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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

DE IDOSOS
Lusyanny Parente Albuquerque
Nutricionista Especialista em Nutrição Materno Infantil e Pediátrica – IPGS
Especialista em Saúde da Mulher e da Criança-Residência Multiprofissional/UFC-MEAC

Profª Juliana
Rêgo Editado: Me. Juliana Rego
NO BRASIL

1980 2010

< 20 anos

A pirâmide etária foi completamente transformada nos


últimos 30 anos...
ÍNDICE DE ENVELHECIMENTO Em 2050:
HUMANO Para cada 100 crianças
de 0 a 14 anos

172,7 idosos ≥ 65 anos

Em 2008:
Para cada 100 crianças
de 0 a 14 anos

24,7 idosos ≥ 65 anos

Fonte: IBGE (2008)


Nota: Índice de enVelhecimento = {[Pop. (65 +) / Pop. (0 a 14)] * 100}: 1980 / 2050
PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
alterações morfológicas, bioquímicas, fisiológicas, comportamentais e
psicossociais

- Forma de se alimentar → risco aumentado para dieta inadequada

Doenças crônicas não


transmissíveis: Perdas de peso
involuntárias
Obesidade
Diabetes Mellitus Tipo 2 Redução de apetite
Cardiopatias (anorexia)
Dislipidemias Caquexia
Câncer
(PAPALÉO NETTO e BORGONOVI, 2002;
FLORENTINO, 2002; WHO, 2003; COBAN, et
al., 2003; HOUSTON et al., 2009; LOEF e
WALACH, 2012; LEITE-CAVALCANTI et al.,
2009; AHMED e HABOUBI, 2006)
Grande impacto no estado nutricional
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
- Indicador antropométrico mais usado para avaliar o estado nutricional
de idosos
- Predizer risco para aumento da morbimortalidade

Declínio funcional, doenças DCV, HAS, DM2, AVC, câncer,


RISCO DE MORTALIDADE

respiratórias e infecciosas, úlceras doença isquêmica do coração,


de pressão e deficiência de dislipidemias, apneia do sono
cicatrização de feridas, fraturas de e colelitíase, osteoartrite,
quadril, insuficiência cardíaca... esofagite de refluxo, hérnia
de hiato, problemas
psicológicos...

Baixo Peso Excesso de Peso IMC

Não há um consenso sobre os valores adequados a população idosa


(CERVI et al., 2005; BUENO et al., 2008; McWHIRTER e PENNINGTON, 1994; WHO, 2000; CHAPMAN, 2006; WHO, 1995;
WHO, 1998; MATSUDO, MATSUDO e BARROS NETO, 2000; OMERAN e MORLEY, 2000; CABRERA e JACOB FILHO, 2001)
ENVELHECIMENTO HUMANO
 Alterações da Composição Corporal
 Diminuição do Metabolismo Basal ALTERAÇÕES
Morfológicas
 Diminuição da Acuidade dos Órgãos e Orgânicas
Sentidos Bioquímicas
Fisiológicas
 Alterações da Cavidade Oral Metabólicas
Comportamentais
 Alterações Metabólicas Psicossociais

 Alterações na Atividade Física


 Alterações Esofágicas, Gástricas e Intestinais
 Fatores Patológicos, Psicológicos,
Econômicos e Culturais
ALTERAÇÕES DA COMPOSIÇÃO
CORPORAL
▪ Concentração de tecido adiposo na região
central: ↑ gordura abdominal
↓ gordura periférica

▪ Vários fatores da ↓ massa magra:


o ↓ atividade física
↑ massa o Alimentação inadequada
gordurosa
o Perda generalizada de massa celular
↓ massa magra
(água, tecido o ↓ água corporal (- 15 a 20%)
ósseo, tecido
muscular) o Sarcopenia (perda involuntária da massa
muscular)
DIMINUIÇÃO DO METABOLISMO
BASAL
▪ ↓ 10 a 20% com o avançar da idade

