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Universidade Paulista (UNIP) – Campus SJRP

Alimentação
do Idoso
Curso: Nutrição
Período: 4 semestre
Disciplina: Planejamento de Cardápios nos
Ciclos da Vida

Profa. Luciana Nunes Mosca Fiorelli


Nutricionista – Especialista em Nutrição Clínica (UGF);
Mestre e Doutoranda- FMB /UNESP
EPIDEMIOLOGIA

➢ OMS - Considera idosos com 60 anos ou mais de


idade.

➢ IBGE (2022) – 33 milhões de pessoas idosas no Brasil

➢ Em dez anos, o número de pessoas com 60 anos ou


mais passou de 11,3% para 14,7% da população

Projeções para 2050 no Brasil 1 em cada


4 brasileiros será idoso.
CARACTERÍSTICAS
Envelhecimento:
➢Processo contínuo que começa no momento da
concepção e só termina com a morte.

➢É um processo normal, associado a sucessivas


perdas de funções decorrentes do declínio do
ritmo biológico e estão diretamente ligadas à
forma de se alimentar do idoso.
CARACTERÍSTICAS
Envelhecimento

Mudanças: alteram a
Deficiência de Nutrientes
ingestão
+
de alimentos
Quadros de Desnutrição

Mudanças fisiológicas relacionadas


à idade: doenças crônico-degenerativas: ESTADO
diabetes, doença cardiovascular, NUTRICIONAL
osteoporose e alguns tipos de câncer
CARACTERÍSTICAS

➢ prevalência de desvio nutricional na


população idosa:

➢ Demonstrada atualmente por meio de diferentes


estudos, em vários países, onde:

Desnutrição, Sobrepeso e Obesidade

Predominam em relação aos indivíduos Eutróficos.


Características do Processo do Envelhecimento

- Diminuição do Metabolismo Basal:


10 a 20%

➢Mudanças na composição corporal:


➢Tecido muscular diminuído
➢ Atividade física
Características do Processo do Envelhecimento

- Determinantes na dieta do Idoso:

➢Dentição: Geralmente, nesta fase da vida, já


não têm todos os dentes, e as próteses, muitas
vezes, são defeituosas ou inadaptadas,
dificultando a mastigação.

Indivíduo limita a sua dieta a alimentos de


consistência branda, o que determina
automaticamente a eliminação de substâncias
importantes, como carne, algumas frutas e
verduras.
Características do Processo do Envelhecimento

➢Hábitos alimentares: Constituem um dos maiores


obstáculos às dietas adequadas, uma vez que o padrão,
dietético do idoso já está bem estabelecido, sendo difícil
modificá-lo.

➢Situação social e econômica: Às vezes, o idoso vive


só e não tem meios para preparar e guardar os
alimentos devidamente.

Procura de produtos mais baratos, enlatados, etc., além


da falta de incentivo para refeições organizadas, por
causa da solidão.
Características do Processo do Envelhecimento
➢Fatores fisiológicos: Com o avançar da idade:
 a sensibilidade gustativa e olfativa;
secreções de ácido clorídrico e das enzimas digestivas;
 o volume total de secreções do sistema digestivo;
➢Digestão e absorção difícil para muitos idosos;
➢Pode apresentar Constipação: pela falta ou consumo reduzido de
frutas, verduras e legumes +  de sua atividade física e pela
conseqüente atonia muscular.

Reduz o prazer de comer


➢Composição corporal: Perda de peso e declínio da massa
corporal magra levam a necessidades diminuídas de calorias.
➢Essa perda ou redução pode ser reversível com a prática de
atividades físicas.
Características do Processo do Envelhecimento
- Alterações Intestinais:
Função absortiva do intestino delgado é prejudicada por
diversos fatores:
➢Número e integridade funcional de células absortivas;
➢Aspectos funcionais do processo digestivo;
➢Esvaziamento gástrico e fluxo sanguíneo intestinal.

