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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS RUDGE RAMOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Larissa Mandu Ferreira - 285641 - 8° Semestre


Sophia de Oliveira Melo - 335926 - 8° Semestre
Vanessa Marques de Oliveira - 314990 - 10º Semestre

TRABALHO DE REPRODUÇÃO DE GRANDES ANIMAIS

Caso clínico

SÃO BERNARDO DO CAMPO

2023
SUMÁRIO
1. SUSPEITA CLÍNICA……………………………..…3
2. POSSÍVEL DIAGNÓSTICO…………………….….4
3. TRATAMENTO E PREVENÇÃO.………….….4 e 5
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS………………6

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1. Suspeita clínica
Clamidiose
Animais que são afetados pela bactéria chamada Chlamydia abortus
apresentam distúrbios reprodutivos, tais como: aborto, infertilidade,
natimortalidade e nascimento de animais fracos, por conta disso pode ser
classificada como importante no índice econômico. Também conhecida como
aborto enzoótico de ovinos, a infecção pode ocorrer em qualquer animal,
independentemente da idade, raça ou período do ano.
A principal via de transmissão da C. abortus é através da ingestão da bactéria
que pode ocorrer de forma direta ou indireta por vias de entrada como nasal,
ocular e sexual através de secreções vaginais. O agente também pode ser
encontrado em fezes e urina de ruminantes, assim como no leite de cabras.
Quando ocorre a contaminação na primeira fêmea, ela se torna uma fonte
importante de infecção para outras ovelhas e cabras em estágio inicial da
gestação. Os animais podem se contaminar em qualquer idade ou período do
ano.

Toxemia da gestação
A toxemia da prenhez, também conhecida como cetose ou doença dos
cordeiros gêmeos, é uma alteração metabólica de ovelhas e cabras que se
desenvolve no terço final da gestação (SMITH, 1990; HARMEYER &
SCHLUMBOHM, 2006), sendo as fêmeas portadoras de dois ou mais fetos
mais susceptíveis que fêmeas gestando apenas um feto (ORTOLANI &
BENESI, 1989; ANDREWS, 1997; HARMEYER & SCHLUMBOHM, 2006).
Este distúrbio é caracterizado como uma alteração metabólica comum de
fêmeas bem alimentadas ou que apresentam baixos níveis nutricionais, que
foram submetidas a condições de estresse, e que está associada a uma falha
na adaptação das crescentes demandas metabólicas exigidas durante o
crescimento fetal no final da gestação (SCHLID, 2007; SARGISON, 2007).
Ou seja, o desenvolvimento da doença coincide com uma tentativa
malsucedida da ovelha em atender às demandas energéticas do(s)
feto(s) em crescimento (HARMEYER & SCHLUMBOHM, 2006).
A toxemia da prenhez pode ser considerada uma condição severa da cetose
(ANDREWS, 1997), e uma consequência do desequilíbrio entre as taxas de
gliconeogênese e o suprimento dos precursores da glicose (CERRILA &
MARTÍNEZ, 2003).

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2. Possível diagnóstico

Clamidiose
Considerando que os sinais clínicos do paciente, são bastante compatíveis
com a sintomatologia de infecção por Chlamydia abortus, acreditamos que o
diagnóstico seja Clamidiose associado à cetose, tendo em vista que no exame
bioquímico há presença de AST extremamente elevado, indicando lesão
hepática, além da presença de corpos cetônicos encontrados na urinálise.

Toxemia por gestação


Com os achados clínicos para um possível diagnóstico podemos citar a
toxemia por gestação, que é uma doença associada a um balanço energético
negativo, sobretudo no final da gestação em ovelhas com cordeiros gêmeos ou
trigêmeos, podendo também ser induzida por outras causas como o estresse.

3. Tratamento e prevenção

Clamidiose
O tratamento de rebanhos positivos é realizado de forma preventiva, com
oxitetraciclina de longa duração, IM, em duas doses de 20 mg/kg p. v., sendo a
primeira dose entre 95 e 110 dias de gestação e a segunda dose duas
semanas depois.

Sua prevenção começa nas instalações dos animais e de fontes de água e


alimentos, para servir como cemitério. Salienta-se que as membranas fetais e
fetos abortados devem ser removidos por pessoas usando proteção (ex: luvas,
sacos ou sacolas plásticas). Algumas medidas são importantes para que possa
ser reduzida a contaminação como, evitar introdução de animais infectados em
rebanhos livres da doença, realizar o isolamento de animais de reposição,
principalmente as fêmeas em estro ou prenhes. Realizar o isolamento dos
animais que apresentarem casos de aborto para a realização de exames
complementares. Ter um sistema de descarte para restos fetais ou animais
mortos que possam ou não estar contaminados, e se por um acaso não houver
uma área de descarte, é importante deixar os resíduos longe dos animais a
pasto. Manter um isolamento para animais recém paridos por 7-10 dias com
todos os cuidados necessários, e também para animais que foram adquiridos
há pouco, deve ser realizado a quarentena para a realização de exames
complementares, buscar informações sanitárias da propriedade e rebanho nas
instituições oficiais, na secretaria de agricultura e/ou agência de defesa.

