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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS PROF. ANTÔNIO GARCIA FILHO


DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NO ENVELHECIMENTO


Profª:
Carolina Oliveira
Diva Vieira
Vivianne Rocha
OBJETIVOS DO PLANO NUTRICIONAL
▪ Considerar as alterações fisiológicas
▪ Manter e/ou recuperar o estado nutricional
▪ Prevenir e controlar enfermidades comuns a este grupo etário
▪ Prevenir e tratar a desnutrição

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ENERGIA
▪ Objetivos do tratamento no que se refere ao peso corporal (redução, manutenção ou aumento)
▪ ↓ TMB  ↓ Células musculares metabolicamente ativas

 DRI/IOM (2023)
 Método prático
Recomendações Energéticas

DRI/IOM (2023)

Homens, ≥ 19 anos com peso adequado

Nível de atividade NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA


física (EER – Estimated energy requerimento)

Sedentário EER = 753,07 – (10,83 x I) + (6,50 x E) + (14,10 x P)

Pouco ativo EER = 581,47 – (10,83 x I) + (8,30 x E) + (14,94 x P)

Ativo EER = 1004,82 – (10,83 x I) + (6,52 x E) + (15,91 x P)

Muito ativo EER = −517,88 – (10,83 x I) + (15,61 x E) + (19,11 x P)


EER em Kcal/dia; I: idade em anos; P: peso em Kg; E: estatura em centímetros
Recomendações Energéticas

DRI/IOM (2023)

Mulheres, ≥ 19 anos com peso adequado

Nível de atividade NECESSIDADE ENERGÉTICA ESTIMADA


física (EER – Estimated energy requerimento)

Sedentário EER = 584,90 – (7,01 x I) + (5,72 x E) + (11,71 x P)

Pouco ativo EER = 575,77 – (7,01 x I) + (6,60 x E) + (12,14 x P)

Ativo EER = 710,25 – (7,01 x I) + (6,54 x E) + (12,34 x P)

Muito ativo EER = 511,83 – (7,01 x I) + (9,07 x E) + (12,56 x P)


EER em Kcal/dia; I: idade em anos; P: peso em Kg; E: estatura em centímetros
PAL Descrição de atividades
Inativo Atividades diárias típicas 30 min de caminhada + 90 minutos de
(1,0 ≤ PAL <1,53) serviços domésticos)
Média: ~1,40

Pouco Ativo Atividades diárias típicas acrescidas de 60 a 80 min de


(1,53 ≤ PAL <1,68) atividade diária moderada (caminhada)
Média: ~1,60

Ativo Atividades diárias típicas de 30-50 min de


(1,68 ≤ PAL <1,85) caminhada diária moderada + 85 minutos de atividade vigorosa
Média: ~1,75 (ciclismo e tênis)
Muito ativo Atividades diárias típicas acrescidas de mais de 2h de atividade
(1,85 ≤ PAL <2,50) vigorosa (ciclismo, tênis, corrida)
Média: ~2,05

IOM/DRI (2023)
Recomendações Energéticas

Método prático

 30 Kcal/kg/dia (ESPEN Guideline, 2018)

 30 a 35 Kcal/kg/dia (DITEN, 2019)

 Baixo peso  32 a 38 kcal/kg/dia (BAUER et al., 2013)

 necessidade deve ser ajustada individualmente de acordo com o estado nutricional, nível de atividade
física e a demanda metabólica relacionada a doença.
Macronutrientes

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PROTEÍNAS
AMDR (IOM,
Bauer et al. (2013) ESPEN (2018) DITEN (2019)
2002)

• 10 a 35% VCT • Pelo menos 1,0


• 1,0 a 1,2 g/kg/dia • 1,0 a 1,5 g/kg/dia
• 0,8 a 1,1 g/kg/dia g/kg/dia

Idosos com doença aguda ou crônica: 1,2 a 1,5 g/kg/dia


Idosos com doença grave, lesão ou desnutrição: ≥ 2,0 g/kg/dia
PROTEÍNAS Aminoácidos Recomendação
(mg/kgPC)
Isoleucina 19,0
Recomendações:
Leucina 42,0
▪ 50% PAV
Valina 24,0
▪ Priorizar os AA essenciais Histidina 14,0
(SILVA et al., 2016) Lisina 38,0
Metionina+cisteína 19,0
Fenilalanina+tirosina 38,0
Leucina
Treonina 20,0
• Regula a sínese proteica muscular, age estimulando a fase de
iniciação da tradução do RNAm em ptn, por mecanismos Triptofano 5,0
dependentes e independentes de insulina
IOM (2002)
• Suplementação em idosos sedentários? Sarcopenia?
Brasil  custo x condição econômica  alimentos ricos
Distribuição de proteínas nas refeições

O consumo de proteína
distribuído uniformemente
em três refeições, estimula a
síntese máxima de proteínas
e tem maior probabilidade de
proporcionar uma maior
resposta anabólica de
proteínas em 24 horas.

