras, envergamento da coluna, alterações ósseas, como osteoporose,
cifose torácica, além de flacidez da pele e desequilíbrio hidroeletrolítico. Todas essas modificações afetam
diretamente a antropometria, a aferição de altura, a pega da dobra cutânea e o uso da bioimpedância.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2011) idosos são as pessoas com idade igual ou maior que 60
anos. Todas as alterações citadas têm relação com a saúde e nutrição do idoso, além do aspecto relacionado
à composição corporal, mudanças na capacidade funcional e alteração do paladar também são comuns
nesse período.
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Vamos começar?
ANTROPOMETRIA DO IDOSO
Peso e altura, circunferência de braço, panturrilha, cintura e quadril e dobras cutâneas tricipital (DCT) e
subescapular (DCSE) são as aferições mais indicadas para a antropometria do idoso.

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Estatura

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O protocolo para a aferição de altura não difere do realizado em outras fases da vida. Quando não houver a
possibilidade de medir a altura em pé, a altura do joelho é uma opção para estimar a altura, visto que os
ossos longos não têm seu comprimento comprometido com o envelhecimento, para isso, a medida deve ser
realizada com o paciente deitado, a perna esquerda flexionada formando um ângulo de 90° entre o joelho e
a coxa, mede-se a distância entre o calcanhar e a parte superior da patela (Figura 1).

Outra opção para saber a altura é utilizar a hemienvergadura do braço, a medida é realizada a partir da
distância entre o meio do peito até o final do dedo médio (Figura 2).

Figura 1 - Aferição de altura do joelho

Fonte: Nestlé Nutrition Institute ([s. d.], p.14).

Figura 2 - Hemienvergadura do braço

Fonte: Nestlé Nutrition Institute ([s. d.], p. 13).

Peso

O peso começa a reduzir a partir dos 65 anos para homens e 75 para mulheres. Idosos hospitalizados
tendem a ter uma perda de peso mais pronunciada, sendo que perdas maiores que 2% em uma semana é
considerada grave, por isso, trata-se de uma medida de acompanhamento muito importante.

A aferição do peso também segue o mesmo protocolo que o utilizado para adultos. Caso essa medida não
seja possível, uma opção é estimar o peso a partir de equações matemáticas que levam em consideração a
circunferência de braço e panturrilha, a altura do joelho e a dobra cutânea subescapular. O peso habitual é
uma opção na impossibilidade de aferir ou estimar o peso. Algumas considerações são importantes, como a
presença de edema, membro amputado e ascite, nesses casos, alguns autores indicam descontar o valor
relacionado a essas situações.
Circunferência de Braço (CB)

Essa medida é utilizada junto à dobra cutânea tricipital (DCT) para cálculo da CMB e AMB. Você deve seguir o
mesmo protocolo realizado para outras fases da vida, podendo ser realizada da mesma maneira com o
paciente sentado. Caso o paciente esteja acamado, a medida deve ser realizada com o paciente deitado de

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lado, seguindo o mesmo método de medição.

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Figura 3 - Circunferência de braço

Fonte: SUS/PBH (2015, p. 12).

Circunferência de Panturrilha (CP)

É uma aferição utilizada para avaliação de massa muscular em idosos. O valor adequado dessa medida deve
ser ≥31 cm. Quando menor, está associado à desnutrição. Para medida, o paciente deve estar sentando e a
perna esquerda formando um ângulo de 90° com o joelho, a fita deve ser posicionada no local de maior
protuberância, sem compressão (Figura 4). Pacientes acamados devem estar na mesma posição indicada
para a medida da altura do joelho.

Figura 4 - Circunferência de panturrilha

Fonte: SUS/PBH (2015, p. 12).

Circunferência de Quadril (CQ) e de Cintura (CC)

CQ é uma medida utilizada junto à CC para identificação de deposição de gordura abdominal, não é uma
medida utilizada para avaliação do estado nutricional. Deve ser realizada ao redor de quadril e a fita
inelástica deve ser posicionada no local de maior protuberância dos glúteos. A CC deve ser aferida entre a
última costela e a crista ilíaca. No caso de idosos acamados, essas aferições podem ser realizadas da mesma
forma (MUSSOI, 2015).

Figura 5 - Circunferência de cintura e quadril


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Fonte: SUS/PBH (2015, p. 11).

Dobra Cutânea Tricipital (DCT) e Subescapular (DCSE)

São medidas preditoras de gordura corporal e também utilizadas para verificação de estado nutricional,
devem seguir o mesmo protocolo de aferição orientado para outros públicos. Idosos acamados devem ter a
DCT e DCSE, ficando deitado de lado. Os valores para dobra cutânea tricipital podem ser classificados em
valores de percentis.

Figura 6 - Dobra cutânea tricipital e subescapular

Fonte: SUS/PBH (2015, p. 13 e 15).


INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS NA GERIATRIA
Neste momento, você irá conhecer as formas de aplicar os dados obtidos com as aferições em equações
matemáticas e como interpretar os resultados, vamos iniciar falando sobre as formas de estimar a altura e o

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peso de idosos acamados, afinal, a aferição da forma habitual já é de seu conhecimento, mas antes disso, é
preciso que você saiba que o exame físico do idoso é muito importante, inclusive, dados de edema, por

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exemplo, são verificados com o exame físico.

Exame físico

Consiste em avaliar a presença de edema, perda de tecido adiposo e muscular e, em acamados, deve ser
verificada a presença de lesões por pressão (Quadro 1).

Quadro 1 - Exame físico

Avaliação da perda de massa muscular

Observação da face

Figura 7 - Sinais de Atrofia bilateral da musculatura temporal, apresentando disfagia e redução


redução de serva calórica do consumo alimentar por 3 a 4 semanas ou mais.
e perda proteica
Perda bilateral da bola gordurosa de Bichat relacionada com redução de
reserva calórica.

Perda proteico-calórica prolongada com atrofia da musculatura temporal

Observação do pescoço

Figura 8 - Indicativo de Indicação de desnutrição prolongada com perda da musculatura supra e


desnutrição prolongada intraclaviculares.
Avaliação da perda de massa muscular

Observação do tórax

Figura 9 - Características Ocorre diminuição de força respiratória, redução da sustentação do próprio

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de redução de massa peso e sua coluna e existe a presença de cifose (curvatura da coluna). Há
muscular na região uma dificuldade de mensuração de temperatura corporal, pois o oco axilar

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torácica fica mais profundo.

Observação de membros superiores

Figura 10 - Perda da Perda da capacidade de pinçamento devido à atrofia da musculatura do


capacidade de adutor do polegar e dos músculos tricipital e bicipital.
pinçamento

Observação de abdome e membros inferiores

Figura 11 - Abdome com O abdome fica escavado, o umbigo na forma de cálice, indicando perda
redução de massa grave de reserva calórica. Os membros inferiores apresentam atrofia de
muscular e pernas musculatura das coxas e da panturrilha e consequente fraqueza das pernas.
enfraquecidas
Avaliação da perda de massa muscular

Avaliação de edema

Figura 12 - Sinal de Godet O edema é mais comum nas pernas e quando o idoso fica de pé. E quando

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acamado o edema se concentra na região lombar. Ele pode ser reconhecido
quando pressionada a região com o dedo indicador por pelo menos 5

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segundos, percebe-se uma depressão que não se desfaz imediatamente
após a descompressão (Sinal de Godet).

Fonte: SUS/PBH (2015, p. 29-31); UNASUS/UFMA (2013, p. 7).

Para estimar a altura, será necessário que você aplique uma das seguintes equações (SILVA; MARUCCI;
ROEDIGER, 2014):

H omem branco → [2,08 × AJ (cm)] + 59,01

H omem negro → [1,37 × AJ (cm)] + 95,79

M ulher branca → [1,91 × AJ (cm)]– [0,17 × idade] + 75,00

Mulher negra → [1,96 × AJ (cm)] + 58,72

Ou

Estimativa de altura = hemienvergadura × 2

Já para a estimativa do peso serão necessárias as medidas de CP, CB, DCT e DCSE (SILVA; MARUCCI;
ROEDIGER, 2014):

Homem

(0,98 × CP ) + (1,16 × AJ ) + (1,73 × CB) + (0,37 × DCSE) – 81,69

Mulher

(1,27 × CP ) + (0,87 × AJ ) + (0,98 × CB) + (0,4 × DCSE)– 62,35

CP: Circunferência de Panturrilha.

AJ: Altura de Joelho.

CB: Circunferência de Braço.

DCSE: Dobra Cutânea Subescapular.

Lembre-se que, caso o idoso apresente edema ou amputação, você deverá descontar esse valor do peso
total, de acordo com os Quadros 2, 3 e 4.

Quadro 2 - Peso em caso de edema


Local atingido Quantidade a ser subtraída (kg)

Tornozelo 1,0

Joelho 3,0 – 4,0

0
Raiz da coxa 5,0 – 6,0

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Anasarca 10,0 – 12,0

Fonte: Duarte e Castellani (2002); Newton e Halsted (2003 apud SUS/PBH, 2015, p. 6).

Quadro 3 - Peso a ser descontado em caso de ascite

Grau de ascite Peso ascítico a ser subtraído (kg)

Leve 2,2

Moderada 6,0

Grave 14,0

Fonte: James (1989 apud SUS/PBH, 2015, p. 6).

Quadro 4 - Peso a ser descontado em caso de amputação em %

Parte do corpo Quantidade a ser descontada do peso corporal (%)

Braço inteiro 6,5

Mão e antebraço 3,0

Mão 1,0

Perna inteira – até raiz da coxa 18,5

Acima do joelho 13,0

Abaixo do joelho 6,0

Pé 1,8

Fonte: Riella e Martins (2000); Christie et al. (2011 apud SUS/PBH, 2015, p. 7).

O cálculo do IMC, para relembrar, é:


P eso (Kg)
IMC = 2
Altura (m)

Não existe consenso científico quanto à classificação do IMC, no entanto, a Quadro 5 apresenta duas
opções.
Quadro 5 - Classificação do IMC do idoso

Referência Magreza Eutrofia Sobrepeso Obesidade

OPAS* (2001) ≤23 >23 e <28 ≥28 e <30 ≥30

0
NSI** (1992) ≤22 >22 e >27 ≥27 -

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*Organização Pan-americana de Saúde

** Nutrition Screening Initiative

Fonte: adaptado de Silva, Marucci e Roediger (2014 p. 257).

