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DESLOCAMENTO DE ABOMASO
Muriel Magda Lustosa Pimentel1, Isalaura Costa1, Carla Rayane Dos Santos1, Ilanna
Vanessa Pristo de Medeiros Oliveira1, Camila Marinho De Miranda Oliveira Meireles1,
Regina Valéria da Cunha Dias1 e Raíssa Karolliny Salgueiro Cruz1
RESUMO
O deslocamento do abomaso (DA) é tido hoje como um dos principais distúrbios abomasais,
ele é comumente encontrado em bovinos de grande porte e de alta produção de leite no
período pós-parto como também pode ser encontrado com menos frequência em bezerros,
novilhas e touros. O DA é um distúrbio no qual consiste em uma dilatação do abomaso devido
ao acúmulo de gás, líquido ou ambos, onde leva a um deslocamento de sua posição
anatômica normal para uma posição anormal. Essa enfermidade é considerada multifatorial,
na qual não se sabe exatamente a sua causa, mas geralmente é associada a erros no manejo
nutricional, principalmente na fase de transição alimentar onde ocorre uma mudança brusca
na alimentação em que será fornecido uma dieta altamente energética e fermentável com
baixo teor de fibras. O diagnóstico é feito baseado na anamnese somado com os sinais
clínicos e exame físico detalhado, nesse último em uma percussão será auscultado um som
metálico-timpânico no abomaso, devido ao acúmulo de gases que na maioria das vezes é
presente. Existe diversos tipos de tratamentos convencionais e o que indicará qual será o
melhor vai ser a condição que apresenta o abomaso do animal, o valor zootécnico do mesmo,
o quanto o profissional médico veterinário é experiente ao realizar algum procedimento desse
tipo, e até mesmo as condições financeiras do proprietário. Neste trabalho será abordado
diferentes técnicas para os tratamentos conservativos do DA, tanto técnicas
medicamentosas quanto as não medicamentosas, onde visam a recuperação da
conformação abomasal, recolocação em sua posição anatômica, para no final ele
desempenhar suas funções fisiológicas normalmente.
Palavras-chave: Deslocamento do abomaso, Manejo nutricional e Tratamentos
conservativos.
ABSTRACT
Displacement of the abomasum (AD) is considered today as one of the main abomasal
disorders, it is commonly found in large cattle and high milk production in the postpartum
period, but it can also be found less frequently in calves, heifers and bulls. AD is a disorder
in which the abomasum is dilated due to accumulation of gas, fluid or both, which leads to a
displacement from its normal anatomical position to an abnormal position. This disease is
1. INTRODUÇÃO
O potencial brasileiro para a produção de leite é inegável. Tendo como base dados do
IBGE (2019), denota-se que a produção aumentou consideravelmente nos últimos 21 anos.
Dentre as doenças digestivas que afetam o gado leiteiro, denota-se o deslocamento de
abomaso (COLTURATO, 2021).
Os deslocamentos de abomasos sejam para direita ou para esquerda representam
consideráveis perdas econômicas na bovinocultura. Além dos custos com a cirurgia, as
perdas de produção decorrentes de animais com deslocamento de abomaso à esquerda, em
uma lactação, podem chegar a 557 kg de leite a menos quando comparado a vacas hígidas
(DOGNANI, 2020).
Trata-se de uma doença em que o abomaso se desloca, passando a ocupar uma
posição ectópica. O deslocamento pode ocorrer para esquerda (DAE), quando o abomaso
parte para o lado oposto da cavidade abdominal, alojando-se entre a parede abdominal
esquerda e o rúmen, ou o deslocamento de abomaso à direita (DAD), quando se desloca
totalmente para o lado direito (DOGNANI, 2020). Quando o abomaso se encontra em atonia
a possibilidade de deslocamento é grande, o gás que é produzido tende a dilatar o órgão e
assim acontece o deslocamento propriamente dito (MOTTA et al., 2014).
As técnicas conservativas utilizadas têm um valor considerado baixo, porém os
resultados não vêm a ser totalmente satisfatório em alguns casos. Existe um número de
casos moderados que são ineficientes e os que tiveram sucesso no tratamento com tais
técnicas muitas das vezes tiveram recidiva (FILHO, 2008).