25 a 30g nas três principais


refeições

Paddon-Jones D, Rasmussen BB. Curr Opin Clin Nutr Metab Care 2009;12:86-90
CARBOIDRATOS
AMDR (IOM, 2002)
▪ 45 a 65% do VCT
▪ Respeitando 130g estabelecido pela RDA
▪ Açúcares: < 25% VCT (IOM, 2002)

Recomendações:
▪ Priorizar os carboidratos integrais ou complexos em detrimentos dos refinados;
▪ IOM (2002) – Substituição dos alimentos de alto IG (IG>69) e alta CG (CG>20)
por alimentos de moderado IG (IG: 56–69) ou baixo IG (IG < 56) e moderado
CG (CG: 11–19) ou baixa CG ( CG<11)
FIBRAS
IOM (2006)
▪ Para todos os grupos etários – 14g/1.000kcal
▪ AI para idosos – 21g/dia para mulheres e 30g/dia para homens

 Dificuldade de alcançar as recomendações


Sugestões:
 Alimentação + suplementos ou isolados de fibras (custo ?)
 Idoso com edentulismo  desafio ao nutricionista
 Farinha de yacon (Polymnia sonchifolia)
 Inulina
 Quinoa
FIBRAS

Fermentação Aumento da
Sequestro de
de fibras viscosidade
Mecanismo de ação contra sais biliares
solúveis intestinal
hipercolesterolemia e hiperglicemia:

↓ AB  ↑ conversão de Inibe a absorção de


AGCC  ác propriônico
colesterol em AB glicose e colesterol
 inibidor da enzima
HMG-CoA relacionada à
síntese hepática de
colesterol
LIPÍDIOS
AMDR (IOM, 2002)
▪ 20 a 35% do VCT Idosos com uma ou mais doenças metabólicas
associadas
▪ Ácido linoleico (ômega-6): 5 a 10% ▪ Ausência de recomendações para AGS e AGM
o Homens: 14g (IOM, 2002)
o Mulheres: 11g Tipo de ácido graxo/lipídio SBC (2013)

▪ Ácido alfalinolênico (ômega-3): 0,6 a 1,2% AGS < 7%


o Homens: 1,6g AG ômega-6 5-10%
o Mulheres: 1,2g Suplementação ômega-3 marinho ~ 1 g/dia
AGMI 15%
AG trans < 1%
Colesterol < 300 mg/dia
SBC. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular (2013)
Macronutrientes e a Saciedade

CARBOIDRATOS PROTEÍNAS
▪ Proporcionam maior saciedade e tem alto efeito térmico
▪ Ingestão de alimentos com alto índice glicêmico ▪ As proteínas líquidas tem menor saciedade
AUMENTAM o valor calórico em 29 a 53%
LIPÍDEOS
▪ Alimentos com baixo índice glicêmico aumentam a ▪ Tem saciedade mais lenta
saciedade ▪ Os monoinsaturados geram menos saciedade que os saturados, os
poli-insaturados e os TCM e TCL
Micronutrientes
Ca, Mg e P

• Desenvolvimento e preservação óssea


• Alimentação adequada  capaz de suprir necessidade de Mg e P

Fe

• Anemia: problema mais comum

Zn e Se

• Participação indireta em sistemas antioxidantes e estreita relação com a imunocompetência


humana
• Zn x paladar? Suplementar?

Cr

• Relação direta com a fosforilação dos receptores de insulina


Fatores que interferem no metabolismo do CÁLCIO

Composição dos • Fibras x Ca  menor absorção intestinal


alimentos e refeições • Dietas hiperprotéicas

Alterações do pH • ↓ HCl  ↓ biodisponibilidade

Inatividade física • ↑ Perda urinária e ↓ absorção intestinal

Medicamentos • Hidróxido de alumínio ↓ absorção Ca


diuréticos e antiácidos

Modificações • ↓ estrógeno  remodelação óssea


hormonais (reabsorção excede a formação óssea)
Fatores que podem influenciar a absorção Fatores que podem afetar a
intestinal do FERRO biodisponibilidade de ZINCO e SELÊNIO
▪ Forma química: Heme x não-heme ▪ Ingestão simultânea de Zn e Fe ou Zn e Ca 
▪ Componentes dietéticos: Ca x Fe; Fe x vitamina prejudica
C; Cisteína x Fe ▪ Zn Fontes animais são mais biodisponíveis
▪ pH intestinal: uso de antiácidos e menor que as vegetais
produção HCl ▪ Alimentos de origem animal apresentam menor
biosdisponibilidade de Se
o [Se]: maior em fontes animais do que em
fontes vegetais (exceto Castanha do Brasil)

20 – 50% nos pescados


2 – 11% nos produtos lácteos
15% nas carnes
85 – 100% nos vegetais
RECOMENDAÇÕES MINERAIS
VITAMINAS
Vitamina C
▪ Idosos acamados cronicamente  suplementação pode acelerar a cicatrização de
feridas e LPP (síntese de colágeno)
▪ Idosos fumantes: adição 35 mg (IOM, 2001)

