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PROPÓSITO
Apresentar os métodos e instrumentos utilizados na identificação, coleta, análise e classificação do estado nutricional
de idosos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo deste tema, pesquise as tabelas e as referências de avaliação nutricional, especialmente,
antropométricas nos documentos de Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços
de saúde: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN e na Caderneta de Saúde
da pessoa idosa – disponibilizados pelo Ministério da Saúde.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Estima-se que a população idosa brasileira represente cerca de 10,5 a 13% do total de indivíduos, de acordo com
dados recentemente levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV), sendo valor superior a 20% do levantamento realizado em 2012. Ainda, projeta-se que, em 2060, o
envelhecimento atinja 25% da concentração de brasileiros (IBGE, 2018; FGV, 2020). É importante reforçar que a lei
vigente brasileira preconiza definição de idosos como indivíduos com idade a partir de 60 anos, independentemente
do sexo (BRASIL, 2003).
Ainda se soma ao tempo o estresse oxidativo ao longo dos anos de vida para estabelecer riscos à saúde do idoso e
agravamento de eventuais doenças estabelecidas. Portanto, é fundamental ter um olhar sensível através de critérios
bem estabelecidos pela literatura no intuito de avaliar e classificar o estado nutricional de idosos com finalidade de
provisionar atenção e intervenção dietética compatível a sua exigência.
MÓDULO 1
Coleta de peso
Estatura
Dobras cutâneas
Perimetrias
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23 – 28 Eutrofia
28 – 30 Sobrepeso
> 30 Obesidade
A medição do peso e da estatura de idosos pode ser de difícil realização ou impossível para indivíduos que tenham
dificuldades de deambular ou que se encontram acamados. Nessas condições, é possível aplicação de equações
preditivas de peso e estatura baseada na coleta de outras medidas, especialmente a aferição do comprimento da
perna (também denominada altura do joelho). O comprimento da perna (CmP) deve ser medido necessariamente com
paciente sentado, mantendo perna em ângulo reto considerando pés fixos ao solo e joelhos alinhados. A entrada da
posição da fita métrica deve partir da base do calcanhar até a protuberância fibular da perna direita (LIPSCHITZ,
1994). Os Quadros 2 e 3 exibem, respectivamente, cálculos para estimativa de altura e massa corporal para idosos
de acordo com sexo.
Homens Mulheres
Homens Mulheres
(0,98 × CP) + (1,16 × CmP) + (1,73 × CB) + (0,37 × (1,27 × CP) + (0,87 × CmP) + (0,98 × CB) + (0,4 ×
DCSE) – 81,69 DCSE) – 62,35
CP: Circunferência da panturrilha; CmP: Comprimento da perna; CB: Circunferência do braço; DCSE: Dobra cutânea
subescapular.
Adaptado de Chumlea et al., 1988
SAIBA MAIS
A utilização de equações de estimativas de peso e altura vem crescendo na ponta do atendimento nutricional.
Alguns ensaios concluem que os cálculos preditivos demonstram boa segurança, confiabilidade e
aplicabilidade em idosos de ambos sexos (SAMPAIO et al., 2002; CLOSS et al., 2015).
Do ponto de vista padrão, indica-se seguir os procedimentos para dobra cutânea subescapular (DCSE), circunferência
do braço (CB) e circunferência da panturrilha (cp) (MUSSOI, 2014):
DCSE
Deve-se marcar ponto 2cm abaixo da borda inferior da escápula direita, com a demarcação seguindo a orientação
inclinada dos arcos costais. O avaliador deve se posicionar atrás do avaliado e a prega deve ser realizada
obliquamente ao eixo anatômico longitudinal.
CB
Mede-se o membro direito do paciente, envolvendo a fita métrica na metade da distância entre a borda superior do
acrômio e a proeminência do olecrano. Para CB, o idoso deve manter os braços relaxados em paralelo ao eixo
longitudinal.
CP
A fita métrica deve circundar a região de maior perímetro aparente do músculo gastrocnêmio da perna direita.
