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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

NUTRIÇÃO

MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO

Tomo 6

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP

NUTRIÇÃO

MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO

TOMO 6

Christiane Mazur Doi


Doutora em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Mestra em Ciências
(Tecnologia Nuclear), Engenheira Química e Licenciada em Matemática, com
Aperfeiçoamento em Estatística. Especialização em Língua Portuguesa e
Literatura em curso. Professora titular da Universidade Paulista.

Hellen Daniela de Sousa Coelho


Doutora em Saúde Pública (Nutrição), Mestra em Saúde Pública (Nutrição),
Nutricionista e Gastróloga. Professora titular da Universidade Paulista e
Coordenadora Auxiliar do Curso de Nutrição.

Material instrucional específico, cujo conteúdo integral ou parcial não


pode ser reproduzido nem utilizado sem autorização expressa, por
escrito, da CQA/UNIP – Comissão de Qualificação e Avaliação da UNIP -
UNIVERSIDADE PAULISTA.

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Questão 1
Questão 1.1
As alterações fisiológicas e anatômicas decorrentes do processo de envelhecimento têm
repercussões na saúde e na nutrição do idoso, principalmente quando associadas a outras
doenças de ocorrência frequente nessa população. Considerando a elaboração de um plano
alimentar para uma pessoa de 79 anos de idade, do sexo feminino, que não consegue
manter-se em equilíbrio sobre uma balança e que é portadora de uma doença infecciosa,
avalie as afirmações a seguir.
I. A avaliação nutricional pela antropometria pode ser feita com a adoção de fórmulas de
estimativa de peso que utilizam as circunferências do braço e da panturrilha, além da
dobra cutânea subescapular e altura do joelho.
II. O colesterol sérico pode ser utilizado como marcador de desnutrição, pois a
hipocolesterolemia é resultado da menor síntese hepática e da secreção de
lipoproteínas.
III. Na avaliação bioquímica do estado nutricional, pode ser feita a mensuração da
albumina sérica, uma vez que, no caso da idosa, a redução dessa proteína indicaria
perda de peso e de massa muscular.
IV. Na estimativa da estatura, pode-se medir o comprimento ou a altura do joelho, por se
considerar que a medida em membros inferiores não é afetada pela diminuição das
dimensões ósseas.
É correto apenas o que se afirma em
A. I e II. B. I e III. C. III e IV. D. I, II e IV. E. II, III e IV.

1. Introdução teórica

1.1. Saúde do idoso

No Brasil, os direitos das pessoas com 60 anos ou mais são garantidos pelo Estatuto
do Idoso. Essa legislação fez-se necessária no novo cenário populacional do país, marcado
pelo aumento da expectativa de vida e pelo consequente crescimento do número de idosos.
Esse quadro implica novas demandas nos serviços públicos, em particular nos atendimentos
de saúde.

1Questão 9 – Enade 2013.

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Normalmente, o idoso apresenta um estado clínico mais suscetível a doenças e a


mudanças fisiológicas decorrentes do processo de envelhecimento. Alterações do estado
nutricional, como obesidade e subnutrição, favorecem a morbimortalidade e, por isso, a
avaliação nutricional é um valioso instrumento para a manutenção e a recuperação da
saúde.
Nessa fase da vida, ocorrem modificações na atividade enzimática e nos componentes
das secreções gástricas. Observam-se, com frequência, atividade reduzida da amilase
salivar, tendência à diminuição da tolerância à glicose e redução do fluxo sanguíneo renal e
da velocidade de filtração glomerular, mesmo na ausência de doença renal.
É também comum, nessa fase, a ingestão de fármacos devido a diferentes doenças, o
que pode levar à interação medicamentosa e à nutriente-fármaco. Isso pode agravar o
estado nutricional do idoso e ocasionar sarcopenia, ou seja, perda de massa muscular
(FRANGELLA; MARUCCI; TCHAKMAKIAN, 2009).
Considerando esses aspectos, a caracterização do perfil nutricional do idoso deve ser
baseada em investigações dietéticas, antropométricas, clínicas e bioquímicas.

1.2. Avaliação nutricional do idoso

1.2.1. Avaliação dietética

A anamnese alimentar deve levantar os hábitos alimentares do idoso, além do grau


de escolaridade e do nível socioeconômico. Muitas vezes, há a necessidade de se entrevistar
o responsável pelo idoso. É possível também observar o consumo com o método de
pesagem dos alimentos.

1.2.2. Avaliação antropométrica

A mensuração de peso, estatura, circunferências de braço, abdômen, quadril e


panturrilha, além de dobras cutâneas, como tricipital e subescapular, é utilizada para a
avaliação antropométrica do indivíduo.
Em idosos, é importante atentar para algumas possíveis dificuldades, como
envergadura da coluna vertebral, falta de equilíbrio, excesso de flacidez e desidratação,
entre outras (FRANGELLA; MARUCCI; TCHAKMAKIAN, 2009).

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Caso o paciente não consiga ficar em pé, os valores de altura e de peso podem ser
estimados pelas fórmulas mostradas nos quadros 1A e 1B a seguir.

Quadro 1A. Equação para cálculo da estatura estimada: pela mensuração do comprimento do joelho,
estima-se a altura do indivíduo.

Fonte. CHUMLEA et al, 1988 apud FRANGELLA; MARUCCI; TCHAKMAKIAN, 2009.

Pode-se, também, estimar a estatura de indivíduos acamados ou que não caminham


pela envergadura do braço (medida do comprimento entre a extremidade distal do terceiro
quirodáctilo direito e a extremidade distal do terceiro quirodáctilo esquerdo).
Para o cálculo do peso, há as seguintes equações.

Quadro 1B. Equação para cálculo de peso estimado.

Fonte. CHUMLEA et al, 1988 apud FRANGELLA; MARUCCI; TCHAKMAKIAN, 2009.

Com o envelhecimento, espera-se que a dobra cutânea tricipital e o tamanho da


circunferência dos braços diminuam e que a circunferência abdominal aumente
(FRANGELLA; MARUCCI; TCHAKMAKIAN, 2009).
O índice de massa corporal (IMC) é frequentemente utilizado como indicador do
estado nutricional no idoso. Entretanto, os pontos de corte para a classificação do estado
nutricional do idoso são específicos para essa fase da vida.
O quadro 2 fornece os pontos de corte adotados para o IMC do idoso, segundo
recomendação do Ministério da Saúde (2008).

Quadro 2. Classificação do estado nutricional para idosos, segundo pontos de cortes estabelecidos pelo
Ministério da Saúde.
IMC (kg/m2) Classificação
<22 Baixo Peso
≥22 e <27 Eutrófico
≥ 27 Sobrepeso
Fonte. Brasil, 2008.

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1.2.3. Exames bioquímicos

Os testes laboratoriais podem fornecer informações importantes sobre a saúde do


idoso, incluindo seu estado nutricional. Podem possibilitar o diagnóstico de uma deficiência
nutricional antes mesmo que ela se reflita nas medidas antropométricas do indivíduo em
questão.
Os níveis sanguíneos de albumina, pré-albumina, hemoglobina, hematócrito, ferro e
ferritina séricas, a contagem total de linfócitos e o índice de creatinina urinária e de
creatinina-altura são utilizados como parâmetros para a avaliação clínica e nutricional do
paciente e como prognósticos de morbidade e mortalidade do indivíduo.
Vários indicadores têm sido propostos para avaliar o estado nutricional, como dados
antropométricos (peso, altura, índice de massa corporal, circunferências do braço, da
panturrilha e abdominal, pregas cutâneas e composição corporal), exame clínico, exames
laboratoriais (hemograma, eletroforese de proteínas, balanço nitrogenado e colesterol
sérico) e dietéticos (ACUNA e CRUZ, 2004).
Deve-se ressaltar que os resultados dos exames bioquímicos podem aparecer
alterados em processos infecciosos e doenças degenerativas, que são frequentes nessa fase
da vida, e em desequilíbrios hídricos, independentemente do estado nutricional.
Sabe-se também que os níveis plasmáticos de oligoelementos e de vitaminas servem
como preditores do estado nutricional; quando insuficientes, podem indicar a baixa ingestão
alimentar ou a presença de alguma doença (FRANGELLA, MARUCCI e TCHAKMAKIAN,
2009).
Outro parâmetro bioquímico útil no diagnóstico nutricional do idoso é o colesterol
sérico. Os níveis baixos de colesterol, ou a hipocolesterolemia (<160mg/dL), têm sido
associados à desnutrição em algumas pesquisas. Os níveis séricos do colesterol baixos são
observados em pacientes com insuficiência renal e hepática, com desnutrição avançada e
com quadro de má absorção (VOLPINI e FRANGELLA, 2013; SAMPAIO e MANNARINO,
2007).

2. Indicações bibliográficas

• ACUNA, K.; CRUZ, T. Nutritional assessment of adults and elderly and the nutritional
status of the Brazilian population. Arq. Bras. Endocrinol. Metabol., 48: 345-361, 2004.

