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Tópicos 09

disciplina: Nutrição do adulto e idoso


Prof.: Alice D Melo de Brito
nu5EAD
VISÃO GERAL
- Idosos tem maior susceptibilidade à alterações do estado nutricional,
em função de:
alterações fisiológicas próprias do envelhecimento;
presença de doenças crônicas e/ou neuro-degenerativas;
situação socioeconômica e familiar.
VISÃO GERAL

- O envelhecimento populacional exige preparação para


as suas consequências sociais e econômicas →
doenças da própria faixa etária terão maior expressão
VISÃO GERAL
- Alterações fisiológicas e anatômicas do próprio envelhecimento têm
repercussão na saúde e na nutrição do idoso:
Redução na capacidade funcional;
Alterações no paladar (pouca sensibilidade para gostos primários como sal e
doce);
Processos metabólicos → modificação da composição corporal
VISÃO GERAL
- O estado nutricional pode ser afetado:
Pelo uso de medicamentos → Interferem na ingestão, sabor, digestão e
absorção;
Modificações na cavidade oral;
Doenças como demência, Parkinson e artrite podem causar dificuldade o
manuseio de talheres ou constrangimento;
Aposentadoria é principal fonte de renda da família → remédios são caros
(alimentação vira secundária)
INTRODUÇÃO
- Alguns fatores dificultam também a avaliação nutricional do idoso:
alterações fisiológicas da idade;
mudanças na composição corporal (que afetam os parâmetros
antropométricos específicos para idosos);
existência de doenças (afetando, p. ex., a memória);
edema (afeta antropometria);
alteração da qualidade de vida (afetas os hábitos).
INTRODUÇÃO
- Dificuldade na intervenção dietética:
Hábitos alimentares arraigados;
Dificuldade de memorização de novas
informações;
O QUE DEVE SER INCLUÍDO NA AVALIAÇÃO
NUTRICIONAL DO IDOSO?
- Anamnese alimentar;
- Antropometria;
- Exame físico;
- Avaliação bioquímica;
- Interação droga-nutriente
- Diagnóstico nutricional;
- Prescrição dietética.
ANAMNESE
- Pode ser composta por:
queixa - ganho ou perda de peso, alterações em exames, inapetência,
disfagia, constipação intestinal
história pregressa - historia familiar, doenças crônicas, antecedentes
hábitos alimentares e consumo alimentar- questionário de historia
alimentar (mais efetivos), dieta pregressa
questões especiais - hábitos sociais, fumo, bebidas alcoólicas, presença
de alergias alimentares
medicação e suplementação - tempo de uso, frequência, dosagem, horário
ANAMNESE
- Outros fatores importantes:
Investigar possíveis deficiências ou excessos de nutrientes presentes na
alimentação e suplementos → adequar ingestão;
ANAMNESE
- Outros fatores importantes:
Investigar possíveis deficiências ou excessos de nutrientes presentes na
alimentação e suplementos → adequar ingestão;
Comum o uso de
multivitamínicos sem
orientação.
É correto?

Alegação de que idosos precisam de mais nutrientes, pois não absorvem bem... procede?

ANAMNESE
- Outros fatores importantes:
Investigar possíveis deficiências ou excessos de nutrientes presentes na
alimentação e suplementos → adequar ingestão;
Avaliar a ingestão de líquidos (quanto (nº de copos), quando, tempo entre
ingestão e alimentação) → idosos desidratam com mais facilidade
Em casos de disfagia, pode ser necessário adicionar emulsificantes
Consumo de sal, óleo e açúcar→ mensurar pelo consumo mensal da casa
Dificuldades de mastigação? → importante na prescrição dietética
Hábito intestinal
ANTROPOMETRIA
- Muitas alterações podem afetar a aferição da antropometria
- Peso corporal - analisar dificuldades de locomoção e equilíbrio
Fórmulas de estimativas de peso para idosos (Chumlea et al., 1985 e 1988) -
utiliza-se circunferências, dobras e altura do joelho
Ficar atento a mudanças de peso em relação ao tempo - Percentual de Perda
Ponderal (%PPR)
%PPR = [(Peso usual - Peso atual) ÷ Peso Usual] × 100
Controle de peso deve ser considerado como parte do tratamento de todas as
doenças
ANTROPOMETRIA
- Estatura - redução de 1 a 2cm por década a partir dos 40 anos
Também é possível utilizar equações para estimativas, caso a aferição
tradicional não seja possível (equações de Chumlea ou Silveira et al., 1994 ou
Palloni & Guend, 2005)