Exemplo 1
Definir estado nutricional de homem de 92 anos que apresenta estatura de 1,64m e peso de 59,3Kg. IMC calculado de
22,1Kg/M2. Classificação de baixo peso de acordo com IMC para homens idosos (acima de 60 anos).
Exemplo 2
Determinar o estado nutricional de paciente do sexo feminino, 76 anos, acamada apresentando as seguintes medidas:
CmP de 47,2cm, DCSE de 23mm, CP de 32,5cm e CB de 29,0cm.
Peso estimado para idosas: (1,27 × CP) + (0,87 × CmP) + (0,98 × CB) + (0,4 × DCSE) – 62,35
Peso estimado: (1,27 x 32,5) + (0,87 x 47,2) + (0,98 x 29,0) + (0,4 x 23) – 62,35
Peso estimado: (41,3) + (41,1) + (28,4) + (9,2) – 62,35
Peso estimado: 57,7Kg
Estatura estimada para idosas: (1,83 × CmP) – (0,24 × I) + 84,88
Estatura estimada: (1,83 x 47,2) – (0,24 x 76) + 84,88
Estatura estimada: (86,4) – (18,2) + 84,88
Estatura estimada: 153,1 cm ou 1,53 M
Porém, embora menos utilizadas na prática clínica, as medidas de CB, circunferência muscular do braço (CMB) e
área muscular do braço corrigida (AMBc) podem indicar riscos de desnutrição ou excessos nutricionais,
principalmente em condições de inviabilidade de aferição de IMC, ou até mesmo de se estimar peso e estatura em
idosos. Enquanto a CB engloba a soma de todas as massas acumuladas da região, a CMB e a AMBc delimitam
estimativa de reserva musculoesquelética corporal importante para indivíduos desta faixa etária, compreendendo
ferramenta valiosa na busca por eventuais processos de deterioração tecidual (CORTEZ & MARTINS, 2012).
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CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO
Para determinação de estado nutricional a partir da CB, calcula-se o percentual de adequação da perimetria através
da obtenção de medidas detectadas na avaliação nutricional e coleta do valor Percentil 50 (P50) de acordo com a
idade do paciente. A equação é descrita da seguinte maneira:
adequa ção de CB = (CB / P50 da CB) x 100
O Quadro 4 dispõe medidas de percentis (P) de CB para idosos de acordo com sexo (BURR & PHILLIPS, 1984),
enquanto o Quadro 5 apresenta classificação do estado nutricional a partir do resultado da equação de adequação da
CB (BLACKBURN & THORNTON, 1979).
Quadro 4. Valores de percentis de CB para idosos de ambos os sexos de acordo com a idade.
Homens
Mulheres
Classificação % de Adequação da CB
Eutrofia 90 – 109%
Exemplo 1
Determinar estado nutricional de paciente do sexo masculino, 67 anos, com CB de 20,3cm. O P50 para idosos de 65
a 69 anos corresponde a 31,1 (Quadro 4).
Adequação de CB = (CB / P50 da CB) x 100
Adequação da CB = (20,3 / 31,1) x 100
Adequação de CB = 65,3%. Classificação de desnutrição grave.
Exemplo 2
Determinar estado nutricional de paciente do sexo feminino, 81 anos, com CB de 19,8cm.
O P50 para idosas de 80 a 84 anos corresponde a 23,5 (Quadro 4).
Adequação de CB = (CB / P50 da CB) x 100
Adequação da CB = (19,8 / 23,5) x 100
Adequação de CB = 84,3%. Classificação de desnutrição leve.
Para obtenção do valor de CMB, é necessário coleta de medidas de CB e dobra cutânea tricipital (DCT) para,
posteriormente, aplicação dos dados na seguinte fórmula:
Sendo π (pi) como número de valor aproximado de 3,1416. Em sequência, é indicado cálculo de adequação da CMB
seguindo a equação:
O Quadro 6 lista valores de P50 para CMB, ao passo que o Quadro 7 apresenta classificação nutricional de idosos a
partir da adequação da AMB (BLACKBURN & THORNTON, 1979).
Quadro 6. Valores de P50 de CMB para idosos de ambos os sexos de acordo com a idade.
