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NEOPLASIA MAMÁRIA EM CADELAS ASSOCIADAS AO USO DE


CONTRACEPTIVOS HORMONAIS

Emelly Alves1, Juliane Pereira dos Santos1, Nicoly Fagundes Kaiser1, Antonio de
Calais Junior
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Graduanda do Curso de Medicina Veterinária. Faculdade Multivix.
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Professor orientador do curso de Medicina Veterinária. Faculdade Multivix.

RESUMO: As neoplasias mamárias apresentam-se com maior frequência em cadelas,


comparado com outras espécies de animais domésticas, tendo como indutores diversos
fatores como a idade, genética, raça e hormônios. A incidência tem aumentado ainda mais
com o uso de medicamentos contraceptivos, por conta do baixo custo, com intuito de
prevenir ou retardar o estro, impedindo uma fertilidade futura.

Diante disso, no período de um mês foi enviado virtualmente através de redes sociais, um
questionário com cinco perguntas referente ao assunto deste artigo. O estudo demonstrou
que 14% já tinham feito o uso de anticoncepcional em seus animais, dentre eles, 8% tiveram
alterações clinicas, tais como a neoplasia mamária, sendo que 64% não conheciam esse
método contraceptivo. Observou-se também, que 86% dos proprietários optam por castrar
o animal na intenção de prevenir uma futura gestação e na prevenção doenças.

Sendo relatado também um caso clínico de neoplasia mamária, em uma cadela, de 13


anos, não castrada, com crescimento significativo de um nódulo na mama em consequência
do uso de anticoncepcional, conhecido como “anti cio”.

Palavras-Chaves: Neoplasia Mamária. Contraceptivos. Anticoncepcional. Anti cio. Efeitos


Colaterais.
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ABSTRACT: Mammary neoplasms are more frequent in female dogs, compared to other
species of domestic animals, having as inducers several factors such as genetics, age, race
and hormones. The incidence has increased even more with the use of contraceptive drugs,
due to the low cost, in order to prevent or delay estrus, preventing future fertility.

Therefore, in a period of one month, a questionnaire with five questions regarding the
subject of this article was sent virtually through social networks. The study showed that 14%
had already used contraceptives in their animals, among them, 8% had clinical changes,
such as breast cancer, and 64% did not know this contraceptive method. It was also
observed that 86% of the owners choose to castrate the animal in order to prevent a future
pregnancy and to prevent diseases.

A clinical case of breast cancer is also reported, in a 13-year-old female dog, not neutered,
with significant growth of a lump in the breast as a result of the use of contraceptives, known
as “anti-estrus”.

Keywords: Breast Neoplasm. contraceptives. contraceptive. Anti heat. Castration. Side

effects.

1. INTRODUÇÃO

Na medicina veterinária, o estudo das neoplasias tem sido cada vez mais frequente,
visto o grande aparecimento de casos nos últimos anos e o maior interesse por parte dos
tutores em tratar os animais de companhia.

As neoplasias são classificadas em benignas ou malignas. As benignas são


circunscritas e podem apresentar cápsulas; não apresentam características metastáticas,
portanto seu crescimento é lento. As malignas são invasivas e tendem a separar-se do
tumor primário (CACEMIRO, 2013 Dentre as neoplasias de maior ocorrência, os tumores
de glândula mamária prevalecem em fêmeas caninas com geralmente, 10 anos de idade
(CACEMIRO, 2013).
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O risco de desenvolvimento de neoplasia mamária é muito maior em cadelas que


ainda não foram castradas, sendo o melhor e o mais indicado método de prevenção, a
realização da ovariohisterectomia. (ANDRADE, 2017; NEVES, 2018).

Atualmente, o uso do método contraceptivo farmacológico é uma opção de baixo


custo, uma vez que é comercializado sem prescrição médica, em lojas e casas de rações.
Contendo drogas anticonceptivas que previnem ou retardam o estro, impedindo uma
possível fertilidade futura, mas que podem gerar diversas patologias reprodutivas
(GABALDI, 1998).

O uso errôneo do contraceptivo farmacológico pode gerar sérios distúrbios


reprodutivos, com o surgimento de doenças como piometra, hiperplasia mamária,
neoplasias e morte fetal em caso de gestação (GABALDI; LOPES, 1998; PAPICH, 2012).