Vitamina D
▪ ATENÇÃO: idosos institucionalizados e restrito ao leito; em uso de glicocorticóides
▪ Envelhecimento parece reduzir a capacidade da pele produzir vit D
▪ [vit D ] plasmática  influencia na síntese e liberação de PTH  Qto menor [vit D] maior será a síntese de PTH
o Homeostase Ca e Hiperparatireoidismo secundário
Vitamina E
▪ Inibe a ação de radicais livres e previne a propagação da peroxidação lipídica
▪ Morbidades com relação ao estresse oxidativo: obesidade, DM, HAS, osteoartrite
“Redução do risco de DCV, pois favorece a redução da susceptibilidade das LDL, diminuindo a expressão endotelial
vascular das citocinas pró-inflamatórias”

Vitamina B12
▪ Risco de deficiência devido ao baixo consumo de alimentos fontes e declínio da produção HCl e fator intrínseco
“Há necessidade de suplementação, em casos de gastrite atrófica, anemia perniciosa ou outras condições clínicas,
como síndromes de má absorção ou ressecção ileal”
▪ Deficiência de B12 e ácido fólico  doenças neutripsiquiátricas e cardiometabólicas
▪ Níveis de homocisteína  condição de risco para demência e Doença de Alzheimer
RECOMENDAÇÕES DE VITAMINAS
NECESSIDADE HÍDRICA
▪ Atenção redobrada  grupo susceptível a desidratação

▪ DRI/IOM (2002) - A partir dos 50 anos:


o Homens: 3,7 litros/dia
o Mulheres: 2,7 litros/dia

▪ Reis & Calixto-Lima (2015):


o 30 ml/kg/dia (até 75 anos) Mínimo:
o 25 ml/kg/dia (>75 anos) 1.500mL/dia  evitar desidratação

▪ DITEN (2019)/ ESPEN (2018) Líquidos: 1,6 litros/dia (mulheres) e 2,0 litros/dia (homens)
 Relação Kcal/gN2
 Qualidade Proteica
 %Ferro
 Densidade Calórica
 Volume

AVALIAÇÃO QUALITATIVA DO CARDÁPIO


Planejamento dietético  semelhante ao planejamento
de adultos jovens
• modificações necessárias às características do
processo de envelhecimento

Moderação

Equilíbrio

Variedade PLANEJAMENTO
ALIMENTAR
Planejamento dietético  modificações
necessárias às características do processo de
envelhecimento

Moderação Equilíbrio Variedade


Recomendações:
1. Estimule o consumo diário de feijão;
2. Oriente que se evite o consumo de bebidas adoçadas;
3. Oriente que se evite o consumo de alimentos ultraprocessados;
4. Oriente o consumo diário de legumes e verduras;
5. Oriente o consumo diário de frutas;
6. Oriente que o usuário coma em ambientes apropriados e com
atenção;
• Os grupos de alimentos figuram-se verticalmente
demonstrando que todos são igualmente
importantes

• Ressalta a mudança gradual do estilo de vida,


incluindo a atividade física, reforçando os
cuidados com a hidratação e apontando para
necessidade de suplementação dietética das
vitaminas B12 e D, e cálcio.
ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO NUTRICIONAL
Caraterísticas sensoriais
Consistência considerar integridade da mucosa bucal; uso de próteses; etc
Paladar e olfato  incentivar uso de temperos naturais;

Local das refeições deve ser tranquilo;

Convívio com a família nas refeições é importante para socialização;

O idoso deve realizar sozinho o ato de comer, mesmo que haja demora;

Em casos de demência, o idoso pode esquecer o


ato de comer e, o mesmo deve ser incentivado
pelo cuidador, VERBALMENTE!
Apresentação da refeição e utensílios
Alimentação colorida e variada;
Utensílios como copos, talheres e pratos podem
ser adaptados para possibilitar a independência;
Toalha de mesa sem estampa;

Não utilizar temperos picantes, pois pode causar desconforto


abdominal

Não introduzir mudanças bruscamente


SUGESTÕES PARA MELHORAR O CONSUMO DE LÍQUIDOS
▪ Colocar ervas frescas, como hortelã, manjericão ou alecrim na água, para melhorar o sabor e ficar uma
bebida refrescante;
▪ A água de coco pode substituir a água, pois contém poucas calorias e é rica em sais minerais (Na e K);
▪ Aumentar o consumo de frutas (contêm cerca de 80% de água em sua composição);
▪ Sucos naturais também são uma boa opção. Não adoçar!
REFERÊNCIAS
▪ BAUER et al. Evidence-based recommendations for optimal dietary protein intake in older people: a position paper from
the PROT-AGE Study Group J Am Med Dir Assoc. 2013 Aug;14(8):542-59.
▪ DA SILVA C.C, DA SILVA C.T., MAGNONI, D. ; CUKIER, C. Geriatria. In: MAGNONI, D.; CUKIER,C. Perguntas e
respostas em nutrição clínica. São Paulo, Roca, 2001 p 245-246
▪ VITOLO, MR. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.
▪ REIS, N.T.; CALIXTO-LIMA, L. Nutrição Clínica: bases para prescrição. Rio de Janeiro: Rubio: 2015
▪ SILVA, M.L.N; MARUCCI, M.F.N.; ROEDIGER, M.A. Tratado de nutrição e gerontologia. São Paulo: Manole, 2016

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