- IMC - é o indicador mais utilizado para


avaliação de risco nutricional
ANTROPOMETRIA
- Outras medidas: circunferências (braço, panturrilha, cintura e quadril);
dobras cutâneas (especialmente DCT e DCSE)
INTERAÇÕES
FÁRMACO-
NUTRIENTE
PRESCRIÇÃO DIETÉTICA
- Após o diagnóstico nutricional (após avaliação antropométrica,
bioquímica, clínica, de hábitos...);

- Deve-se considerar que mudanças bruscas de hábitos alimentares são


ainda mais difíceis para esta faixa etária;

- Sempre considerar a capacidade de compreensão, quantidade de


informação, avaliar necessidade de uso de técnicas não verbais
INTRODUÇÃO
- Deve-se seguir as DRIs e considerar necessidade de modificação, de acordo
com condições específicas, como a presença de patologias, uso de
medicamentos ou condições individuais que interferem no processo de
absorção e utilização dos nutrientes;

- DRIs para idosos são classificadas por faixas etárias → 51 a 70 anos e >70
anos
ENERGIA
- As necessidades energéticas, geralmente, diminuem com o avanço da idade (~3%
por década em adultos):
redução do metabolismo basal (redução da massa magra);
redução da prática de atividade física

- Algumas patologias podem aumentar o gasto energético, como é o caso de


doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer;

- As DRIs para as necessidades energéticas sugerem 3.067kcal/dia (H) 2.403/dia


(M) com 18 anos de idade ou mais. Sugere-se subtrair 10 kcal/dia para homens e 7
kcal/dia para mulheres para cada ano de idade superior a 19 anos.
Valores pouco
específicos para a
faixa etária (>19
anos?)
ENERGIA
1º Passo - Estabelecer o GEB (TMB)
Fórmula de Harris & Benedict (1919), considera idade, peso, estatura
Homens: 66,5 + (13,8 x P) + (5 x E) - (6,8 x I)
Mulheres: 655,1 + (9,5 x P) + (1,8 x E) - (4,7 x I)

Fórmula OMS - considera faixa etária → menos individualizada


30-60 anos
Homens (Kcal/dia): (11,6 x P) + 879
Mulheres (Kcal/dia): (13,5 x P) + 487
>60 anos
Homens (Kcal/dia): (8,7 x P) + 829
Mulheres (Kcal/dia): (10,5 x P) + 59687
ENERGIA
2º Passo - Estabelecer o GET, a partir do GEB
Acrescentar o valor das atividades físicas desenvolvidas (FA) e, se for o caso, um
fator relacionado à doenças e agravos (fator de injúria - FI), e o valor correspondente
ao aumento da temperatura - febre (fator térmico - FT)
GET = TMB x FA x FI x FT
Os valores de FA desenvolvidos atualmente,
representam valores apenas para a faixa etária
de 19 a 50 anos
ENERGIA
2º Passo - Estabelecer o GET, a
partir do GEB
Alguns autores dão
preferência a utilizar outras
tabelas, devido à diferença
de faixa etária
é só multiplicar os
fatores que estiverem
presentes, pela TMB
(GEB)
ENERGIA
2º Passo - Estabelecer o GET, a partir do GEB
Também é possível estimar o EER, estabelecido pelo IOM - fórmula de
estimativa de necessidade energética que não considera a TMB
Fórmulas para 19 anos ou mais
Homem → EER = 662 - [9,53 x idade (anos) + AF x [15,91 x P (kg)] + [539,6 x E (m)]
Mulher → EER = 354 - [6,91 x idade (anos) + AF x [9,36 x P (kg)] + [726 x E (m)]
Nível de AF
AF = 1,00 (sedentário)
AF = 1,11 (pouco ativo)
AF = 1,25 (ativo)
AF = 1,48 (muito ativo)
ENERGIA
Recomendações
É importante incentivar a ingestão de alimentos ricos em nutrientes em
quantidades adequadas às necessidades calóricas;
Cabe ao nutricionista fazer um diagnóstico nutricional e adequar a
ingestão (para mais ou para menos), de acordo com a condição atual e a
evolução do paciente
CARBOIDRATOS
- Principal função: fornecimento de energia

