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UNIDADE I

Nutrição Aplicada
ao Esporte

Prof. Dr. Vitor Painelli


O que eu vou dizer a vocês –
metodologia da pesquisa em Nutrição Aplicada ao Esporte

 Qual é a amostra sendo estudada? – humanos vs. animais

 Por que é importante “vendar” os participantes de um estudo?

 Será que monitorar o controle alimentar dos participantes ajuda a identificar os


indivíduos responsivos a uma intervenção?

 A interpretação dos resultados


é acurada?

 Cuidado com os (potenciais) Fonte: https://hidroquim.com.br/


conflitos de interesse!
Qual é a amostra sendo estudada? – humanos vs. animais

 Restrição calórica = 70% da


ingestão calórica do grupo controle. 500
a
400 c
 Leucina na proporção: 71,43 g de b Fonte: https://biot.fm.usp.br
leucina/kg de peso corporal. 300

(g)
Controle
200
 6 semanas de intervenção. Restrição Calórica (RC)
100
RC + leucina
0
Massa magra
Fonte: adaptado de: livro-texto. Figura – massa magra de ratos da linhagem wistar
submetidos a tratamentos de restrição calórica (barra cinza), restrição calórica adicionada
à suplementação de leucina (barra preta) ou controle (barra branca). As letras se referem
a diferenças estatisticamente significantes
(ao nível P<0.05) entre os grupos.
Qual é a amostra sendo estudada? – humanos vs. animais

 30 homens idosos e sedentários. Efeitos da suplementação de leucina ou


 7,5 gramas de leucina por dia. placebo sobre a composição corporal
 12 semanas. PLACEBO (N = 15) LEUCINA (N = 15)

ANTES APÓS ANTES APÓS

Massa magra (kg) 55.8 ± 0.9 56.2 ± 1.1 54.6 ± 1.0 55.0 ± 1.5

Massa gorda (kg) 19.8 ± 1.7 19.2 ± 2.0 20.0 ± 1.4 20.0 ± 1.3

Gordura corporal (%) 24.5 ± 1.7 23.9 ± 1.9 25.3 ± 1.2 25.4 ± 1.2
Fonte:
https://noticias.r Massa magra de pernas (kg) 17.6 ± 0.4 18.0 ± 0.4 17.1 ± 0.5 17.6 ± 0.4
7.com/saude
Gordura de pernas (%) 18.9 ± 1.5 19.4 ± 1.6 19.6 ± 1.2 19.8 ± 1.2
Área de secção transversa
71 ± 3 71 ± 3 71 ± 2 71 ± 2
do quadríceps (cm2)

SEM DIFERENÇAS! Fonte: adaptado de:


VERHOEVEN et al., 2009.
Por que é importante vendar os participantes de um estudo?

 Potência média avaliada em um Mudança percentual de


Chance percentual de
desempenho comparada
contrarrelógio de 10-km. à condição basal (média
que o efeito seja benéfico
(trivial/prejudicial)
[desvio-padrão])
 Participantes foram avisados
do que receberiam e quando Placebo -1,4 (3,1)% 4 (51/46)
receberiam. 4,5 mg/kg
1,3 (2,7)% 45 (53/2)
de cafeína
9,0 mg/kg
3,1 (3,4)% 86 (13/1)
de cafeína
 Em todas as condições foi fornecido PLACEBO!

Fonte:
https://pedal.com.br
Será que monitorar o controle alimentar dos participantes ajuda a identificar
os indivíduos responsivos a uma intervenção?

 Suplementação de creatina.

(mmol/kg de músculo seco)


170

Conteúdo total de creatina


160
 20 g por dia, 5 dias.
150
 Respostas individuais!
140

130

120

5 14 1 13 1R 3 8 4
6 Voluntários
Fonte: HARRIS et al., 1992.
A interpretação dos resultados é acurada?

 Suplementação de beta-alanina ou placebo p = 0,07 3

Variação absoluta
por 5 semanas. 2

nos 100-m(s)
1
0
 Nadadores de 100-m e 200-m de nível nacional. -1
-2
-3
 Avaliação da mudança no tempo de prova p=
ANTES e APÓS a suplementação. 0,002 3

Variação absoluta
2

nos 200-3(s)
1
0
-1
-2
-3
-4
-5
PL BA
Fonte: https://qualidadede
Fonte: adaptado de:
vida.com.br PAINELLI et al., 2013.
A interpretação dos resultados é acurada?