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• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN na
assistência à saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento
de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em <
http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/protocolo_sisvan.pdf>. Acesso em 01 abr.
2014.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de
saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
Básica. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
Disponível em
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_
saude.pdf>. Acesso em 11 de mar. 2014.
• BRICARELLO, L. P.; REZENDE, L. T. T.; BASSO, R.; COSTA JR, V.L. Interpretação de
Exames Laboratoriais: importância na avaliação nutricional. In: Avaliação Nutricional:
Novas Perspectivas. ROSSI, L; CARUSO, L; GALANTE, A. P. São Paulo. Roca, 2009. p.111
-137.
• FRANGELLA; V. S.; MARUCCI; M. F. N.; TCHAKMAKIAN, L. A. Idosos. In: Avaliação
Nutricional: Novas Perspectivas. ROSSI, L; CARUSO, L; GALANTE, A. P. São Paulo. Roca,
2009. p. 291- 317.
• MAICA, A. O.; SCHWEIGERT, I. D. Avaliação nutricional em pacientes graves. Rev. bras.
ter. intensiva. São Paulo, n.3, v.20, set. 2008. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
507X2008000300012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 18 mar. 2014.
• SAMPAIO A. R.; MANNARINO, I. C. Medidas bioquímicas de avaliação do estado
nutricional. In: DUARTE AC. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São
Paulo: Atheneu; 2007. p.69-76.
• VOLPINI, M. M.; FRANGELLA, V. S. Avaliação nutricional de idosos institucionalizados.
Einstein [online]. 2013, 11 (1): 32-40. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/eins/v11n1/a07v11n1.pdf>. Acesso em 29 out. 2015.

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Questão 2
Questão 2.2
A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela perda progressiva da função renal,
independentemente de doença subjacente. A natureza da perda progressiva da função tem
sido tema de pesquisas nos últimos anos. A hemodiálise é um dos tratamentos preconizados
para pacientes portadores de DRC.
Considerando alguns aspectos clínicos nutricionais da DRC e a conduta nutricional para essa
modalidade de tratamento, é correto afirmar que
A. a ingestão excessiva de sódio é uma das causas da hipertensão e, para melhorar a
palatabilidade dos alimentos, uma alternativa adequada é a prescrição de sal light, que
contém KCl no lugar do NaCl.
B. os níveis séricos de albumina, embora possam ter a sua especificidade limitada como
indicador do estado nutricional desses pacientes, são um marcador preditivo de
mortalidade.
C. o controle do edema e o do desequilíbrio eletrolítico não são objetivos da terapia
nutricional desses pacientes, uma vez que a conduta nutricional não influencia o
aparecimento dessas situações.
D. o controle da dislipidemia não é uma meta no cuidado nutricional, uma vez que não
existe relação entre DRC e doença cardiovascular aterosclerótica.
E. a quantidade recomendada de proteínas deve ser aproximadamente de 0,6g/Kg, de
forma que a restrição protéica preserve a função renal.

1. Introdução teórica

1.1. Doença renal crônica

A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela diminuição progressiva da função


renal e pela sua cronicidade. Ela pode acarretar limitações físicas, sociais e emocionais, que
interferem negativamente na qualidade de vida do indivíduo.
Ainda que tenham ocorrido avanços no tratamento da DRC (métodos dialíticos e
aumento de transplantes de rins), a taxa de mortalidade associada a essa doença é alta.
Nota-se elevada prevalência de eventos cardiovasculares em pacientes portadores de DRC.
Esse dado é a principal causa de morte desses pacientes (DUMMER et al, 2007).

2Questão 10 – Enade 2013.

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É comum que pacientes com DRC apresentem aterosclerose, associada ao quadro de


diabetes e hipertensão.
Para promover melhor qualidade de vida ao portador de DRC, é necessário
acompanhar os seus exames bioquímicos, paralelamente ao tratamento nutricional e
médico.

1.2. Exames bioquímicos

Dentre os exames bioquímicos, a mensuração dos níveis de albumina é a mais


utilizada para avaliar as reservas de proteínas viscerais, apesar de esse exame não ser
insensível a alterações agudas do estado nutricional. Sabe-se que o nível de albumina sérica
pode ser baixo na presença de inflamação sistêmica, doença hepática e nos estados de
hipervolemia. Na literatura, é relatado que a diminuição dos níveis de albumina em
pacientes em diálise está fortemente associada ao risco aumentado de mortalidade
(FERRAZ; VIANNA, 2007). Níveis altos de proteína C-reativa (PcR), marcador do estado
inflamatório, são encontrados em pacientes com DRC nos diferentes estágios de progressão
da doença (DUMMER et al, 2007).

1.3. Terapia nutricional

No tratamento conservador do paciente, o controle de glicemia e de anemia pode


reduzir a progressão da DRC. Dietas hipoproteicas propiciam menores distúrbios metabólicos
e clínicos característicos da uremia. Entretanto, quando o paciente é submetido à diálise,
tratamento em que há a remoção de resíduos metabólicos e de excesso de líquido corporal,
há perdas de aminoácidos, peptídeos e vitaminas hidrossolúveis (AVESANI e CUPPARI,
2007).
No paciente em diálise, é essencial o acompanhamento médico e nutricional. É
frequente o déficit nutricional no indivíduo em tratamento motivado por diferentes fatores:
anorexia, baixa ingestão alimentar, perda de aminoácidos, peptídeos e proteínas,
catabolismo intradialítico, doenças intercorrentes, acidose metabólica, aumento dos níveis de
citocinas, uso de medicamentos que podem interferir na absorção dos nutrientes, distúrbios
gastrointestinais e hormonais e diálise insuficiente, entre outros (REZENDE, 2007).

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O objetivo da dietoterapia nesse tipo de paciente é recuperar e manter o estado


nutricional, além de promover o equilíbrio eletrolítico e o controle do edema e das alterações
de resíduos metabólicos, propiciando alimentação adequada (REZENDE, 2007).

2. Indicações bibliográficas

• ANTONELLO, V. S.; ANTONELLO, I. C. F.; SANTOS, C. A. L. Sensibilidade gustativa ao


sal, natriúria e pressão arterial em normotensos. Revista da Associação Médica Brasileira,
São Paulo, v.53, n.2, p.142-146; 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/pdf/ramb/v53n2/19.pdf>. Acesso em 22 abr. 2014.
• AVESANI, C. M.; CUPPARI, L. Terapia Nutricional no tratamento conservador da Doença
Renal Crônica. In: SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação, nutrição e
dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. p.756-761.
• BIAVO, B. M. M., et al. Nutritional and epidemiological aspects of patients with chronic
renal failure undergoing hemodialysis from Brazil, 2010. Jornal Brasileiro de Nefrologia
34.(3) 206-215; 2012. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300001>.
Acesso em 08 abr. 2014.
• CUPPARI, L.; KAMIMURA, M. A. Avaliação nutricional na doença renal crônica: desafios
na prática clínica. J. Bras. Nefrol., v.31 (1), p.28-35; 2009. Disponível em
<http://www.sbn.org.br/pdf/diretrizes/JBN_educacional_II/6-Cuppari.pdf>. Acesso em
11 mar. 2014.
• DUMMER, C. D.; THOME, F. S.; VERONESE, F. V. Doença renal crônica, inflamação e
aterosclerose: novos conceitos de um velho problema. Rev. Assoc. Med. Bras., São
Paulo, v.53, n.5, out. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
42302007000500022&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 22 abr. 2014.
• FERRAZ, L. M; VIANNA, M. N. L. Medidas bioquímicas de avaliação do estado nutricional.
In: Duarte AC. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais . São Paulo:
Atheneu, 2007. p.264-267.
• REZENDE, L. T. T. Diálise. In: SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação,
nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2007. p.763-778.
• SANTOS, F. R., et al. Efeitos da abordagem interdisciplinar na qualidade de vida e em
parâmetros laboratoriais de pacientes com doença renal crônica. Rev. psiquiatr. clín., São

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Paulo, v.35 (3); 2008. Disponível em


<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
60832008000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 22 abr. 2014.

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Questões 3 e 4
Questão 3.3
A tabela abaixo apresenta exemplos das quantidades das porções dos grupos de alimentos
recomendadas para crianças de 12 a 24 meses de idade.

