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Apresentação da Unidade
Objetivos
• Compreender os aspectos relativos à alimentação saudável, à longevidade e à
qualidade de vida do idoso;
• Reconhecer e aplicar as diferentes recomendações nutricionais para o idoso,
visando a uma nutrição adequada, à promoção da saúde, à prevenção de
doenças crônicas não transmissíveis e a uma maior qualidade de vida.
Videoaula
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Material Teórico
Revisão Textual: Maria Thereza Carvalho Rodriguez Guisande | Ma. Jaqueline Camara
Ramos
Contextualização
Imaginemos que estamos fazendo atendimento a uma família constituída de um casal de idosos.
Quais cuidados serão essenciais para um atendimento eficaz? Quais conhecimentos você, como
profissional de saúde, deve ter em relação ao funcionamento do metabolismo durante o
envelhecimento? Quais questionamento você faria a esse casal? Seria importante questionar a
respeito da mastigação, do olfato e da independência? As dificuldades digestivas e de deglutição
devem ser levadas em conta?
Leitura
Leia as notícias a seguir e veja os desafios do envelhecimento:
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Introdução
O envelhecimento humano é um processo natural, biológico, progressivo e irreversível. Em 1998,
Rowe e Kahn definiram como envelhecimento saudável aquele com baixo risco de doenças e de
incapacidades funcionais relacionadas a elas, funcionamento mental e físico excelentes e
envolvimento ativo com a vida (ROWE; KAHN, 1998).
O aumento da população idosa vem acompanhado por diversos desafios, especialmente para nós,
profissionais da saúde, tendo em vista que eles são um grupo mais suscetível a doenças crônicas,
neurológicas, cardiovasculares e a quedas. Desse modo, é imprescindível que o envelhecimento
esteja também associado a uma melhor qualidade de vida, que está diretamente relacionada a uma
melhor qualidade da nutrição e uma melhor alimentação, proporcionando uma longevidade sadia,
com independência e qualidade.
• Alterações sensoriais: diminuição das papilas gustativas, com diminuição da identificação dos
sabores; menor sensibilidade aos sabores doces e salgados; menor percepção olfativa; menor
acuidade visual; maior sensibilidade à temperatura dos alimentos; diminuição da sensibilidade
à sede (o que ocasiona uma menor ingestão alimentar e hídrica); e diminuição do apetite;
• Alterações anatômicas e na composição corporal: diminuição da função pulmonar; diminuição
do metabolismo basal; redução da água corporal total em cerca de 15 a 20%; aumento da
massa gordurosa; e diminuição da massa magra (água, tecido ósseo e muscular);
• Alterações na cavidade oral: ausência total ou parcial de dentes; uso inadequado de próteses
dentárias; menor salivação; xerostomia; perda de elasticidade e atrofia do tecido bucal;
presença de cáries e má higiene oral; e redução da capacidade de mastigação em decorrência
do uso de prótese;
• Alterações gástricas: diminuição do ácido clorídrico e da secreção gástrica, ocasionando uma
atrofia gástrica; diminuição do fator intrínseco, o que causa uma diminuição da absorção da
vitamina B12; retardo no esvaziamento gástrico; e diminuição na absorção de cálcio e
proteína;
• Alterações intestinais: aumento da flora bacteriana; aumento das flatulências; dieta pobre em
fibras; diminuição do consumo e da absorção de água, gerando maior constipação; diminuição
dos movimentos peristálticos e da motilidade intestinal; e diminuição da função absortiva;
• Alterações metabólicas: ocorrem modificações orgânicas funcionais nos rins, pâncreas e
fígado, gerando uma diminuição da massa celular desses órgãos; diminuição da secreção de
enzimas pancreáticas (tripsina e lipase); e diminuição na produção de colesterol e bile;
• Alterações motoras e de atividade física: diminuição da atividade física, por doenças
neurológicas ou fisiológicas que reduzem a mobilidade, impactando na massa magra; e
diminuição do gasto energético total.
Avaliação Nutricional
No idoso, a avaliação nutricional também tem por objetivo o diagnóstico nutricional, por isso ela
deve envolver: avaliação antropométrica, avaliação do consumo alimentar, avaliação clínica (sinais e
sintomas),
avaliação bioquímica e histórico de saúde. A seguir, veremos que alguns métodos e parâmetros são
específicos para a avaliação do idoso, enquanto outros bastante difundidos para a avaliação do
adulto não são precisos na população idosa.
Avaliação Antropométrica
Outra peculiaridade é que, no idoso, às vezes temos que usar medidas de estimativa de peso e de
altura devido à impossibilidade de pesá-lo e de aferi-la. Alguns exemplos dessas medidas estão
descritos a seguir:
O IMC do idoso, pelos fatores citados anteriormente, tem classificação diferente e é específico para
essa faixa etária. No Quadro 1, veja essas diferentes classificações. É importante destacar que, no
Sistema Único de Saúde (SUS), é utilizada a classificação de Lipchitz.