Constipação Intestinal:
➢tônus muscular e da função motora do cólon;
➢Dieta pobre em fibras;
➢Baixa ingestão hídrica;
➢Redução da atividade física;
➢Perda da eficácia da força de propensão abdominal;
➢Fraqueza da musculatura da parede intestinal
Recomendações Nutricionais
Desafio do profissional
Nutricionista

Atender às recomendações nutricionais em


função das alterações biopsicossociais do
envelhecimento e às características das
doenças do idoso, além de preservar o
prazer inerente à alimentação.

Recomendações Dietéticas Individualizadas


Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)

ENERGIA
Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)

CAF – Coeficiente de atividade física


Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)
Para Pacientes Hospitalizados
▪ FAO / OMS (1985):

GET = TMB x FA

Fórmula para estimar a TMB:


Homens Mulheres
Idade (anos) Fórmula Idade (anos) Fórmula
0–3 (60.9 x Peso) – 54 0–3 (61x Peso) – 51
3 – 10 (22.7 x Peso) + 495 3 – 10 (22.5 x Peso) + 499
10 – 18 (17,5 x Peso) + 651 10 – 18 (12.2 x Peso) + 746
18 – 30 (15.3 x Peso) + 679 18 – 30 (14,7 x Peso) + 496
30 – 60 (11.6 x Peso) + 879 30 – 60 (8,7 x Peso) + 829
> 60 (13.5 x Peso) + 487 > 60 (10,5 x Peso) + 596
Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)
Para Pacientes Hospitalizados

▪ FAO / OMS (1985):

FATORES MÉDIOS de
atividades ocupacionais
para idosos (acima de 65 anos):

Leve Moderada Intensa


Homens 1.4 1.6 1.9
Mulheres 1.4 1.6 1.8
Fonte: AVESANI,C.M.; SANTOS, N.S.J.; CUPPARI,L. Necessidades e Recomendações de Energia.
Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)
Para Pacientes Hospitalizados

▪ Harris & Benedict (1919):

GET = TMB x FI x FA x FT

Usar para pacientes em condição de estresse ou


injúria
Fórmula para estimar a TMB:
Homens→ TMB = 66 + (13,7 X Peso em Kg) + (5 X Estatura em cm) –
(6,8 X Idade em anos)

Mulheres→TMB= 655 + (9,6 X Peso em Kg) + (1,7 X Estatura em cm)


– (4,7 X Idade em anos)
Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)
Para Pacientes Hospitalizados

▪ Harris & Benedict (1919):


→ FI (Fator Injúria): INDIVIDUALIZAR!
Pequena cirurgia 1.2 Câncer 1.1-1.45
Cirurgia eletiva 1-1.2 Infecção grave 1.3-1.35
Pós-operatório de 1.2-1.5 Insuficiência cardíaca 1.3-1.5
cirurgia cardíaca
Pós-operatório câncer 1.1 Desnutrição grave + trauma 1.5
Pós-operatório geral 1-1.5 ou estresse

Peritonite 1.2-1.5 Sepse 1.3-1.8


Pequeno trauma de 1.14-1.37 Multitrauma + sepse 1.6
tecido
Fraturas múltiplas 1.2-1.35 AIDS 1.8-2.1
QUEIMADURAS: DOENÇAS CRÔNICAS DE
< 20% 1-1.5 Fase aguda 1.9-2.1
20-40% 1.5-1.85 Fase sub-aguda 1.6-1.8
40-100% 1.85-2.05 Recuperação 1.4-1.5
Como calcular o Valor Energético Total - VET(kcal/dia)
Para Pacientes Hospitalizados
▪ Harris & Benedict (1919):
→ FA (Fator Atividade):

Acamado 1,2
Acamado + móvel 1,25
Deambulando 1,3

→ FT (Fator Térmico): sem febre = 1


38o C 1,1
39oC 1,2
40 0 C 1,3
0 1,4
41 C
Recomendações Nutricionais
- Fibras:
➢Importantes na alimentação do idoso pelo fato de
amenizarem o quadro de constipação, de grande
prevalência na população idosa.