GRUPO EXEMPLOS DA QUANTIDADE DE CADA PORÇÃO


Arroz (60g) – 2 colheres de sopa
Mandioca (70g) – 1 colher de servir
Batata (100g) – 1 unidade média
Cereais, pães e
Macarrão (50g) – 2 colheres de sopa
tubérculos
Amido de milho/farinhas (20g) – 1 colher das de sopa
Pão francês (25g) – ½ unidade
Pão de forma (25g) – 1 fatia
Legumes (20g) –1 colher de sopa do alimento picado
Verduras (30g) – 2 folhas médias ou 4 pequenas
Exemplos:
Verduras e Cenoura – 4 fatias
legumes Couve picada – 1 colher de sopa
Abobrinha picada – 1½ colher das de sopa
Brócolis picado – 1½ colher das de sopa
Chuchu picado – 1½ colher das de sopa
60 a 80g (1/2 unidade média)
Exemplos:
Banana nanica – ½ unidade
Frutas Maçã – ½ unidade
Laranja – 1 unidade
Mamão papaia – 1/3 unidade
Abacaxi – ½ fatia
Leite materno: LIVRE DEMANDA
Leites e
Leite artificial – 150mL (1 copo americano)
produtos
Iogurte natural ou coalhada caseira (150g) – 1 pote
lácteos
Queijo (30g) – 1 fatia fina
Carnes, miúdos e Carnes (frango, gado, peixe e porco) e miúdos (50g) – 2 colheres de sopa
ovos Ovo (50g) – 1 unidade
Leguminosas Grãos cozidos – 1 colher de sopa
Óleos e Óleo vegetal (5g) – 1 colher de sobremesa
gorduras Manteiga (5g) – 1 colher de chá
Disponível em <www.bvsms.saude.gov.br>. Acesso em 09 set. 2013.

Com base nessas informações, conclui-se que


A. as dietas com baixo teor de gordura e de colesterol são amplamente recomendadas para
adultos e também são indicadas para crianças durante os dois primeiros anos de vida.

3Questão 11 – Enade 2013.

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B. a recusa alimentar, mesmo que mantidos os mesmos alimentos apresentados na tabela,


é muito frequente no segundo ano de vida, quando a velocidade de crescimento diminui
em relação ao primeiro ano, com consequente diminuição do apetite.
C. as crianças devem ser estimuladas a comer alimentos com diferentes gostos, cores,
consistência, temperaturas e texturas e consumir grandes volumes de sucos, como
garantia do aporte necessário de vitaminas e minerais.
D. a absorção intestinal, tanto do ferro heme, presente nos alimentos de origem animal,
quanto do ferro não heme, presente nos alimentos de origem vegetal, ocorre por difusão
facilitada dirigida por um gradiente de concentração.
E. a recomendação diária de 400 a 800 mg de cálcio cobre as necessidades de crianças de
dois anos de idade que consomem, pelo menos, uma porção de alimentos do grupo do
leite e seus derivados.

Questão 4.4
A alimentação e a nutrição adequadas são requisitos essenciais para o crescimento e
desenvolvimento de todas as crianças. São direitos humanos fundamentais, pois
representam a base da própria vida.
No que se refere à alimentação adequada e saudável das crianças pequenas, avalie as
afirmações a seguir.
I. A introdução da alimentação complementar a partir dos dois anos de vida, além de
suprir as necessidades nutricionais, visa aproximar a criança dos hábitos alimentares da
família.
II. Denomina-se como aleitamento materno predominante a situação em que a criança
recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás,
infusões) e sucos de frutas.
III. Uma refeição do tipo almoço de uma criança de 12 meses de idade não amamentada
deve conter os mesmos componentes básicos do cardápio da família.
IV. A alimentação complementar adequada é componente essencial para a segurança
alimentar e nutricional e para promover o crescimento e o desenvolvimento da criança.
É correto apenas o que se afirma em
A. I e II.
B. I e IV.
C. I, II e IV.

4Questão 23 – Enade 2013.

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D. I, III e IV.
E. II, III e IV.

1. Introdução teórica

1.1. Alimentação da criança

Os primeiros anos de vida de uma criança, especialmente os dois primeiros,


são caracterizados por crescimento acelerado e enormes aquisições no
processo de desenvolvimento, incluindo habilidades para receber, mastigar e
digerir outros alimentos, além do leite materno, e no autocontrole do processo
de ingestão de alimentos, para atingir o padrão alimentar cultural do adulto
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

A alimentação correta da criança é essencial para seu bom desenvolvimento. As


deficiências e os excessos nutricionais repercutem no seu estado nutricional e podem levar à
obesidade, à desnutrição e à deficiência de nutrientes, entre outros quadros clínicos. Sabe-
se que, após os seis meses de idade, o leite materno já não é mais suficiente para suprir as
necessidades do organismo da criança. Nessa nova fase, deve-se iniciar a alimentação
complementar, definida no item 1.1.1.
O Ministério da Saúde afirma que a

introdução de alimentos na dieta da criança após os seis meses de idade tem a


função de complementar as numerosas qualidades e funções do leite materno,
que deve ser mantido até os dois anos de vida ou mais. Além de suprir as
necessidades nutricionais da criança, a partir dos seis meses a introdução da
alimentação complementar aproxima progressivamente a criança aos hábitos
alimentares da família e cuidadores e exige todo um esforço adaptativo a uma
nova fase do ciclo de vida, onde lhe são apresentados novos sabores, cores,
aromas, texturas e saberes (Ministério da Saúde, 2010).

Após a introdução dos alimentos complementares ou de transição, deve-se,


gradativamente, modificar a dieta da criança, até que, por volta dos 12 meses, assemelhe-se
à alimentação da família, em quantidade e qualidade adequadas às necessidades da criança.
O Ministério da Saúde (2010) estabeleceu os dez passos para a alimentação saudável
para crianças menores de dois anos, citados a seguir.

Passo 1 - Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás
ou qualquer outro alimento.
Passo 2 - Ao completar 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros
alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.

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Passo 3 - Ao completar 6 meses, dar alimentos complementares (cereais,


tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia, se a
criança estiver em aleitamento materno.
Passo 4 - A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os
horários de refeição da família, em intervalos regulares e de forma a respeitar
o apetite da criança.
Passo 5 - A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e
oferecida de colher; iniciar com a consistência pastosa (papas/purês) e,
gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família
Passo 6 - Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação
variada é uma alimentação colorida.
Passo 7 - Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas
refeições.
Passo 8 - Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas,
salgadinhos e outras guloseimas, nos primeiros anos de vida. Usar sal com
moderação.
Passo 9 - Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o
seu armazenamento e conservação adequados.
Passo 10 - Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar,
oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando
a sua aceitação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

1.1.1. Alimentação complementar

A ingestão de qualquer alimento sólido ou líquido que não o leite materno, durante a
fase de amamentação da criança, é denominada alimentação complementar. O Ministério da
Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam o aleitamento materno por
pelo menos dois anos.

1.2. Alimentação dos 12 aos 24 meses

A criança que apresenta idade entre 12 e 24 meses deve ter, em complementação ao


leite materno, uma alimentação diversificada, já que os nutrientes estão presentes nos
alimentos de forma variada.
A alimentação deve conter proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, minerais e
água. De acordo com os nutrientes que apresentam, os alimentos são classificados em
grupos, conforme é mostrado no quadro 1.
Diariamente, devem ser oferecidas às crianças alimentos de todos os grupos, exceto
doces e açúcares. Para fornecer o suprimento de todos os nutrientes necessários ao
crescimento normal e ao desenvolvimento normal da criança, os alimentos que compõem a
refeição devem ser variados.

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Quadro 1. Descrição dos Grupos de alimentos.


GRUPO IMPORTÂNCIA RECOMENDAÇÃO DIÁRIA
12 A 24 MESES
Cereais, pães e Alimentos ricos em carboidratos devem aparecer em 5 porções
tubérculos quantidades maiores nas refeições, principalmente nas papas,
pois aumentam a densidade energética, além de fornecerem
proteínas.
Verduras e Alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras. Devem ser 3 porções
legumes variados, pois existem diferentes fontes de vitaminas nesse
mesmo grupo.
Frutas Alimentos ricos em vitaminas, minerais e fibras. São, também, 4 porções
importantes fontes de energia.
Leites e Para crianças menores de 2 anos, o leite materno pode ser o 3 porções
produtos lácteos único alimento desse grupo. Fornece cálcio e proteínas. Leite materno (livre demanda)
Carnes, miúdos Alimentos fontes de proteína animal. As carnes têm ferro de alta 2 porções
e ovos biodisponibilidade, e devem fazer parte da papa oferecida à
criança. Os miúdos devem ser consumidos pelo menos uma vez
na semana. Não existem restrições para o consumo de carnes e
ovos a partir dos 6 meses de idade.
Leguminosas Alimentos que fornecem proteínas, ferro não heme e 2 porções
carboidratos.
Óleos e Devem ser evitados o excesso e as frituras antes dos 2 anos de 2 porções
gorduras idade. A gordura está presente naturalmente nas carnes e no
preparo dos alimentos.
Açúcares e Não é recomendada a oferta de açúcar antes dos 2 anos de nenhuma
doces idade.
Fonte. Ministério da Saúde, 2014.
Disponível em <http://www.ibfan.org.br/documentos/outras/doc-582.pdf>. Acesso em 01 abr. de 2014 (com adaptações).