O objetivo desse trabalho, portanto foi analisar a incidência de neoplasias mamárias


em cadelas com o uso de medicamentos contraceptivos através de um questionário on-line
e relatar um caso ocorrido na clínica, como também alertar os riscos inerentes ao uso
desses fármacos.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 NEOPLASIA MAMÁRIA

Segundo Menezes (2015), às neoplasias mamárias representam aproximadamente


50% dos tumores observados em cadelas, dentre as neoplasias, metade são malignas e a
maioria acomete fêmeas com idades entre 7 e 12 anos.

As neoplasias podem ser identificadas como benignas e malignas. As neoplasias


benignas, apresentam limites evidentes, possuem crescimento lento, não acometem
tecidos adjacentes e não são capazes de gerar metástases. As neoplasias malignas,
também chamadas de câncer, apresentam limites pouco evidentes, crescem rapidamente
e são capazes de acometer tecidos e gerar metástase. Esses parâmetros são os mais
comuns, porém, podem mudar em alguns casos. Na neoplasia maligna alguns sintomas
são identificados, como dor, crescimento rápido, edema intenso e inflamação. O tumor é
pouco demarcado, firme e geralmente ulcerado e eritema (FELICIANO et al., 2012).
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Alguns tumores mamários podem fazer metástases em outros órgãos


parenquimatosos, como baço e fígado, em sequência, ou não, das lesões metastáticas nos
pulmões. A observação de metástases à distância, eleva o estágio do câncer na
classificação de acordo com o sistema, TNM e consequentemente está associada à um
prognóstico desfavorável (CASSALI et al., 2014).

Um conhecimento clássico, divulgado desde 1969, é que cadelas castradas antes do


primeiro cio teriam apenas 0,5% de chance de apresentar tumor de mama, enquanto
aquelas castradas entre o primeiro e o segundo cio teriam 8% de chance, e as castradas
entre o segundo e o terceiro cio, 26% de chances de desenvolver tumor de mama (LUZ et
al., 2019).

O diagnóstico compreende o exame físico, histórico, citologia e exame histopatológico


(biópsia), entretanto somente o exame histopatológico torna possível a identificação da
morfologia das células neoplásicas. Sendo assim o diagnóstico definitivo é baseado no
resultado histopatológico após biópsia. Esta pode ser incisional, em que se retira um
fragmento da lesão, já na biópsia excisional faz-se a remoção cirúrgica de toda a lesão com
característica neoplásica, sendo essa última indicada para neoplasia mamária
(FELICIANO, 2012).

A cirurgia de remoção cirúrgica das mamas (mastectomia) é o tratamento de escolha


para o tumor mamário, com exceção do carcinoma in-flamatório, um tumor específico.
Entretanto, em muitos casos, como em tumores grandes e com alto grau de malignidade,
a quimioterapia e/ou radioterapia e o uso de anti-inflamatórios não esteroidais devem ser
associados à cirurgia (LUZ et al., 2019, p. 307). Indica-se ampla margem de segurança no
procedimento para o controle local do tumor, possibilitando maior sobrevida para fêmeas
com câncer de mama (GREEN, 2009).

A OHE deve ser feita antes da mastectomia para impedir a inoculação da cavidade
abdominal com células tumorais. Embora a OHE provavelmente pouco impeça o
desenvolvimento de outros tumores mamários, prevenirá doenças uterinas (p. ex., piometra
e metrite) e eliminará a influência de hormônios femininos sobre os tumores existentes
(FOSSUM, 2021).
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2.2 FÁRMACOS CONTRACEPTIVOS

Os anticoncepcionais são hormônios (progestágenos e estrógenos), que podem ser


aplicados via oral ou injetável com ação duradoura. Ambos os modos tem objetivo de
retardar ou impedir o cio do animal. Os anticoncepcionais podem ter efeitos colaterais
perigosos e desagradáveis, especialmente se o uso for prolongado (Cobasi blog, 2021).

Em fêmeas, as progesteronas sintéticas, quando aplicadas fazem feedback negativo


e reduzem as concentrações de estrógeno: quando administradas na fase de anestro
previnem o retorno do estro (cio) e quando na aplicada na fase de proestro inibem as futuras
ovulações. (MACEDO, 2011).

Assim, cadelas mais velhas, que já tiveram vários ciclos estrais, ou fêmeas que
receberam contraceptivos hormonais são mais predispostas a desenvolver tumor de mama
(LUZ et al., 2019, p. 307).

Em fêmeas, a OHE é o método definitivo mais eficaz e seguro para impedir a


reprodução, porém os métodos contraceptivos farmacológicos estão sendo largamente
utilizados com essa finalidade. Tudo é facilitado pelo fato de serem vendidos sem restrição
médica veterinária, pelo baixo custo. (BACARDO et al., 2008; SILVA et al., 2012; DIAS et
al., 2013).