▪ Justificativas:
o Alteração da composição corporal

(tecido muscular – metabolicamente ativo)

o ↓ atividade física

o Adaptação da redução da atividade orgânica


DIMINUIÇÃO DA ACUIDADE DOS
ÓRGÃOS E SENTIDOS
▪ Apetite e comportamento alimentar
▪ 5 sentidos: visão, audição, olfato, gustação (paladar) e tato
o Paladar: disgeusia - ↓ sensibilidade por gostos (doce,
amargo, ácido e salgado) → ↓ ingestão de alimentos
o Olfato: hiposmia - ↓ percepção olfativa dos idosos (cheiro)
o Visão: ↓ acuidade visual (↓ reconhecimento dos alimentos)
o Audição: hipoacusia - ↓ capacidade auditiva → momento da
intervenção nutricional
o Tato: perda progressiva da sensibilidade → momento da
escolha e seleção dos alimentos
ALTERAÇÕES DA CAVIDADE
ORAL
▪ Processo de mastigação (fase inicial da
digestão): ↓ ingestão
alimentar de
o Ausência parcial ou total dos dentes
carnes, frutas,
o Uso inadequado de prótese dentária verduras e
legumes crus
o Presença de cáries
o Xerostomia (↓ secreção salivar)

- Atrofia e perda da elasticidade de todos os tecidos da cavidade


oral
-↑ taxa de edentulismo total = preferências por alimentos mais
macios, de fácil mastigação
[pobres em determinados nutrientes: fibras, vitaminas e minerais]
ALTERAÇÕES ESOFÁGICAS,
GÁSTRICAS E INTESTINAIS ENTRADA
▪ ESÔFAGO
o Fraqueza na musculatura da faringe
o Deficiência no esfíncter superior do esôfago
o Ulcerações esofágicas (medicamentos)

ESTÔMAGO SAÍDA
-↓ suco gástrico → ↓ fator intrínseco (glicoproteína)→
↓ absorção Vit. B12 (anemia megaloblástica)
- ↓ suco gástrico → ↓ absorção de ferro (anemia ferropriva)
- esvaziamento gástrico lento → prejudicar a digestão,
biodisponibilidade de algumas drogas e saciedade precoce
ALTERAÇÕES ESOFÁGICAS,
GÁSTRICAS E INTESTINAIS
▪ INTESTINO
o > incidência de obstipação intestinal:
✓ Diminuição do tônus muscular (cólon)
✓ Dieta pobre em fibras
✓ Redução da atividade física
✓ Perda da força de preensão abdominal (coluna)
✓ Musculatura fraca da parede intestinal
✓ Aumento da distensão da ampola retal
✓ Diminuição do reflexo de defecação (propulsão do cólon)
✓ Número e integridade das células absortivas, área de superfície,
esvaziamento gástrico, fluxo sanguíneo intestinal
ALTERAÇÕES METABÓLICAS
▪ PÂNCREAS
o Diminuição na secreção de enzimas digestivas e hormônios
(insulina) → intolerância à glicose e diabetes mellitus

▪ FÍGADO
o ↓ fluxo sanguíneo
o ↓ tamanho dos hepatócitos digestão de gorduras
o ↓ produção de ácidos biliares prejudicada

▪ RINS
o ↓ capacidade de filtração
o Dificuldade de excreção de substâncias tóxicas e
metabólitos não aproveitados pelo organismo
ALTERAÇÕES NA ATIVIDADE
FÍSICA
▪ Atividade física diminuída, principalmente em mulheres
o Alterações orgânicas e fisiológicas
o Presença de doenças (artrites; neurológicas como Parkinson,
Alzheimer, AVC...; osteoporose)
▪ Fragilidade 4 Síndromes:
C 1)Deficiência nas funções físicas
A
U
2)Má alimentação/nutrição
S 3)Depressão
A 4)Prejuízos cognitivos
S