- Recomendação:
AMDR = 45-65% do VET ou
Pelo menos 130g/dia (RDA)
CARBOIDRATOS
IMPORTANTE
O envelhecimento está associado à diminuição da tolerância à glicose - ou
seja: hiperglicemia está relacionada à idades mais avançadas

→ Essa intolerância à glicose pode favorecer distúrbios micro e macrovasculares


(como cardiopatias, diabetes, estresse oxidativo)

- Outros fatores, não diretamente associados ao envelhecimento que ↑glicemia:


aumento de peso, sedentarismo, pressão alta, aumento da gordura visceral,
alteração lipídica e consumo abusivo de álcool
CARBOIDRATOS
O que considerar na decisão da quantidade de carboidratos:
Qualidade dos carboidratos, o nível de atividade física e a existência de
patologias que requerem limitação do consumo de CHO

- Atenção aos idosos em uso de medicamentos, como insulina;

- A recomendação de CHO para idosos atletas é de 6-10g/Kg de peso/dia

FIBRAS (RDA): 30g/dia (para homens) e 21g/dia (para mulheres) - a constipação


é um problema constante nessa faixa etária
CARBOIDRATOS
Reforçar o uso de carboidratos nutritivos: legumes, vegetais, grãos integrais,
frutas para fornecer fibras, vitaminas essenciais, minerais.
LIPÍDEOS
- A quantidade de gorduras é a mesma recomendada para adultos saudáveis;

Recomendação
LIPÍDEOS
- A quantidade de gorduras é a mesma recomendada para adultos saudáveis;

Recomendação
LIPÍDEOS
- Alimentos ricos em AG mono e poli-insaturados (castanhas, peixes de água fria, azeite,
sementes) podem ser muito benéficos:
Redução de citocinas pró-inflamatórias;
Redução do estresse oxidativo (idosos susceptíveis aos ataques de radicais livres,
especialmente DNA);
Papel de proteção contra peroxidação lipídica de membranas (processo de dano
mutagênico e carcinogênico).
Redução do risco de desenvolvimento de demência e melhora da função cognitiva (ex.
Alzheimer)

- Idosos atletas: consumo de gordura não deve ser inferior a 20%


LIPÍDEOS
- A restrição excessivamente grave de gorduras alimentares altera o sabor, a
textura e o prazer na ingestão de alimentos; pode afetar negativamente a dieta
global e a qualidade de vida;

- Incentivar a ingestão de gorduras


saudáveis em vez de restringir gorduras
PROTEÍNAS
- Maior componente estrutural de todas as células;

Recomendação:
AMDR = 20-35% do VET;
RDA = 0,8g/Kg peso (56g homens; 46g mulheres);
Em casos de alteração da função renal = 0,6g/Kg peso (dieta hipoproteica)
Idosos atletas = 1,2 a 1,4g/Kg peso → = jovens (não é consenso)
Sarcopenia: 0,8 a 1g/Kg peso
PROTEÍNAS
- Importante manter o consumo adequado de PTN, mesmo com uma possível
redução da massa muscular, para manter um balanço nitrogenado positivo
Frequentes processos inflamatórios e infecciosos, doenças crônicas e
agudas, aumento do catabolismo no envelhecimento

- Atenção à oferta adequada de energia → se for baixa, pode desviar as proteínas


para fornecimento de energia;