Homens
Idade P50
60 – 64 27,8
65 – 74 26,8
75 – 79 22,1
80 – 84 21,5
> 84 20,8
Mulheres
Idade P50
60 – 64 22,5
65 – 74 22,5
75 – 79 20,0
80 – 84 19,2
> 84 18,2
A AMBc consiste em medida de determinação muscular braquial excluindo-se variável de tecido ósseo no intuito de
melhor precisão das condições de massa proteica muscular do idoso, refletindo indicador mais acurado que a CMB.
As seguintes equações descrevem método de cálculo para AMBc para homens e mulheres:
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De acordo com as normas padronizadas no Sistema Internacional de Cineantropometria (ISAK), a DCT deve ser
aferida na metade da distância entre a borda superior do acrômio (Figura 1) e o olecrano (Figura 2), na região
anterior do braço direito, com paciente mantendo membro relaxado. A prega deve ser realizada de forma paralela ao
eixo longitudinal (TIRAPEGUI, 2013).
O Quadro 8 expõe medidas de percentis (P) para AMBc de idosos de acordo com sexo (FRISANCHO, 1990),
enquanto o Quadro 9 determina classificação do estado nutricional de acordo com percentil de AMBc (BLACKBURN
& THORNTON, 1979).
Homens
Idade P5 P15
60 – 64 34,5 41,2
65 – 69 31,4 38,4
70 – 75 29,7 36,1
Mulheres
Idade P5 P15
60 – 64 22,4 26,3
65 – 69 21,9 26,2
70 – 75 22,2 26,0
Classificação Percentil
Desnutrição ≥ P5 – P15
Exemplo 1
Determine classificação nutricional a partir das reservas musculoesqueléticas de indivíduo do sexo feminino de 72
anos, CB de 24,5cm e DCT de 26mm.
CMB = CB – [π x (DCT/10)]
CMB = 24,5 – [3,1416 x (26/10)]
CMB = 16,3cm
P50 da CMB para idosa de 72 anos: 22,5cm
Adequação de CMB = (CMB / P50 da CMB) x 100
Adequação de CMB = (16,3 / 22,5) x 100
Adequação da CMB = 72,4 %. Classificação de desnutrição moderada.
AMBc = 14,6 cm2. Classificação abaixo do P5 para mulheres idosas de 70 a 75 anos. Classificação de desnutrição
grave.
CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA
A Organização Mundial de Saúde propõe que a medida de circunferência da panturrilha apresenta significativa
sensibilidade na predição de alteração de conteúdo de massa magra de idosos, especialmente àqueles com
dificuldades de locomoção e manutenção de exercícios físicos regulares.
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SAIBA MAIS
Objetivamente, determina-se quadro de risco de desnutrição para indivíduos que apresentem valores da
perimetria inferiores a 31cm, tanto para homens quanto para mulheres (NAJAS & NEBULONI, 2005).
Também conhecida como força de pressão palmar, a aferição da EMAP consiste em método de baixo custo,
simples, ágil, não invasivo e de fácil reprodução e análise, uma vez que não há necessidade de conversão do valor
em fórmulas preditivas. Com auxílio de um adipômetro, o avaliador deve exercer pressão contínua sob o músculo
adutor. O equipamento deve pinçar o vértice do triângulo imaginário formado pela extensão dos dedos polegar e
indicador.