Evento Ouro Prata Bronze


50 m Anthony Ervin Florent Manaudou Nathan Adrian
21.40 21.41 21.49
livre (EUA) (FRA) (EUA)
100 m Kyle Chalmers Pieter Timmers 47.80 NR* Nathan Adrian
47.58 47.85
livre (AUS) (BEL) *Novo recorde nacional (EUA)
200 m Sun Yang Chad le Clos 1:45:20 AF* Nathan Adrian
1:44.65 1:45.23
livre (CHN) (RSA) *Recorde africano (EUA)
Fonte: adaptado de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Nata%C3%A7%C3%A3o_nos_Jogos_Ol%C3%ADmpicos_de_Ver%C3%A3o_de_2016

 Tempo nas finais masculinas dos 100-m e 200-m nado


livre (Jogos Olímpicos do Rio 2016).
 Embora certos resultados não sejam estatisticamente
significantes, eles podem ser significativos em um
contexto de alto rendimento.
Cuidado com os (potenciais) conflitos de interesse

Tempo de estudo (semanas)


 Suplementação de HMβ X
0 4 8 12 Valor P
placebo (12 semanas).
Peso corporal (kg)
Placebo 84.8+0.9 85.7+0.9 86.0+0.9 85.1+0.9
 Homens previamente treinados. HMB-FA 85.0+0.9 85.8+0.9 86.7+0.9 86.9+0.9 0.003
Massa magra (kg)
Placebo 67.1+1.1 68.0+1.1 70.0+1.1 69.2+1.1
~7,5 kg de aumento
HMB-FA 67.1+1.1 70.1+1.1 72.2+1.1 74.5+1.1 0.001
de massa magra!
Massa gorda (kg)
Placebo 17.6+1.7 16.8+1.7 16.0+1.7 15.9+1.7
HMB-FA 17.9+1.7 15.7+1.7 14.4+1.7 12.5+1.7 0.0003
Área de secção transversa do quadríceps (mm)
Placebo 50.2+2.1 52.2+2.1 52.5+2.1 52.6+2.1
HMB-FA 50.2+2.1 53.1+2.1 55.60+2.1 57.4+2.1 0.0001
Fonte: adaptado de: WILSON et al., 2014.
Cuidado com os (potenciais) conflitos de interesse!

CONFLICT OF INTEREST
This research was funded in part through a grant from Metabolic Technologies Inc.
JMW, RPL, JMJ, JCA, and SMCW declare no competing interestc. JR, JF, and SB
are employed by Metabolic Technologies, Inc.
Fonte: adaptado de: WILSON et al., 2014.

Fonte: https://dicasdemusculacao.org
Take-home messages – mensagens para casa

 A área de Nutrição Aplicada ao Esporte/Exercício é constantemente atualizada. Inúmeros


são os pontos a serem considerados para avaliar a qualidade da informação produzida
nessa área.
 A amostra do estudo determinará a sua validade ecológica, isto é, o quanto ela reflete o
“mundo real”.
 O efeito placebo “existe e está entre nós”! – o vendamento é imprescindível!
 Como regra, suplementos são complementos da dieta, ou seja,
deve-se prestar atenção sobre o potencial papel do estado
nutricional e consumo alimentar previamente reportados.
 Cautela deve ser exercida durante a análise e a interpretação
dos resultados.
 O conflito de interesse pode influenciar a elaboração, a
condução e a interpretação de um estudo – a ética e a
integridade devem ser preservados.
Interatividade

Sobre os pontos a serem considerados em uma nova informação publicada na área de


Nutrição Aplicada ao Esporte, assinale a alternativa correta:
a) Resultados provenientes de estudos com suplementos nutricionais em modelos animais
são facilmente extrapoláveis para humanos.
b) Informações e/ou pistas a respeito de um suplemento nutricional podem influenciar a
expectativa de um indivíduo e, portanto, a sua performance física.
c) Independentemente do consumo alimentar de um indivíduo, todos os suplementos
nutricionais com fundamentação científica serão sempre benéficos.
d) A interpretação estatística deve ser a mais rigorosa possível
em investigações nesse campo.
e) O patrocínio de uma investigação nessa área,
provavelmente, terá pouca ou nenhuma influência
sobre os resultados.
Resposta

Sobre os pontos a serem considerados em uma nova informação publicada na área de


Nutrição Aplicada ao Esporte, assinale a alternativa correta:
a) Resultados provenientes de estudos com suplementos nutricionais em modelos
animais são facilmente extrapoláveis para humanos.
b) Informações e/ou pistas a respeito de um suplemento nutricional podem influenciar a
expectativa de um indivíduo e, portanto, a sua performance física.
c) Independentemente do consumo alimentar de um indivíduo, todos os suplementos
nutricionais com fundamentação científica serão sempre benéficos.
d) A interpretação estatística deve ser a mais rigorosa
possível em investigações nesse campo.
e) O patrocínio de uma investigação nessa área,
provavelmente, terá pouca ou nenhuma influência
sobre os resultados.
O que eu vou dizer a vocês – bioenergética e integração metabólica

 Processo de contração muscular.