A circunferência muscular do braço (CMB) deve ser calculada com base na equação a seguir (SILVA;
MARUCCI; ROEDIGER, 2014):
DCT (mm)
CM B (cm) = {CB (cm) − [π x ]}
10

π = 3,1416

O resultado obtido com o cálculo deve ser incluído na seguinte fórmula:


CM B obtida (cm)
Adequa ção da CM B =
CM B percentil 50
x 100

O Quadro 6 apresenta o percentil 50 para CMB e o Quadro 7 apresenta a classificação.

Quadro 6 - Percentil 50 para CMB de idosos

Idade (anos) Homens - P50 Mulheres - P50

55 – 64,9 27,8 22,5

65 – 74,9 26,8 22,5

75 – 79 22,1 20

80 - 84 21,5 19,2

85+ 20,8 18,2

Fonte: adaptado de Mussoi (2015, p. 86-87).

Quadro 7 - Classificação de CMB e AMB

Depleção grave Depleção Moderada Depleção Leve Eutrofia

CMB e AMB <70% 70 a 80% 80 a 90% >90%

Fonte: Mussoi (2015, p. 87).

O cálculo da área muscular do braço (AMB) utiliza os dados de CMB (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2014):
2
CM B
H omens → AM B = − 10
4×π
2
CM B
M ulheres → AM B = − 6,5
4×π

Assim como na análise da CMB, a AMB também exige saber o percentil 50 (Quadro 8) por idade e sexo para
cálculo da adequação de AMB e a classificação pode ser realizada de acordo com o Quadro 7.

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Adequa ção da AM B =
AM B obtida

AM B percentil 50
× 100

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Quadro 8 - Percentil 50 para AMB em idosos

Idade (anos) Homens - P50 Mulheres - P50

60 – 64,9 52,1 34,5

65 – 69,9 49,1 34,6

70 – 74,9 47,0 34,3

75 - 79 39,4 32,3

80 - 84 37,1 29,7

85+ 34,7 26,9

Fonte: adaptado de Mussoi (2015, p. 89-90).

A circunferência de cintura deve ser analisada com base no Quadro 9 (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2014):

Quadro 9 - Classificação da CC

Risco Homens Mulheres

Sem risco <94cm <80cm

Risco aumentado >94cm - <102cm >80cm - <88cm

Risco muito elevado ≥102 ≥88

Fonte: Silva, Marucci e Roediger (2014, p. 262).

Utilizando o dado de circunferência de quadril, você deverá calcular a relação cintura-quadril (RCQ) e
classificar a partir do Quadro 10:
CC (cm)
RCQ =
CQ (cm)

Quadro 10 - Classificação RCQ


Risco Homens Mulheres

Sem risco <1 < 0,85

Com risco ≥1 ≥ 0,85

0
Fonte: Silva, Marucci e Roediger (2014, p. 262).

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A circunferência de panturrilha menor que 31 cm indica depleção muscular (MUSSOI, 2015).

Para calcular a adequação da DCT, você deverá aplicar a equação (SUS/PBH, 2018):

Adequa ção DCT =


DCT obtida

DCT percentil 50
× 100

Quadro 11 - Percentil 50 para DCT

Idade (anos) Homens - P50 Mulheres - P50

60 – 64,9 11,5 26

65 – 69,9 8,1 18

70 – 74,9 8,0 15,9

75 - 79 7,0 14,6

80 - 84 6,6 12,7

85+ 6,5 11,5

Fonte: Mussoi (2015, p. 124-125).

Quadro 12 - Classificação da adequação da DCT

Classificação DCT (%)

Depleção de massa grave <70

Depleção de massa moderada 70 – 80

Depleção de massa leve 80 - 90

Massa adequada 90 - 110

Excesso de massa adiposa 110 - 120

Excesso elevado de massa adiposa ≥ 120

Fonte: Blackburn (1979 apud SUS/PBH, 2015, p. 57).


Lembre-se, aferir e interpretar os dados demanda tempo e conhecimento!

ANTROPOMETRIA DO IDOSO NA PRÁTICA


Depois de conhecer os indicadores que devem ser aplicados na antropometria em geriatria, vamos aplicar

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esses conhecimentos?

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Está internado em um hospital um idoso de 72 anos, diabético, acamado, teve seu pé direito amputado
devido a complicações do diabetes, apresentando perda da gordura de Bichat, atrofia da musculatura
temporal, cifose, oco axilar profundo e abdome escavado. Os dados antropométricos coletados foram:

Hemienvergadura: 85 cm

Altura de joelho: 53 cm

Circunferência de braço: 27 cm

Circunferência de panturrilha: 28 cm

Circunferência de cintura: 78 cm

Circunferência de quadril: 82 cm

DCT: 7 mm

DCSE: 12 mm

Tendo em mãos esses dados, a nutricionista do hospital precisou avaliar o estado nutricional desse idoso e
seguiu os seguintes passos:

Passo 1: estimar a altura e o peso

Altura

Estimativa de altura=85 ×2=170 cm=1,70 m


Peso

Estimativa de peso = (0,98 × 28) + (1,16 × 53) + (1,73 × 27) + (0,37 × 12)– 81,69

Estimativa de peso = 27,44 + 61,48 + 46,71 + 4,44 − 81,69

Estimativa de peso= 58,68 Kg

Passo 2: descontar o peso referente à amputação

P eso = 58,68 − 1,8% = 57,62 Kg

Passo 3: calcular e classificar o IMC


57,62 57,62 2
IMC = 2
= = 19,94 Kg/ m
1,70 2,89

Classificação: Magreza.

Passo 4: calcular e classificar a CMB e AMB


7 (mm)
CM B (cm) = {27 (cm) − [3,1416 × ]}
10
CM B (cm) = {27 (cm) − [3,1416 × 0,7]}

CM B (cm) = {27 (cm) − 2,20}

CM B (cm) = 24, 8 cm

24,8

0
Adequa ção da CM B =
26,8
× 100 = 92,5%

Classificação CMB: Eutrofia

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2
24,8
AM B = − 10
4×3,1416

615,04
AM B = − 10
12,57

AM B = 48,93 − 10 = 38,93

38,93
Adequa ção da AM B =
47
× 100 = 82,83%

Classificação AMB: Depleção leve

Passo 5: Classificar a CC

CC = 78 cm

Classificação CC: Sem risco

Passo 6: calcular e classificar RCQ

RCQ=78 (cm)82 (cm)=0,95


Classificação RCQ: Sem risco

Passo 7: classificação a CP

CP = 28 cm

Classificação CP: Depleção muscular

Passo 8: calcular a adequação DCT e classificar

Adequação DCT=7 mm8 mm×100=87,5%


Classificação adequação DCT: Depleção de massa leve

Diagnóstico nutricional: paciente idoso em risco nutricional, apresentando magreza e depleção de massa
muscular, além disso, o exame físico indica redução grave de reserva proteico-calórica e redução de massa
muscular na região torácica.

Acredito que depois de acompanhar esses cálculos, você deve ter percebido que demanda tempo para aferir
as medidas, calculá-las e interpretá-las, por isso, muitas instituições, devido ao número reduzido de mão de
obra, utiliza outra forma de avaliação, como a Mini Avaliação Nutricional (MAN), essa ferramenta foi
desenvolvida por franceses, americanos e suíços e validada na França, seu principal objetivo é identificar
idosos desnutridos ou em risco de desnutrição (SILVA; MARUCCI; ROEDIGER, 2014).

A MAN é de fácil e rápida aplicação e pode ser aplicada de forma reduzida (Triagem) ou de forma completa
(Avaliação global), especialmente quando a pontuação obtida na triagem for menor que 11. É uma opção
barata e por ser de fácil aplicação é muito utilizada em instituições de longa permanência e em hospitais. A
Figura 13 apresenta a MAN.

Figura 13 - Mini Avaliação Nutricional (MAN)

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Fonte: Nestlé Nutrition Institute ([s. d.]).

VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!
Neste vídeo você conhecerá as características da antropometria do idoso e as formas de emitir o diagnóstico
nutricional com base em equações matemáticas e suas interpretações. Entenderá a importância do exame
físico para aplicação da antropometria no que se refere às características físicas de desnutrição, edema e
amputações, além de, inteirar-se sobre a Mini Avaliação Nutricional (MAN), uma ferramenta de avaliação do
estado nutricional rápida e muito utilizada em hospitais e instituições de longa permanência.

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Para visualizar o objeto, acesse seu material digital.

 Saiba mais
A Nestlé Nutrition Institute disponibiliza um formulário da Mini Avaliação Nutricional (reduzida) em pdf
que você pode preencher digitalmente e o resultado é automático, você pode salvar ou imprimir.

NESTLÉ NUTRITION INSTITUTE. Mini Avaliação Nutricional. [s. d.].

Aula 2

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA NA GERIATRIA


A avaliação bioquímica é uma forma complementar de apoiar a avaliação nutricional e o
acompanhamento dietoterápico de qualquer indivíduo, inclusive do idoso.
30 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

A avaliação bioquímica é uma forma complementar de apoiar a avaliação nutricional e o acompanhamento


dietoterápico de qualquer indivíduo, inclusive do idoso. É uma forma de confirmar sinais clínicos observados
com o exame físico e com os indicadores antropométricos.

Os exames laboratoriais são excelentes ferramentas para acompanhar e validar estratégias nutricionais com
os mais diversos objetivos, além disso, é possível diagnosticar precocemente deficiências nutricionais a
partir da interpretação dos resultados obtidos, logo, estabelecer condutas nutricionais adequadas.

Vale ressaltar que os exames bioquímicos não devem ser interpretados por si, mas o diagnóstico nutricional
deve ser analisado de forma global, associando à antropometria e ao exame físico.

Nesta aula você conhecerá os exames mais indicados para avaliação dos indivíduos com idade igual ou
maior a 60 anos, assim como aprenderá a interpretar os resultados obtidos.

Vamos lá?

EXAMES BIOQUÍMICOS NA GERIATRIA


Dentre os exames solicitados para o público idoso estão aqueles relacionados ao diagnóstico de diabetes
mellitus, dislipidemia, desnutrição, anemia e saúde óssea (CALIXTO-LIMA; REIS (2012).