Existem dois tipos de vacinas disponíveis no mercado exclusivamente para


ovinos, sendo uma inativada e a outra viva atenuada, sendo importante
ressaltar que nenhuma confere proteção absoluta, sendo a melhor forma de
prevenção o uso combinado da profilaxia medicamentosa através do uso das

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vacinas, com a profilaxia de manejo ambiental e higiênico. A vacina inativada
pode ser aplicada em animais gestantes, enquanto a viva atenuada só pode
ser administrada em animais não gestantes.
A segunda garante imunidade por até três gestações, além de reduzir
eficientemente a eliminação de C. abortus no ambiente, e o número de
abortamentos.
Ambas as vacinas podem ser aplicadas via intramuscular ou subcutânea,
lembrando que a vacinação deve ocorrer sempre antes da monta natural ou
inseminação artificial.

Toxemia por gestação


O sucesso do tratamento depende primordialmente da detecção precoce da
doença (ANDREWS,1997; SARGISON, 2007). As medidas terapêuticas mais
utilizadas no tratamento da toxemia da prenhez preconizam a administração de
substâncias gliconeogênicas para aumentar o teor de energia disponível para a
fêmea, a fim de se evitar que alterações neurológicas irreversíveis se instalem
(ANDREWS, 1997; PUGH, 2005; SARGISON, 2007).
Segundo Brozos et al. (2011), o tratamento deve ser baseado em dois
princípios gerais: a administração de fontes de energia e a remoção de
fatores que aumentam a exigência de energia dos animais afetados. Em
animais no estágio inicial da doença, este mesmo autor sugere a indução do
parto para remoção dos fetos, a fim de diminuir as demandas energéticas do
animal em prenhez.

É de grande ocorrência que dietas inadequadas podem trazer consequências


ao rebanho caprino e ovino, mas pode ser prevenida adotando uma dieta de
acordo com as exigências nutricionais, dentro do escore corporal dentro de 3,0
a 3,5 para que o animal não fique predisposto a uma toxemia.
No período pré-parto, esse animal ingere menos matéria seca, por motivos
fisiológicos, sendo necessário a suplementação com concentrados e a
separação desde animal para evitar competição pelo alimento, evitar fatores
estressantes para as matrizes e evitar o parasitismo exacerbado. Todas essas
medidas simples adotadas corretamente ajudam a reduzir consideravelmente a
taxa de morbidade da toxemia no rebanho caprino e ovino (Souto et al., 2013).
Após o diagnóstico comprovado, o tratamento deve ser imediato, combatendo
a hipoglicemia com glicose proporcionando a glicogênese no fígado; oferecer
uma dieta balanceada que atenda as exigências nutricionais do animal; a dieta
deve conter uma porcentagem maior de concentrado fornecendo maior taxa de
energia. O fornecimento de cálcio é fundamental, por conta do quadro de
toxemia está associado com hipocalcemia.

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5. Referências bibliográficas

Boletim técnico clamidiose, Embrapa, 2015.


Cetose dos ruminantes, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2012, Ingrid Horlle Schein.
Chlamydophila abortus em animais de produção, Cienc. Rural 36 (1), Fev 2006,
Francielle Gibson da Silva , Julio Cesar de Freitas , Ernst Eckehardt Müller.
Indicadores sanguíneos de lipomobilização e função hepática no início da
lactação em vacas leiteiras de alta produção, Ciência Animal Brasileira –
Suplemento 1, 2009 – Anais do VIII Congresso Brasileiro de Buiatria, Félix
González, Rodrigo Muiño, Víctor Pereira, Rómulo Campos, José Luis Benedito
Castellote.
Toxemia dos pequenos ruminantes: Etiopatogenia e prevenção, PUBVET v.16,
n.07, a1172, p.1-7, Jul., 2022. Flavio Gomes de Almeida, Mario Rodrigo
Romero, João Marcos Acácio, Leonardo, Augusto de Souza Bartholo Silva,
Fernando Funes de Queiroz, Henry Luiz Reis Vieira Costa, Raimundo Nonato
Rabelo.

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