 Importância da dieta (macronutrientes x micronutrientes).

 Sistemas de fornecimento de energia durante o exercício


para o processo de contração muscular. Fonte: https://ccb.med.br

 Sistema anaeróbio alático/sistema anaeróbio lático/


sistema aeróbio.

 Quem são eles? Quais são as suas características? Em


quais tipos de exercícios possuem maior contribuição?
Bioenergética – conceito

 É o ramo da bioquímica que aborda a transferência, a conversão e a


utilização de ENERGIA nos sistemas biológicos. Adenina

ENERGIA

Grupos fosfato Ribose


P+ENERGIA

Fonte: https://universiaenem.com.br
Estrutura da adenosina trifosfato ATP
Fonte: adaptado de: https://sobiologia.com.br

MOLÉCULA DE ATP

Fonte: adaptado de: https://universiaenem.com.br


Visão geral do processo de contração muscular

Troponina Actina
Tropomiosina
TnC TnT
Tnl

ATP
Ca++
Miosina

Fonte: adaptado de: FITTS (1994)


e ROBERGS et al., 2004.
Exemplos de estoques de energia no corpo humano e papel da dieta

Tabela – Estimativa da energia total disponível (kcal)


nos principais reservatórios do organismo Suplementos Alimentos

Reservas Energia disponível (kcal)


Glicogênio muscular 2.000 Nutrientes
Glicogênio hepático 280
TG tecido adiposo 141.000 Macro Micro
Proteínas corporais 24.000

Carboidratos Proteínas Gorduras Vitaminas Minerais

 PROVISÃO DE ENERGIA
 REGULAÇÃO DO METABOLISMO
 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

Fonte: adaptado de:


Brooks et al., 2000.
Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio alático (ATP-PCr)

Adenina Adenina

ATP Água ADP Fosfato inorgânico

Adenina Adenina

Creatina-fosfato (CP) ADP Creatina ATP

Fonte: adaptado de: Robergs et al., 2004.


Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio alático (ATP-PCr)

 “Tampão temporal energético” Mitocôndria Citoplasma


(TERJUNG et al., 2000).
Cr
ATP ATP
 Fornecimento do fosfato ATP ATP

necessário para a ressíntese CK CK CK CK ATPase

de adenosina trifosfato (ATP). ADP ADP ADP


ADP
PCr

CK Creatina quinase mitocondrial

CK Creatina citosólica

ATPase AtPase citosólica


Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio alático (ATP-PCr)

 Apesar de abundantes,
os estoques de PCr são

% do valor de repouso
rapidamente depletados
em situações com
elevada demanda por
ATP não suprida pela
respiração mitocondrial.
 ~10-15 segundos.
Exaustão

Tempo (s)
Fonte: adaptado de: VERHEIJEN, 1998.
Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio alático (ATP-PCr)

 Natação (50 m);


 Atletismo (100 m);
 Arremesso de disco;
 Arremesso de peso;
 Salto triplo;
 Salto em distância;
 Levantamento de peso.

Fontes: http://treinamentoesportivo.com/index.php/lpo/levantamento-olimpico-o-arranco-e-o-arremesso/
http://tudosobrenatacao.blogspot.com/2016/04/
https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/acusado-de-jogar-garrafa-em-pista-de-corrida-se-diz-inocente/
https://veja.abril.com.br/esporte/fabiana-murer-confirma-aposentadoria-nao-salto-nunca-mais/
https://atletisminterativo.weebly.com/lanccedilamento-do-disco.html
Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio lático (glicólise)

 Nesse sistema, a glicose FASE DE RECOMPENSA FASE DE PAGAMENTO


proveniente do glicogênio
passa a ser o substrato
utilizado para a geração
de ATP.

Fonte: adaptado de: https://canalcederj.


cecierj.edu.br/recurso/7667
Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio lático (glicólise) –
formação de lactato

 A nicotinamida adenina dinucleotídeo


(NADH), uma coenzima eletricamente
carregada, seria naturalmente reoxidada
na mitocôndria; contudo, dada a
insuficiência de oxigênio, o piruvato
aceita os elétrons do NADH,
convertendo-se em lactato.

Fonte: adaptado de: ROBERGS


et al., 2004.
Sistema de fornecimento de energia: sistema anaeróbio lático (glicólise)

 Atletismo (400 e 800 m);


 Natação (100 e 200 m);
 Ciclismo indoor (1 km);
 Boxe;
 Judô.