Diabetes

O desenvolvimento do diabetes se dá, especialmente, a partir dos 40 anos de idade (Diabetes tipo II – DM2),

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por isso, é comum que idosos já estejam em acompanhamento clínico. A Figura 1 informa quais exames

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estão relacionados ao diagnóstico e acompanhamento do paciente diabético.

Figura 1 - Exames indicados para diagnóstico de DM

Fonte: adaptada de Calixto-Lima; Reis (2012, p.163-165).

A glicemia de jejum refere-se à coleta de sangue do paciente em jejum de no mínimo 8 horas, a glicemia
casual é a coleta de sangue a qualquer momento sem o jejum. O TTG consiste na coleta em jejum, após
essa coleta o indivíduo consome 75 g de glicose anidra ou 82,5 g de glicose monoidratada dissolvida em 250
a 350 mL de água e, após 2 horas, nova coleta de sangue é realizada. O TTG também pode ser realizado para
avaliar a curva glicêmica, para isso, as coletas de sangue após a coleta de jejum devem ocorrer depois de
30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos.

A Hemoglobina Glicada (HbA1C) ocorre pela ligação de glicose à hemoglobina, diferente da glicemia de
jejum que indica o valor glicêmico do momento da coleta, a HbA1C indica a glicemia média de 2 a 4 meses
antes da coleta, pois o tempo de vida de uma hemoglobina é de 120 dias. Poderíamos dizer que esse exame
é o “dedo-duro” no acompanhamento do paciente diabético. Seu resultado é em % e cada elevação de 1%
equivale a um aumento em torno de 25 a 35 mg/dL na glicemia.

Dislipidemia

O perfil lipídico de um indivíduo é verificado a partir dos exames demonstrados na Figura 2:

Figura 2 - Exames indicados para avaliação de dislipidemias

Fonte: Lorem ipsum dolor sit amet.


O colesterol total é a soma das frações de LDL (transporta colesterol aos tecidos periféricos), HDL (coleta o
colesterol dos tecidos periféricos e os leva ao fígado) e VLDL (leva colesterol e triglicérides do fígado para
outros tecidos). O exame é realizado a partir da coleta de sangue do indivíduo em jejum de 12h e,
atualmente, pode ser realizado sem o jejum. A dislipidemia consiste na elevação do CT total, LDL e
triglicerídeos em conjunto ou isoladamente e são responsáveis pela formação de placa de ateroma.

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Desnutrição

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A Figura 3 aponta os exames indicados para avaliação de desnutrição:

Figura 3 - Exames indicados para avaliação da desnutrição

Fonte: adaptada de Silva, Marucci e Roediger (2014, p. 279).

A hipoalbuminemia (baixa quantidade de albumina no sangue) tem forte relação com desnutrição, no
entanto, a albumina sérica devido a sua meia vida ser de cerca de 20 dias, não é um marcador interessante
de desnutrição aguda. Para o diagnóstico de desnutrição aguda, a dosagem de pré-albumina e PLR é mais
interessante, pois sua meia vida é de 2 a 3 dias e 10 a 12 horas, respectivamente. A transferrina tem meia
vida de 8 dias, é um marcador que deve ser analisado junto aos já citados, visto ter seus níveis sanguíneos
alterados por infecções e inflamações crônicas, doenças renais, anemias, dentre outros, podendo gerar erro
diagnóstico.

Anemia

O hemograma completo e o metabolismo do ferro (ferritina, transferrina, capacidade total de ligação do


ferro, saturação de transferrina) são exames para diagnóstico de anemias, assim como ácido fólico e
vitamina B12.

Saúde óssea

Os minerais monitorados são o cálcio ionizado (forma fisiologicamente ativa), fósforo sérico, vitamina D,
paratormônio e fosfatase alcalina.

VALORES REFERENCIAIS PARA EXAMES BIOQUÍMICOS


A solicitação de exames bioquímicos pelo nutricionista está prevista na Lei Federal nº 8.234/1991, em seu
artigo 4º, inciso VIII, e na Resolução CFN nº 306/2003 e tem por objetivo complementar o atendimento em
nutrição clínica, ou seja, são importantes ferramentas na avaliação, prescrição e evolução nutricional do
paciente.

O item V do artigo 2° da Resolução CFN n° 306/2003 diz que os exames solicitados devem ter métodos e
técnicas comprovados cientificamente, por isso, sempre atentar-se às solicitações, que não devem ser
realizadas por modismos ou status, mas sim para auxiliar nas estratégias nutricionais de tratamento e
acompanhamento de distúrbios nutricionais.

Para interpretação dos resultados dos exames bioquímicos, você deve atentar-se aos valores de referência.

Diabetes

De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (2023), para fechar o diagnóstico é necessário que ao

0
menos dois exames estejam alterados, no caso de apenas um exame estar alterado será necessário repeti-

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lo.

Quadro 1 - Valores de referência para DM

Critérios Normal Pré-DM DM2

Glicemia de jejum (mg/dl)* <100 100 a <126 ≥ 126

Glicemia ao acaso (mg/dl) - - ≥ 200

Glicemia duas horas após TOTG (mg/dl)** <140 140 a <200 ≥ 200

HbA1c (%) <5,7 5,7 a <6,5 ≥ 5,6

* Considera-se como jejum a cessação de ingestão calórica por ≥ 8 horas.

** Carga oral equivalente a 75g de glicose anidra diluída em água.

Fonte: SBD (2023, [s. p.]).

Dislipidemia

A classificação da dislipidemia deve ser interpretada conforme o Quadro 2.

Quadro 2 - Classificação da dislipidemia

Dislipidemia Referência

Hipercolesterolemia LDL-c ≥ 160 mg/dL


isolada

Hipertrigliceridemia TG* ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/dL, se a amostra for obtida sem jejum.
isolada

Hiperlipidemia mista LDL-c ≥ 160 mg/dL

TG ≥ 150 mg/dL ou ≥ 175 mg/ dL, se a amostra for obtida sem jejum.

Se TG ≥ 400 mg/dL, o cálculo do LDL-c pela fórmula de Friedewald é


inadequado, devendo-se considerar a hiperlipidemia mista quando o não HDL-
c ≥ 190 mg/dL.
Dislipidemia Referência

HDL-c baixo Homens < 40 mg/dL

Mulheres < 50 mg/dL

0
Valores isolados ou em associação com aumento de LDL-c ou TG.

s e õ ç at o n a r e V
*TG - Triglicerídeos

Fonte: adaptado de SBC (2017, p. 13).

São considerados valores desejáveis para indivíduos maiores de 20 anos de idade:

Quadro 3 - Valores desejáveis para frações lipídicas

Lipídios Com jejum (mg/dL) Sem jejum (mg/dL)

Colesterol Total Donec eleifend Cell 3

HDL Donec eleifend Cell 3

Triglicérides Donec eleifend Cell 3

O LDL-c pode ser calculado pela fórmula de Friedewald:


TG
LDL = CT − H DL −
5

Fonte: SBC (2017, p. 8).

Desnutrição

Como visto, as opções de exames para avaliação de desnutrição são Albumina, Pré-albumina,

Transferrina e Proteína Ligadora de Retinol (PLR) e devem ser interpretados conforme o Quadro 4.

Quadro 4 - Avaliação de desnutrição

Albumina

Nível de desnutrição Concentração de albumina (mg/dL)

Nutrido >3,5

Leve 3 a 3,5

Moderada 2,4 a 2,9

Grave <2,4
Albumina

Transferrina

Nível de desnutrição Concentração de transferrina (mg%)

0
Leve 150 a 200

s e õ ç at o n a r e V
Moderada 100 a 150

Grave <100

Pré-albumina

Nível de desnutrição Concentração de pré-albumina (mg/dL)

Normal 15,1 a 42

Leve 10 a 15

Moderada 5 a 9,9

Grave <5

Proteína Ligadora de Retinol (PLR)

Valor de referência 3 a 5 mEq/dL

Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012, p. 101-102).

Anemia

O hemograma completo auxilia no diagnóstico e acompanhamento do tratamento de anemias,


especialmente a anemia ferropriva e megaloblástica (deficiência de vitamina B12 e/ou ácido fólico (B9)). Na
avaliação da série vermelha do sangue (eritrograma) valores diminuídos de hemácias, hemoglobina,
hematócrito (% de volume ocupado pelas células vermelhas do sangue), VCM (volume corpuscular médio –
tamanho médio das hemácias), HCM (hemoglobina corpuscular média – concentração de hemoglobina na
hemácia) relaciona-se à anemia ferropriva.

Já valores aumentados para VCM e HCM têm ligação direta com anemia megaloblástica e/ou perniciosa,
nesses casos a dosagem de vitamina B9 e B12 são indicadas.

Quadro 5 - Valores de referência para diagnóstico de anemia

Hemograma Masculino Feminino

Contagem total de hemácias 4,32 - 5,67 milhões/mm3 3.83 - 4,99 milhões/mm3


Hemograma Masculino Feminino

Hemoglobina 13,3 - 16,5 g/dL 11,7 - 14,9 g/dL

Hematócrito 39,2 - 49,0% 35,1 - 44,1%

0
VCM 81,7 - 95,3 fL 83,1 - 96,8 fL

s e õ ç at o n a r e V
HCM 27,7 - 32,7 pg 27,7 - 32,7 pg

Fonte: Lorem ipsum dolor sit amet.

Quadro 6 - Valores de referência para vitamina B12 e B9

Vitamina Valor de referência

B12 (cianocobalamina sérica) 150 a 350 pg/mL

B9 (ácido fólico) 5 a 15 mg/mL

Fonte: Calixto Lima e Reis (2012, p. 425 e 461).

Além do hemograma e da dosagem das duas vitaminas (cianocobalamina e ácido fólico), o metabolismo do
ferro também é indicado para avaliação de anemia, pois a detecção da doença pode ocorrer mesmo antes
de aparecer os déficits no hemograma.

Quadro 7 - Valores de referência para avaliação do metabolismo de ferro

Exames laboratoriais Valores de referência

Ferritina sérica Homens: 30 a 300 ng/mL

Mulheres: 10 a 200 ng/mL

Ferro sérico Homens: 65 a 175 µg/dL

Mulheres: 50 a 170 µg/dL

Transferrina total circulante 230 a 390 mg/dL

Saturação de transferrina Homens: 20 a 50%

Mulheres: 15 a 50%

Capacidade total de ligação do ferro 250 a 425 mcg/dL

Fonte: Calixto Lima e Reis (2012, p. 438-459).