DICA
A) Eutrofia geral
GABARITO
1. Paciente HM, sexo feminino, cadeirante e com 68 anos procurou serviço ambulatorial de Nutrição para
cuidados e orientações nutricionais. No serviço de atendimento, não consta balança acoplada à maca,
impossibilitando aferição direta. Sendo assim, a equipe realizou as seguintes detecções: CB: 37cm; altura do
Joelho (CmP): 46cm; DCSE de 28mm; e CP de 36cm. Diante das aferições realizadas, assinale alternativa
correta em relação ao estado nutricional da paciente:
Na aplicação das fórmulas de estimativa de peso e estatura utilizando as medidas coletadas, temos:
Estimativa de peso para mulheres: (1,27 × CP) + (0,87 × CmP) + (0,98 × CB) + (0,4 × DCSE) – 62,35
Estimativa de peso: (1,27 x 36) + (0,87 x 46) + (0,98 x 37) + (0,4 x 28) – 62,35
Estimativa de peso: (45,7) + (40,0) + (36,3) + (11,2) – 62,35
Estimativa de peso: 70,9Kg
Estimativa de altura para mulheres: (1,83 × CmP) – (0,24 × I) + 84,88
Estimativa de altura: (1,83 x 46) – (0,24 x 68) + 84,88
Estimativa de altura: (84,2) – (16,3) + 84,88
Estimativa de altura: 1,53m
Para cálculo de IMC, cuja fórmula é IMC= Peso/Altura2, temos:
IMC: 70,9Kg/ (1,53)2
IMC: 30,3Kg/M2, enquadrando-se na classificação de obesidade.
Inicialmente, observe valor de P50 no quadro de percentis de CB acordo com a idade em idosos. Para 75 anos em
idosos do sexo masculino, o valor de P50 é de 24,5cm. Em sequência, aplica-se fórmula de adequação de CB para
identificação da classificação de acordo com Blackburn & Thornton (1979).
Sendo assim, nota-se que paciente apresenta conteúdo significativo de massa adiposa com diagnóstico de sobrepeso
para CB. Todavia, há risco de perda de massa muscular esquelética importante devido à adequação de desnutrição
proteica da CMB.
MÓDULO 2
Em razão do natural envelhecimento celular, algumas atividades teciduais encontram-se deterioradas em idosos. De
fato, a perda progressiva da função de órgãos e tecidos consiste na melhor definição clínica sobre o processo de
envelhecimento humano através do tempo (FLATT, 2012). Dentre as principais teorias associadas ao envelhecimento,
destaca-se o estresse oxidativo decorrente da ação de Espécies Reativas de Oxigênio e Nitrogênio (ERON) sobre a
camada fosfolipídica das membranas celulares e sobre outras macromoléculas, como proteínas e DNA. Neste
cenário, as células vão reduzindo sua integralidade e se tornando mais suscetíveis a disfunções, doenças ou
agressões por patógenos (LIGUORI et al., 2018). Sendo assim, é usual observar profusas alterações fisiológicas em
sistemas do organismo. Muitas destas modificações podem estar associadas ao aumento da demanda de nutrientes.
Emergem as seguintes condições:
O aumento do estresse oxidativo intensifica necessidade de antioxidantes, como vitamina C, vitamina E, ẞ-caroteno,
zinco, selênio, magnésio e fenólicos.
A diminuição da densidade mineral óssea associada à redução da biodisponibilidade de cálcio aumenta requerimentos
de vitamina D e cálcio dietético.
Aditivamente é comum identificar fatores clínicos e bioquímicos que interferem no estado nutricional de idosos. O
Quadro 11 lista algumas destas características notáveis:
Aumento Redução
Motilidade gastrointestinal
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Desidratação
Cansaço
Magreza
Redirecionamento adiposo
Dificuldades cicatricionais
O Quadro 12 elenca sinais e sintomas diretamente associados a carências, insuficiências ou deficiências nutricionais
importantes.
a) Osteomalácia a) Vitamina D
b) Dores articulares b) Vitamina C
Extremidades c) Sensibilidade muscular c) Tiamina
d) Fadiga muscular d) Proteína, selênio, vitamina D
e) Edema e) Proteína
Bioquimicamente, é possível observar alterações importantes nas concentrações de hormônios de várias classes em
função do envelhecimento. Por exemplo, os níveis séricos de hormônios esteroides androgênicos e estrogênicos
reduzem significativamente, em média a partir dos 60 anos. Destacando diminuição de sulfato de
dehidroepiandrosterona (s-DHEA), dehidroepiandrosterona, androstenediona, testosterona, estradiol, estriol, hormônio
folículo-estimulante, estrona e hormônio luteniziante. Inversamente, costuma-se observar aumento dos níveis
hormonais de insulina em indivíduos de 60 a 90 anos quando comparados com adultos jovens de 18 a 59 anos. O
Quadro 14 ilustra faixa média de valores de alguns hormônios esteroides de acordo com a faixa etária.