- Considerar dificuldade de consumo de alimentos fontes de proteína de alta


qualidade, avaliar necessidade de suplementação
PROTEÍNAS
MINERAIS
CÁLCIO
- Importante para a prevenção da osteoporose
- Recomendação: AI = 1200mg (homens e mulheres >=51 anos) - IOM 1997
- Redução da absorção com envelhecimento
Acidez gástrica tem papel importante na absorção do Ca → ficar atento ao
uso de antiácidos e "zois"
Outros fatores: consumo de álcool, cafeína, tabagismo, sedentarismo
- Mulheres na menopausa podem ter necessidade aumentada
- Avaliar suplementação, caso a ingestão através dos alimentos seja limitada
MINERAIS
FERRO
- A deficiência de Fe pode levar à anemia ferropriva em idosos, e pode ocorrer pela
baixa ingestão, perda de sangue GI devido a alguma doença (como úlcera ou cancer),
ou uso de antiinflamatórios e antiácidos;
- Recomendação: 8mg/dia (mulheres e homens >- 51 anos); 15mg/dia para idosas
vegetarianas e atletas;
- Anemia está associadas a quedas, risco de fraturas e maior permanência em
hospitais;
- Avaliar associação alimentar com alimentos fontes de vitamina C (benéfico) e Cálcio
(reduz biodisponibilidade - cuidado com a suplementação de Ca)
MINERAIS
ZINCO
- Mineral envolvido na expressão gênica e função imunológica;
- Fatores que interferem na biodisponibilidade: má absorção, estresse, traumatismo,
perda muscular, medicamentos e consumo associado a alimentos fontes de ácido
fítico;
- Recomendação: 11mg (homens, 8mg (mulheres) - >= 51 anos
- Alimentos fonte: carnes vermelhas e brancas, fígado, castanhas, leguminosas e
frutas;
- Sua deficiência no idoso está associada a perda do paladar e olfato, imunidade
prejudicada;
- Adequação de consumo está associada a melhora na imunidade
VITAMINAS
VITAMINA D
- Ingestão inadequada → ↑perda óssea e ↑ risco de osteoporose
- Menor ingestão, menor exposição ao sol e menor eficiência de conversão na pele;
- ↓ Vit. D associado a: quedas e fraturas, risco de infecções, risco de malignidades no
cólon, na mama e na próstata, doenças inflamatória e auto-imunes

VITAMINA A
- Deficiência em idosos não é comum - o excesso (devido a frequente suple-
mentação diária) - excesso associado a maior risco de fraturas (antagonista de Ca e
D);
- Porém, deficiência associada a alterações na visão, alterações na pele e infecções
VITAMINAS
VITAMINA C
- Recomendação é fácil de ser alcançada se o consumo de alimentos fonte for
adequado, mas pode haver risco de insuficiência em situações de doenças,
hospitalizações e institucionalização;
- Comum o consumo abusivo por suplementação (risco de cálculos renais (pouco
comprovada) e diarreia)

VITAMINA B12
- Atrofia gástrica e medicamentos podem causar deficiência de B12 (risco de anemia
perniciosa) → associação a redução da cognição e Alzheimer
ÁGUA
- Redução da composição de água do organismo para 50% (comparado a ~60% do
adulto) → redução do tecido muscular;
- Fatores que podem agravar a desidratação:
uso de laxantes e/ou diuréticos;
ingestão de líquidos reduzida pela menor sensação de sede;
acesso limitado à água (por dificuldade na locomoção ou motora, dependência);
redução na conservação de água pelos rins;
presença de febre ou diarreia;
viver em locais de temperatura elevada;
pratica de exercícios físicos.
- Recomendação: 30-35mL/Kg de peso (mínimo 1500mL/dia ou 1-1,5mL/Kcal)
PLANEJAMENTO ALIMENTAR DO IDOSO
- Deve-se evitar mudanças bruscas na alimentação - qualquer modificação deve ser
feita aos poucos;

- Refeições densas em nutrientes e visualmente atrativas;

- Avaliar redução do apetite e garantir refeições com maior densidade calórica e de


nutrientes, para atingir as recomendações básicas;

- Respeitar fatores culturais, econômicos e emocionais, além da oferta adequada de


nutrientes
PLANEJAMENTO ALIMENTAR DO IDOSO
- CHO: a partir de vegetais, frutas, grãos integrais, legumes e a associação com
alimentos fontes de proteínas, gorduras boas e fibras

- PTN: carnes magras ( aves, peixes), leite, ovos, queijos e iogurtes e também de
fontes vegetais, como leguminosas e oleaginosas (observar a dentição)

- Idosos com mais de uma DCNT - Ficar atento aos manejos nutricionais, para que o
Plano Alimentar seja coerente

- Seguir orientações sobre o Guia Alimentar da População Brasileira


PLANEJAMENTO ALIMENTAR DO IDOSO
- Segurança Alimentar (compras, preparo e armazenamento) → uma simples
intoxicação alimentar, em um idoso, pode ser extremamente perigosa

- Ambiente agradável, limpo e confortável para as refeições;

- Interação social (impactos da pandemia).


BOAS PRÁTICAS NA PRÁTICA CLÍNICA
- Sempre dirigir-se e fazer perguntas ao idoso, e não à pessoa que o acompanha,
para que ele não se sinta excluído;

- Linguagem clara, tom de voz firme;

- Uso de linguagem lúdica e visual, quando necessário

- Espaço adequado:
Rampa de acesso
Cadeiras que suportem um limite maior de peso
Ambiente aconchegante
Acústica

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