Ao avaliar os valores do metabolismo de ferro, tem-se o diagnóstico de anemia ferropriva quando os valores
de ferro sérico, saturação de transferrina e ferritina estiverem abaixo da referência e os valores de
capacidade total de ligação do ferro e transferrina elevados.

A saturação de transferrina diz respeito à quantidade de ferro que a transferrina está transportando, uma

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saturação baixa indica pouco ferro. No entanto, nessa situação o organismo aumenta a quantidade de
transferrina para poder transportar o máximo que puder de ferro, o que aumenta a capacidade de ligação

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do ferro.

Saúde óssea

No envelhecimento ocorre a acloridria (redução da produção de ácido clorídrico no estômago), o que


prejudica a absorção de cálcio no duodeno e a sua conversão em cálcio ionizado, o que acaba reduzindo os
níveis de vitamina D. Além do cálcio e da vitamina D, o fósforo, PTH (paratormônio) e a fosfatase alcalina
(enzima presente em vários tecidos, inclusive nos ossos) também são responsáveis pela manutenção da
saúde óssea e devem ser monitorados.

Quadro 8 - Avaliação da saúde óssea

Exames bioquímicos Valores de referência

Cálcio ionizado 4 a 5,6 mg/dL

25 – hidroxi – vitamina D 80 a 100 nmol/L

Fósforo sérico 2,7 a 4,5 mg/dL

PTH intacto 10 a 65 pg/mL

Fosfatase Alcalina 40 a 130 UI/L

Fonte: Calixto Lima e Reis (2012, p. 425-464).

INTERPRETAÇÃO DE EXAMES BIOQUÍMICOS


Você acabou de conhecer os exames bioquímicos indicados para auxiliar a avaliação e o acompanhamento
nutricional de idosos, vamos aprender a interpretá-los?

Suponha que um idoso de 66 anos, do sexo masculino, foi encaminhado pela médica geriatra a um
ambulatório de nutrição tendo em mãos os seguintes exames bioquímicos:

Quadro 9 - Resultado de exames bioquímicos


Exame bioquímico Resultado

Hemograma (eritrograma) 4,85 milhões/mm3

Hemácias 39%

0
Hematócrito 13 g/dL

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Hemoglobina 81,2 fl

VCM 27,8 pg

HCM

Albumina 3,8 mg/dL

Pré-albumina 12 mg/dL

PLR 2 mEq/dL

CT 170 mg/dL

HDL-c 42 mg/dL

TG 125 mg/dL

Ferritina 40 ng/dL

Ferro sérico 66 µg/dL

Transferrina 401 mg/dL

Saturação da transferrina 15%

Capacidade total de ligação do ferro 500 mcg/dL

Glicemia de jejum 95 mg/dL

Hb glicada (HbA1c) 7%

Para iniciar a análise, separe os resultados por grupos de comorbidades mais comuns para a faixa etária:

Diabetes

A glicemia está dentro da referência, embora esteja próxima do limite máximo. O valor de hemoglobina
glicada está acima, indicando diagnóstico de diabetes tipo II, lembrando que esse valor emite um panorama
do que ocorreu de 2 a 4 meses antes da coleta. A orientação nesse caso é repetir o exame, visto ter apenas
um resultado que indica o diagnóstico e orientar estratégias nutricionais, além de encaminhar o paciente
para o endocrinologista.
Desnutrição

O resultado para albumina está normal, mas como já observado, a sua meia vida é de 20 dias, por isso,
inespecífica para diagnóstico de desnutrição aguda. A pré-albumina indica desnutrição leve e a PLR indica
desnutrição aguda (PLR). Perceba que se você fosse se pautar apenas pela albumina, não atribuiria

0
desnutrição a esse idoso.

Dislipidemia

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O idoso não apresenta alteração do seu perfil lipídico, todas as frações estão dentro dos valores de
referência.

Anemia

Embora os dados de hemograma não emitem diagnóstico de anemia, é possível verificar que todos os
valores estão próximos do mínimo e o metabolismo de ferro indica uma anemia ferropriva em curso com a
presença de ferro sérico e saturação de transferrina abaixo do esperado, e os valores de transferrina e
capacidade total de ligação do ferro aumentados.

Você pode notar que embora a ferritina esteja próxima do limite mínimo, ela ainda está dentro do
adequado, mas prestes a reduzir para tentar suprir a baixa do ferro sérico. Nesse caso, as estratégias
relacionadas à suplementação de sulfato ferroso e alimentação adequada devem ser traçadas e o paciente
deve ser encaminhado para acompanhamento médico.

Por fim, temos um paciente com suspeita de DMII, com desnutrição de leve à moderada e apresentando
anemia ferropriva, uma situação muito comum entre os idosos, visto a redução do consumo de carnes, na
maioria das vezes, devido à pouca ou nenhuma dentição e a inclusão de mingaus com açúcar e farináceos
em excesso.

Vale ressaltar que a avaliação bioquímica não exclui a avaliação antropométrica do idoso, mas completa e
lhe dá mais subsídios para decidir a estratégia nutricional a ser aplicada. E mais, você nutricionista não pode
diagnosticar doenças, por isso, na suspeita emita um encaminhamento médico.

VÍDEO RESUMO
O vídeo que você vai assistir trará informações das comorbidades que mais afetam os idosos e indicar os
exames que auxiliarão, junto com a antropometria, a identificar possíveis agravos à saúde nutricional na
geriatria. Além de conhecê-los, você, a partir dos valores de referência de cada exame bioquímico, poderá
interpretá-los e traçar condutas nutricionais mais efetivas.

Vamos lá?

 Saiba mais
O Manual de Exames Laboratoriais da Rede SUS de Belo Horizonte traz a partir da página 58
informações importantes sobre diversos exames laboratoriais, para acessar basta clicar no link:
SUS/PBH – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Manual de Exames
Laboratoriais da Rede SUS-BH. Belo Horizonte: SUS/PBH, 2016.

Aula 3

DESNUTRIÇÃO NA GERIATRIA

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A partir dos 40 anos de idade, a perda de massa muscular fica em torno de 8% por década até

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70 anos de idade, aumentando para 15% por década.
27 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

A partir dos 40 anos de idade, a perda de massa muscular fica em torno de 8% por década até 70 anos de
idade, aumentando para 15% por década. Essa perda de massa muscular é conhecida como sarcopenia,
termo utilizado pela primeira vez em 1989 e tem como consequência a perda da força muscular, quedas e
limitações das atividades diárias.

A frequência de sarcopenia em idosos acima de 80 anos pode chegar a 50%, sendo mais frequente em
mulheres.

Considerando que em 2025 o Brasil pode se tornar o 6° país com maior número de idosos, esses dados são
preocupantes, o que faz da nutrição em geriatria uma área de extrema importância.

Diante desse contexto, vamos entender um pouco mais sobre o assunto?

SARCOPENIA E DESNUTRIÇÃO
É comum a degradação e síntese proteica, no entanto com o envelhecimento ocorre uma grande alteração
hormonal, afetando o processo anabólico muscular. A partir dos 30 anos de idade já existe uma dificuldade
de manter um balanço nitrogenado estável, ou seja, sintetizar proteínas à medida que são degradadas.

É sabido que tanto o diâmetro como o número de fibras musculares são reduzidos, especialmente as fibras
de tipo II (contração rápida), isso se deve à perda da sensibilidade das células musculares aos estímulos
anabólicos, podendo ser chamada de resistência anabólica (YANAGA, 2020).

A sarcopenia pode ser classificada em três estágios (SILVA; MAURUCCI; ROEDIGER, 2014):

Pré-sarcopenia: perda de massa muscular sem impacto na força ou função muscular.

Sarcopenia: perda de massa muscular com redução de força ou função muscular.

Sarcopenia severa: perda de massa muscular com redução de força e função muscular.

Para diagnosticar a sarcopenia, deve ser mensurada a força, a quantidade de massa muscular e o
desempenho físico (YANAGA, 2020):
Força – força de preensão (exame realizado a partir de um equipamento chamado dinamômetro).

Quantidade de massa muscular – DEXA (emissão de raio-X de dupla energia), BIA (bioimpedância
elétrica), RM (ressonância magnética) ou TC (tomografia computadorizada).

Desempenho físico – SPPB (Short Physical Performance Battery) consiste em uma bateria de testes –

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teste de equilíbrio, teste de velocidade de marcha e teste de levantar-se e sentar-se; TUGT (time up and
go test) e teste de caminhada de 400 m.

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Figura 1 - Equipamento e procedimento para medir a força de preensão

Fonte: Eichinger et al. (2015, p. 527).

Os processos de envelhecimento, assim como a genética por si, já são suficientes para promover a depleção
de tecido muscular nos idosos, no entanto, muitos idosos não possuem uma nutrição adequada, alguns
estudos apontam que 16,5% dos idosos hospitalizados estão desnutridos ou em risco de desnutrição;
25,5% dos idosos em instituições de longa permanência estão desnutridos e de 1 a 15% dos idosos em
cuidados domiciliares apresentam desnutrição (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012; OLIVEIRA et al.,
2021).

É sabido também que o consumo calórico de muitos idosos não atinge 1.000 Kcal/dia, valor insuficiente para
manter um quadro de boa nutrição. Além disso, outros fatores podem levar a esse quadro, como
medicamentos, depressão, redução do paladar e olfato, falta de dentição, doenças crônicas, disfagia, viver
sozinho, recursos financeiros limitados e dificuldade em preparar os alimentos (MAHAN; ESCOTT-STUMP;
RAYMOND, 2012).

Os sinais clínicos de desnutrição (fraqueza, confusão mental e fadiga) é comum a outras doenças, por isso,
o diagnóstico pode ser negligenciado. Além disso, é um fator de coexistência com a sarcopenia.

A prevenção deve ser pensada desde a juventude, momento em que se deve maximizar a massa muscular,
na idade adulta o propósito deve ser mantê-la e no processo de envelhecimento minimizar a perda. O
exercício físico mais eficaz neste caso é o de força, no entanto, exercícios aeróbicos podem ampliar a área
das fibras musculares e reduzir a perda de massa muscular, mas não contribui para hipertrofia.

Quanto à nutrição, uma dieta equilibrada é o ideal e alguns estudos orientam a suplementação proteica de
0,4g/kg de peso, especialmente de leucina (YANAGA, 2020). A subnutrição é uma das causas de sarcopenia,
por isso, o olhar para a nutrição como um importante instrumento terapêutico é essencial.

