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TERAPIA COM CELULAS TRONCO MESENQUIMAIS AUTOLOGAS E

PLASMA RICO EM PLAQUETAS NA REPRODUÇÃO EM ÉGUAS

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Dr. PhD. Marcio Teoro do Carmo, 2Dr. Ms. Carlos Guilherme Schusters, 3Prof.
Dr. PhD. Marco Antonio Alvarenga
1- Médico veterinário, Pós Doutor em Reprodução Animal (UNESP – Botucatu –
SP), Responsável técnico pela Central de Reprodução Equina Lubbreeding –
Cesario Lange - SP
2- Médico Veterinario, Mestre reprodução Animal (UNESP – Botucatu – SP),
proprietário EMBRIO EQUI – São Simão - SP
3- Médico Veterinario, Pós Doutor em Reprodução Animal (Universidade
Colorado – EUA) Professor Departamento de Reprodução Animal UNESP –
Botucatu - SP

1- Introdução

A equideocultura Brasileira ocupa posição de destaque internacional não só pelo


expressivo número de animais, sendo a segunda maior população de eqüinos puros de raça
do mundo, como também pela excelência de seu plantel. Adicionalmente, a indústria do
cavalo é uma importante área geradora de divisas e empregos no Brasil. Nosso país é hoje
também um país de referência no estudo e na utilização de biotécnicas aplicadas a
reprodução eqüina. Técnicas de reprodução assistida como: a inseminação artificial,
congelação de sêmen e embriões, transferência de embriões (T.E.), transferência de oócito
(T.O), fertilização in vitro (F.I.V.), inseminação intracitoplasmática (I.C.I.S.) e transferência
de gametas intra-falopiana (G.I.F.T.), tem despertado grande interesse entre criadores e
associações de criadores de cavalos.
Desta forma a falha da concepção tem sido assunto de grande interesse frente ao seu
impacto na equideocultura. Existem muitas razões pelas quais éguas falham na concepção,
estando a eficiência reprodutiva da fêmea eqüina diretamente correlacionada com a
capacidade uterina de manter um ambiente adequado para o desenvolvimento embrionário,
crescimento fetal e parto normal. A endometrite é uma das principais causas de redução da
fertilidade em éguas. As condições inflamatórias do útero podem ser classificadas em
agudas, crônicas, sub-clinicas, pos-parto, bacterial, fungal, induzida pela cobertura,
persistentes, entre outros.
Com o intuito de se aumentar a eficiência do tratamento destas afecções uma série de
procedimentos tem sido realizados. No entanto, algumas éguas denominadas susceptíveis,
não respondem bem aos tratamentos convencionais e não conseguem debelar a infecção de
uma forma eficiente, a qual se torna persistente, sub-clínica e/ou crônica. Nestes animais
com exacerbação do processo inflamatório se estabelece um alto grau de fibrose peri-
glandular, o que leva a queda drástica da fertilidade da fêmea.
O interesse na aplicação de terapia celular com células tronco tem se tornado uma
ferramenta importante no tratamento de diversas patologias, merecendo, na espécie eqüina,
destaque das terapias celulares para lesão de tendão. No entanto, a aplicação desta
biotecnologia para re-introduzir animais inférteis de alto valor genético a reprodução plena
tem sido pouco explorada.
As células-tronco possuem a capacidade de se auto-regenerar e se diferenciar em
diversos tipos celulares. Estas células têm um papel importante no desenvolvimento dos seres
vivos e um enorme potencial de utilização em medicina regenerativa. As células-tronco
classificam-se em embrionárias, obtidas da massa celular interna de embriões no início de seu
desenvolvimento e, somáticas, ou adultas, encontradas em tecidos já diferenciados de fetos,
recém nascidos ou adultos. As células-tronco somáticas podem ser obtidas da medula óssea,
do sangue periférico, do cordão umbilical e do fígado. Hoje está bem demonstrado que
numerosos tecidos humanos (ou talvez todos) têm células tronco, que constituem uma reserva
da qual o organismo lança mão para repor células maduras desgastadas ou quando ocorre
lesão ou remodelação de tecido.
Células-tronco obtidas de medula óssea têm sido usadas na prática médica como fonte
de células hematopoiéticas e os transplantes de medula fazem parte do tratamento de doenças
hematológicas há várias décadas. As células-tronco hematopoiéticas promovem a
reconstituição hematopoiética e de outros tecidos, estando presentes no embrião, sangue
periférico, medula óssea e sangue do cordão umbilical.
Mais recentemente observou-se que na medula óssea há um outro tipo de células-
tronco – denominada célula tronco mesenquimal (CTM) que têm alta capacidade de se
renovar e diferenciar em várias linhagens de tecido conjuntivo. Em determinadas condições,
as CTM podem dar origem a células de diversos tecidos incluindo cartilagem, osso, músculo e
gordura. Alem da medula óssea, CTM podem ser isoladas também do tecido adiposo, de
vários tecidos fetais e numerosos outros tecidos de adultos. A propriedade básica que permite