➢Destaca-se a importância do consumo simultâneo


de líquidos para que as fibras possam exercer suas
funções.

Recomenda-se 30g/dia para homens e mulheres


nessa faixa etária.
RDA, 1989
Recomendações Nutricionais

- Água:
➢A desidratação é um dos maiores riscos
para os idosos que podem não observar ou
não dar atenção à sua sede. Com a idade, o
mecanismo da sede pode tornar-se
impreciso e os idosos podem passar longos
períodos sem beber água.

➢Recomenda-se a ingestão de 6 a 8
copos de água por dia.
Valores de ingestão dietética de referência (Dietary
Reference Intakes - DRIS) - Vitaminas Lipossolúveis

Idade Vitamina A Vitamina D Vitamina E Vitamina K


(anos) (µg/dia) (µg/dia) (mg/dia) (µg/dia)

EAR RDA UL AI UL EAR RDA UL AI UL

Homens
51 a 70 625 900 3.000 10 50 12 15 1.000 120 ND

≥ 70 625 900 3.000 15 50 12 15 1.000 120 ND

Mulheres
51 a 70 500 700 3.000 10 50 12 15 1.000 90 ND

≥ 70 500 700 3.000 15 50 12 15 1.000 90 ND

Fonte: Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, 1997, 2000


Valores de ingestão dietética de referência (Dietary
Reference Intakes - DRIS) - Vitaminas Hidrossolúveis

Idade B1 B2 B3 B5
(anos) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia)
EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL AI UL

Homens
51 a 70 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 5 ND

≥ 70 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 5 ND

Mulheres
51 a 70 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 5 ND

≥ 70 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 5 ND


Valores de ingestão dietética de referência (Dietary Reference Intakes
- DRIS) - Vitaminas Hidrossolúveis (Continuação)

Idade B6 B7 B9 B12 Vit. C


(anos) (mg/dia) (µg/dia) (µg/dia) (µg/dia) (mg/dia)

EAR RDA UL AI UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL

Homens
51 a 1,4 1,7 100 30 ND 320 400 1000 2 2,4 ND 75 90 2000
70
≥ 70 1,4 1,7 100 30 ND 320 400 1000 2 2,4 ND 75 90 2000

Mulheres
51 a 1,3 1,5 100 30 ND 320 400 1000 2 2,4 ND 60 75 2000
70
≥ 70 1,3 1,5 100 30 ND 320 400 1000 2 2,4 ND 60 75 2000

Fonte: Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, 1998, 2000


Valores de ingestão dietética de referência (Dietary
Reference Intakes - DRIS) - Vitaminas Hidrossolúveis

Idade B1 B2 B3 B5
(anos) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia)
EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL AI UL

Homens
51 a 70 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 5 ND

≥ 70 1 1,2 ND 1,1 1,3 ND 12 16 35 5 ND

Mulheres
51 a 70 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 5 ND

≥ 70 0,9 1,1 ND 0,9 1,1 ND 11 14 35 5 ND

Fonte: Institute of Medicine/Food and Nutrition Board, 1998, 2000


Valores de ingestão diária de referência para Minerais.

RDA AI UL
51 – 70 >70 anos 51 – 70 >70 anos 19 – 70 anos >70 anos
anos anos
Minerais Hom Mulh Hom Mulh Hom Mulh Hom Mulh Hom Mulh Hom Mulh
Cálcio - - 1,2 1,2 1,2 1,2 - - 2,5 2,5 2,5 2,5
(g/dia)
Ferro 8 8 - - - - 8 8 45 45 45 45
(mg/dia)
Magnésio 420 420 - - - - 420 420 350 350 350 350
(mg/dia)
Fósforo 0,7 0,7 - - - - 0,7 0,7 4 4 4 4
(g/dia)
Sódio - - 1,3 1,3 1,3 1,3 - - 2,3 2,3 2,3 2,3
(g/dia)
Potássio - - 4,7 4,7 4,7 4,7 - - ND ND ND ND
(g/dia)
Manganês - - 2,3 2,3 2,3 2,3 - - 11 11 11 11
(mg/dia)
Molibdênio 45 45 - - - - 45 45 2.000 2.000 2.000 2.000
(µ/dia)
Selênio 55 55 - - - - 55 55 400 400 400 400
(µ/dia)
Valores de ingestão diária de referência para Minerais
(Continuação)
RDA AI UL