Recentes estudos têm apontado que a vitamina D parece ter efeito positivo sobre o sistema
musculoesquelético e deve ser sempre suplementada, especialmente quando se trata de mulheres.
Um ponto importante é que muitos idosos obesos podem ser sarcopênicos, pois a dieta pode ser repleta de
“calorias vazias”, ou seja, ter um teor nutricional muito aquém das necessidades, inclusive utiliza-se o termo
obesidade sarcopênica.

EXAMES BIOQUÍMICOS E DESNUTRIÇÃO

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Rastrear a desnutrição em idosos é essencial para uma boa conduta nutricional, dessa forma, alguns

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exames bioquímicos podem auxiliar nesse processo. A desnutrição é o resultado de um aporte nutricional
inadequado no que se refere à energia, micronutrientes e proteína, por isso, avaliar as proteínas corporais é
o objetivo.

A integridade visceral fica comprometida quando a oferta de nutrientes é escassa, e o fígado é o órgão que
mais fica “abalado”, por isso, é indicado quantificar as proteínas que são sintetizadas pelo fígado:

Albumina.

Transferrina.

Pré-albumina.

Proteína ligadora de retinol.

Albumina

É a proteína mais abundante no plasma e sua síntese depende do fígado. É o exame mais utilizado por ser
de baixo custo, no entanto, sua meia vida é de cerca de 20 dias, isso significa dizer que, quando seus níveis
estão diminuídos, a desnutrição já se instalou há alguns dias, ou seja, não é possível diagnosticar a
desnutrição aguda. Outro fator a ser considerado é que outras doenças podem impactar na síntese de
albumina, como doenças hepáticas, inflamação, infecção, síndrome nefrótica, entre outras.

Para que um idosos seja considerado bem nutrido, os níveis de albumina devem ser maiores de 3,5 mg/dL,
caso haja um quadro de desnutrição, ela pode ser considerada leve, moderada ou grave.

Quadro 1 - Interpretação dos níveis de albumina

Nível de desnutrição Concentração de albumina (mg/dL)

Leve 3 a 3,5

Moderada 2,4 a 2,9

Grave 2,4 a 2,9

Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012, p. 101).

Transferrina
Sua síntese também é hepática, é responsável pelo transporte de ferro e sua meia vida é de 8 dias, sendo
mais sensível às alterações da ingestão alimentar, no entanto, seus níveis podem ser alterados por outros
fatores, como carência de ferro, anemias, doenças renais, insuficiência cardíaca etc., o que pode levar ao
erro diagnóstico, logo, não é indicado ser a única fração para avaliar desnutrição.

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Quadro 2 - Interpretação da concentração de transferrina

s e õ ç at o n a r e V
Nível de desnutrição Concentração de transferrina (mg/%)

Leve 150 a 200

Moderada 100 a 150

Grave <100

Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012, p. 101).

Pré-albumina

Também sintetizada pelo tecido hepático, possui meia vida de 2 a 3 dias, sendo de resposta aguda em caso
de desnutrição, mas tem um custo muito elevado, por isso, não é tão utilizada na prática clínica. Assim como
a albumina e transferrina, pode estar relacionada a outras situações que influenciarão o diagnóstico. É
considerado normal o resultado que apresentar de 15,1 a 42 mg/dL.

Quadro 3 - Interpretação da concentração de pré-albumina

Nível de desnutrição Concentração de pré-albumina (mgdL)

Leve 10 a 15

Moderada 5 a 9,9

Grave <5

Fonte: Calixto-Lima e Reis (2012, p. 102).

Proteína ligadora de retinol (PLR)

É uma proteína responsável pelo transporte de vitamina A na forma de retinol, uma das mais sensíveis para
identificação da desnutrição proteico-calórica, pois sua meia vida é de apenas 10 a 12 horas. O resultado
também pode ser influenciado por outras patologias, como deficiência de vitamina A e de zinco.

O valor de referência para a proteína ligadora de retirnol está entre 3 e 5 mEq/dL, isso indica que valores
menores associados aos sinais clínicos indica desnutrição.

É sempre importante associar os resultados obtidos com os exames bioquímicos, os sinais clínicos e as
queixas dos pacientes, como sensação de fraqueza, dificuldade de cicatrização, redução da capacidade de
coagulação, perda de peso e diminuição da função intestinal. Outro fator importante é utilizar mais de um
exame bioquímico para acompanhamento e diagnóstico de desnutrição.

APLICANDO OS CONCEITOS
Depois de entender o que é sarcopenia e como rastrear a desnutrição por exames bioquímicos, o que você

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acha de colocar em prática os conhecimentos?

s e õ ç at o n a r e V
Suponha que um idoso de 80 anos apresente alguns sinais clínicos como cansaço, fraqueza e perda de peso.
Esse idoso foi atendido por uma estagiária na clínica de nutrição de uma faculdade e depois de realizar a
anamnese com o auxílio da filha e fazer a antropometria, acredita que esse idoso esteja desnutrido. Para
averiguar melhor e com o auxílio da nutricionista supervisora, solicitou os seguintes exames:

Albumina.

Transferrina.

Pré-albumina.

Proteína ligadora de retinol.

Na semana seguinte, o paciente retornou com o resultado dos exames:

Quadro 4 - Resultados dos exames - idoso

Exame bioquímico Resultado Referência

Albumina 4,1 mg/dL Normal >3,5 mg/dL

Leve 3 a 3,5 mg/dL

Moderada 2,4 a 2,9 mg/dL

Grave <2,4 mg/dL

Transferrina 155 mg/% Leve 150 a 200 mg/%

Moderada 100 a 150 mg/%

Grave <100 mg/%

Pré-albumina 11,2 mg/dL Normal 15,1 a 42 mg/dL

Leve 10 a 15 mg/dL

Moderada 5 a 9,9 mg/dL

Grave <5 mg/dL

Proteína ligadora de retinol 2,2 mEq/dL 3 a 5 mEq/dL


Com base nos resultados, a estagiária analisou que sua hipótese estava correta, mas você pode estar se
perguntando: O paciente está com albumina, transferrina, pré-albumina dentro da normalidade, apenas a
proteína ligadora de retinol está baixa, por que devo considerar esse idoso desnutrido?

A resposta é simples, como visto, a albumina tem uma meia vida de 20 dias, ou seja, ela não é capaz de

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sinalizar desnutrição aguda. A transferrina tem uma meia vida de 8 dias, no entanto, para o diagnóstico de
desnutrição aguda a proteína ligadora de retinol é a mais indicada, tendo uma meia vida de horas, apenas

s e õ ç at o n a r e V
10 a 12h, por isso, PLR abaixo da normalidade é um indicativo de desnutrição, mas esse resultado deve estar
associado à antropometria e às queixas do paciente, conforme citado anteriormente.

As queixas do paciente (fraqueza, cansaço, perda de peso) corroboram para o resultado apresentado. Pode
acontecer de as queixas serem mais tardias, visto a desnutrição estar em fase inicial, por isso, toda atenção
e escuta é essencial.

Vamos analisar outra situação?

Uma idosa foi atendida por uma nutricionista em um ambulatório, ela foi indicada por uma amiga quando
reclamou de uma fraqueza extrema nas pernas e muito cansaço. Ao atendê-la, a nutricionista realizou a
avaliação antropométrica e anamenese e solicitou alguns exames bioquímicos, dentre eles: albumina,
transferrina, pré-albumina e proteína ligadora de retinol. No retorno trouxe seus exames:

Quadro 5 - Resultado dos exames - idosa

Exame bioquímico Resultado Referência

Albumina 2,5 mg/dL Normal >3,5 mg/dL

Leve 3 a 3,5 mg/dL

Moderada 2,4 a 2,9 mg/dL

Grave <2,4 mg/dL

Transferrina 99 mg/% Leve 150 a 200 mg/%

Moderada 100 a 150 mg/%

Grave <100 mg/%

Pré-albumina 3,2 mg/dL Normal 15,1 a 42 mg/dL

Leve 10 a 15 mg/dL

Moderada 5 a 9,9 mg/dL

Grave <5 mg/dL

Proteína ligadora de retinol 1,3 mEq/dL 3 a 5 mEq/dL


Ao ver os exames, a nutricionista constatou uma desnutrição grave, visto que todas as proteínas estavam
abaixo da normalidade, inclusive a albumina, uma das últimas proteínas a serem influenciadas, visto sua
meia vida ser longa, já estava indicando desnutrição moderada. A pré-albumina já indicava desnutrição
grave e a proteína ligadora de retinol estava muito abaixo do esperado, essas últimas por terem sua meia
vida bastante curta, deixou ainda mais clara a situação.

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A chance dessa paciente apresentar sarcopenia era grande, por isso, a nutricionista a encaminhou para um

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geriatra, para que a avaliação para o diagnóstico de sarcopenia fosse realizado, afinal, uma de suas queixas
era de uma fraqueza extrema nas pernas.

VÍDEO RESUMO
O vídeo que você assistirá trará informações sobre sarcopenia e desnutrição. Você conhecerá as formas de
classificação da sarcopenia e como pode ser realizado o diagnóstico. Conhecerá os exames bioquímicos
indicados para a avaliação da desnutrição e como interpretá-los quando estiver atuando e entenderá que a
desnutrição e a sarcopenia são doenças coexistentes, como indicam muitos estudos.

 Saiba mais
Alguns testes são utilizados para avaliação do grau de sarcopenia em idosos, dentre eles o SPPB e o
TUGT, para acessá-los e conhecê-los melhor, veja-s a seguir:

• SPPB

• TUGT

Aula 4

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS EM SITUAÇÕES


COMUNS NA GERIATRIA
As doenças que estão entre as dez que mais matam no Brasil são a doença isquêmica do
coração, doenças cerebrovasculares, diabetes e hipertensão.
23 minutos

INTRODUÇÃO
Olá, estudante!

As doenças que estão entre as dez que mais matam no Brasil são a doença isquêmica do coração, doenças
cerebrovasculares, diabetes e hipertensão. De todas as mortes por essas causas, cerca de 78% ocorreram
em idosos a partir de 60 anos (BRASIL, 2021b).
Sabe-se que a alimentação tem um papel fundamental no tratamento e na prevenção das doenças
hipertensivas, diabetes e das doenças cardiovasculares, por isso, esse tema tem profunda importância,
afinal, o Brasil está envelhecendo e até 2050 teremos 30% da população classificada como idosa, um público
numeroso e que precisará de educação nutricional. (POPULATIONPYRAMID, 2023).