Fontes: https://www.torcedores.com/noticias/2018/12/selecao-brasileira-de-ciclismo-kacio-freitas
http://www.judan.com.br/2014/12/os-10-melhores-ippons-de-2014-no-judo.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/esportes/olimpiada/noticia/2016/06/phelps-garante-vaga-nos-200m-borboleta-dos-jogos-do-rio-
6274673.html
https://sites.google.com/site/edfisicaempic/educacao-fisica-corpo-e-mente/atletismo
Sistema de fornecimento de energia: sistema aeróbio (Ciclo de Krebs e cadeia
transportadora de elétrons)

 Com a presença de oxigênio, o piruvato é


convertido em Acetil-CoA, o qual adentrará
o ciclo do ácido cítrico (Ciclo de Krebs).
 O ciclo levará à produção de ATP.
 E também levará à produção das já
mencionadas coenzimas eletricamente
carregadas (NADH e FADH).

Fonte: http://profpenafortefundamentosdabiologia.
blogspot.com/2012/02/metabolismo-metabolismo.html
Sistema de fornecimento de energia: sistema aeróbio (Ciclo de Krebs e cadeia
transportadora de elétrons)

 NADH e FADH fornecem os seus


elétrons aos complexos da cadeia
transportadora de elétrons.
 Ao passo que esses elétrons são
transportados pela cadeia, prótons
são gerados no espaço
intermembranar da mitocôndria, os
quais vão levar à síntese de ATP.

Fonte: adaptado de: NELSON & COX, 2002.


Sistema de fornecimento de energia: sistema aeróbio (Ciclo de Krebs e cadeia
transportadora de elétrons)

 Maratona;
 Maratona aquática;
 Marcha atlética;
 Cross-country;
 Ciclismo de estrada;
 Triatlo.

Fontes: http://www.ssat.or.th/en/2017/04/20/cross-country-skiing-2/
https://esporte.ig.com.br/olimpiadas/triatlo/
http://www.finishlynx.com/pt/packages/cycling-timing-systems/
https://www.torcedores.com/noticias/2018/11/maratona-de-nova-york-ao-
vivo-na-tv
Take-home messages – mensagens para casa

 Principais características CARACTERÍSTICAS


SISTEMA SISTEMA SISTEMA
ANAERÓBIO ALÁTICO ANAERÓBIO LÁTICO AERÓBIO
dos três sistemas de
Tipo de atividade Potência Velocidade Endurance
fornecimento de energia.
Duração do esforço 0 a 20 segundos 30 a 120 segundos >180 segundos

Corridas de 400 e 800 metros,


Evento esportivo Lançamentos, saltos, sprints Maratona, triatlo, remo
nado 100 e 200 metros

Localização de enzimas Citosol Citosol Citosol e mitocôndrias

Citosol, sangue, fígado


Localização de substrato Citosol Citosol
e tecido adiposo

Velocidade de ativação
Imediato Rápido Lento, mas prolongado
do processo
Glicose e glicogênio muscular,
Substratos utilizados Fosfocreatina Glicose e glicogênio muscular glicogênio hepático, ácidos
graxos, aminoácidos
Presença de oxigênio Não Não Sim

Fonte: adaptado de: BROOKS, 1998.


Interatividade

Assinale a alternativa incorreta dentre as sentenças:


a) O NADH e o FADH são coenzimas eletricamente carregadas, cujo destino é a cadeia
transportadora de elétrons, em que ATP será produzido por vias aeróbias.
b) O ATP é a “moeda energética” do organismo. Além de permitir que determinadas
reações enzimáticas e trocas iônicas ocorram, sem ele, não há contração muscular.
c) A ligação do cálcio à troponina também tem papel imprescindível no processo de
contração muscular.
d) O corpo humano tem “estoques de energia” para a
sobrevivência, como o glicogênio muscular e os
triglicerídeos no tecido adiposo.
e) O levantamento básico, o lançamento de peso e o salto
triplo são exemplos de modalidades em que há a
predominância do sistema aeróbio.
Resposta

Assinale a alternativa incorreta dentre as sentenças:


a) O NADH e o FADH são coenzimas eletricamente carregadas, cujo destino é a cadeia
transportadora de elétrons, em que ATP será produzido por vias aeróbias.
b) O ATP é a “moeda energética” do organismo. Além de permitir que determinadas
reações enzimáticas e trocas iônicas ocorram, sem ele, não há contração muscular.
c) A ligação do cálcio à troponina também tem papel imprescindível no processo de
contração muscular.
d) O corpo humano tem “estoques de energia” para a
sobrevivência, como o glicogênio muscular e os
triglicerídeos no tecido adiposo.
e) O levantamento básico, o lançamento de peso e o salto
triplo são exemplos de modalidades em que há a
predominância do sistema aeróbio.
O que eu vou dizer a vocês – carboidratos (CHO)

 Classificação dos CHO.