Quadro 14. Valores de referência dos hormônios esteroides de acordo com a faixa etária e sexo.
Folicular: 30-100
Estradiol (ng/L) Feminino <5 – 20 6
Luteal: 70 – 300
Folicular: 30-100
Estrona (ng/L) Feminino < 5 – 58 29
Luteal: 60 – 160
Muitas dessas mudanças hormonais culminam justamente no agravo de características físicas e funcionais de
idosos, como perda de locomoção independente associada a problemas de déficit ósseo ou muscular. Mecanismos
anabólicos costumam diminuir suas atividades e biossinalizações acompanhados de aumento de atividade
catabolizante. A redução hormonal de somatomedina C ou fator de crescimento ligado à insulina (IGF-1) desencadeia
redução da síntese proteica muscular, em virtude do protagonismo da IGF-1 no controle desse mecanismo. Além
disso, observa-se diminuição das concentrações de hormônio do crescimento (GH) em razão direta a menor atividade
hipofisária.
SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO
É naturalmente usual a deterioração da densidade mineral óssea e massa muscular esquelética associada ao
aumento de adiposidade, principalmente, central. Tal combinação costuma gerar aumento da fragilidade geral do
idoso, sendo comum observar aumento da incidência ou risco de fraturas, dores, incômodos, perda de independência
ou autonomia de locomoção e, consequentemente, piora de qualidade de vida. Nessas condições, os processos
deteriorantes de osteoporose e sarcopenia emergem como distúrbios que devem ser cuidadosamente
monitorados para não intensificar estado debilitado de idosos.
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ATENÇÃO
A Organização Mundial de Saúde considera a osteoporose como segunda maior desordem clínica de
necessidade assistencial no planeta, afetando, principalmente, mulheres idosas.
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Para acompanhamento da progressão do distúrbio, recomenda-se vigilância por densitometria, solicitada por
médicos, associada à avaliação nutricional dietética, através da análise de instrumentos de triagem nutricional e
inquéritos dietéticos. Em referência ao acompanhamento bioquímico, é indicada medição de nutrientes relacionados
ao metabolismo ósseo, em especial, vitamina D, magnésio, cálcio. Além disso, é importante medir valores de
fosfatase alcalina sérica (FA) e, eventualmente, osteocalcina (SIDDIQUE et al., 2017).
A sarcopenia é um termo associado à perda de massa muscular em idosos em resposta à redução do número de
estruturas funcionais intramusculares da miofibrila, denominada de sarcômero. O sarcômero é estruturado pelo
arranjo organizado de proteínas miofilamentosas densas e delgadas que são capazes de converter energia química
advinda do metabolismo energético (ATP) em energia cinética/mecânica pelo movimento de contração e relaxamento
muscular. Com a limitação do número de sarcômero e volume muscular, idosos perdem capacidade de
desenvolvimento de força.
SAIBA MAIS
Em média, idosos que detêm história de prática esportiva pregressa costumam apresentar mais tardiamente
e menos agressivamente a instauração da sarcopenia e seus sinais/sintomas (SIDDIQUE et al., 2017).
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ATENÇÃO
A avaliação da progressão da sarcopenia passa pela análise de medidas de detecção de força muscular,
biomarcadores bioquímicos, exames de imagem e exame físico. Dentre as variáveis para obtenção do nível de
força muscular, é possível elencar a capacidade de flexão e extensão de membros inferiores, pressão palmar e
pinçamento. No que tange às medidas bioquímicas laboratoriais, devem ser observados valores de proteína C reativa
(inflamação sistêmica), interleucina 6 (IL-6), miostatina, fator de diferenciação de crescimento (GDF-15) e IGF-1.
Também é importante acompanhar biomarcadores de dano muscular, tais como creatina quinase (CK), mioglobina
(Mb) e transaminases glutâmico oxalacética (TGO) e glutâmico pirúvica (TGP), no intuito de acompanhar proteólise
muscular, especialmente, esquelética (MARGUTTI et al., 2017).