O esquema alimentar de pré-escolares deve ser composto por cinco ou seis refeições
diárias. A ingestão de líquidos deve ser incentivada ao longo do dia, mas controlada no
horário da refeição. O ideal é oferecer água ou suco após a refeição, em pequena
quantidade (150mL) (PALMA e DISCHEKEMIAN, 2009).
Vale destacar que, em 2019, foi publicado um novo Guia Alimentar para Crianças
Brasileiras Menores de 2 anos. Esse material propõe o que segue.

O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos é um documento


oficial do Ministério da Saúde alinhado ao Guia Alimentar para a População
Brasileira, publicado em 2014. Ele traz recomendações e informações sobre
alimentação de crianças nos dois primeiros anos de vida com o objetivo de
promover saúde, crescimento e desenvolvimento para que elas alcancem todo o
seu potencial. Além de apoiar a família no cuidado cotidiano, este documento
subsidia os profissionais no desenvolvimento de ações de educação alimentar e
nutricional em âmbito individual e coletivo no Sistema Único de Saúde (SUS) e em
outros setores. Ele é, também, um instrumento orientador de políticas, programas
e ações que visem apoiar, proteger e promover a saúde e a segurança alimentar e
nutricional das crianças brasileiras (BRASIL, 2019).

O Ministério da Saúde (2019) estabeleceu os 12 passos para a alimentação saudável


para crianças menores de 2 anos, citados a seguir.

16
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

1. Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até os 6


meses.
2. Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, além do leite
materno, a partir dos 6 meses.
3. Oferecer à criança água própria para o consumo em vez de sucos, refrigerantes
e outras bebidas açucaradas.
4. Oferecer a comida amassada quando a criança começar a comer outros
alimentos além do leite materno.
5. Não oferecer a crianças de até 2 anos açúcar ou preparações e produtos que
contenham açúcar.
6. Não oferecer à criança alimentos ultra processados.
7. Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.
8. Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento de
experiências positivas, aprendizado e afeto junto à família.
9. Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar com ela
durante a refeição.
10. Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança e da família.
11. Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa.
12. Proteger a criança da publicidade de alimentos."

2. Indicações bibliográficas

• BRAGA, J. A. P.; BARBOSA, T. N. N.; FERREIRA, A. M A. ANEMIA FERROPRIVA. IN:


PALMA, D; OLIVEIRA, F. L. C; ESCRIVÃO, M. A. M. S. Guia de nutrição clínica na infância
e na adolescência. Barueri, São Paulo: Manole, 2009.
• BRASIL. Ministério da Saúde. ENPACS: Estratégia Nacional Para Alimentação
Complementar Saudável: Caderno Do Tutor/Ministério da Saúde, Rede Internacional em
Defesa do Direito de Amamentar – IBFAN Brasil. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
Disponível em <http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/caderno_do_tutor.pdf>.
Acesso em 25 mar. 2014.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças
menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2.
ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 72 p.: il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
Disponível em <http://www.ibfan.org.br/documentos/outras/doc-582.pdf>. Acesso em
25 mar. 2014.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação
complementar/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de

17
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. Série A. Normas e
Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica, n. 23.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar/Ministério
da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. 2. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em
http://dab.saude.gov.br/portaldab/biblioteca.php?conteudo=publicacoes/cab23. Acesso
em 03 nov. 2015.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Aleitamento materno,
distribuição de leites e fórmulas infantis em estabelecimentos de saúde e a legislação/
Ministério da Saúde. Secretaria Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
e Estratégicas. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 28
p. Disponível em
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/aleitamento_materno_distribuicao_leite.pdf
>. Acesso em 03 nov. 2015.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de
Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primaria à Saúde, Departamento de
Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Guia alimentar
para crianças brasileiras menores de 2 anos versão resumida [recurso eletrônico].
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Brasília: Ministério da
Saúde, 2021. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2019/Lei/L13844.htm>. Acesso em 30 de julho de 2022.
• PALMA, D.; DISHCHEKENIAN, V. R. M. Alimentação Complementar. In: PALMA, D;
OLIVEIRA, F. L. C; ESCRIVÃO, M. A. M. S. Guia de nutrição clínica na infância e na
adolescência. Barueri, São Paulo: Manole, 2009.

18
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 5 e 6
Questão 5.5
A crescente incidência das doenças cardiovasculares (DCV) no último século incrementou a
busca incessante para descobrir os fatores de risco (FR) relacionados ao seu
desenvolvimento. Ainda que a genética e a idade tenham importância nesta evolução, há
muitos outros fatores de risco que podem ser influenciados por modificações no estilo de
vida, de forma a reduzir os problemas cardiovasculares e a aumentar a sobrevida de
pacientes portadores ou em risco de coronariopatias. De acordo com as diretrizes da
Sociedade Brasileira de Cardiologia, os fatores de risco mais relevantes no panorama da
saúde cardiovascular no Brasil são: tabagismo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes
mellitus, obesidade e dislipidemias. O tratamento não medicamentoso para minimizar estes
fatores está relacionado com a mudança comportamental e a adesão a um plano alimentar
saudável. Com base no texto e considerando um plano alimentar cujo objetivo é diminuir os
fatores de risco que possam contribuir para o aumento de ocorrência das DCV, avalie as
afirmativas.
I. O consumo de fibras alimentares insolúveis resulta em benefícios diretos para a redução
das DCV, por diminuir as concentrações séricas da LDL-C, melhorar a tolerância à
glicose e controlar o diabetes tipo 1.
II. O consumo regular de ácidos graxos saturados, como o ômega 3, reduz os triglicerídios
séricos, melhora a função plaquetária e promove ligeira redução na pressão arterial de
pacientes hipertensos.
III. A carência de minerais - como potássio, cálcio e, possivelmente, o magnésio - associada
ao excesso de sódio na alimentação, pode estar relacionada a níveis mais altos de
pressão arterial.
IV. O maior consumo de frutas e vegetais ricos em flavonoides pode reduzir o risco para
DCV, por sua ação antioxidante na LDL-C e da modesta atividade antiplaquetária e anti-
inflamatória.
É correto apenas o que se afirma em
A. I e II.
B. I e III.
C. III e IV.
D. I, II e IV.
E. II, III e IV.

5Questão 12 – Enade 2013.

19
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 6.6
Com base nos dados contidos na ficha de cadastramento das famílias ficha A) preenchida
pelo agente comunitário de saúde (ACS), verificou-se uma frequência de 45% de
hipertensão arterial sistêmica (HAS) na população maior de 40 anos de idade de um
determinado município. O nutricionista do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF)
elaborou uma atividade de educação alimentar e nutricional para esse grupo populacional,
com foco na prevenção e no controle da HAS. Considerando a situação hipotética
apresentada e as orientações que devem ser priorizadas na situação descrita, avalie as
afirmativas.
I. Deve-se proibir o consumo de alimentos processados ou industrializados.
II. É necessário reduzir o consumo de alimentos ricos em sódio e potássio.
III. É preciso incentivar a ingestão adequada de cálcio.
IV. Deve-se orientar a população sobre a manutenção do peso corporal adequado.
É correto apenas o que se afirma em
A. I e II.
B. II e III.
C. III e IV.
D. I, II e IV.
E. I, III e IV.

1. Introdução teórica

1.1. Prevenção cardiovascular

A I Diretriz de Prevenção Cardiovascular, publicada em dezembro de 2013, propõe a


uniformização de condutas quanto à prevenção cardiovascular no Brasil. Estudos
prospectivos não mostraram evidências científicas sobre o benefício de consumo de
suplementação de vitaminas e de ácidos graxos ômega 3 para a prevenção de doenças
cardiovasculares (DCV).
Entretanto, observa-se uma relação favorável entre o consumo de frutas e verduras e
o menor risco de DCV, o que comprova a importância das vitaminas na promoção da saúde.

6Questão 22 – Enade 2013.

20
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

A dieta rica em frutas e em vegetais ricos em carotenoides, precursores da vitamina


A, é importante para a prevenção de DCV. Em relação à vitamina E, há evidências de seu
poder antioxidante e de seu papel na aterosclerose. Porém, até o momento, os ensaios
clínicos não evidenciaram benefícios da suplementação. Tal aspecto também se aplica às
vitaminas C e D. Nota-se que baixas concentrações sanguíneas de vitamina D são
associadas à hipertensão arterial, à obesidade, ao diabetes e à síndrome metabólica e sua
deficiência está associada às doenças cardiovasculares em estudos recentes. Não há
evidências da necessidade de sua suplementação. Estudos mostram a relação do consumo
de vitamina B e do folato na diminuição da homocisteína (I Diretriz de Prevenção
Cardiovascular, 2013).

1.2. Hipertensão arterial

A hipertensão arterial é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de


doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença cerebrovascular, doença renal
crônica e fibrilação arterial. Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2010),

as principais recomendações não medicamentosas para prevenção primária da


HAS são: alimentação saudável, consumo controlado de sódio e álcool,
ingestão de potássio, combate ao sedentarismo e ao tabagismo.