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o isolamento e a cultura de células-tronco mesenquimais é sua facilidade de aderir a
superfícies como vidro e plástico.
A terapia celular visa à recuperação de tecidos e órgãos lesados através da introdução
de novas células, capazes de colonizar as áreas afetadas e restabelecer a função previamente
perdida. Esta terapia possibilita o tratamento de doenças degenerativas, congênitas, traumas e
injúrias das mais variadas etiologia. Trabalhos recentes demonstram que o uso das células
tronco diminui a fibrose hepática promovendo significativa melhora clínica de humanos
acometidos por problemas hepáticos. Desta forma, o uso da terapia com células tronco
apresenta-se como uma possível ferramenta no tratamento regenerativo do processo
degenerativo crônico endometrial em éguas caracterizado pela presença de fibrose uterina
(CARMO, et al; 2012).

2. Terapias aplicadas a endometrite da égua

A endometrite é uma doença uterina que envolve inflamação, fibrose e muitas vezes
infecção do endométrio de éguas, sendo uma das causas mais importantes e freqüentes de
infertilidade e de baixa eficiência reprodutiva nos criatórios de cavalos (ALVARENGA,
1996; TROEDSSON, 1999).
A infecção do trato reprodutivo agrava-se em éguas mais velhas, principalmente após
cobertura, parto e excessivas coletas de embriões mal manejadas (LOSINNO &
ALVARENGA, 2006). No entanto, a mucosa do trato reprodutivo possui um sistema imune
pelo qual bactérias, fungos, sêmen e contaminantes como fezes e urina são retirados do útero
por uma combinação entre os fatores celulares e humorais (ALVARENGA, 2008). Além
disso, mecanismos de drenagem linfática também atuam na limpeza do ambiente uterino.
Quando existe falha ou incompetência em qualquer um desses mecanismos naturais de defesa,
a endometrite pode se instalar levando à infertilidade (ASBURY, 1986; LEBLANC, 2003).
Baseado na etiologia e patogenia, a endometrite em éguas é dividida em: endometrite
induzida pelo acasalamento, infecção uterina por microorganismos e endometrite crônica
degenerativa (LEBLANC, 2003; RICKETTS, 1987; TROEDSSON, 1997).
As endometrite induzida pelo acasalamento, o tratamento para as éguas susceptíveis é
baseado na rápida remoção dos fluidos inflamatórios acumulados no útero. Isto pode ser feito
com lavagem do útero para remover debris e pela administração de drogas que estimulem a
contração da musculatura uterina. Alterações degenerativas do endométrio são resultantes de
inflamação repetida do útero, mas podem também ser observadas em fêmeas mais velhas sem

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histórico de endometrite, ou seja a fibrose degenerativa do endométrio pode ser também um
processo relacionado à idade do animal. Éguas com degeneração fibrótica do endométrio são
tipicamente mais velhas e multíparas. Geralmente sua habilidade para se tornar gestante e
levar a gestação a termo é altamente comprometida (ALVARENGA, 1996; TROEDSSON,
1997). O diagnóstico para essa enfermidade é confirmado por citologia e biópsia endometrial
(ALVARENGA & IWANA de MATTOS, 1990; TROEDSSON, 1999).
Após corrigir os defeitos anatômicos relacionados à instalação da endometrite, o
tratamento visa reduzir a inflamação e o número de bactérias no útero (ASBURY, 1986,
LANGONI ET AL, 1999, LOSINNO & ALVARENGA, 2006).
Admitindo-se que a causa da doença uterina seja um microorganismo e que este seja
identificado e seja determinada sua sensibilidade aos antimicrobianos, o tratamento pode ser
iniciado (TROEDSSON, 1997). Infecções uterinas provocadas por fungos são difíceis de
serem tratadas. O uso de clotrimazol e lavagem uterina utilizando iodo povidine diluído a
0,05% tem sido descrito como sendo tratamento eficaz para este tipo de infecção (LYLE,
2003), assim como mais recentemente o fluoconazol (ALVARENGA, 2008).
A endometrite após a IA é uma inflamação fisiológica e transitória que serve para
limpeza do excesso de espermatozóides mortos e de outros contaminantes uterinos formados
pela deposição do sêmen. A inflamação é causada principalmente pela presença dos
espermatozóides no útero e caracteriza-se por uma rápida infusão de neutrófilos logo após a
inseminação (CARD, 2005; TROEDSSON et al., 1998; TROEDSSON, 1999). Esse tipo de
endometrite é, normalmente, causada por alterações degenerativas que ocorrem
continuamente no útero de éguas em resposta à idade e ao número de partos. A perda do
suporte estrutural do trato reprodutivo caudal e o estiramento dos ligamentos largos em
decorrência de prenhezes repetidas resultam no deslocamento cranial e ventral do útero no
abdome. Este deslocamento geralmente impede o fluxo de fluido do lúmen uterino através da
cérvix. Comumente, os animais afetados são fêmeas multíparas e com mais de 14 anos de
idade. (LEBLANC, 2003).
A quimiotaxia dos neutrófilos pelos espermatozóides sugere que a inflamação uterina
transitória seguida à IA além de ser um processo fisiológico é necessário para a limpeza do
útero do excesso de espermatozóides mortos e do plasma seminal. Tanto o plasma seminal
quanto o espermatozóide ativam o mecanismo inflamatório, mas com importância diferente, a
presença de espermatozóide promove uma massiva invasão de polimorfonucleares no lúmen
uterino, esses fagocitam o espermatozóide e a inflamação resulta na liberação de PGF2α, que,
por sua vez, causa contrações miometriais essenciais para a limpeza uterina. Dessa forma, a