SISTEMA NERVOSO
SAIBA MAIS
Cabe ressaltar que a taxa de incidência de acidentes vasculares encefálicos (AVE) ainda é bastante elevada
e de grande risco de mortalidade entre idosos.
Especificamente a respeito da involução neural mais lentamente gradativa, é possível salientar as seguintes
variações:
Diminuição na capacidade de realizar multitarefas simultaneamente, agravo na memória de longo prazo, problemas
na resolução de problemas (inteligência fluida) e deterioração da assimilação de novas informações e raciocínio
lógico.
Presbiopia e degeneração da adaptação visual em ambientes muito claros ou escuros. Também há perda de campo
visual e discernimento de cores.
PRESBIOPIA
É uma situação natural do envelhecimento na qual os olhos perdem a sua capacidade de focar em objetos
próximos e/ou distantes.
Presbiacusia.
PRESBIACUSIA
Redução de acuidade de captação de sabores, especialmente salgados (reduzida) e amargos (aumentada), resultado
em elevação de processos de desinteresse alimentar.
Hiposmia.
HIPOSMIA
Diminuição do olfato.
Diminuição do fluxo sanguíneo em direção aos receptores sensoriais associados à desidratação da pele.
DESNUTRIÇÃO
Em idosos, a desnutrição costuma estar associada com a degeneração da recuperação cicatricial, diminuição
cognitiva e da função respiratória e muscular, além de aumentar o risco de infecções em diversos tecidos, diminuição
de imunoproteção e, consequentemente, aumento do risco de mortalidade.
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Perda de apetite
Disfagia
DISFAGIA
Incapacidade física
Interações medicamentosas
Sinais de magreza
MORADIA
CONDIÇÃO ECONÔMICA
CUIDADOS PSICOLÓGICOS
RECOMENDAÇÃO
Na abordagem nutricional bioquímica, recomenda-se medição dos níveis séricos de albumina (risco quando
abaixo de 3,5mg/dL), leptina, eritrograma (principalmente, hemoglobina) e colesterol total (risco quando
abaixo de 160mg/dL) de maneira combinada aos indicadores antropométricos, clínicos e dietéticos para
melhor diagnóstico do estado de depleção nutricional (GAVRAN et al., 2019).
OBESIDADE
Embora alguns fatores fisiológicos possam contribuir para redução da ingestão alimentar, principalmente aqueles
relacionados à dentição e percepção sensorial, na primeira fase do envelhecimento, é incomum grandes mudanças
nos hábitos dietéticos anteriores. Adicionalmente, indivíduos com boas condições socioeconômicas e autonomia
também dificilmente alteram de forma significativa o consumo alimentar. Sendo assim, em muitos idosos, o acréscimo
adiposo costuma ser observado em decorrência da combinação de menor gasto energético em repouso e em
função do exercício associado à manutenção da ingestão energética.
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Os principais fatores fisiológicos, comportamentais, ambientais, patológicos e genéticos que podem levar idosos à
obesidade são:
Insuficiência de sono
Atividade enzimática
LIPIDOGÊNESE
Lipidogênese inclui a lipogênese. A amplitude se completa nas questões de outros lipídios que não a formação
de massa adiposa. Como variação no lipidograma sérico.
ESTADO HORMONAL ENDÓCRINO
Refere-se especificamente à classe de hormônios endócrios, geralmente peptídeos, que são secretados por
diversos tecidos e enviados à corrente sanguínea. Insulina, PTH, Calcitonina e Cortisol são bons exemplos.
ATENÇÃO
Muitas dessas condições são intensificadas pelo natural aumento da resistência à leptina e perda de
sensibilidade hormonal tireoidiana, levando a dificuldades de controle de apetite.
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Sensibilidade (%) - 36 46 93 82 96 -
Especificidade
- 85 85 44 72 98 -
(%)
Custo + + + +++ ++ + +
Condição do Em Em Em Em
Adoecido Adoecido Todos
idoso casa casa casa casa
Detecta
Sim Sim Sim Não Não Sim Sim
desnutrição?