 Processo de digestão e absorção intestinal dos CHO.
 Captação tecidual dos CHO.
 Utilização dos CHO durante o exercício físico.
 Importância do fornecimento de CHO pela dieta para
o exercício físico. Fonte: https://mundoboaforma.com.br

 Efeitos da suplementação de CHO sobre o desempenho físico.


 Efeitos sobre o treinamento físico (aeróbio e resistido).
 Recomendações.
Carboidratos – classificação

 Monossacarídeos = CHO simples. são


Substâncias
Carboidratos
 Não sofrem digestão (glicose, frutose). orgânicas
 Dissacarídeos (lactose, sacarose) e
polissacarídeos (glicogênio) =
CHO complexos. Classificação Funções
 Precisam sofrer digestão.

Monossa- Polissa- Estrutural Energética


carídeos carídeos

Figura – Classificação e função dos carboidratos


Dissacarídeos Adaptado de: Jenkins et al., 1981.
Carboidratos – digestão e absorção intestinal

 Inicia na boca (trituração + ptialina). Digestão dos carboidratos

 Interrompida no estômago. Polissacarídeos Dissacarídeos Monossacarídeos


Amilase
 Duodeno  suco pancreático salivar
 Amilase pancreática. ptialina
Dextrinas
ph ácido do estômago
 Formação dos dissacarídeos. inibe a ptialina

Dextrinas
 Jejuno e íleo  secreção de enzimas Amilase
específicas aos dissacarídeos. pancreática
(duodeno) Maltose Sucrose Lactose

Fonte: Maltase Sacarase Lactase


Adaptado
de http://ww
w.namrata.c
Glicose Frutose Galactose
o/reaction-
catalyzed-
by-amylase/
Figura – Ilustração da digestão dos
carboidratos no organismo humano
Carboidratos – captação tecidual

 Glicemia deve ser regulada.


 Pâncreas – secreção de insulina. Insulina Glicose
 Insulina favorece o transporte de
GLUT para a membrana celular. GLUT4
Receptores
 GLUT (glucose transporter) é o de insulina
Ativo
responsável por captar a glicose.
Inativo
Ativação de
sinalizadores

Estocagem ou
utilização da glicose
Fonte: livro-texto. Figura – ilustração do processo
de captação de glicose do meio extracelular para
o meio intracelular pelo transportador de glicose
isoforma 4 (GLUT4), a qual ocorrerá após a
ligação da insulina ao seu receptor específico.
Carboidratos – utilização durante o exercício físico

 Hormônios liberados durante o exercício estimulam a quebra de glicogênio


(glicogenólise) até glicose.
GLUCAGON
 A glicose sofre a glicólise, Tecido muscular
GLICOGENÓLISE
levando à produção de ATP. 2
G6P GLICOGÊNIO
3 (+) CONTRAÇÃO
1 GLUT 4

Energia GLICOSE 1 Hexoquinase


2 Glicogênio sintetase
GLUT 4 3 Via oxidativa

Fonte: autoria própria


Carboidratos – utilização durante o exercício físico

 Quanto > a intensidade, maior a mobilização Glicogênio muscular

Gasto calórico (cal/kg/min)


Triglicerídeos musculares
de glicogênio muscular para o exercício. Ácidos graxos plasmáticos

 Quanto > a duração, maior a mobilização de Glicose plasmática

glicogênio muscular para o exercício.

Glicogênio (mmol/kg/min)
Concentração de
Fonte: GOLLNICK et al., 1974; HERMANSEN
et al., 1967; ROMIJN et al., 1993.

25 65 85
% do VO2 máx

Duração (mín)
Carboidratos e exercício físico – influência da dieta?

 Dietas de diferentes conteúdos 6.0

[glicogênio muscular]
de CHO levarão a diferentes 5.0

g/100 músculo
concentrações de glicogênio 4.0
muscular, o que impactará
o desempenho físico. 3.0

2.0

1.0

0.0
0 50 100 150 200 250 300
Tempo de exaustão (mín)
Relação entre a tolerância ao esforço e a concentração inicial de glicogênio muscular
fornecida por dietas com diferentes conteúdos de carboidrato. Os quadrados são os
participantes submetidos à dieta pobre em carboidrato; os triângulos são os participantes
submetidos à dieta moderada; os círculos fazem referência aos participantes submetidos
à dieta rica.
Fonte: adaptado de: BERGSTROM et al., 1966.
Carboidratos e exercício físico – influência da suplementação?