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inflamação induzida pela presença do espermatozóide pode ser considerada como a causa
mais importante de infertilidade nas éguas susceptíveis (TROEDSSON, 1997b,
TROEDSSON et al., 2001).
Durante a primeira meia hora após a IA, o sêmen é transportado em um processo
rápido por contrações miometriais do corpo e dos cornos uterinos. Após quatro horas da IA, a
maioria dos espermatozóides devem ser eliminados (CAMPBELL & ENGLAND, 2006).
Contudo, nas éguas susceptíveis, devido a uma diminuição da contratilidade uterina, há um
maior acúmulo de líquido no interior do útero quando comparadas às fêmeas resistentes a essa
patologia, demonstrando que o conteúdo celular nessa fase se dá em decorrência de uma
disfunção do mecanismo de defesa do animal. Esse acúmulo de secreção pode atuar como
meio de cultura para agentes oportunistas agravando o quadro patológico (DELL’AQUA Jr.,
2004). Normalmente, as éguas devem controlar essa inflamação dentro de 24 a 36 horas,
quando isso não ocorre há um acúmulo de fluido inflamatório no lúmen uterino, resultando
em um ambiente desfavorável para o futuro desenvolvimento embrionário (LEBLANC,
2003).
Nas éguas susceptíveis há redução na freqüência, intensidade e duração da atividade
miometrial, possivelmente devido a mudanças na liberação, sistêmica ou local, de
uterotoninas, assim como prostaglandinas e ocitocinas; pela produção alterada de substâncias
neuromusculares ou vasoativas que afetam a atividade miometrial ou por mudanças
intrínsecas na musculatura uterina promovendo uma incapacidade de responder aos estímulos
de contração (RIGBY et al., 2001). Entretanto, para este tipo de égua, a terapia é baseada em
cuidados como diminuição do número de espermatozóides a ser inseminado bem como um
menor número de inseminações por ciclo com intuito de reduzir a resposta inflamatória.
Adicionalmente uma rápida remoção dos fluidos inflamatórios acumulados no útero poucas
horas após a cobertura ou IA se faz necessário. Isto pode ser feito através de lavagem uterina
para a remoção de debris e/ou pela administração de drogas que estimulem a contração da
musculatura uterina, ambos os procedimentos devem ser realizados entre 6 e 8 horas após IA
(LEBLANC, 2003).
A ocitocina por ser um agente uterotônico também vem sendo utilizada rotineiramente
no tratamento de éguas susceptíveis a endometrite, auxiliando na limpeza uterina (LEBLANC
et al., 1994). A administração de ocitocina exógena, por estimular a contração uterina e do
oviduto nas éguas, pode levar também a um aumento no transporte espermático (RIGBY et
al., 1999).

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A eficácia do tratamento com ocitocina pode ser influenciada pela razão entre
estrógeno e progesterona na hora de sua administração. A ocitocina atua na contração uterina
por ligação com receptores miometriais, os quais variam em número durante o ciclo estral,
sendo maior na fase estrogênica e menor no período pós-ovulatório, no momento em que a
progesterona se encontra aumentada (RIGBY et al., 1999; GUTJAHR et al., 2000;
VERONESI et al., 2006).
A dose clínica de ocitocina mais usada é a de 20 UI, via intravenosa (IV) ou
intramuscular (IM), podendo variar de 5 a 25 UI, sendo que todas as doses utilizadas dentro
desse intervalo resultam no mesmo efeito, um aumento nas contrações miometriais (MADILL
et al., 2002). Quando existe a necessidade de tratamento com ocitocina após a ovulação, é
recomendada a utilização da dose mais alta (25 UI) (GUTJAHR et al., 2000). Porém, Cadario
et al. (1999a) relataram que altas doses de ocitocina (25 UI, IV) podem induzir uma contração
tetânica em algumas éguas, resultando em retenção de fluido uterino. Múltiplas doses de
ocitocina, no dia da ovulação e no dia seguinte, não têm efeito na produção de progesterona
ou na taxa de prenhez (BRENDEMUEHL, 2002).
A completa limpeza uterina ocorre em 24 horas após o tratamento com ocitocina, o
que confirma a eficácia dos hormônios ecbólicos exógenos no útero. Há uma maior
sensibilidade do endométrio inflamado à ocitocina em éguas susceptíveis do que em éguas
normais (CADARIO et al., 1999b; VERONESI et al., 2006).
É importante ressaltar que a ocitocina estimula as contrações uterinas direta e
indiretamente via liberação de PGF2α pelo endométrio (CADARIO et al., 1999b; REILAS et
al., 2006). A utilização de PGF2α, de 12 a 24 horas após a cobertura, induz contrações
uterinas de menor intensidade quando comparadas com as contrações provocadas pela
ocitocina. Quando utilizada antes da ovulação, não se observa efeito sobre a formação do
corpo lúteo ou na produção de progesterona. Em contra partida, a administração da PGF2α
após a ovulação é capaz de interferir na formação luteal, resultando em diminuição da
produção de progesterona e conseqüente redução da taxa de prenhez. Uma vantagem da
PGF2α é a maior duração da atividade miometrial (5 horas) quando comparado com a
ocitocina (45 minutos) (BRENDEMUEHL, 2002; LEBLANC, 2003).
Goddard & Allen (1985) demonstraram que a ocitocina causa um rápido aumento na
pressão intra-uterina de éguas por 20 minutos, enquanto a PGF2α proporciona um aumento 10
minutos após sua administração, declinando após 40 minutos. A atividade dessas duas drogas
não foi consistentemente alterada pelo status reprodutivo do animal.