Diagnostica
Não Não Não Sim Sim Sim Não
desnutrição?
É indicado para
acompanhamento Não Não Não Não Não Sim Não
evolutivo?
* Paciente precisa se despir; +, barato; ++, custo médio; +++, custo alto; MNA, Mini Avaliação Nutricional; NRI, Índice
de Risco Nutricional; NRS, Escore de Risco Nutricional; NSI, Iniciativa de Triagem Nutricional; NuRAS, Escala de
Avaliação de Risco Nutricional; PNI, Índice de Prognóstico Nutricional; SGA, Avaliação Subjetiva Global.
Salienta-se que a aplicação do MNA é indicada exclusivamente para níveis de atenção à saúde com indicativo de
internação ou atenção hospitalares. Consulte Item 1 do tópico “Explore+” para conferir detalhadamente triagem MNA
com sua respectiva forma de pontuação.
Nível 1: Avaliação realizada por profissional de saúde, mais apropriadamente nutricionistas, médicos ou enfermeiros.
São avaliados indicadores antropométricos associados a dados de alteração em curto/médio prazo de alteração de
hábitos alimentares, peso, desempenho físico e até mesmo local de moradia. A partir destes questionamentos, os
pacientes podem seguir dentro do nível 1 ou migrar para o nível 2. A indicação para direcionamento ao nível 2 ocorre
caso o paciente tenha passado por experiência de perda de peso significativa, ou seja, já em condição de
necessidade de tratamento iminente. No nível 1, a intervenção tem maior base preventiva de agravo do status
nutricional.
Nível 2: A avaliação é conduzida por equipe médica. São avaliadas medidas antropométricas, bioquímicas (albumina
e colesterol total e frações), neurológicas, cognitivas, emocionais e farmacológicas.
ANTIBIÓTICOS
QUIMIOTERÁPICOS
A anotação ou observação cuidadosa do rol de drogas consumidas pelo paciente é capaz de apontar possíveis riscos
de desvios nutricionais ou implicações dietéticas para o nutricionista. O Quadro 16 descreve relação de alguns
medicamentos com seu impacto nutricional.
AVALIAÇÃO DIETÉTICA
Para obtenção do perfil de consumo alimentar do idoso, recomenda-se a aplicação de inquéritos alimentares, sendo
eles: recordatório de 24h; diário ou registro alimentar e questionário de frequência alimentar. Cada método apresenta
vantagens e desvantagens (Quadro 17) que devem ser levadas em consideração pelo nutricionista a partir da
compreensão do paciente atendido ou do acompanhante que auxilia a avaliação.
Inquérito
Vantagens Desvantagens
dietético
• Rápida aplicação.
• Ingestão alimentar não
• Depende da memória do entrevistado ou de seu
influenciada pelo
responsável.
Recordatório de preenchimento do indivíduo.
• Depende da confiança e da colaboração do
24h • Baixo custo.
entrevistado ou de seu responsável.
• Por se tratar de entrevista,
• O dia do relato pode ser atípico na rotina alimentar.
não requer nível completo
de alfabetização.
A partir da quantificação ou classificação qualitativa da dieta do idoso por meio do inquérito dietético de preferência, é
fundamental buscar incongruências nutricionais que, eventualmente, gerem risco à saúde do indivíduo. O Quadro 18
lista recomendação de macronutrientes requeridos para idosos.
Ômega Ômega
Carboidratos Fibras Proteínas Lipídios
3 6
Em função do processo natural de perda de compartimentos magros e fluidos corporais, é comum observar
redução de água corporal total em idosos. Entretanto, na falta de cuidados de ingestão hídrica, há chance de
progressão relevante de deterioração da atividade renal regular. Levando isso em consideração, o
requerimento hídrico de idosos é sutilmente aumentado quando comparado a adultos. Em geral, a ingestão
recomendada varia de 1,5-3,7L de água/dia (IOM, 2011; SKULLY, 2014).