IMC (kg/m2)
Eutrofia/Normali Excesso de
Baixo Peso Obesidade
dade Peso/Sobrepeso
Lipchitz
< 22 ≥ 22 e ≤ 27 > 27 –
(1994)
OMS*
(1998) <18,5 ≥ 18,5 e ≤25 ≥ 25 e <30 –
OPAS*
(2008) ≤ 23 > 23 e <28 ≥ 28 e <30 ≥ 30
Harris e Haboubi
(2005) < 24 ≥ 24 e <27 ≥27 ≥ 30
*OMS: Organização Mundial de Saúde; OPAS: Organização Pan-Americana de Saúde.
Veja, a seguir, outras medidas antropométricas que podem ser utilizadas nessa faixa etária:
• Dobras cutâneas: a aferição das dobras é menos precisa no idoso. As mais indicadas são:
Dobra Cutânea Subescapular (DCSE) e Dobra Cutânea Tricipital (DCT). Ambas podem ser
aferidas com o idoso sentado, deitado ou em decúbito lateral (no caso dos acamados). A DCSE
é um indicador de reserva calórica e a DCT indica reserva energética (tecido adiposo);
• Circunferência do Braço (CB): sua aferição reflete a estimativa de proteína somática (proteína
muscular e tecido adiposo), ou seja, é um bom indicador de reserva calórica e proteica;
• Circunferência Muscular do Braço (CMB): avalia a reserva do tecido muscular, sem correção
de massa óssea, e é uma medida sensível para estimar a perda de massa muscular em idosos;
• Circunferência da Panturrilha (CP): é considerada a medida mais sensível para estimativa de
massa muscular em idosos. Deverá ser considerada adequada a circunferência da panturrilha
igual ou superior a 31 cm para homens e mulheres (OMS, 1995).
Avaliação Bioquímica
Em idosos, é imprescindível que a avaliação bioquímica inclua parâmetros que podem ser
indicadores do estado nutricional:
Em idosos, podem ser utilizados os métodos que abordamos em adultos (história alimentar,
recordatório de 24 horas, questionários de frequência alimenta e registro alimentar). Entretanto,
nessa faixa etária, a gente deve adequar esses métodos, levando em consideração o analfabetismo,
os problemas de memória e todas as alterações fisiológicas citadas anteriormente.
Na avalição do consumo alimentar de idosos, faz-se necessário a adição de outros itens ao
questionário, por exemplo: investigar a consistência da alimentação, o local de realização das
refeições, as preferências e aversões alimentares, o responsável por preparar as refeições, a
independência alimentar e o consumo hídrico.
No idoso, é efetivo utilizar os métodos que não dependam da memória (o que será relativo a cada
indivíduo e a cada processo patológico quando presente). Muitas vezes, é necessária a ajuda do
cuidador ou do familiar. É importante também a utilização de álbuns fotográficos com os utensílios
e o tamanho das porções.
Importante
No idoso, deve-se sempre verificar as condições de memória e alfabetização antes de
optar por um ou mais inquéritos.
Avaliação Clínica
A avaliação clínica tem por objetivo avaliar os sinais e sintomas de ordem nutricional no idoso.
Entre esses parâmetros, podemos observar: a depleção de tecido muscular nas têmporas, nos
olhos, nos ombros, na clavícula, nas costelas, na região supraclavicular, infraclavicular, no dorso da
mão e na região entre o polegar e o indicador; a hidratação do paciente; a presença de feridas ou
fissuras na boca, gengiva ou língua; a presença de xerose e/ou descamação na pele; a presença de
edema nas extremidades; os cabelos quebradiços ou com alopecia; e as unhas rugosas.
Leitura
Veja a Mini Avaliação Nutricional (MAN), específica para triagem nutricional de risco
em idosos.
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Recomendações Nutricionais
O(a) nutricionista, ao utilizar as recomendações nutricionais para idosos, deve estar atento(a) à
quantidade de energia ingerida, ao estado nutricional, ao volume diário ingerido, à qualidade e
característica da dieta, à depleção da massa magra e à realização de atividade física.
No envelhecimento, também ocorre uma redução importante da taxa metabólica basal (lembre-se
que já citamos a causa disso no início da Unidade). Nesse sentido, estima-se uma redução de
aproximadamente 10% dessa taxa entre 60 e 69 anos e mais 10% a partir dos 70 anos (RAVUSSIN;
SWINBURN, 1993).
No Quadro a seguir, veja as recomendações energéticas para idosos, de acordo com diferentes
métodos.