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Outra forma de tratamento recentemente proposta visa a imunomodulação da resposta
inflamatória pós-cobertura através da utilização parenteral de antiinflamatórios esteróides. A
administração sistêmica de antiinflamatórios esteróides (AIES) (0,1 mg/kg de acetato de
prednisolona) antes da IA levou a uma redução na função neutrofílica, diminuição do fluido
uterino e contribuiu para uma limpeza mais adequada do útero (DELL’AQUA Jr. et al.,
2006). Neste mesmo experimento foi observada uma melhora significativa da fertilidade de
éguas susceptíveis a endometrite. Os AIES exercem sua função influenciando os eventos
celulares, vasculares e o metabolismo de mediadores inflamatórios diminuindo a migração
dos neutrófilos para o sítio de injúria, ao mesmo tempo em que estimula sua liberação pela
medula óssea. A incapacidade de penetrar no local da lesão se deve a mudanças
conformacionais da superfície celular com estabilização da integridade microvascular via
supressão das ações dos neutrófilos e pela inibição da síntese de mediadores inflamatórios e
de agentes vasoativos ou trombogênicos, não permitindo a exsudação de fluidos (ANDRADE,
2002). Contudo o uso de AIES sistêmico deve ser feito com cautela por apresentar efeitos
colaterais indesejáveis (imunossupressão, laminite)
Os antiinflamatórios não esteróides mostraram-se menos eficazes na minimização da
reação inflamatória uterina após IA. Outra restrição ao uso de antiinflamatórios não esteróides
foi devido ao modo pelo qual este atua no processo inflamatório, inibindo somente a ação da
ciclooxigenase, desta forma limitando sua efetividade, já que o principal problema da
endometrite persistente pós-cobertura é a grande diapedese ocorrida no útero. De acordo com
Leblanc (1997) a utilização de um antiinflamatório não esteróide como a fenilbutazona inibe a
síntese de prostaglandinas (principalmente a PGF2α) atrasando a limpeza uterina das éguas,
concordando com os achados de Reilas et al. (2006) os quais observaram que o flunixin
meglumine aumenta a magnitude da reação inflamatória à presença do espermatozóide.
O uso de plasma rico em plaquetas (PRP) em éguas resistentes e susceptíveis à
endometrite também tem sido utilizado. Reghini, 2013, verificou o estimulo de sêmen na
resposta inflamatória uterina em éguas resistente e susceptíveis à endometrite após a
inseminação artificial e propôs um novo tratamento a fim de debelar a resposta inflamatória
uterina exacerbada, com o uso do plasma rico em plaquetas, que vem sendo utilizado devido à
sua ação anti-inflamatória. Foram infundidos 20ml de PRP quatro horas após a inseminação
artificial, e observou que o tratamento foi clinicamente efetivo na redução da inflamação
uterina nas éguas susceptíveis à endometrite após a inseminação artificial, observando uma
redução da quantidade de fluido uterino verificado pela ultrassonografia e a redução do
percentual de neutrófilos observada pela citologia exfoliativa endometrial.