51 – 70 >70 anos 51 – 70 >70 anos 19 – 70 anos >70 anos


anos anos
Minerais Hom Mulh Hom Mulh Hom Mulh Hom Mul Hom Mulh Hom Mulh
h
Zinco 11 11 - - - - 11 11 40 40 40 40
(mg/dia)
Iodo (µ/dia) 150 150 - - - - 150 150 1.100 1100 1100 1100
Cobre (µ/dia) 900 900 - - - - 900 900 10.000 10.000 10.000 10.000

Flúor (mg/dia) - - 4 4 4 4 - - 10 10 10 10

Silício - - - - - - - - ND ND ND ND
Vanádio - - - - - - - - 1,8 1,8 1,8 1,8
(mg/dia)
Cloro (g/dia) - - 2 2 2 2 - - 3,6 3,6 3,6 3,6
Boro (g/dia) - - - - - - - - 20 20 20 20

AI-ingestão adequada; ND-não determinado; RDA-ingestão diária recomendada; UL-limite


superior tolerável de ingestão.
PLANO ALIMENTAR
- Princípios gerais para o planejamento dietético do
idoso:
➢ Modificações de acordo com as características próprias do
envelhecimento de cada indivíduo:

➢ O alimento deve ser nutritivo, saboroso e agradável de comer;

➢ As refeições devem ser divididas em 5 ou 6 refeições/dia, devem ser


pouco volumosas, com consistência de acordo com a dentição do
idoso, e compostas de um número variado de todos os grupos
alimentares;

➢ A alimentação do idoso deve ser saborosa e de fácil digestão;

➢ As restrições em função de possíveis doenças que acometem o idoso


devem ser observadas no planejamento de sua alimentação.
Exercício – Idoso
1. V.J.M, sexo masculino, 70 anos, escolaridade: primeiro grau
incompleto, estado civil: viúvo, renda familiar: um salário mínimo.
Apresenta osteoporose, artrose e constipação intestinal. Não faz atividade
física, é independente para suas atividades diárias. Relata fazer uso de
prótese dentária, com dificuldade de mastigar. Foi hospitalizado com
indicação para avaliação do estado nutricional. Dados antropométricos:
P=38,9kg, A=1,48cm. Para tanto:

✓ Calcule o IMC e determine o estado nutricional, através do IMC.

✓ Calcule o VET e distribua o percentual de macronutrientes para calcular o


plano alimentar.

✓ Acrescente os alimentos, as medidas caseiras e quantidades para


elaborar no plano alimentar.

✓ Calcule e analise os nutrientes energéticos do plano alimentar elaborado.


IMC e Avaliação do Estado Nutricional

IMC (kg / m2) Classificação


< 22 Magreza
22 – 27 Eutrofia
> 27 Excesso de Peso
Fonte: Adaptado de LIPSCHITZ, D.A. Screening for nutritional
status in the elderly. Primary care, 21(1):55-67, 1994.
Exercício – Idoso
1. Dados do cliente:
2. Classificação do estado nutricional através do IMC
3. Cálculo do VCT (GEB e VET).
5. Distribuição proposta de macronutrientes (calcular a distribuição em Kcal e em
gramas);
6. Distribuição percentual do VCT por refeição (calcular a distribuição em Kcal)
7. Prescrição do cardápio
8. Descrever o N° de porções de acordo com o VET
9. Cálculo do Cardápio
10. Calcule o NDpCAL
11. Análise dos nutrientes (análise entre os valores obtidos e os valores
recomendados)
12. Recomendações Nutricionais
13. Referências bibliográficas
OBRIGADA!!!

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