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Que tal aprender mais sobre o assunto?

Vamos lá?

s e õ ç at o n a r e V
DOENÇAS COMUNS NA GERIATRIA
Diabetes Mellitus (DM)

Caracterizada por hiperglicemia proveniente do defeito de secreção de insulina, ação da insulina ou as duas
condições juntas. A insulina é um hormônio produzido pelas células β do pâncreas e favorece o processo
anabólico, consistindo na síntese e no armazenamento do glicogênio, triglicérides e colesterol no fígado,
além de inibir a glicogenólise, a gliconeogênese e a cetogênese.

A morte de idosos por diabetes chega a 82% considerando o total de mortes por essa doença em todas as
faixas etárias e corresponde a 5% das mortes em idosos, em relação à soma de todas as causas de morte
nessa faixa etária (BRASIL, 2021b).

O diabetes pode ser dividido em diabetes gestacional, diabetes mellitus tipo 1 (DM1) e diabetes mellitus tipo
2 (DM2). A primeira (DM1) ocorre devido à destruição das células β e, consequentemente, deficiência
completa de insulina, mais comum em crianças e jovens. A segunda (DM2) ocorre devido a um defeito
progressivo de ação da insulina, sendo comum em pessoas a partir de 30 anos de idade, ou seja, é o tipo
mais comum em idosos. Cerca de mais de 28% dos idosos brasileiros têm diagnóstico de diabetes (BRASIL,
2021a).

Os fatores que predispõem os idosos aos diabetes são:

Redução da produção de insulina relacionada à idade.

Aumento da resistência à insulina.

Adiposidade.

Reduzida prática de atividade física.

Uso de medicamentos.

Genética.

Comorbidades.

A hiperglicemia pode ter relação com baixa imunidade, acidentes cerebrovasculares, sarcopenia e alterações
de mobilidade no idoso (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012; MOURA et al., 2023).

Hipertensão Arterial (HAS)


A pressão arterial é a força exercida por unidade de área nas paredes das artérias, chamamos de
hipertensão arterial a elevação dessa pressão (Figura 1). A HAS faz parte do grupo das doenças
cardiovasculares (DCV). O processo de envelhecimento por si já provoca o enrijecimento arterial, outra causa
pode ser a obstrução arterial pela formação de placa de ateroma, além dos fatores relacionados à genética,
obesidade, estresse e estilo de vida (tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada) (MAHAN; ESCOTT-

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STUMP; RAYMOND, 2012; SBC, 2019).

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Figura 1 - Semáforo da pressão arterial

Fonte: Brasil ([s. d.]).

As DCV são um conjunto de doenças:

Doença arterial coronariana (estreitamento dos pequenos vasos que oxigenam o músculo cardíaco).

Aterosclerose (estreitamento e a perda de elasticidade da parede dos vasos sanguíneos, causados pelo
acúmulo de placas).

Hipertensão arterial (elevação da pressão arterial).

Doença cardíaca isquêmica (fluxo sanguíneo reduzido de uma ou mais artérias).

Doença vascular periférica (isquemia de membros inferiores devido à aterosclerose).

Insuficiência cardíaca (déficit de contração e/ou relaxamento do coração).

Essas doenças matam mais de 350 mil idosos por ano no Brasil, destas as mais recorrentes são doença
cardíaca isquêmica e infarto agudo do miocárdio (BRASIL, 2021b). Assim como na hipertensão, a melhora do
estilo de vida contribui positivamente no tratamento e na prevenção dessas doenças.

Outro fator importante é que idosos frágeis (declínio do sistema fisiológico, vulnerabilidade, sarcopenia)
acometidos por DCV têm duas vezes mais risco de morrer.

NUTRIÇÃO E PATOLOGIAS COMUNS NA GERIATRIA


Recomendações nutricionais no Diabetes Mellitus (DM)

Caso o idoso não apresente fragilidades e tenha uma saúde estável, o tratamento a ele direcionado deve ser
similar ao tratamento direcionado a pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 (DM2) não idoso, isso
compreende trabalhar com foco em menores metas glicêmicas (HbAc1: <7 a 7,5%). Já idosos fragilizados e
com outras doenças coexistentes, a meta deve ser menos rigorosa (HbAc1: <8%). Quanto ao estilo de vida,
atividade física de força e aeróbica deve ser indicada e, no caso de sobrepeso e obesidade, deve ser
estimulada uma perda de 5 a 7% do peso (ADA, 2023).
Quanto à alimentação, busca-se apoiar os hábitos alimentares saudáveis, manter o prazer em comer e
limitar as escolhas alimentares quando indicado por evidências científicas. A quantidade de carboidratos,
proteínas e gorduras deve ser calculada de modo individualizado, pois inúmeros estudos tentaram chegar a
recomendações ideais e falharam nesse aspecto. A ingestão de fibras deve, no mínimo, atingir a
recomendação normal da população em geral (25 a 30 g/dia ou 14 g/1.000 kcal), a partir da alimentação –

0
frutas, hortaliças e leguminosas, ou através de suplementos (ADA, 2023; GRAY; THRELKELD, 2019). O Quadro
1 mostra o resultado de alguns tipos de dieta no tratamento do diabetes:

s e õ ç at o n a r e V
Quadro 1 - Dietas estudadas no tratamento do diabetes

Dieta Características Resultados

Mediterrânea Baseada em vegetais e castanhas, azeite de Redução da HbA1c, redução de


oliva, frutas e grãos. Moderada em laticínios, triglicérides e eventos
carnes vermelhas, vinho e açúcar. cardiovasculares.

Vegetariana ou Ovolactovegetariana ou vegetariana restrita. Redução da HbA1c, perda de peso e


vegana frações de colesterol reduzidos (LDL-
c e HDL-c).

Baixa em ≤30% do VET de gorduras. Perda de peso.


gordura
≤10% gorduras saturadas.

Muito baixa em 70 a 77% de carboidratos (30 a 60g de fibras). Perda de peso e redução da pressão
gordura arterial.
10% de gordura.

13 a 20% de proteínas.

Baixa em 26 a 45% de carboidratos. Redução de HbA1c, perda de peso,


carboidrato redução da pressão arterial e
triglicérides e aumento de HDL-c.

Muito baixa em 26% de carboidratos. Redução de HbA1c, perda de peso,


carboidrato redução da pressão arterial e
triglicérides e aumento de HDL-c.

Fonte: Evert et al. (2019, p. 735).

Como já mencionado, não existe um consenso sobre a melhor dieta, no entanto, evitar bebidas açucaradas,
carboidratos refinados e dar preferências aos alimentos integrais aos processados e ultraprocessados é a
melhor indicação (ERVERT et al, 2019).

A Sociedade Brasileira de Diabetes apresenta em sua diretriz que corrobora com o que foi citado
anteriormente e recomenda o que consta no Quadro 2.
Quadro 2 - Recomendações nutricionais e evidências

Recomendações x evidências

Estratégia nutricional Considerar a qualidade das fontes alimentares.

0
Não indicar dietas que podem levar à cetose (dietas muito pobres em
carboidratos).

s e õ ç at o n a r e V
Carboidratos O uso é controverso, o ideal é orientar a redução da ingestão de
carboidratos refinados e açúcares adicionados.

Índice glicêmico e carga 1 a 1,5 g/kg peso/dia – prevenção da sarcopenia e preservação da massa
glicêmica muscular.

Proteínas 20 a 30% - semelhante à população em geral.

<10% gordura saturada.

Gordura 20 a 30% - semelhante à população em geral.

<10% gordura saturada.

Fibras 25 a 35 g/dia – com atenção para evitar desconfortos gastrointestinais.

Fonte: Ramos et al. (2022, p. 1-34).

Recomendações nutricionais na Hipertensão Arterial (HAS)

Uma das principais orientações ao idoso está relacionada à redução do sal, no entanto, uma redução
drástica pode levar à desnutrição, pois o idoso, tendo a sua sensibilidade gustativa diminuída pode não
sentir o sabor e deixar de comer. O ideal é considerar as comorbidades e particularidades de cada idoso.
Uma saída para a redução do sal é a utilização do chamado “sal de ervas”, que é uma mistura de 4 partes
iguais de alecrim, manjericão, orégano e sal.

O Ministério da Saúde, por meio do Caderno de Atenção Básica, faz as seguintes orientações (BRASIL, 2013):

Quadro 3 - Orientação nutricional ao paciente hipertenso

Orientações para o paciente hipertenso

Consumo energético Deve ser individualizado, sempre buscando um peso saudável, cada quilograma
perdido promove redução de 1 mmHg na pressão sistólica.

Sal e sódio A redução de sal deve ser orientada para condimentos à base de sal, sal de
cozinha e alimentos processados e ultraprocessados, além disso, desestimular
o uso do saleiro à mesa.

Fibras Mínimo de 25 g/dia, especialmente por meio da alimentação.


Orientações para o paciente hipertenso

Potássio, cálcio e A dieta rica em potássio é indicada, visto o efeito diurético da medicação e por
magnésio ter efeito hipotensor e protetor contra doenças cardiovasculares. Cálcio e
magnésio também apresentam efeito hipotensor, por isso, seguindo a indicação

0
de consumo de três porções de frutas, três de vegetais e três de lácteos já é o
suficiente.

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Dieta DASH (Dietary A dieta DASH enfatiza o consumo de frutas, verduras, cereais integrais, leites
Approaches to Stop desnatados e derivados com menor teor de gordura, redução da quantidade de
Hypertension) gorduras saturadas e colesterol, maior quantidade de fibras, potássio, cálcio e
magnésio associada à redução de sódio, com perfil de micro e macronutrientes
favorável.

Fonte: Brasil (2013, p. 88-93).

Além disso, o Ministério da Saúde orienta os Dez Passos para uma Alimentação Saudável para pessoas com
HAS (Figura 2), baseado nos dez passos para uma alimentação saudável (MARTINS; FÉ, 2020).

Figura 1 - Dez passos para uma alimentação saudável para pessoas com HAS

Fonte: Universidade Federal de Minas Gerais (2012 apud BRASIL, 2013, p. 84).