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Muitos tratamentos já foram utilizados na tentativa de melhorar as condições uterinas
em processos degenerativos caracterizados por fibrose, mas nenhum resultado consistente foi
obtido. A irritação mecânica e química do endométrio foi o tratamento mais utilizado no
passado, no entanto, a utilização desses métodos pode produzir ainda mais tecido cicatricial
dificultando o reparo tecidual e conseqüentemente diminuindo a popularidade desses
métodos. O prognóstico para a reprodução de um animal com fibrose degenerativa do útero é
pobre e na grande maioria das vezes os animais devem ser descartados da reprodução
(TROEDSSON, 1997).
O dimetilsulfóxido (DMSO) por via intra-uterina foi utilizado para tratar muitas
patologias uterinas. Estudos sobre seu efeito no útero indicam que é um grave irritante e que
provoca ulcerações e inflamação após o uso em forma de infusão e, portanto, não deve ser
utilizado (THRELFALL & IMMEGART, 2000).
A curetagem endometrial como tratamento da infertilidade em éguas foi descrito por
Haraszti (1961) e foi eficaz em éguas com endometrite aguda persistente e/ou endometrite
crônica degenerativa conforme relatado por Ricketts (1985). Embora a existência de dobras
endometriais que limitam severamente a área que pode ser curetada certo efeito benéfico foi
observado (HARASZTI, 1961). Alternativas químicas para o mecanismo de curetagem são
feitas com o objetivo de remover uma camada de endométrio possibilitando uma renovação
por um tecido funcional semelhante ao que ocorre na mulher, porem a infusão intra-uterina
como de iodo povidine induzem inflamação intensa e aderências intra-uterinas, gerando um
severa fibrose persistente (ARRUDA et al., 2003).
Bracher et al., (1991), ao estudarem o efeito intra-uterino da infusão de querosene
(50mL) no endométrio observaram ao exame histológico de biópsia endometrial, níveis de
moderada a severa inflamação nas éguas tratadas no dia um, com mais da metade das
amostras apresentando suave a severa necrose do epitélio luminal. Entre quatro a sete dias
após a infusão a inflamação diminuiu nas éguas de categoria 1 (éguas com fertilidade normal)
e 2 ( éguas subférteis que apresentam inflamação moderada do endométrio), mas não nas de
categoria 3 (éguas que apresentam severa inflamação). As glândulas endometriais
apresentaram-se mais ativas em todas as éguas, e células mononucleares dominaram o
infiltrado celular. Entre os dias 14 a 21 após a infusão o infiltrado celular retornou-se ao nível
do pré-tratamento, entretanto a atividade glandular chegou ao pico por volta do dia 14 e
diminuiu superficialmente por volta do dia 21 pós tratamento com querosene, contudo, não foi
observado melhora do processo degenerativo (MARTINS & PIMENTEL, 2006).

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3. Terapia com células tronco

Apesar da grande diversidade de células que podem ser reconhecidas em tecidos


adultos, todas derivam de uma única célula-ovo, após a fecundação de um oócito por um
espermatozóide. Essa célula tem a propriedade de formar todos os tecidos do indivíduo
adulto. Inicialmente, essa célula totipotente divide-se formando células idênticas, mas muito
precocemente na formação do embrião, ocorre a diferenciação em dois tipos de tecido, o
trofoblasto e o embrioblasto, restringindo sua capacidade de diferenciação (ZAGO &
COVAS, 2006).
Na maioria dos tecidos adultos existem reservas de células com capacidade de
multiplicar-se, diferenciando-se naquele tecido a que pertencem e ao mesmo tempo mantendo
uma própria reserva de células indiferenciadas. Essas células-tronco tecido-específicas são as
responsáveis pela manutenção da integridade dos tecidos adultos, pelo reparo dos tecidos
lesados e pela remodelação dos tecidos e órgãos. As células progenitoras capazes de
diferenciar-se em tecidos adultos especializados são denominadas células-tronco (ZAGO &
COVAS, 2006).
Células-tronco são um tipo de células indiferenciadas, sem função específica nos
tecidos, capazes de multiplicar-se se mantendo indiferenciadas por longos períodos (tanto in
vitro como in vivo), mas que diante de estímulos específicos podem diferenciar-se em células
maduras e funcionais dos tecidos. As células-tronco têm a propriedade fundamental de divisão
assimétrica, ou seja, ao mesmo tempo em que originam células precursoras com capacidade
de diferenciação restrita a um determinado tecido, produzem células indiferenciadas que
repõem a população de células-tronco (REYES, et al., 2001).
Estas células (células-tronco) se diferem de outras células do organismo por
apresentarem três características: são células indiferenciadas e não especializadas; são capazes
de se multiplicar por longos períodos mantendo-se indiferenciadas, de forma que um pequeno
número pode originar uma grande população de células semelhantes; são capazes de se
diferenciar em células especializadas de um tecido particular. Em essência, as células-tronco
são capazes de fazer “divisões assimétricas”, ou seja, podem originar células que permanecem
indiferenciadas, repondo o pool de células-tronco, ou alternativamente podem se diferenciar
em células especializadas (ZAGO & COVAS, 2006).
As células-tronco classificam-se em embrionárias, obtidas da massa celular interna de
embriões no início de seu desenvolvimento e, somáticas, ou adultas, encontradas em tecidos
já diferenciados de fetos, recém nascidos ou adultos (FRIEL et al., 2005). Células-tronco