4000
 Ciclistas treinados.

completar 30-km (s)


 120 min a 70% VO2máx.
3000

Tempo para
 Contrarrelógio 30-km.
 CHO: ~150 g antes/solução de glicose 6,4%. 2000
 Placebo: adoçante artificial / adoçante artificial.
 Ingestão 30 min antes/a cada 15 min. 1000

0
CC PC CP PP
 CC: CHO antes e durante o exercício
 PC: placebo antes e CHO durante o exercício
 CP: CHO antes e placebo durante o exercício
 PP: placebo antes e durante o exercício
Fonte: adaptado de: FEBBRAIO et al., 2000.

Fonte: https://cob.org.br
Carboidratos – efeitos sobre o treinamento físico

 Tal como durante as competições, p = 0.06


os CHO também são importantes 77 *

% da potência máxima
para manter uma intensidade de 75
treino elevada, de forma a adquirir
melhores adaptações ao 73
treinamento e, assim, melhores 71
índices de competição.
69
Alto CHO
67
Baixo CHO
65
HIT1 HIT2 HIT3 HIT4 HIT5 HIT6 HIT7 HIT8 HIT9
Figura – Efeitos de dietas ricas e pobres em carboidratos (CHO)
sobre a intensidade de treinamento a cada sessão
Fonte: adaptado de:
YEO et al., 2008.
Carboidratos – efeitos sobre o treinamento de força?

 Séries de agachamento a 85% Tabela – Efeitos da suplementação de


carboidratos sobre o desempenho de força
1RM até a exaustão.
VARIÁVEL CARBOIDRATO PLACEBO p
 3 min de descanso entre Repetições 20.4+14.9 19.7+13.1 0.88
as séries. Séries 3.5+3.2 3.5+2.7 1.00
 0,3 g de CHO/kg antes e após Volume total (kg.reps) 2928.7+2219.5 2772.8+1951.4 0.78
cada série completada. Trabalho total (kJ) 29.9+22.3 28.6+19.5 0.83
Tempo total (mín) 29.7+3.6 28.5+3.0 0.70
Fonte: adaptado de: KULIK et al., 2008.

Fonte: https://treino
mestre.com.br
Carboidratos – recomendações (ACSM)

Recomendações diárias
Leves  Baixa intensidade ou dependentes de habilidades 3 a 5 g de CHO/kg/dia
 Atividades de duração e/ou intensidades moderadas
Moderadas 5 a 7 g de CHO/kg/dia
(~1h/dia)
 Atividades de natureza aeróbia e/ou intermitente, de
Intensas + prolongadas 6 a 10 g de CHO/kg/dia
intensidade moderada à alta e duração prolongada (1 a 3h/d)
 Atividades de intensidade moderada à alta, com duração
Intensas + (muito) prolongadas 8 a 12 g de CHO/kg/dia
extremamente prolongada (>4-5h/dia)
Fonte: THOMAS et al., 2016.
Carboidratos – recomendações (ACSM)

Pré-exercício:
 3 a 4 horas antes (refeição).
 4 a 5 g de CHO/kg de peso corporal.
 1 hora antes (repositores energéticos líquidos).
 1 a 2 g de CHO kg de peso corporal.

Durante o exercício (duração < 1 hora):


 Desnecessários!

Durante o exercício (intensos, contínuos ou


intermitentes, com duração > 1 hora):
 30 a 60 g de CHO/hora; provê-lo a
cada 15 ou 30 minutos.
Carboidratos – recomendações (ACSM)

Pós-exercício:
 1,0 a 1,2 g de CHO/kg de peso corporal/hora durante 4 a 6 horas após o término do
exercício; depois disso, retornar às necessidades diárias.

Fonte: https://suppversity.blogspot.com Fonte: https://peakendurancesport.com


Take-home messages – mensagens para casa

 Os CHOs possuem mecanismos de digestão e absorção bem definidos, iniciando-se


na boca e terminando no íleo e no jejuno por meio da ação de enzimas específicas a
esses sítios.
 A liberação de insulina pelo pâncreas e a sua ligação ao seu receptor específico
é um passo de suma importância para a captação de glicose pelos tecidos.
 Uma vez dentro dos diferentes tecidos, a principal função da glicose será o fornecimento
energético. A sua contribuição para a manutenção do exercício é fundamental conforme a
intensidade e a duração do exercício aumentam.
 Isso tem relação direta com o desempenho físico. Assim, a
suplementação de CHOs antes e durante o exercício físico
tem sido recomendada para a melhora do desempenho em
atividades intensas e de longa duração (> 1 hora).
 Exercícios resistidos parecem não sofrer benefícios
com a suplementação de CHO.
Interatividade

Assinale a alternativa correta dentre as sentenças:

a) A combinação de intensidades elevadas e durações prolongadas em um exercício


físico acarreta em baixa mobilização do glicogênio muscular para a produção de
energia para a manutenção da contração muscular.