1.3. Dieta

O padrão dietético DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), caracterizado


pelo alto consumo de frutas, hortaliças, fibras, minerais e laticínios com baixos teores de
gordura, tem apresentado impacto positivo na redução da pressão arterial (PA) (VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão, 2010; I Diretriz de Prevenção Cardiovascular, 2013). Os
benefícios sobre a PA estão associados ao alto consumo de potássio, magnésio e cálcio na
dieta (I Diretriz de Prevenção Cardiovascular, 2013).
A dieta do Mediterrâneo, caracterizada pelo alto consumo de frutas e hortaliças,
revelou ser inversamente proporcional aos níveis de PA, mesmo com maior percentual de
gordura. Acredita-se que a substituição do excesso de carboidratos por gordura insaturada
induz mais significativamente à redução da PA (I Diretriz de Prevenção Cardiovascular,
2013; I Diretriz de Prevenção Cardiovascular, 2013).

21
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

As dietas vegetarianas são inversamente associadas com a incidência de doenças


cardiovasculares, pois fornecem menor quantidade de nutrientes como gordura saturada e
colesterol. Entretanto, essas dietas podem ser deficientes em micronutrientes, como ferro,
vitamina B12 e cálcio. Nesse tipo de dieta, é preciso adaptar a dieta às necessidades do
indivíduo, para avaliar se é necessária a complementação com suplementos. Deficiências de
micronutrientes, muitas vezes observadas em lactovegetarianos, têm sido identificadas como
fatores predisponentes à HAS em adultos seguidores desse estilo alimentar (VI Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão, 2010; I Diretriz de Prevenção Cardiovascular, 2013).
É importante ressaltar que foram publicados novos documentos orientativos, como as
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2020), a Atualização da Diretriz de Prevenção
Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2019) e o Posicionamento sobre o
Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular (2021).

2. Indicações bibliográficas

• BARROSO, W. K. S. et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arquivos


Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 116, n. 3, p. 516-658, 2021. Disponível em
<https://doi.org/10.36660/abc.20201238 >. Acesso em 10 mai. 2022.
• PRÉCOMA, D. B.; OLIVEIRA, G. M. M; SIMÃO, A. F.; DUTRA, O. P.; COELHO, O. R. et al.
Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de
Cardiologia – 2019. Arq. Bras. Cardiol., v. 113, n. 4, p. 787-891, 2019.
• IZAR, M. C. O. et al. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde
Cardiovascular – 2021. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. 2021, v. 116, n. 1,
pp. 160-212. Disponível em <https://doi.org/10.36660/abc.20201340>. Acesso em 2
ago. 2022.
• SANTOS, R. D. et al. I Diretriz sobre o consumo de gorduras e saúde cardiovascular. Arq.
Bras. Cardiol., São Paulo, v.100, n.1, supl.3, jan. 2013. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2013000900001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 set. 2014.
• SIMAO, A.F. et al. I Diretriz Brasileira de Prevenção Cardiovascular. Arq. Bras.
Cardiol., São Paulo, v.101, n.6 (2), dez. 2013. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2013004500001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 28 agos. 2014.

22
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

• SPOSITO, A. C., et al. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da


Aterosclerose: Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol. São Paulo, v.88 (1), abr. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2007000700002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 12 set. 2014.
• VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO. Arq. Bras. Cardiol. São
Paulo, v.95, n.1, supl.1, 2010. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2010001700001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 set. 2014.
• XAVIER, H. T., et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da
Aterosclerose. Arq. Bras. Cardiol. São Paulo, v.101 (4), supl.1, out. 2013. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2013004100001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 25 set. 2014.

23
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 7
Questão 7.7
Nos últimos anos, as dietas vegetarianas vêm-se tornando cada vez mais populares em
vários países, por razões filosóficas, ecológicas, religiosas ou de saúde.
Acerca desse tipo de dieta, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas.
I. Um número cada vez maior de estudos científicos tem mostrado que dietas vegetarianas
apresentam vantagens expressivas quando comparadas às dietas onívoras e podem
auxiliar na prevenção e no tratamento das dislipidemias.
PORQUE
II. As dietas vegetarianas exibem baixo teor de proteína animal, colesterol e gorduras
saturadas e tendem a exibir alto teor de fibras, carboidratos complexos e antioxidantes.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A. as asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I.
B. as asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não justifica a I.
C. a asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D. a asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E. as asserções I e II são proposições falsas.

1. Introdução

1.1. Vegetarianismo

O vegetarianismo é um regime alimentar baseado na não ingestão de qualquer tipo de


carne animal. No entanto, a alimentação vegetariana apresenta diferentes linhas, com
princípios distintos, que preveem a ingestão ou não de determinados alimentos, conforme
segue.
• Vegetarianismo restrito ou vegano – alimentação totalmente isenta de produto de origem
animal, ou seja, não se consomem queijos, leites, ovos e, na versão estrita, o mel
também não é permitido.
• Lactovegetarianismo – alimentação que permite o consumo de leite e derivados.
• Ovo-lactovegetarianismo – alimentação que permite o consumo de leite e derivados e de
ovos.

7Questão 13 – Enade 2013.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

• Crudivorismo – alimentação composta só de alimentos crus, preferencialmente alimentos


frescos, brotos, germinados, frutas, hortaliças e oleaginosas.
• Frugivorismo – alimentação composta de frutas e sementes oleaginosas (COURY et al,
2007).
Estudos mostram que a dieta vegetariana está associada a benefícios à saúde, como
maior longevidade e menor prevalência de obesidade, doenças coronarianas, osteoporose,
diabetes e certos tipos de câncer.
O consumo de menores teores de gordura saturada e de colesterol por indivíduos
vegetarianos em relação à maior parte dos onívoros é notório. Normalmente, os
vegetarianos apresentam maior consumo de frutas, hortaliças e leguminosas, maior
quantidade de fibras, nutrientes antioxidantes, fitoquímicos e ácido fólico na dieta.
Segundo Teixeira et al (2007),

é de fundamental importância evidenciar as vantagens da alimentação rica em


produtos de origem vegetal e pobre em alimentos de origem animal para a
prevenção e o controle dos fatores de risco cardiovascular.

2. Indicações bibliográficas

• COURY, S. T.; SILVA, D. L.; AZEVEDO, E. D. Dietoterapia chinesa, vegetarianismo e


nutrição antroposófica. In: SILVA, S. M. C. S; MURA, J. D. P. Tratado de alimentação,
nutrição e dietoterapia, 2007, p. 1018-1035.
• TEIXEIRA, R. DE C. M. DE A. et al. Risco cardiovascular em vegetarianos e onívoros: um
estudo comparativo. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v.89 (4), out. 2007. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-782X2007001600005&lng=en&nrm=iso>.
Acesso 9 mai. 2014.

25
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 8 e 9
Questão 8.8
A desnutrição proteico-calórica, problema comum em pacientes portadores de câncer, eleva
as taxas de complicações e mortalidade. Tumores do trato digestório, tais como o câncer
colorretal (ou do canal anal), levam a obstruções que interferem na absorção de nutrientes,
resultando perda ponderal. Entre os sintomas do câncer colorretal estão dores,
sangramentos e diarreia. Nesse contexto, o tratamento radioquimioterápico pode ser
recomendado. Todavia, esse tipo de tratamento pode agravar o estado nutricional do
paciente induzindo o surgimento de náuseas, vômitos, diarreia e fibrose do canal anal.
Dessa forma, faz-se necessária a utilização de dietas pobres em resíduos, a fim de prevenir
a impactação fecal, reduzir a frequência e esforço nas evacuações e o volume fecal, com
vistas a evitar a piora do quadro clínico.
Considerando o texto e as condutas nutricionais a serem adotadas com pacientes
acometidos de câncer colorretal, avalie as afirmativas.
I. O uso de fórmulas com baixo teor de resíduos e com aporte calórico e proteico que
complemente a dieta artesanal com pouco resíduo (in natura) parece ser mais indicado
para evitar o agravamento da depleção nutricional em pacientes com tumor colorretal
tratados com radioquimioterapia associada.
II. A dieta líquida artesanal, com alimentos in natura e com baixo teor de resíduo, não
atinge as recomendações nutricionais preconizadas para um paciente adulto com câncer
colorretal e desnutrição proteico-calórica instalada.
III. A dietoterapia para pacientes com câncer colorretal deve incluir cereais integrais, leites e
derivados, para se garantir um aporte energético e proteico mais adequado,
favorecendo a melhora do quadro nutricional.
IV. Os pacientes devem ser estimulados a receber dietas pela via enteral, através de sonda
nasogástrica, pois essa é a forma fisiológica de alimentá-los e estimulá-los a contribuir
para o seu tratamento, dado o efeito psicológico positivo que ela causa.
V. A terapia nutricional no paciente oncológico deve prevenir ou tratar a desnutrição,
modular a resposta orgânica, controlar os efeitos adversos do tratamento e melhorar a
qualidade de vida.
É correto apenas o que se afirma em
A. I, II e V. B. I, III e IV. C. I, III e V. D. II, III e IV. E. II, IV e V.

8Questão 14 – Enade 2013.