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embrionárias podem ser classificadas em totipotentes, quando são obtidas de embriões no
estágio de até 8 células ou pluripotentes derivadas da massa celular interna de blastocisto no
período pré-implantação. As células totipotentes podem se diferenciar em qualquer tecido do
organismo, incluindo a parte fetal da placenta. Por outro lado, as células pluripotentes
apresentam capacidade de se diferenciar em qualquer tipo de tecido originado a partir de uma
das três camadas germinativas (ectoderme, mesoderme e endoderme), mas não se diferenciam
nos tecidos placentários (BENJAMIM et al., 2000). As células-tronco embrionárias podem se
proliferar durante cultivos longos, mantendo sua indiferenciação e seu cariótipo estável sem
entrar em senescência. Desta forma, este tipo celular apresenta um enorme potencial como
fonte provedora, in vitro, dos mais variados tipos celulares para a realização de terapia celular,
teste de novos fármacos e estudo de sua toxidade, bioengenharia genética e compreensão
completa do processo de embriogênese.
As células-tronco somáticas ou de indivíduos adultos podem ser divididas, de acordo
com sua capacidade regenerativa em células multipotentes, que podem originar vários outros
tecidos e unipotentes, as quais são capazes de originar somente um tipo tecidual. As principais
fontes de células-tronco multipotentes são a medula óssea, o sangue periférico, o cordão
umbilical, o tecido adiposo e o fígado. Os principais tipos células com características
multipotentes são as células hematopoiéticas e as células mesenquimais, ou estromais
(FIBBE, 2002).
Células-tronco obtidas de medula óssea têm sido usadas na prática médica como fonte
de células hematopoiéticas e os transplantes de medula fazem parte do tratamento de doenças
hematológicas há várias décadas. As células-tronco hematopoiéticas promovem a
reconstituição hematopoiética e de outros tecidos, estando presentes no embrião, sangue
periférico, medula óssea e sangue do cordão umbilical (HERZOg et al., 2003).
Mais recentemente observou-se que na medula óssea há outro tipo de células-tronco
– denominada célula tronco mesenquimal (CTM) que tem alta capacidade de se renovar e
diferenciar em várias linhagens de tecido conjuntivo. Em determinadas condições, as CTM
poderiam dar origem a células de diversos tecidos incluindo tecido adiposo, cartilagem, osso e
músculo entre outros (CONRAD & HUSS, 2005). Embora a medula óssea sirva como um
reservatório primário de CTM, a presença destas tem sido reportada em uma variedade de
outros tecidos. Isto inclui o periósteo e tecido adiposo, o conjuntivo muscular, medula óssea
fetal, fígado e sangue. Há evidências de que a freqüência destas células na medula óssea de
seres humanos declina com a idade. Sua freqüência em recém-nascidos é de 1/10, a qual
diminui para ½ x 106 em uma pessoa de 80 anos de idade (FIBBE, 2002).

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As células tronco mesenquimais tem sido bastante utilizada no reparo dos tendões na
medicina regenerativa em equinos. É conhecido que as CTM participam do processo de
crescimento, remodelação e cicatrização tecidual (RICHARDSON, 2005; YAMADA et al.
2011). As células-tronco são mantidas quiescentes até receberem estímulo do ambiente para
iniciarem sua diferenciação. Este estímulo pode ocorrer durante o processo de cicatrização
(PERIN et al., 2003). De fato, o implante das CTM causa o aumento do número de células
progenitoras que normalmente estão presentes no tecido afetado, aumentando assim, seu
potencial da regeneração (FORTIER & SMITH, 2007, CROVACE, 2010, FORTER &
TRAVIS, 2011). Recentemente, Carmo et al; (2012) estudaram o uso da terapia celular com
CTM na recuperação de lesões endometriais crônicas em eqüinos. Neste estudo, foi avaliado a
eficiência da terapia celular no tratamento do endométrio de éguas com processo degenerativo
crônico caracterizado pela presença de fibrose uterina. Foram tratadas 30 éguas com idade
entre 14 a 23 anos, pesando entre 400 a 600 Kg, com históricos reprodutivos de infertilidade e
com grau severo de fibrose uterina. As éguas foram subdivididas em 2 grupos:G1 (CT+Q) –
n0 15 éguas – Injeção endometrial de células tronco mesenquimais 15 dias após a agudização
do processo inflamatório com querosene. –G2 (CT) – n0 15 éguas – Injeção endometrial de
células tronco mesenquimais sem a indução da agudização do processo inflamatório. Após a
assepsia e sedação da égua foi aspirado a medula óssea da região referente ao osso esterno
localizada no espaçamento da 5a esternebra, com uma agulha modelo Jamshidi6, de calibre
8x12 cm de comprimento e uma seringa de 20mL contendo 5ml de DPBS e 1mL de heparina
a 1000 UI/mL (Carmo, et al; 2011). O cultivo celular das células mesenquimais foi realizado
segundo método proposto por Boum, (1968). A administração das células troncos foi
realizada através da injeção de 8.0x106 células em um volume de 0,5 ml em 20 diferentes
pontos espaçados entre 1 cm, seguindo uma linha horizontal da extremidade de um corno
uterino ao outro com o auxílio de endoscópio flexível. Após administração das células, foi
realizada nova avaliação histopatológica através da coleta de biópsia uterina aos 30 e 60 dias
após o tratamento. Os resultados demonstraram uma melhora significativa quanto ao número
de ninhos glandulares no grupo tratado com CT (D0 15±2,04; D30 8,09±1,54; D60
6,45±1,04), e uma melhora numérica no grupo CT+Q (D0 9±2,24; D30 3,87±1,01; D60
4,75±1,63). Quanto a distribuição glandular, onde 1-Distribuição Homogênia; 2-Distribuição
Homogênia/Mista; 3-Distribuição Mista; 4-Distribuição Mista/Heterogênia; 5-Heterogênia;
foi observado uma melhorar significativa no grupo CT (D0 5; D30 3; D60 1) e uma melhora
numérica no grupo CT+Q (D0 3,5; D30 3; D60 1). Na avaliação da densidade glandular
quando observado 1-Densidade Baixa; 2-Densidade Baixa/Média; 3-Densidade Média; 4-