Recomendações nutricionais nas Doenças Cardiovasculares (DCV)

Não existe uma única diretriz que abordem a alimentação nas doenças cardiovasculares, diante disso, o
Ministério da Saúde lançou o Manual de Alimentação Cardioprotetora, direcionado aos profissionais da
saúde, conhecido como DICA Br (Dieta Cardioprotetora Brasileira), os grupos de alimentos foram divididos
pelas cores da bandeira brasileira e conta ainda com o grupo vermelho (BRASIL, 2018).

Quadro 1 - Grupos alimentares da DICA Br

Grupo Verde Composto de verduras, frutas, legumes, leguminosas, leite desnatado e iogurte

0
(Figura 3) natural desnatado.

s e õ ç at o n a r e V
Grupo Amarelo Pães, cereais, macarrão, tubérculos e farinhas.
(Figura 4)

Grupo Azul Carnes, queijos (leite, sal e microrganismos para fermentação), creme de leite, leite
(Figura 5) condensado, ovos, manteiga e doces caseiros.

Grupo Vermelho Composto pelos alimentos ultraprocessados, de baixa qualidade nutricional e alta
densidade energética, formulações industriais ricas de aditivos químicos.

Fonte: Brasil (2018, p. 27, 33 e 39).

Figura 3 - Alimentos e preparações regionais do grupo verde

Fonte: Brasil (2018, p. 31).

Figura 4 - Alimentos e preparações regionais do grupo amarelo


0
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Fonte: Brasil (2018, p. 37).

Figura 5 - Alimentos e preparações regionais do grupo azul

Fonte: Brasil (2018, p. 40).

Diante disso, as orientações aos pacientes com doenças cardiovasculares devem seguir conforme a Figura 6.

Figura 6 - Orientações para seguimento da DICA Br


0
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Fonte: Brasil (2018, p. 53).

Todas as orientações da DICA Br foram baseadas no Guia Alimentar para a população brasileira e seguindo
as diretrizes para dislipidemias, diabetes, hipertensão e obesidade.

ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA PRÁTICA


Agora que você já conhece todas as recomendações para diabetes mellitus, hipertensão e doenças
cardiovasculares, é hora de colocar em prática esses conhecimentos. Vamos lá?

É comum que os idosos tenham mais de uma doença conjuntamente e, muitas vezes, uma leva à outra,
dentro desse contexto é importante saber que, na maioria das vezes, você deverá elaborar recomendações
de forma ampla e não isoladamente.

Suponha que um idoso de 82 anos foi encaminhado a um consultório de nutrição por um médico geriatra,
esse idoso apresenta diabetes do tipo 2, hipertensão arterial e aterosclerose (doença cardiovascular
causada pela formação de placas de ateroma nas artérias), é um paciente obeso sarcopênico. Caso você
fosse o nutricionista, como faria as recomendações nutricionais?

O guia alimentar para a população brasileira é a base de trabalho para qualquer nutricionista e é dele que
advém a maioria das orientações, uma das primeiras coisas a fazer é conhecer a cultura alimentar desse
paciente e corrigi-las sem infringi-las.

Conforme mencionado, o paciente encontra-se obeso e sabe-se que uma pequena redução de peso em
cerca de 5% já é capaz de ter efeitos benéficos no que diz respeito à HAS e à resistência à ação da insulina.

A orientação constante na DICA Br não diz respeito apenas às doenças cardiovasculares, mas às doenças
crônicas de forma geral, diante disso, o ideal é:

1. Proceder a avaliação física do idoso.

2. Fazer uma avaliação da alimentação via inquérito alimentar.

3. Conhecer hábito e cultura alimentar.

4. Calcular as necessidades energéticas.

5. Estabelecer um plano alimentar que englobe:


O prazer em comer.

A redução de sódio gradativa até no máximo 4 g ao dia (1 colher de chá), talvez essa meta já seja
alcançada ao orientar a substituição dos alimentos ultraprocessados que são ricos em sódio.

O aumento do consumo proteico para preservar tecido muscular e melhorar a sarcopenia (1,5

0
g/kg/dia) – fique atento ao funcionamento do rim.

s e õ ç at o n a r e V
A redução de bebida alcoólica até que ela não faça parte da rotina.

A redução de carboidratos refinados, dando prioridade aos integrais e aos provenientes dos
alimentos in natura ou minimamente processados.

6. Orientar com base na DICA Br a substituição dos alimentos de forma adequada, para que o idoso ou
o seu cuidador possa variar o máximo possível e manter a cultura alimentar a partir dos alimentos de
sua região.

Lembre-se que não existe uma dieta específica para esta ou aquela doença, por isso, a individualização é o
caminho. Para acompanhar a afetividade das alterações alimentares, monitore seu paciente a partir dos
exames bioquímicos e da avaliação física periódica. Tenha empatia, afinal, são anos de alimentação
inadequada e não será a radicalização que irá melhorar tudo de forma rápida. Cada meta alcançada deve
ser motivo de comemoração.

VÍDEO RESUMO
Olá, estudante!

O vídeo que você assistirá trará informações sobre as recomendações nutricionais com foco em diabetes,
hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Você conhecerá as diretrizes da sociedade brasileira de
diabetes e as orientações do Ministério da Saúde para o atendimento ao paciente idoso enfermo e verá que
é comum um paciente ser acometido por todas essas patologias ao mesmo tempo, tendo o nutricionista um
papel fundamental na qualidade de vida desse idoso.

 Saiba mais
Para que você possa atuar de maneira eficiente e eficaz, acesse os materiais a seguir que trazem
preciosas orientações de como proceder orientações nutricionais.

- Alimentação Cardioprotetora: manual de orientações para os profissionais de saúde da Atenção


Básica.

- Guia Alimentar para a População Brasileira.

Aula 5

DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E ANTROPOMETRIA


36 minutos
DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL E ANTROPOMETRIA
Olá, estudante!

Chegou o momento de relembrar todos os conceitos e práticas aprendidas. Nesta unidade, você soube que
o envelhecimento por si traz mudanças fisiológicas que impactam na saúde, como redução de tecido

0
muscular, enrijecimento das artérias e menor sensibilidade à ação da insulina. Essas alterações são capazes,
se somadas aos fatores ambientais, como uma alimentação inadequada, o sedentarismo, o tabagismo, de

s e õ ç at o n a r e V
levar ao desenvolvimento de desnutrição, sarcopenia, diabetes mellitus, hipertensão arterial e doenças
cardiovasculares.

A nutrição tem um papel fundamental na prevenção e no tratamento das referidas doenças, no entanto,
para uma orientação adequada, a antropometria é a base. Peso e altura, circunferência de braço,
panturrilha, cintura e quadril e dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSE) são as aferições mais
indicadas e é importante levar em consideração situações de amputação de membros e a dificuldade em
deambular, que podem ser apresentadas pelos idosos, sendo necessário adequar a forma de mensuração
das medidas.

Para apoiar o diagnóstico nutricional a partir da antropometria, você poderá solicitar exames bioquímicos
que direcionarão a sua conduta. No diabetes, a dosagem da hemoglobina glicada lhe dará subsídios para
acompanhar a glicemia média dos meses anteriores, o perfil lipídico será capaz de informar o risco
cardiovascular e, consequentemente, antecipar condutas nutricionais de prevenção, a dosagem de proteína
ligadora de retinol apontará para desnutrição inicial e o metabolismo do ferro, assim como, o hemograma
completo para possível anemia.

Somado à antropometria e aos resultados dos exames bioquímicos, o exame físico denuncia a perda de
tecido muscular e edema, que são sinais de desnutrição. Como a sarcopenia coexiste com a desnutrição,
você deverá encaminhar o idoso para um profissional especializado para realizar os testes diagnóstico de
sarcopenia: força, quantidade de tecido muscular e função muscular.

Você acabou de relembrar todas as possíveis e mais comuns situações que um idoso pode passar, no
entanto, o diabetes, a hipertensão e as doenças cardiovasculares matam uma alta taxa de idosos todos os
anos no Brasil, daí a necessidade de recomendações que sejam factíveis e duradouras.

Para isso, o respeito ao hábito e à cultura alimentar é de suma importância e é uma recomendação valiosa
do Guia Alimentar para a População Brasileira, foi daí que surgiu a chamada DICA Br – Dieta Cardioprotetora
Brasileira, uma dieta focada no tratamento de doenças crônicas e que divide os alimentos nas cores da
bandeira, o verde é o grupo dos alimentos in natura ou minimamente processados, leite e iogurte
desnatados; o amarelo é o gruo dos cereais e deve ser consumido moderadamente, dando preferência aos
integrais; o azul é o grupo das carnes, queijos, ovos, creme de leite, devendo ser consumidos em menor
quantidade; e , por fim, um grupo vermelho, relacionado aos alimentos que devem ser evitados, como os
processados e ultraprocessados.

Vale ressaltar que a densidade energética da dieta deve ser individualizada, o consumo de fibras deve ser de
no mínimo 25 g/dia e que frutas, verduras e lácteos serão o aporte para cálcio, potássio e magnésio,
importantes pelo seu efeito hipotensor.
REVISÃO DA UNIDADE
Olá, estudante!

Este vídeo fará você recordar como o processo de envelhecimento pode facilitar o desenvolvimento de
doenças e causar a fragilidade do idoso, no entanto, a partir de uma nutrição equilibrada, planejada com

0
base em dados antropométricos, exames bioquímicos e exame físico, você poderá mudar o curso.
Considerando o envelhecimento populacional, conhecer sobre o tema o tornará preparado para o mercado.

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ESTUDO DE CASO
Olá, estudante!

Para tornar a sua aprendizagem ativa suponha que você atue no programa saúde da família de sua cidade e
faz visitas periódicas aos pacientes cadastrados, normalmente são idosos. A equipe que você atua é
composta por um médico geriatra, um fisioterapeuta, uma psicóloga, um educador físico, uma enfermeira,
um técnico em enfermagem e um agente comunitário de saúde. O coordenador da equipe elabora uma
escala de visitas e, por dia, você visita cerca de 5 pacientes.

Na rotina de visita você faz a antropometria, avalia possíveis exames bioquímicos, previamente solicitados
pelo geriatra, faz o exame físico, elabora o diagnóstico nutricional e prescreve as orientações nutricionais,
quando é uma primeira visita, você conversa com o paciente para inteirar-se de seus hábitos alimentares.