26
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 9.9
A caquexia do câncer, condição comum no estágio terminal da doença, caracteriza-se pela
perda progressiva de peso e anorexia, associada a problemas frequentes, como disfagia,
odinofagia, disgeusia ou hipogeusia, estomatite, náuseas, vômitos, dispneia, que contribuem
para redução do consumo alimentar.
Para um paciente nessa condição, em estágio terminal, os cuidados nutricionais devem
priorizar
A. a oferta adequada de nutrientes e a recuperação do estado nutricional.
B. a avaliação nutricional objetiva, pela antropometria, para diagnóstico do estado
nutricional, por ser um método não invasivo e de fácil aplicação.
C. o suporte nutricional enteral, para que haja ganho de massa muscular.
D. o conforto e o bem-estar do paciente, e não a reabilitação nutricional.
E. o suporte nutricional parenteral como adjuvante da terapia anticaquexia.

1. Introdução

1.1. Câncer

O câncer é considerado a segunda causa de óbito no país e no mundo, com tendência


de crescimento nos próximos anos.
Trata-se de uma doença multifatorial crônica, caracterizada pelo crescimento
descontrolado das células, acarretando modificações no conteúdo genético (INCA, 2014).

1.2. Câncer colorretal

O câncer colorretal está entre os mais frequentes tipos de câncer no Brasil. Acredita-
se que carcinógenos sejam consumidos por meio da ingestão de alimentos e bebidas, o que
causa a interação com células intestinais. Uma minoria dos casos dessa doença (5 a 10%)
tem sido associada a fatores hereditários (TOMITA e CARDOSO, 2014).
O câncer colorretal cinge tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o
cólon) e o reto. Ao ser detectado precocemente, é tratável na maioria dos casos; quando
ainda não atingiu outros órgãos, pode ser curável. Grande parte desses tumores inicia-se a
partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.

9Questão 33 – Enade 2013.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Uma das maneiras de prevenir o aparecimento dos tumores é a detecção e a remoção dos
pólipos, antes que eles se tornem malignos (INCA, 2012).

1.2.1. Alimentos associados ao risco de câncer colorretal

O grande consumo de carnes vermelhas e embutidos está associado ao aumento do


risco de desenvolvimento do câncer colorretal. Entre os possíveis mecanismos de
carcinogênese relacionados a esses tipos de alimentos, temos: geração de substâncias
carcinogênicas (nitritos) no estômago, produção de aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos na cocção em alta temperatura de proteínas de origem animal e
danos à mucosa do cólon provocados por elevado consumo de ferro heme (TOMITA e
CARDOSO, 2014).
O consumo de álcool e o excesso de peso também parecem estar associados ao
aumento de risco desse câncer. A gordura corporal afeta diretamente hormônios como a
insulina e o fator de crescimento semelhante à insulina, determinantes para a proliferação
celular. O tecido adiposo estimula a secreção de citocinas, induzindo uma resposta pró-
inflamatória crônica que pode contribuir para o desenvolvimento de vários tumores (TOMITA
e CARDOSO, 2014).
A prática de atividade física e o consumo adequado de frutas, verduras e legumes
podem ser considerados fatores protetores para a doença em questão (TOMITA e
CARDOSO, 2014).

1.2.2. Dietoterapia no câncer

O tratamento dietético, ou terapia nutricional (TN), objetiva a redução de efeitos


deletérios da doença, a prevenção da desnutrição, a melhora da resposta imunológica, além
da melhora do prognóstico, aumentando a sobrevida do paciente (DUTRA e SAGRILLO,
2014; MAURÍCIO, 2014). A TN pode auxiliar os pacientes a obterem os nutrientes
necessários para a manutenção ou a recuperação do peso, impedindo a perda de tecido
corporal e construindo novos tecidos e combatendo infecções. Para isso, o plano alimentar
deve ser individualizado e deve atender às necessidades nutricionais de cada paciente
(SILVA e MURA, 2010).
Deve-se realizar avaliação nutricional desde o início do acompanhamento nutricional,
a fim de prevenir maior perda de peso. A TN deve considerar a individualidade do paciente,

28
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

suas necessidades nutricionais, seu estado nutricional, suas restrições dietéticas, sua função
gastrintestinal, seu estado clínico e os efeitos colaterais decorrentes do tratamento (DUTRA
e SAGRILLO, 2014; NASCIMENTO e ALMEIDA, 2015).
Em alguns casos, a suplementação oral pode ser indicada ao paciente se a
necessidade calórica não for alcançada. Em pacientes que não conseguem atingir as
necessidades nutricionais exclusivamente por via oral, há indicação de nutrição enteral. A
nutrição parenteral deve ser utilizada em casos nos quais o paciente apresenta-se
impossibilitado de receber nutrição oral ou enteral (DUTRA e SAGRILLO, 2014).
Dependendo do tipo e da localização do tumor, do grau de estresse, da presença de
má absorção e do estado do paciente, a necessidade nutricional pode variar.
O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva publicou, em 2016, o
Consenso Nacional de Nutrição Oncológica. Vejamos.
Para calcular as necessidades energéticas do paciente, podemos utilizar diversos
métodos, como a calorimetria indireta (CI), as equações preditivas e as fórmulas simples.
A CI continua sendo o método recomendado para determinar as necessidades de
energia para os pacientes críticos. Entretanto, se a CI não estiver disponível ou se a sua
utilização não for viável para o cálculo, as equações preditivas como, as equações de Harris
Benedict, Mifflin-St Jeor, Ireton Jones e Curreri devem ser utilizadas.
Outro método rápido e de expansiva aplicabilidade na prática clínica para estimar os
requerimentos energéticos é a fórmula simples de bolso. No caso em que os pacientes
apresentam edema ou em anasarca, podemos usar o peso seco ou o peso usual.
A recomendação nutricional para os pacientes críticos varia em torno de 25 a 30
kcal/kg de peso atual/dia, e a quantidade de proteína varia entre 1,5 e 2,0 g/kg de peso
atual/dia. Na fase aguda da resposta ao trauma, a necessidade de proteína fica entre 20 e
25 kcal/kg de peso atual/dia.
Para os pacientes obesos críticos, com índice de massa corporal (IMC) entre 30 e
50kg/m², a oferta calórica deve ficar entre 11 e 14 kcal/kg de peso atual/dia. Para os
obesos que apresentam IMC maior do que 50 kg/m², a oferta calórica é de 22 a 25 kcal/kg
de peso ideal/dia. A maioria dos pacientes críticos necessita de dietas hiperproteicas.
A proteína é o mais importante combustível utilizado na resposta metabólica ao
trauma, já que tem papel fundamental na fase aguda, na resposta imunológica, na
cicatrização de feridas e na manutenção da massa magra (ARENDS et al., 2006;
MARTINDALE et al., 2009; MCCLAVE et al., 2016; NUNES et al., 2011).

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Nesse contexto, a oferta de proteína é aumentada entre 1,2 e 2,0 g/kg de peso
atual/dia. Em média, a recomendação é em torno de 1,5 g/kg de peso atual/dia. O cálculo
do balanço nitrogenado é utilizado para determinar o total de perda nitrogenada e, assim,
podemos reduzir ou aumentar o aporte de proteína na dieta do paciente oncológico crítico.
Para o paciente oncológico obeso crítico, com IMC entre 30 e 40 kg/m², a oferta
proteica deve ser de 2,0 g/kg de peso ideal/dia. Para pacientes com IMC maior ou igual 20
kg/m², a oferta deve ser de 2,5 g/kg de peso ideal/dia (Consenso Nacional de Nutrição
Oncológica, 2016).
Os requerimentos hídricos para os pacientes críticos baseiam-se na oferta de líquidos
preconizada para indivíduos normais. Essa quantidade é estabelecida de acordo com a faixa
etária:
• de 18 a 55 anos, 35 ml/kg de peso atual/dia;
• de 55 a 65 anos, 30 ml/kg de peso atual/dia;
• mais de 65 anos, 25 ml/kg de peso atual/dia.
Contudo, na presença de falência renal, hepática ou cardíaca, desidratação, edema ou
anasarca, essa quantidade deve ser ajustada de acordo com a orientação da equipe
multidisciplinar (CUPPARI, 2013).
O que estudamos está apresentado nos quadros a seguir.

Quadro 1. Recomendações nutricionais sintetizadas para o paciente critico adulto oncológico.

Fonte. Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, 2016.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Quadro 2. Resumo sobre a terapia nutricional consensuada para o paciente oncológico crítico adulto.

Fonte. Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, 2016.

A TN pode ser administrada por diferentes vias: oral, enteral e parenteral, de acordo
com o agravamento do trato gastrintestinal do paciente oncológico e o seu estado
nutricional.
As neoplasias malignas causam impacto no estado nutricional do paciente,
independentemente de suas localizações. Tumores localizados na região do cólon, reto,
cabeça, pescoço, pulmão, esôfago, estômago, fígado e pâncreas apresentam maior
influência na desnutrição (NASCIMENTO e GÓIS, 2015).