b) Considerando o sistema de fornecimento de energia


durante o treinamento resistido para quem quer ganhar
força máxima, pode-se dizer que o efeito da
suplementação de carboidratos exerceria efeitos
ergogênicos.
Interatividade

c) Modalidades esportivas intensas e de longa duração (maratona, triatlo) são exemplos


de atividades em que não se esperariam efeitos ergogênicos da suplementação de
carboidratos.

d) A ingestão de carboidratos durante atividades de alta intensidade e de relativa curta


duração (30 a 40 minutos) se tornaria irrelevante já que não há completa depleção do
glicogênio muscular em atividades com tal duração, nem risco de hipoglicemia.

e) Todas as afirmativas anteriores são incorretas.


Resposta

Assinale a alternativa correta dentre as sentenças:

d) A ingestão de carboidratos durante atividades de alta intensidade e de relativa curta


duração (30 a 40 minutos) se tornaria irrelevante já que não há completa depleção do
glicogênio muscular em atividades com tal duração, nem risco de hipoglicemia.
O que eu vou dizer a vocês – lipídios

 Classificação.

 Digestão e absorção intestinal.

 Mobilização e oxidação durante o exercício físico.

 Estratégias nutricionais para “otimizar” a


mobilização e a oxidação de lipídios.

Fonte: https://brasilescola.uol.com.br
Lipídios – classificação

 Moléculas hidrocarbonatadas
(carbono, hidrogênio e oxigênio).
 Não solúveis em água.
 Simples (triglicerídeos). +
 Compostos (fosfolipídios).
 Esteroides (colesterol). Glicerol

3 ácidos graxos Um triglicerídeo


de diferentes formado a partir
comprimentos de 1 glicerol +
3 ácidos graxos
Fonte: adaptado de:
https://sobiologia.com.br
Reação de síntese dos triglicerídeos (gorduras) a partir da
condensação de três moléculas
de ácido graxo com uma
molécula de glicerol
Lipídios – classificação e função

 Estrutural. O Ácido graxo

=
HO
 Armazenamento Glicerol
e provisão de energia. Ch2 – OH Saturado
CH – OH
O
 Isolante térmico

=
CH2 – OH
e físico. HO
Ligação dupla
Insaturado

Fonte: adaptado de: https://todamateria.com.br


Lipídios – classificação e função

Triglicerídeos SATURADO MONOINSATURADO


O (Alimentos de origem animal) O (Azeite de oliva, óleo de canola e de amendoim)
=

=
Ch2 – O Ch2 – O
O O
=

=
CH – O CH – O
O O
=

=
CH2 – O CH2 – O

Glicerol + 3 ácidos graxos


O

=
Ch2 – O
O

=
CH – O
O

=
CH2 – O

(Castanha, amêndoa, óleo de girassol)


POLI-INSATURADO
Fonte: adaptado de:
https://todamateria.com.br
Lipídios – digestão

Na boca, lipase lingual


1) inicia a digestão dos lipídios

2) No estômago, a lipase
gástrica continua a
A vesícula biliar libera a bile, digestão dos lipídios
3) rica em sais/ácidos biliares

No duodeno, os sais biliares continuarão a quebra


4) das gotículas maiores de lipídios, transformando-os 6) A lipase pancreática, liberada
pelo pâncreas, é responsável
em moléculas menores, as micelas pela digestão final dos lipídios,
quebrando as micelas em
glicerol e ácidos graxos
As micelas são
5) transportadas até a
mucosa intestinal
do jejuno
Fonte: adaptado de:
https://lactobacilo.com
Lipídios – absorção

Ácidos graxos, glicerol


absorção

Colesterol
Ácidos graxos fosfolipídios de
Células da e glicerol proteínas
mucosa
intestinal
Resintetizados
em triglicerídeos Quilomícrons

Tecidos Sangue

Fonte: Adaptado de: McArdle et al., 1996.


Lipídios – Mobilização do tecido adiposo e transporte através da corrente
sanguínea

Oxidação dos ácidos Hormônios


Glucagon
graxos (AG) Adrenalina
Sist. Circulatório
GH

 Circulação sistêmica Ácido graxo


+ albumina
 AG ligado à albumina (+)
 Captação (fígado Triacilglicerol AMPc
e músculo) (TAG)
Lipase
Hormônio
Sensível
3 AG
(LHS)
GLICEROL

Adipócito
Tecido muscular
Fonte: Autoria Própria
Lipídios – Captação e ativação pela célula muscular

Oxidação dos ácidos graxos (AG)

a) Citoplasma COENZIMA A
 Captação (difusão) (CoA) Acil-CoA
 Ligação à FABP
ATP
 Ligação à Coenzima A
AG-FABP