10
Densidade Média/Normal; 5-Densidade Normal; houve uma melhora significativa no grupo
CT e uma melhora numérica no grupo CT+Q nos tempos (D0 1/3; D30 4/4; D60 5/4). Quando
foi observada a atividade glandular, onde 1-Ativa; 2-Inativa; 3-Mista; uma melhora
significativa em ambos os grupos CT e CT+Q (D0 3/2,5; D30 3/1; D60 1/1). Os autores
concluíram, que o tratamento de éguas com processo crônico degenerativo com CTM
oriundas da medula óssea foi eficiente em melhorar a arquitetura histológica no que diz
respeito a atividade, distribuição e densidade glandular.
Carmo et al., (2014), avaliaram a influência da fração mononuclear do sangue de
medula óssea na resposta inflamatória pós inseminação artificial em éguas susceptíveis a
endometrite.Foram utilizadas quatro ciclos de oito éguas da raça Quarto de Milha entre oito a
14 anos de idade e com histórico de subfertilidade, divididos entre dois grupos: 1) controle
(solução de ringer com lactado de sódio), 2) tratado (fração mononuclear de medula óssea
autóloga), havendo um intervalo de um ciclo após cada ciclo tratado. A aspiração da medula
óssea foi realizada em éguas mantidas em estação, contidas em tronco e sedadas com
Detomidina. Em seguida, foi realizada a tricotomia de uma área de 5 x 20 cm na região
referente ao osso esterno localizada no espaçamento da 5 a (Quinta) esternebra, sendo
realizado posteriormente a assepsia e o bloqueio anestésico local com 10 ml de cloridrato de
lidocaina. Foi aspirado o sangue da medula em 4 seringas de 20ml, utilizando uma agulha de
punção de medula óssea em eqüinos, modelo Jamshidi6, de calibre oito e 12 cm de
comprimento. Uma vez bem fixada a agulha dentro do esterno, retiramos o mandril e
realizamos a aspiração de 15ml de medula óssea auxiliada por uma seringa de 20ml, contendo
1ml de heparina e 4ml DPBS. Em seguida as amostras foram filtradas com o auxilio de um
equipo para transfusão sanguínea e centrifugadas a 600g/10min. Retirado o sobrenadante, o
pellet foi resuspendido com DMEN Alta Glicose na proporção de 1/1. Toda amostra foi
dividida em duas partes; a primeira foi utilizada para injeção na cervix (volume total de 10ml,
dividido em cinco pontos) com uma agulha 30x08 acoplada a um mandril de aspiração
folicular; a segunda fração foi diluída a 30% com plasma obtido da medula óssea para infusão
intra uterina em um volume médio de 50ml, utilizando uma pipeta de inseminação artificial.
O controle folicular ultrassonografico foi realizado diariamente iniciando-se três dias após a
administração da PGF2α. Quando foi verificado a presença de um folículo de 35mm e um
bom edema uterino, foi administrado 2.500UI de hcg/IV. A inseminação artificial foi com
1000x106 de espermatozóides viáveis de um garanhão com histórico de alta fertilidade 24h
após a indução da ovulação e os tratamentos referentes aos grupos foram realizado cinco
horas após. Vinte e quatro horas após a inseminação artificial foi realizado uma avaliação

11
ultrassonografica para verificar a ovulação e a presença de liquido no útero, e a coleta do
embrião foi feita em D8. Os resultados demonstraram que 100% (8/8) e 25% (2/8) das éguas
apresentaram fluido intra uterino 24h após a inseminação artificial nos grupos controle e
tratado respectivamente. Nas éguas do grupo controle 75% (6/8) dos lavados uterinos estavam
sujos e somente um embrião foi recuperado (12,0% 1/8). Nos animais onde foi realizado o
tratamento e 25% (2/8) resultaram em lavados sujos e o índice de recuperação embrionária foi
de 75% (6/8). No ciclo subseqüente ao tratado, observamos que 100% (8/8) e 62% (5/8) das
éguas voltaram a apresentar lavados sujos nos grupos controle e tratado respectivamente.
As células tronco mesenquimais também tem demonstrado uma grande eficiência em
éguas com patologia de cervix, seja ela incompetente com dificuldade de contração na fase de
diestro ou mesmo com relaxamento em fase de estro. Uma outra eficiência destas células
também demonstrada por Carmo, et al (2013), é o uso das CTM em conjunto com a cirurgia
em éguas com laceração de cervix, onde observaram uma reconstituição da contratilidade da
musculatura lisa cervical.