31
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Em pacientes com câncer colorretal submetidos à radioterapia, a dieta obstipante é


um fator coadjuvante no tratamento, pois contribui para a manutenção do estado nutricional
e para a normalização do hábito intestinal (SILVA e MURA,2010).
O tratamento por meio de probióticos e prebióticos na terapia oncológica ainda é
inconclusivo, principalmente em relação aos efeitos sobre o tratamento dos pacientes
submetidos à cirurgia colorretal. Há algumas evidências científicas de que o consumo de
probióticos e prebióticos promova o efeito antineoplásico em pacientes sadios e o efeito
protetor em pacientes com câncer estabelecido.

1.2.2.1. Terapia Nutricional Enteral (TNE)

A Terapia Nutricional Enteral (TNE) basicamente é indicada em duas situações:


• quando há risco de desnutrição, ou seja, quando a ingestão alimentar via oral é
insuficiente a aproximadamente 70% das necessidades calóricas diárias do paciente e
• quando o trato digestório apresenta limitações funcionais significativas (WAITSBERG et
al, 2006).
Além disso, cada caso deve ser analisado individualmente, considerando o tempo de
inadequação das necessidades calóricas do paciente, o estado nutricional e o catabolismo
apresentado no momento (WAITSBERG et al, 2006).
A seleção de via de acesso - gástrica, duodenal ou jejunal - da dieta enteral deve
considerar o tempo necessário de sua administração (curto ou longo prazo). Em caso de
TNE em curto prazo, geralmente é realizada por meio de sondas nasoenterais, nas posições
gástrica, duodenal ou jejunal. Para TNE em longo prazo, o acesso geralmente indicado para
administração da dieta ao paciente é por meio de uma estomia, gástrica ou jejunal.
O uso da Terapia Parenteral Total (NPT) em câncer é indicado para pacientes com
desnutrição moderada ou grave, hospitalizados, com doença maligna potencialmente
tratável, que poderão ser submetidos a um tratamento de câncer agressivo com expectativa
de vida razoável (WAITSBERG et al, 2006).

Caquexia

A desnutrição no câncer é denominada caquexia e apresenta os seguintes fatores


associados: anorexia, perda tecidual, atrofia da musculatura esquelética, miopatia, perda
rápida de tecido gorduroso, atrofia de órgãos viscerais e anergia. As alterações bioquímicas

32
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

no paciente com caquexia frequentes são: anemia, hipoalbuminemia, hipoglicemia,


lactacidemia, hiperlipidemia, intolerância à glicose e elevação de marcadores inflamatórios
(DUTRA e SAGRILLO, 2014).
Pacientes com ingestão de energia e proteína adequadas podem desenvolver
caquexia pela má absorção intestinal, por doenças sistêmicas graves, como Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida, câncer, artrite reumatóide e sepse e por situações relacionadas
ao pós-operatório de grandes cirurgias (DUTRA e SAGRILLO, 2014).

1.3. Cuidados paliativos oncológicos

Há limitações no combate ao câncer. Muitas vezes, o que resta aos profissionais de


saúde é tentar oferecer ao paciente alívio em relação à dor e ao sofrimento, visando à
melhor qualidade de vida possível no momento.
Nesse estágio, os cuidados terapêuticos, em função da terapia curativa, já não devem
estar em primeiro plano. Os cuidados totais prestados aos pacientes devem abranger suas
famílias também.

2. Indicações bibliográficas

• BIANGULO, B. F.; FORTES, R. C. Métodos subjetivos e objetivos de avaliação do estado


nutricional de pacientes oncológicos. Com. Ciências Saúde, v.24(2):131-144, 2013.
• CONSENSO NACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA. Instituto Nacional de Câncer José
Alencar Gomes da Silva/ Ministério da Saúde. 2. ed. 2016.
• DUTRA; I. K. A.; SAGRILLO, M. R. Terapia Nutricional para Pacientes Oncológicos com
Caquexia. Ciências da Saúde, v.15(1):155-169, 2014.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Coordenação Geral de Gestão Assistencial.
Hospital do Câncer I. Serviço de Nutrição e Dietética. Consenso nacional de nutrição
oncológica, volume 2. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Gestão
Assistencial. Hospital do Câncer I. Serviço de Nutrição e Dietética. – Rio de Janeiro:
INCA, 2011. Disponível em
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Consenso_Nutricao_vol_2.pdf>. Acesso
em 19 fev. 2015.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Coordenação de
Prevenção e Vigilância. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil/Instituto Nacional

33
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

de Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de


Janeiro: INCA, 2014. 124p. Disponível em
<http://saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/outros-
destaques/estimativa-de-incidencia-de-cancer-2014/estimativa_cancer_24042014.pdf>.
Acesso em 19 fev. 2015.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. Coordenação
Geral de Ações Estratégicas. Coordenação de Educação. ABC do câncer: abordagens
básicas para o controle do câncer/Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da
Silva, Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Educação; organização
Luiz Claudio Santos Thuler. 2. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Inca, 2012. 129 p. 2. ed.
rev. ampl. Rio de Janeiro: Inca; 2012. Gomes da Silva. Disponível em
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/abc_do_cancer_2ed.pdf>. Acesso em
19 fev. 2015.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR COORDENAÇÃO DE PREVENÇÃO E
VIGILÂNCIA. Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil/Instituto Nacional de
Câncer José Alencar Gomes da Silva, Coordenação de Prevenção e Vigilância. Rio de
Janeiro: INCA, 2014. 124p.: il. col., mapas. Disponível em
<http://saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/homepage/outros-
destaques/estimativa-de-incidencia-de-cancer-2014/estimativa_cancer_24042014.pdf>.
Acesso em 19 fev. 2015.
• INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER. Cuidados Paliativos oncológicos- Controle de
sintomas. Rev. Brasileira de Cancerologia, 2002, 48 (2): 191-211. Disponível em
<http://www.inca.gov.br/rbc/n_48/v02/pdf/condutas3.pdf>. Acesso em 26 mar. 2015.
• MACHADO, F. F.; LAZZARETTI, R. K.; POZIOMYCK, A. K. Uso de Prebióticos, Probióticos
e Simbióticos nos Pré e Pós-Operatórios do Câncer Colorretal: uma Revisão. Rev. Bras.
de Cancerologia, 60(4): 363-370, 2014. Disponível em
<http://www1.inca.gov.br/rbc/n_60/v04/pdf/11-revisao-de-literatura-uso-de-prebioticos-
probioticos-e-simbioticos-nos-pre-e-pos-operatorios-do-cancer-colorretal-uma-
revisao.pdf>. Acesso em 03 nov. 2015.
• MACHADO, J. D. C.; SILVESTRE, S. C.; MARCHINI, J. S. Nutrologia e Câncer. Nutrição e
Metabolismo - Manual de Procedimentos em Nutrologia. São Paulo: Guanabara-Koogan,
2009.
• MAURÍCIO, S. F. Impacto Nutricional no Paciente Oncológico. Ver. Bras. de Ciências da
Vida, v.2:1-14, 2014.

34
Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

• NASCIMENTO, F. S. M.; GÓIS, D.N.S.; ALMEIDA, D. S.; et al. A importância do


acompanhamento nutricional no tratamento e na prevenção do câncer. Ciências
Biológicas e de Saúde Unit; v. 2 (3) p. 11-24, 2015.
• PINHO, N. B.; OLIVEIRA, G. P. C.; CORREIA, M. I. T. D.; et al. Projeto Diretrizes –
Terapia Nutricional na Oncologia- Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral,
2011. Disponível em
<http://www.projetodiretrizes.org.br/9_volume/terapia_nutricional_na_oncologia.pdf>.
Acesso em 06 mai. 2015.
• REIRIZ, A. B.; MOTTER, C.; BUFFON, V. R. et al. Cuidados Paliativos - há benefícios na
nutrição do paciente em fase terminal? Rev. Soc. Bra. Clin. Med. v.6(4):150-155,2008.
• SILVA, M. P. N. Síndrome da anorexia-caquexia em portadores de câncer. Revista
Brasileira de Cancerologia 2006; 52(1): 59-77. Disponível
<http://www.inca.gov.br/rbc/n_52/v01/pdf/revisao3.pdf>. Acesso em 19 fev. 2015.
• SILVA, S. M. C. S.; MURA, J. D. P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. 2.
ed. São Paulo: Roca-Brasil, 2010. p: 597, 806, 813.
• TOMITA, L. Y.; CARDOSO, M. A. Dieta Nutrição e Prevenção do câncer. In: Cardoso, M.
A. São Paulo: Atheneu, 2014. p. 147-57.
• WAITSBERG, D. L. CÂNCER. In: WAITSBERG, D. L. Nutrição Oral, enteral e Parenteral na
Prática Clínica. 3. ed., São Paulo: Atheneu, 2006.
• WAITSBERG, D. L; FADUL, R. A.; VAN AANHOLT, D.P.J. Indicações e Técnicas de
Ministração em Nutrição Enteral. In: Waitsberg, D.L. Nutrição Oral, enteral e Parenteral
na Prática Clínica. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2006.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Questão 10