Ao observar a sua escala, percebeu que seu primeiro paciente é um idoso acamado de 73 anos, que você já
está acostumada a visitá-lo. Ele vive com a esposa de 70 anos e é ela que cuida do “veio” como ela mesma
diz com todo carinho.

Seu paciente tem diabetes mellitus e teve a perna (do joelho para baixo) amputada devido a complicações
do DM. Chegando ao local, você conversou um pouco com ele e a esposa, que informou que seu marido
estava muito fraco e nem queria mais sair da cama para caminhar usando o andador, dizia que se cansava
muito e chegava a ficar ofegante e, por isso, há duas semanas queria somente ficar deitado. Você anotou
todas as queixas, pois sabe que a escuta traz excelentes informações para fechar o diagnóstico do paciente.

Enquanto aplicava a antropometria, pediu à esposa que apresentasse os resultados dos exames
bioquímicos.

Os dados obtidos com a antropometria foram os seguintes:

Idoso, 73 anos, negro

Altura de joelho: 54 cm

Circunferência de braço: 35 cm

Circunferência de panturrilha: 31 cm

Circunferência de cintura: 115 cm

Circunferência de quadril: 90 cm
DCT: 18 mm

DCSE: 26 mm

Terminada a antropometria, você olhou os exames bioquímicos:

0
Quadro 1 - Exames bioquímicos

s e õ ç at o n a r e V
Exame bioquímico Resultado Valores de referência

Hemograma (eritrograma) 3,85 milhões/mm3 4,32 - 5,67 milhões/mm3

Hemácias 28% 39,2 - 49,0%

Hematócrito 9 g/dL 13,3 - 16,5 g/dL

Hemoglobina 78 fl 81,7 - 95,3 fL

VCM 25,8 pg 27,7 - 32,7 pg

HCM

Albumina 4,1 mg/dL Nutrido >3,5

Leve 3 a 3,5

Moderada 2,4 a 2,9

Grave <2,4

Pré-albumina 16 mg/dL Normal 15,1 a 42

Leve 10 a 15

Moderada 5 a 9,9

Grave <5

PLR 2,8 mEq/dL 3 a 5 mEq/dL

CT 215 mg/dL Com jejum (mg/dL)

HDL-c 36 mg/dL CT <190

TG 200 mg/dL HDL-c >40

TG <150

Sem jejum (mg/dL)

CT <190

HDL-c >40

TG <175
Exame bioquímico Resultado Valores de referência

Ferritina 30 ng/dL Homens: 30 a 300 ng/mL

Mulheres: 10 a 200 ng/mL

0
Ferro sérico 56 µg/dL Homens: 65 a 175 µg/dL

s e õ ç at o n a r e V
Mulheres: 50 a 170 µg/dL

Transferrina 300 mg/dL Leve 150 a 200

Moderada 100 a 150

Grave <100

Saturação da transferrina 15% Homens: 20 a 50%

Mulheres: 15 a 50%

Capacidade total de ligação do ferro 550 mcg/dL 250 a 425 mcg/dL

Glicemia de jejum 145 mg/dL Normal <100 mg/dL

Pré-DM 100 a <126 mg/dL

DM2 ≥126 mg/dL

Hb glicada (HbA1c) 11% Normal <5,7%

Pré-DM 5,7 a <6,5%

DM2 ≥6,5%

De posse dos dados antropométricos, dos exames bioquímicos e das anotações feitas a partir da escuta,
como você analisaria a situação para elaborar o diagnóstico nutricional? E quais recomendações nutricionais
faria ao paciente?

 Reflita
Para resolver este caso, lembre-se de atentar-se às informações, separe seu material e sua calculadora.
Faça uma revisão dos conceitos e cálculos e proceda a análise dos dados obtidos na antropometria.

Quanto aos exames bioquímicos, compare cada resultado com os valores de referências e analise o
que eles indicam e se é possível fazer alguma associação com as queixas emitidas pela esposa e com o
observado na antropometria.

Estabeleça o diagnóstico nutricional com base nos conhecimentos adquiridos e, por fim, emita as suas
recomendações nutricionais.
Mãos à obra!

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

0
Olá, estudante!

Para analisar o caso você deverá aplicar as equações matemáticas, como seguem:

s e õ ç at o n a r e V
1. Estimar a altura considerando ser um idoso negro:

Estimativa de altura = [1,37 x 54] + 95,79

Estimativa de altura = 73,98 + 95,79 = 169,77 ⋍ 1, 70m

2. Estimar o peso:

Estimativa de peso = (0, 98 x 31) + (1, 16 x 54) + (1, 73 x 31) + (0, 37 x 26) − 81, 69

Estimativa de peso = 30,38 + 62,64 + 53,63 + 9,62 − 81,69 = 74, 58 Kg

3. Descontar a amputação:

74,58 − 6% = 70, 1 Kg

4. Calcular e classificar o IMC:


70,1 70,1 Kg
IMC = 2
= = 24, 25 2
1,70 2,89 m

5. Calcular e classificar a CMB:


18
CM B = 35 − (3, 14 x ) = 35 − 5, 65 = 29, 35 cm
10

29,35
Adequa ção da CM B =
26,8
x 100 = 109%

Classificação: Eutrofia

6. Calcular a AMB e classificar:


2
29,35 2
AM B = − 10 = 68, 558 − 10 = 58, 55 cm
4 x 3,14

58,55
Adequa ção da AM B =
47
x 100 = 124%

Classificação: Eutrofia

7. Avaliar a CC:

CC = 115 cm

Classificação: Risco muito elevado para doenças cardiovasculares.

8. Calcular a RCQ e classificar:


115
RCQ = = 1, 28
90

Classificação: Risco para doenças cardiovasculares.

9. Avaliar a CP:

CP = 31

Classificação: Adequado
10. Avaliar a DCT:

DCT = 18 mm

Adequação da DCT= 188x100=225%


Depois de aplicar os cálculos, analise os exames bioquímicos para que possa emitir um parecer geral.

0
O eritrograma do paciente apresenta quantidades diminuídas de todas as frações, logo nos informa anemia

s e õ ç at o n a r e V
e, nesse caso, por deficiência de ferro, além disso, ao analisar o metabolismo de ferro, esse dado se
confirma, pois temos valores de ferro sérico, saturação de transferrina e ferritina abaixo da referência e os
valores de capacidade total de ligação do ferro e transferrina elevados. As queixas de cansaço e fraqueza
podem estar relacionadas a esse quadro.

Quanto à avaliação da desnutrição, o paciente apresenta uma leve queda da proteína ligadora de retinol,
indicando desnutrição aguda, visto que as frações de albumina e pré-albumina ainda não estão
comprometidas, pois apresentam uma meia vida maior.

O perfil lipídico aponta para dislipidemia (hiperlipidemia mista), que ao correlacionar com a avaliação da CC
e RCQ e considerando ser uma paciente diabética, será necessário encaminhamento ao cardiologista e
recomendação nutricional cardioprotetora.

Conforme mencionado, o paciente já tem o diagnóstico de diabetes, no entanto, seus exames demonstram
que o idoso não está apresentando uma HbAc1 (hemoglobina glicada) controlada, além do mais, devido às
complicações do DM esse paciente já precisou passar por amputação. Você tem conhecimento que,
considerando o perfil lipídico alterado e a anemia constatada, ou seja, outras situações associadas ao DM, a
meta para hemoglobina glicada desse idoso deve ser em torno de 8% e está em 11%.

Diagnóstico nutricional: diabético descompensado, com perfil lipídico alterado e acúmulo de gordura
abdominal com alto risco para doenças cardiovasculares e desnutrição em curso inicial.

Recomendações nutricionais

Objetivos:

Normalizar o metabolismo do ferro.

Reduzir a glicemia e o seu controle.

Reduzir as taxas de CT e TG.

Prevenir o desfecho cardiovascular.

Tratar a desnutrição inicial fazendo a manutenção de tecido muscular.

Alimentação

Baseada na dieta cardioprotetora, sendo rica em frutas, verdura e legumes.

Moderar o consumo em excesso de cereais e preferir os ricos em fibras, reduzir o consumo de


alimentos ricos em gordura saturada.

Evitar doces e açúcares refinados e incluir alimentos fonte de ferro, sempre acompanhados de vitamina
C para promover melhor absorção.
Consumir de 1 a 1,5 g de proteínas ao dia.

Todo planejamento alimentar deve estar baseado no Guia Alimentar para a População Brasileira, com
foco no prazer em comer e no respeito à cultura alimentar.

0
RESUMO VISUAL

s e õ ç at o n a r e V
A seguir, você verá uma síntese dos conteúdos que foram vistos ao decorrer dos estudos.

Figura 1 - Nutrição em geriatria


0 s e õ ç at o n a r e V
0
s e õ ç at o n a r e V
REFERÊNCIAS
10 minutos

Aula 1
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Orientações
para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma Técnica do Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.pdf. Acesso
em: 23 maio 2023.

NESTLÉ NUTRITION INSTITUTE. Um guia para completar a Mini Avaliação Nutricional. [S. l.: s. d.].
Disponível em: https://www.mna-elderly.com/sites/default/files/2021-10/mna-guide-portuguese.pdf. Acesso
em: 27 maio 2023.

SILVA, M. L. N.; MAURUCCI, M. F. N; ROEDIGER, M. A. Tratado de Nutrição em Gerontologia. São Paulo:


Manole, 2014.

SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE; PBH – PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Instrutivo de Avaliação
Nutricional e Cálculo das Necessidades Energéticas: material de apoio para nutricionistas da rede
SUS-BH. Belo Horizonte: SUS/PBH, 2018. Disponível em:
https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-governo/saude/avaliacao-nutricional-final.pdf.
Acesso em: 26 maio 2023.

UNASUS – UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS; UFMA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Avaliação e


manejo domiciliar do edema dos membros inferiores. São Luís: UNASUS/UFMA, 2013. Disponível em:
https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/1164/1/Unidade%2002.pdf. Acesso em: 26 maio 2023.

VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2015.

Aula 2
CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N. T. Interpretação de Exames Laboratoriais aplicados à Nutrição Clínica. Rio de
Janeiro: Editora Rubio, 2012.

COBAS, R. et al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes. Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), 2023.
Disponível em: https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-e-rastreamento-do-diabetes-tipo-2/. Acesso em: 1

0
jun. 2023.

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Imagem de capa: Storyset e ShutterStock.

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