4. Plasma Rico em Plaquetas (PRP)

As plaquetas são corpusulos anucleados, em forma de disco, e apresentam


aproximadamente 2 a 4 µm de diâmetro. Os megacariócitos, células gigantes e poliplóides de
medula ósea, são seus precursores e estão localizados abaixo dos capilares sinusóides da
medula e emitem prolongamentos citoplasmáticos, os quais ficam em contato com o sangue.
Tais prolongamentos são seccionados e as plaquetas são então liberadas para a corrente
sanguinea (HARTWING & ITALIANO, 2003). Estas apresentam importante função no
processo de coagulação do sangue (JUNQUEIRA & CARNEIRO, 2004).
Segundo Everts, et al; (2006), as plaquetas encontram-se no seu estado inativo, e para
a sua ativação, podem ser utilizados tanto agentes fidiológicos, como trombina, tromboxano,
serotoninina, epinefrina, como também agentes farmacológicos (cloreto de cálcio, ionóforo de
cálcio, dentre outros) (CARMONA et al., 2006). A membrana plasmática das plaquetas é
composta por diversos receptores. Desta maneira, aredita-se que tais agentes desencadeiam a
ativação plaquetária através da ligação com receptores. Consequentemente, após esta
estimulação, os α-grânulos liberam suas moléculas por exocitose no local da lesão para iniciar
o recrutamento de outras plaquetas, leucócitos e proteínas plasmáticas (HARRISON &
CRAMER, 1993). Quando ativadas, as plaquetas mudam seu formato, secretam seus

12
grânulos, formam um tipo de “tampão”hemostático e realizam a retração do coágulo
(GENTRY et al., 2000).
Alem da função de coagulação, as plaquetas também liberam substâncias que promovem
reparação tecidual e influenciam na reativação da vacularização e de células que promovem a
angiogênese e a inflamação (GENTRY et al., 2000).
O plasma rico em plaquetas (PRP) vem sendo muito utilizado em cirurgias
ortopédicas, reparação de músculos e tendões, reversão de úlceras, odontologia, entre outros.
O PRP é uma fonte autógena de fácil aquisição e baixo custo, que contém diversos fatores de
crescimento importantes na reparação tecidual, devido à sua ação mitogênica, quimiotática e
neovascular. É derivado do sangue total e deve conter entre três e cinco vezes mais plaquetas
de que os níveis fisiológicos (GONSHOR, 2002; KEVY & JACOBSON, 2004).
Para obtenção do PRP, Carmona et al. (2007), observaram que os protocolos com
força de centrifugação relativa alta não obtiveram altas concentrações plaquetárias,
provavelmente por ativar ou lesar as plaquetas durante a centrifugação, levando a formação de
pellets no fundo do tubo que não se desfaziam facilmente, diminuindo a quantidade de
leucócitos presentes no PRP. Nos protocolos com menor força de centrifugação esta condição
não ocorreu, uma vez que os leucócitos e plaquetas contidos no fundo do tubo se soltaram
mais facilmente.
Reghini, (2013) e Carmona et al., (2007), utilizaram para coleta do sangue (para
obtenção do PRP), tubos contendo citrato de sódio a 3,2%, e realizaram uma centrifugação a
120g por um período de 10 minutos, sendo descartado 50% do plasma presente na superfície,
com o intuito de se usar um plasma mais concentrado em plaquetas na segunda centrifugação,
que foi realizada a uma força de centrifugação de 240g por 10 minutos. Nesta fase o plasma
foi dividido em duas frações, sendo a primeira fração o sobrenadante (pobre em plaquetas) e a
segunda fração que é a remanescente denominada plasma rico em plaquetas.
A ativação das plaquetas para liberação dos grânulos plaquetários realizada logo após
a segunda centrifugação com o Cloreto de Cálcio a 10% na proporção de 50µl para cada ml
de PRP foi descrito por Reghini, (2013) e Arguelles et al., (2006).
O plasma rico em plaquetas tem sido utilizado no tratamento de éguas resistentes e
susceptíveis à endometrite. Reghini, 2013, realizou uma infusão intra uterino na concentração
média de 257.000 plaquetas/µm, quatro horas após a inseminação artificial em 23 éguas, e
relatou uma melhor resposta em éguas susceptível do que em éguas resistente. Sendo
observado 24h após a IA em éguas susceptível do grupo controle e tratado a média e o desvio
padrão do número de células PMNs no fluido uterino 3852,7 ± 4332,3 a e 2794,67 ± 4244,6a,

13
percentual de PMNs citologia uterina 69,93± 12,5a e 28,5±23,1b, quantidade de fluido uterino
11,07 ± 6,6a e 5,73 ± 4,5b respectivamente. Em éguas resistente a endometrite do grupo
controle e tratado a média e o desvio padrão do número de células PMNs no fluido uterino
600, ± 327,5a e 517,14 ± 321,6a , percentual de PMNs citologia uterina 26,63 ± 10,7a e 14,38 ±
10,8b , quantidade de fluido uterino 0,25 ± 0,7a e 0±0a respectivamente.

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