Questão 10.10
A Síndrome Metabólica (SM), alvo de muitos estudos nos últimos anos, pode ser caracterizada por
um grupo de fatores de risco (FR) inter-relacionados, de origem metabólica, que diretamente
contribuem para o desenvolvimento de doença cardiovascular e (ou) diabetes do tipo 2. São
considerados como FR: dislipidemia aterogênica (hipertrigliceridemia, níveis elevados de
apolipoproteína B e de LDL-C e níveis baixos de HDL-C), hipertensão arterial, hiperglicemia e estado
pró-inflamatório e pró-trombótico. Os critérios clínicos e laboratoriais para o diagnóstico da SM são:
1. Glicemia de jejum: ≥100mg/dL.
2. HDL-C: Homens: <40mg/dL; Mulheres: <50mg/dL.
3. Triglicerídios: ≥150mg/dL ou em tratamento para hipertrigliceridemia.
4. Circunferência da cintura ≥102cm para homens ou ≥88 cm para mulheres.
5. Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS): ≥130x85mmHg ou em tratamento medicamentoso para
HAS.
O número de alterações maior ou igual a três pode configurar o diagnóstico da SM.
Third Report of the National Cholesterol Education Program Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood
Cholesterol in Adults - NCEP-ATPIII. Disponível em <www.nhlbi.nih.gov>. Acesso em 09 set. 2013 (com adaptações).

Considerando os aspectos explicitados referentes à SM, analise as afirmativas.


I. Alimentos como gema de ovo, vísceras, queijo tipo cheddar e camarões têm influência
insignificante sobre os FR que aumentam a incidência da SM e, por conterem
aminoácidos essenciais, importantes para a manutenção da massa magra nos pacientes
com SM, podem ser consumidos à vontade.
II. Os altos níveis da proteína C reativa (envolvida em eventos cardiovasculares), do fator
inibidor da ativação do plasminogênio (PAI-1) e do fibrinogênio caracterizam estado pró-
inflamatório e pró-trombótico e estão associados à incidência da SM.
III. O excesso de peso corporal influi no desenvolvimento da SM, pois a obesidade contribui
para hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol total, baixos níveis de HDL-C e
hiperglicemia.
IV. A resistência à insulina tem papel fundamental na gênese da SM, uma vez que a
ausência deste hormônio contribui para a incidência de diabetes insipidus.
V. A ingestão elevada de carboidratos (acima de 60% do total de energia) pode contribuir
para hipertrigliceridemia, que é um dos FR da SM.
É correto apenas o que se afirma em
A. I, III e IV.
B. I, II e V.
C. I, II e IV.
D. II, III e V.
E. III, IV e V.

10Questão 15 – Enade 2013.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

1. Introdução

1.1. Síndrome metabólica e critérios diagnósticos

A síndrome metabólica é caracterizada pelo excesso de adiposidade visceral associada


a diversas anormalidades metabólicas, hemodinâmicas, pró-inflamatórias e pró-trombóticas.
Segundo a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica
(2005) e conforme citado no quadro 1, são necessárias para o diagnóstico da doença as
avaliações:
• da glicemia de jejum, sem exigir o teste de tolerância oral à glicose, nem métodos
acurados de avaliação da insulino-resistência (clamp euglicêmico, HOMA–IR);
• da dosagem do HDL-colesterol e dos triglicerídeos;
• do valor da circunferência abdominal e
• do valor da pressão arterial.

Quadro 1. Componentes da síndrome metabólica segundo o NCEP-ATP II.I

Disponível em <http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2005/sindromemetabolica.pdf>. Acesso em 19 fev. 2015.

Outros exames laboratoriais adicionais podem ser realizados para avaliar melhor o
risco cardiovascular global do paciente: colesterol total, LDL-colesterol, creatinina, ácido
úrico, microalbuminúria, proteína C reativa, TOTG (glicemia de jejum e após duas horas da
ingestão de 75g de dextrosol) e eletrocardiograma (I Diretriz brasileira de diagnóstico e
tratamento da síndrome metabólica, 2005).
Ressalta-se que os portadores de resistência à insulina e portadores de síndrome
metabólica geralmente apresentam aumento da fração pequena e densa do LDL-colesterol,
que representam risco aterosclerótico maior. Contudo, os níveis de LDL-colesterol não estão

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

incluídos nos critérios diagnósticos da síndrome metabólica (I Diretriz Brasileira de


Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, 2005).

1.2. Dietoterapia na síndrome metabólica

Para o tratamento não medicamentoso do paciente com SM, é preconizada a


realização de um plano alimentar para a redução de peso, associada à prática de exercício
físico. Espera-se que o paciente diminua expressivamente a circunferência abdominal e a
gordura visceral, melhore a sensibilidade à insulina, diminua os níveis plasmáticos de
glicose, reduza a pressão arterial e os níveis de triglicérides e aumente o HDL-colesterol.
As recomendações para a composição do plano alimentar para o paciente com
síndrome metabólica são mostradas no quadro 2. Destacam-se a necessidade de avaliação
nutricional (índice de massa corpórea, circunferência abdominal e, quando possível,
composição corporal) e a análise do perfil metabólico (I Diretriz brasileira de diagnóstico e
tratamento da síndrome metabólica, 2005).
O valor calórico total da dieta deve estar de acordo com a necessidade do paciente
para a obtenção ou manutenção do peso desejável.
Em relação aos alimentos que forneçam carboidratos, recomenda-se o consumo de
hortaliças, leguminosas, grãos integrais e frutas. É recomendado o consumo de 20 a 30g de
fibras/dia. O consumo de alimentos gordurosos deve ser evitado e a gordura total da dieta
deve corresponder de 25 a 35% das calorias totais da dieta. Tanto o consumo de ácidos
graxos saturados (AGS) quanto o de ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) devem ser
inferiores a 10% das calorias totais da dieta. Os ácidos graxos monoinsaturados (AGMI)
podem chegar até 20% das calorias totais da dieta. A ingestão de colesterol deve ser inferior
a 300mg/dia (I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica,
2005).

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Quadro 2. Composição do plano alimentar recomendado para a síndrome metabólica.

Fonte. I Diretriz Brasileira do Diagnóstico e tratamento da Síndrome metabólica, 2005.

2. Indicações bibliográficas

• BARRETO-FILHO, J. A. S. Síndrome metabólica: um estado pró-trombótico / Metabolic


syndrome: a prothrombotic state. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo; 14(4):590-595,
jul/ago. 2004.
• BARROS, C. R.; VIVOLO, S. R. G. Epidemiologia de doenças crônicas não transmissíveis
relacionadas à nutrição. In: Cardoso, M. A. Nutrição em Saúde Coletiva. São Paulo:
Atheneu, 2014. p.133-46.
• Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2013-2014/Sociedade Brasileira de
Diabetes; [organização José Egidio Paulo de Oliveira, Sérgio Vencio]. – São Paulo: AC
Farmacêutica, 2014. Disponível http://www.nutritotal.com.br/diretrizes/files/342--
diretrizessbd.pdf.>. Acesso em 19 fev. 2015.
• FIGUEIREDO, D. M.; RABELO, F. L. A. Diabetes insipidus: principais aspectos e análise
comparativa com diabetes mellitus. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, 2009.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

Disponível em <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/4344.
Acesso em 10 out. 2014.
• I Diretriz Brasileira do Diagnóstico e tratamento da Síndrome metabólica Arquivos
Brasileiros de Cardiologia - Volume 84, Suplemento I, abril 2005. Disponível em
<http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2005/sindromemetabolica.pdf>. Acesso em 25
de mar. 2015.
• SANTOS, R. D. et al. I Diretriz sobre o consumo de gorduras e saúde cardiovascular. Arq.
Bras. Cardiol. São Paulo, v.100, n.1, (3), jan. 2013. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0066-
782X2013000900001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 12 set. 2014.

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Material Específico – Nutrição – Tomo 6 – CQA/UNIP

ÍNDICE REMISSIVO

Questão 1 Terapia nutricional. Saúde do idoso. Avaliação nutricional.

Questão 2 Terapia nutricional. Exames bioquímicos. Doença renal crônica.

Questão 3 Nutrição humana. Alimentação infantil. Comportamento alimentar.

Questão 4 Nutrição humana. Saúde Pública. Alimentação infantil.

Terapia nutricional. Processos normais e alterados do corpo humano. Doenças


Questão 5
cardiovasculares.

Questão 6 Terapia nutricional. Saúde Pública. Doenças cardiovasculares.

Questão 7 Nutrição humana. Terapia Nutricional. Vegetarianismo.

Questão 8 Terapia nutricional. Câncer. Desnutrição.

Questão 9 Terapia nutricional. Câncer. Terapia Nutricional Enteral (TNE).

Questão 10 Terapia nutricional. Avaliação nutricional. Síndrome metabólica.

41

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