Ácido graxo
+ albumina

Sist. Circulatório MIÓCITO


Fonte: Autoria Própria
Lipídios – Oxidação pela célula muscular

Oxidação dos ácidos graxos (AG)

b) Mitocondrial COENZIMA A
(CoA)
 Degradação do Acetil CoA no ciclo Acil-CoA
de Krebs produzindo ATP, CO2 e H2O.
ATP
 Cada Acetil CoA no ciclo de Krebs
gera 12 ATPs.
AG-FABP

Acil-CoA
CK
Acetil-CoA
Mitocôndria
MIÓCITO
Fonte: Autoria Própria
Lipídios – Contribuição para o exercício físico: influência da duração e da
intensidade

 Conforme a duração do exercício se prolonga, o 70

gordura ou carboidrato
% do metabolismo de
65 %
conteúdo muscular de glicogênio diminui, e a 60 Gorduras
oxidação de gorduras passa a ser predominante; 55
50
 Dado que o glicogênio muscular é o substrato 45
predominantemente recrutado em intensidades 40
35 %
elevadas de exercício, a oxidação de gorduras Carboidratos
30
possui maior participação em intensidades leves % 0 20 40 60 80 100 120
a moderadas de exercício. Porcentagem de Energia
das Gorduras e dos 100
Carboidratos 80
60 Carboidratos
Gorduras
40 Fonte: Adaptado de:
McArdle et al., 1996
20
0
0 20 40 60 80 100
% do VO2 máx
Lipídios – Estratégias nutricionais para otimizar a mobilização e oxidação de
gorduras

 Cafeína; Aumento da oxidação de


lipídios durante o exercício
 Carnitina; Inibe o apetite

 Ácido Linoleico Conjugado


Aumento do
 Chá verde; gasto calórico Aumenta a
perda de
 Fucoxantina peso
Fat burner
 Forscolina
Acelera o
 Cromo metabolismo
Previne ganho de
peso após a
perda de peso

Causam adaptações Diminui a


de longo prazo no absorção de
metabolismo lipídico lipídios

Ilustração dos ‘supostos’ efeitos de um Fat Burner


Fonte: Adaptado de Jeukendrup & Randell, 2011
Take-home messages – mensagens para casa

 A maior parte dos lipídios ingeridos na dieta está na forma de triglicerídeos, compostos
por 1 molécula de glicerol e 3 de ácidos graxos.
 A digestão dos lipídios se inicia na boca (lipase lingual) e termina na mucosa intestinal,
onde as micelas são clivadas pela lipase pancreática em glicerol e ácidos graxos.
 A mobilização de lipídios durante o exercício parece ser maior em intensidades leves a
moderadas, condizentes com a lentidão da sua mobilização, tal como em durações
prolongadas, em que os estoques de glicogênio se reduzem drasticamente.
 Estratégias vêm sendo empregadas na tentativa de otimizar
a oxidação de lipídios. Os resultados em estudos com
animais são empolgantes. Já os resultados em humanos
são inconsistentes. A lista de fat burners cresce direcionada
pela indústria a uma velocidade que não é pareada por
suporte científico.
Interatividade

Em relação à suplementação de fat burners, é correto afirmar que:


a) Há um grande número de suplementos dessa faixa no mercado, mas apenas a
carnitina e o chá verde têm eficácia cientificamente comprovada.
b) Há substancial informação na literatura que apoie a segurança de cada um deles, isto
é, seus potenciais efeitos colaterais sobre a saúde.
c) Não existe suporte científico e/ou fundamentação teórica que apoie a eficácia de
qualquer suplemento fat burner.
d) É improvável que a comercialização de fat burners
esteja associada ao interesse de indústrias e,
portanto, a conflitos de interesse.
e) Eles apresentam resultados positivos e similares
sobre a composição corporal tanto de animais
quanto de humanos.
Resposta

Em relação à suplementação de fat burners, é correto afirmar que:


a) Há um grande número de suplementos dessa faixa no mercado, mas apenas a
carnitina e o chá verde têm eficácia cientificamente comprovada.
b) Há substancial informação na literatura que apoie a segurança de cada um deles, isto
é, seus potenciais efeitos colaterais sobre a saúde.
c) Não existe suporte científico e/ou fundamentação teórica que apoie a eficácia de
qualquer suplemento fat burner.
d) É improvável que a comercialização de fat burners
esteja associada ao interesse de indústrias e,
portanto, a conflitos de interesse.
e) Eles apresentam resultados positivos e similares
sobre a composição corporal tanto de animais
quanto de humanos.
ATÉ A PRÓXIMA!

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