Para análise da ingestão de micronutrientes, vale ressaltar que é necessária a especial atenção sobre o consumo de
vitamina D, vitamina B1, vitamina B6, vitamina B12, folato, zinco, ferro, cálcio, vitamina K e vitamina E. Embora não
seja comum recomendações nutricionais aumentadas desses micronutrientes para idosos, esses indivíduos sofrem
constantemente do metabolismo de vitaminas e minerais em função das alterações fisiológicas do envelhecimento e
eventuais tratamentos medicamentosos. Os Quadro 19, 20 e 21 apresentam recomendação nutricional diária de
micronutrientes indicados para idosos (SKULLY, 2014).
Potássio Sódio
Sexo Fósforo (mg/d) Cloro (g/d) Iodo (μg/d)
(mg/d) (mg/d)
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN) publicou diretrizes para terapia e
conduta nutricional específica para idosos. O Quadro 22 aponta as indicações dietéticas voltadas ao envelhecimento
em idosos de quadro clínico estável (BRASPEN, 2019):
Nutriente Orientações
Probióticos Indicados para idosos saudáveis como método de prevenção de distúrbios intestinais.
*Os líquidos permitidos e indicados para ajuste de fluidos em idosos são: água, água aromatizada, chás, leite, sucos
de frutas e smoothies.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) Desnutrido
D) Com sobrepeso
E) Obeso
A) Verificar: no exame físico capacidade de força e mobilidade; na análise sérica observar biomarcadores como
albumina, FA e proteína C reativa; na anamnese clínica buscar sintomas relacionados à depleção cognitiva e
sensorial; e na avaliação dietética, ingestão de nutrientes como cálcio, magnésio e vitamina D.
B) Verificar: no exame de imagem, densitometria mineral óssea; na análise sérica, biomarcadores de estresse
oxidativo como DPPH; e na anamnese clínica, nível de memorização e disposição geral.
C) Verificar: no exame antropométrico, massa mineral óssea; na análise sérica, transaminases; na avaliação dietética,
vitaminas lipossolúveis, principalmente, vitamina A e D.
D) Verificar: no exame físico, depleção aparente de massa muscular; na anamnese, queixas de dores e de dificuldade
de movimentação independente; na análise sérica, biomarcadores como Insulina e glicemia em jejum; e na avaliação
dietética, dieta hipoproteica e hipoenergética.
E) Verificar exclusivamente indicadores antropométricos associados ao exame de imagem por densitometria óssea.
GABARITO
1. O paciente JLAMS, 67 anos, encontra-se internado na enfermaria de clínica médica com quadro de
pneumonia associada a outras doenças crônicas, em destaque diabetes mellitus II (DMII) e insuficiência renal
crônica (IRC). A equipe de nutrição local usualmente utiliza o MNA como método de triagem do estado
nutricional de idosos. O paciente apresentou as seguintes respostas e indicadores frente aos
questionamentos do MNA:
A pontuação obtida a partir dos indicadores e respostas geram 8 pontos no quadro de avaliação global e 12 pontos na
triagem. Totalizando 20 pontos no MNA, sendo assim, classificado como paciente sob risco de desnutrição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A progressão da maturidade etária em humanos desencadeia mudanças significativas no funcionamento do corpo.
Tais alterações podem ser notavelmente avaliadas, quantificadas, catalogadas e acompanhadas para determinação
de reservas nutricionais e saúde geral de idosos.
A utilização de ferramentas antropométricas combinadas com métodos de identificação de variação clínica de tecidos
e funções corporais torna possível predizer e evoluir estado nutricional de indivíduos da terceira idade. A
administração adequada dos procedimentos de avaliação nutricional são pré-requisitantes para definição da
intervenção e orientação nutricional de idosos em conjunto com seus acompanhantes.
A equipe multidisciplinar deve levar em consideração que as dificuldades cognitivas, mentais, locomotoras, anímicas e
colaborativas comuns em idosos podem impossibilitar melhores cuidados e progressão positiva do tratamento
nutricional. Portanto, humanizar a abordagem através de interação direta com o paciente ou com seus familiares é
indispensável para melhor adesão à dietoterapia escolhida, bem como compartilhamento mais fidedigno e facilitado
de informações relevantes à evolução do estado nutricional do idoso.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
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