Perda de massa corporal Desidratação


Diminuição do apetite Inatividade
Nutrição pobre Deficiência no sistema imune
FATORES PATOLÓGICOS, PSICOLÓGICOS,
ECONÔMICOS E CULTURAIS
▪ Doenças crônicas não transmissíveis
Diabetes mellitus, obesidade, cardiopatias, dislipidemias, câncer...
→ Restrições dietéticas e medicamentos
▪ Solidão e isolamento social
Depressão, perda do cônjuge, sensação de abandono, aposentadoria..
▪ Recursos econômicos escassos (aposentadoria/pensão)
Alimentos de menor custo, monotonia alimentar
Medicamentos e altos custos com tratamento de doenças
▪ Mitos, tabus, crenças e receitas caseiras
Dificultando a alimentação e tratamento de doenças
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
 Não se diferencia dos adultos
 Utilizados mesmos indicadores, mas com limitações na
aferição de várias medidas (peso, altura e dobras
cutâneas)
 Padrões de referências para ≥ 60 anos
• IMC
• Relação cintura/quadril (idem adultos)
• Circunferência da cintura (idem adultos)
• CP (circunferência da panturrilha)
• CB (circunferência do braço)
• DCT (dobra cutânea tricipital)
• CMB (circ. muscular do braço)
ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
Diferentes pontos de corte propostos para classificação do índice de
massa corporal (IMC kg/m²) em idosos
Referências Magreza Eutrofico Sobrepeso Obesidade
(IMC kg/m²) (IMC kg/m²) (IMC kg/m²) (IMC kg/m²)
Perissinoto et <20 20 a 30 >30 -
al.(2002)
Lipschitz(1994) <22 22 a 27 >27 -
*
Burr e <18,9 19 a 30 >30 -
Phillips(1984)
Homens
Burr e <18,2 18,2 a 33,8 >33,8 -
Phillips(1984)
Mulheres
Projeto SABE <23 23 a 30 28 a 30 >30

*Padrão utilizado pela Organização Mundial de Saúde


CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA

Risco de complicações metabólicas Homens Mulheres


Sem risco < 94 < 80
Risco alto ≥ 94 ≥ 80
Risco muito alto ≥102 ≥88
OMS, 1998
PESO ESTIMADO
▪ Limitações em ficar em pé ereto ou de se locomover
▪ Usar: peso e estatura estimados
Chumlea et al., 1985
Homens:
P = (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) – 81,69

Mulheres:
P = (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,35

Onde,
CB = Circunferência do braço
CP = Circunferência da panturrilha
AJ = Altura do joelho
DCSE = Prega cutânea subescapular
PESO ESTIMADO
▪ Limitações em ficar em pé ereto ou de se locomover
▪ Usar: peso e estatura estimados

Rabito et al., 2008

P(kg) = 0,5759 x CB + 0,5263 x CAB + 1,2452 x CP – 4,8689 x SEXO –


32,9241

Onde,
CB = Circunferência do braço
CAB = Circunferência abdominal
CP = Circunferência da panturrilha
SEXO = masculino (1), feminino (2)
ESTIMATIVA DA ALTURA ATRAVÉS
DA ALTURA DO JOELHO

Idade Brancos Negros


Masculino
19-60anos 71,85 + (1,88 x AJ) 73,42 + (1,79 x AJ)
Feminino
19- 70,25 + (1,87 x AJ) – 68,1 + (1,86 x AJ) –
60anos (0,06IDADE) (0,06IDADE)
CB/CMB / DCT
CP (CIRCUNFERÊNCIA DA
PANTURRILHA)
PESO ESTIMADO

CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA (CP)

Fita posicionada na
circunferência máxima
PESO CORPORAL

ALTURA DO JOELHO (AJ)

Perna flexionada com ângulo de 90o


PESO CORPORAL

CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO (CB)

Mede o comprimento do braço e calcula o


ponto médio Mede a CB com o braço estendido
PESO CORPORAL

PREGA CUTÂNEA SUBESCAPULAR (PCSE)

Deitado, costas voltadas para o medidor


Tronco em linha reta
Ombros perpendiculares a espinha e á mesa do
exame
Pernas levemente flexionadas nos joelhos Prega desprendida do tecido muscular um
Cabeça apoiada sobre travesseiro centímetro abaixo formando ângulo de 45°
Braço não utilizado sob travesseiro
MAN – MINI-AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
MAN – MINI-AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
AVALIAÇÃO DO CONSUMO
ALIMENTAR
 Recordatório alimentar 24h (método retrospectivo)?
 Diário alimentar (métodos prospectivo)?
 Frequência alimentar
 Anamnese alimentar:
 Aspectos sócio-econômicos-culturais, clínico e
alimentar
 Atentar para questões como saúde da cavidade oral,
dificuldades de mastigação e de deglutição, presença
de disfunções do TGI e sistema urinário, acuidade
visual e auditiva, medicamentos utilizados, grau de
mobilidade e de dependência, utensílios utilizados,
preferências e intolerâncias alimentares
EXAMES BIOQUÍMICOS
 Albumina

 Pré-albumina

 Hemoglobina e hematócrito

 Ferro, ferritinas séricas, transferrina

 CTL (Contagem Total de linfócitos)


Obrigada!

CONTATO: lusyannyalbuquerque@hotmail.com

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