2.1. EPIDEMIOLOGIA
Essa enfermidade nos últimos anos ocorreu em decorrência da melhoria e avanço nos
métodos de diagnóstico. Não obstante, o real aumento da ocorrência da enfermidade está
relacionado à intensificação da produção de leite, em que os animais são submetidos a uma
nutrição com altos níveis de alimento concentrado e em regime de confinamento, onde a
locomoção é restrita. Esses fatores irão interferir diretamente na motilidade abomasal,
provocando uma hipomotilidade e/ou atonia (COLTURATO, 2021). Outros fatores que devem
ser levados em consideração são as desordens neuronais, doenças infecciosas ou
metabólicas, idade, raça e predisposições genéticas (SANTAROSA, 2010). Poucos casos
são relatados de DA em bovinos destinados a produção exclusiva de carne, inclusive no
Brasil ainda não foi relatado nenhum caso (LAMBERT, 2010)
Os bovinos possuem quatro divisões em seu estomago, sendo elas: rumem, retículo,
omaso e abomaso (FIG. 1) A parte aglandular é formado por três desses que são rumem,
reticulo e omaso. Já a parte considerada glandular é composta pelo abomaso, nele há a
formação do suco gástrico e acontece a ação enzimática sobre a digesta. O abomaso está
localizado no assoalho abdominal, ele é considerado um saco prologado em que se estende
caudalmente entre o saco ventral do rumem e o omaso, instalado mais à esquerda do plano
mediano (Fugura 2) (SOUZA, 2017).
O abomaso recebe ramos de nervos parassimpáticos dos troncos ventrais e dorsais
enquanto outros gânglios servem de sitio para ligação dos neurônios pré ganglionares do
sistema nervoso simpático. Além disso ele recebe uma grande irrigação de sangue arterial
pelas artérias gastroepiplóica e gástrica esquerda. Ele tem a função de produzir ácido
clorídrico e pepsinogênio e o seu PH fica em torno de 3 fisiologicamente. Isso auxilia na
digestão dos substratos que foram degradados inicialmente pelos outros pré-estômagos
(CARDOSO, 2004). Tanto o omaso quanto o abomaso está inteiramente preso a um tecido
conjutivo de fixação. A posição e a forma do abomaso variam de acordo com o tempo de
gestação, repleção e funcionamento do rumem (GORDO, 2009).
O deslocamento do abomaso para o lado direito tem uma frequência entre 10% a 15%
em relação o da esquerda. Sua etiologia não é totalmente esclarecida, onde a comparação
com o DAE é válida. Após a alimentação com elevado grau de concentrado, predispõe uma
certa atonia e produção de gases excessivamente, causando assim a dilatação para o lado
direito (GORDO, 2009). (Figura 4).
Existe hoje diversas patologias que estão associadas ao som de “ping”, são elas:
timpanismo ruminal, indigestão vagal, peritonite localizada, actnobacilose da goteira
esofágica, abcesso sub-peritoneal, colapso ruminal, síndrome do rumem vazio, carcinoma
do cardia e do abomaso. Ainda se deve incluir como diagnostico diferencial uma simples
indigesta, cetose primaria, síndrome da vaca gorda, reticuloperitonite traumática. O
veterinário muitas das vezes chega ao diagnostico com a localização exata do “ping”
juntamente com a palpação retal (GORDO, 2009).
2.10. TRATAMENTO
O prognóstico poderá ser considerado bom para o DAE quando não houver indícios
de complicações desfavoráveis como casos de ruptura. Porém cerca de 75% dos casos são
considerados como prognostico reservado (SILVA et al., 2017).
2.13. PREVENÇÃO
Visto que o DA pode ser causado por diversos fatores, é necessário para fechar o
diagnostico uma anamnese e um bom exame clínico descartando outros diagnósticos que
sejam diferenciais. Hoje a maior prevenção é o acompanhamento individual do animal que
tenha predisposição ou direcionado a todo o rebanho. Esse acompanhamento consiste
principalmente na nutrição a que deve ser balanceada de acordo com as necessidades dos
animais, evitando assim maiores problemas como o DA.
As técnicas conservativas medicamentosas e não medicamentosas como a do
rolamento mostra uma certa ineficiência devido aos casos de recidiva em uma larga
porcentagem dos que foram submetidos a esses tratamentos. Se faz necessário outros tipos
de tratamentos além do conservativos para que assim o animal tenha um prognostico mais
favorável.
4. REFERÊNCIAS