Em que: Em que:
[662 – (9,53 x I)] + {PA × [(15,91 × P) [354 –(6,91×I)] + {PA x [(9,36 × P) +(726 ×
+(539,6 × A)]} A)]}
Onde: Onde:
CARBOIDRATOS LIPÍDEOS
130g/dia ou 45 a 65 % do VET 25 a 35% do VET
< 10% do VET de açúcares de adição Ácidos graxos saturados = <
10% do VET
Fibras
Mulheres: > 21g/dia Ômega 6:
Homens: > 30g/dia Homens: 14g/dia
Mulheres: 11g/ dia
PROTEÍNAS
0,8g/kg/dia ou 10 a 35% do VET Ômega 3:
1,0 g/kg/dia (Sociedade Brasileira de Homens: 1, 6g/dia
Alimentação e Nutrição -SBAN) Mulheres: 1,1g/ dia
ÁGUA Colesterol
Homens: 3,7 L/dia < 300mg/dia
Mulheres: 2,7 L/dia Evitar gordura do tipo trans
Ou
1 ml/Kcal ou 30 ml/Kg/dia
Micronutriente 51 a 70 anos
Homens Mulheres
Ferro (mg) 8 8
Zinco (mg) 11 8
Selênio (μg) 55 55
Vitamina E (mg) 15 15
Vitamina D (μg) 10 10
Vitamina B6
1,7 1,5
(mg)
Fonte: Adaptado de IOM, 2005, 2011
Em 2021, o Ministério da Saúde lançou o “Protocolo de Uso do Guia Alimentar para a População
Brasileira na Orientação Alimentar da Pessoa Idosa”, que deveria ser utilizado por profissionais de
Nutrição no âmbito da atenção básica à saúde no SUS (BRASIL, 2021).
Prezado(a) aluno(a), acesse o protocolo completo no “Saiba mais” e, no Quadro 5, você poderá
visualizar, de forma resumida, as principais recomendações que devem ser dadas à pessoa idosa
segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira na Orientação Alimentar da Pessoa Idosa.
RECOMENDAÇÃO 4:
RECOMENDAÇÃO 1:
Oriente o consumo diário de legumes e
Estimule o consumo diário de feijão
verduras
RECOMENDAÇÃO 2:
RECOMENDAÇÃO 5:
Oriente que se evite o consumo de
Oriente o consumo diário de frutas
bebidas adoçadas
RECOMENDAÇÃO 3: RECOMENDAÇÃO 6:
Oriente que se evite o consumo de Oriente que o usuário coma em ambientes
alimentos ultraprocessados apropriados e com atenção
Leitura
Acesse o material a seguir e veja as principais recomendações nutricionais para a
pessoa idosa:
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Existe, ainda, um manual de alimentação saudável para a pessoa idosa, publicado em 2010, também
pelo Ministério da Saúde. Ele é um dos principais marcos para a alimentação da população idosa
brasileira. Nele, constam os 10 passos para uma alimentação saudável da pessoa idosa (veja no
Quadro 6).
1º Fazer cinco refeições ao dia, sendo as 6º Consumir uma porção de óleos por dia,
principais refeições: desjejum, almoço, preferindo óleos vegetais, azeite, manteiga
jantar e dois lanches ao longo do dia. ou margarina.
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Padrões Alimentares de Indivíduos Idosos do Município de São Paulo: Evidências do Estudo SABE
(Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento)
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Comparação do Estado Nutricional e da Ingestão Alimentar Referida por Idosos de Diferentes
Cortes de Nascimento (1936 a 1940 e 1946 a 1950): Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento
(SABE)
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Referências
BRASIL. Pesquisa de orçamentos familiares 2017–2018: análise do consumo alimentar pessoal no
Brasil/IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2020.
________. Ministério da Saúde. Fascículo 2: Protocolo de Uso do Guia Alimentar para a População
Brasileira na Orientação Alimentar da Pessoa Idosa. Ministério da Saúde, Universidade de São
Paulo. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. Disponível
em:<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolos_guia_alimentar_fasciculo2.pdf>.
Acesso em: 12/01/2022.
INSTITUTE OF MEDICINE (IOM). Dietary reference intakes: Applications in dietary planning. Food a
Nutrition Board. Washington: The National Academy Press, 2003.
________. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein
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________. Dietary reference intakes for calcium and vitamin D. Washington: The National Academy Press,
2011.
________. Dietary reference intakes for water, potassium, chloride and sulfate. Washington: The National
Academy Press, 2005.
RAVUSSIN E., SWINBURN B. Energy balance or fat balance? The American journal of clinical nutrition.
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________. Acción multisectorial para un envejecimiento saludable basado en el ciclo de vida: proyecto de
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Disponível em: <https://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA69/A69_17-sp.pdf?ua=1>. Acesso
em 14/01/2022.
________. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases: report of a joint WHO/FAO expert
consultation. Geneva: World Health Organization, 2003.
________. Fat and fatty acids in human nutrition: report of a joint WHO/FAO expert consultation.
Geneva: World Health Organization, 2008.
________. Keep fit for life: meeting the nutritional needs of older persons. World Health
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Health Organization, 2002