2.2.1 EFEITOS ADVERSOS DO USO DE FÁRMACOS CONTRACEPIVOS

Entretanto, o uso de drogas contraceptivas pode ocasionar vários problemas


reprodutivos na clínica de cães e gatos, podendo resultar em diversos efeitos adversos.
(Gabaldi, 1998, Simpson et al., 1998, Papich, 2012).

Uma única administração do anticoncepcional pode induzir a ocorrência de hiperplasia


mamária (FILGUEIRA et al., 2008). Essa mesma administração pode causar também
tumores mamários e uterinos, como também piometra (DE NARDI et al., 2002; OLIVEIRA
FILHO et al., 2010) Se o anticoncepcional for administrado em cadelas prenhas, poderá
causar atraso no parto, como aborto fetal, o que coloca também em risco a vida da fêmea
(MONTEIRO et al., 2009).
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3. MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um questionário quantitativo pela plataforma Google Forms para coleta
de dados, e enviado via mídias digitais. O questionário foi aplicado entre o mês de Outubro
e Novembro de 2022 e os resultados obtidos foram analisados através de estatística
descritiva. O questionário procurou obter os dados acerca do número de pessoas que já
fizeram o uso de anticoncepcionais em cadelas, assim como os que não fizeram, os efeitos
adversos durante o uso, local em que foi adquirido e o intuito da castração. Para formulação
da estatística, as devidas respostas foram distribuídas em planilhas no Excel e afim de
individualizar cada resposta foram elaborados gráficos em modelo pizza. O questionário
não obteve um público-alvo específico e se utilizou da existência de uma cadela de
estimação como critério de inclusão e o envio do formulário.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A interpretação dos dados quantitativos ocorreu através da organização de dados que


geraram respostas a seguir.

No questionário foram coletados o total de 57 pessoas. Com base nas respostas


obtidas, das 57 pessoas, apenas 6 (11%) afirmaram ter feito o uso de anticoncepcionais
em suas cadelas, enquanto que 49 (89%) nunca fizeram o uso do medicamento (GRÁFICO
1). O que comprova, com base em artigos e revistas os quais afirmam que os contraceptivos
são mais utilizados por pessoas não qualificadas e que não respeitam os parâmetros
corretos para se evitar efeitos adversos.

Através das pessoas que aderiram à pesquisa podemos concluir que 11% destas não
estão cientes do perigo que os medicamentos contraceptivos causam em suas cadelas. O
que se deve pela falta de orientação do médico veterinário, que muitas das vezes é
incapacitado para isso.
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Gráfico 1: Porcentagem de proprietários que já utilizaram contraceptivos em suas cadelas, de


acordo com questionário respondido por 57 pessoas.

Gráfico 1: Já fez o uso de contraceptivos em sua


cadela?

11%
Fez uso
Não fez uso

89%

Gráfico 2: Porcentagem de cadelas que desencadearam algum efeito adverso após o uso de
contraceptivos.

Grafico 2: Quais sinais clinicos seu pet teve após o


uso de contraceptivos?

Neoplasia mamária
33% Hiperplasia mamária
50%
Piometra
11% Outros
6%

Gráfico 3: Porcentagem de proprietários de como tiveram acesso a esse medicamento.

Gráfico 3: Como obteve acesso a informações sobre


esse medicamento?

6% Não conhecia
15%
Internet e outros meios
17% 62% Casa de ração
Médico veterinário
8

Gráfico 4: Porcentagem de proprietários que optaram por fazer a castração por algum motivo.

Gráfico 4: Qual o motivo da castração?

13% Prevenção de gestação


5%
Prevenção de doenças
46%
Presença de alguma doença
36% Não sei

De todas as cadelas deste questionário que fizeram o uso de anticoncepcionais, 89%


desencadeou algum efeito adverso, entre eles, neoplasia mamária, hiperplasia mamária,
piometra e outros. Deixando claro a relação de tais patologias com o uso indiscriminado de
anticoncepcionais. A neoplasia mamária foi a patologia com maior incidência relatada no
presente levantamento.

Por tanto o uso de anticoncepcionais se deve principalmente pelo baixo custo e fácil
acesso comercial. Outro fator é que na maioria das vezes são aplicados em
estabelecimentos não corretos e por pessoas não qualificadas, onde não respeitam a dose,
o período de anestro, gestação e o peso do animal, favorecendo assim inúmeras patologias.

5. RELATO DE CASO

No dia 13/10/2022 foi atendida na clínica, um cão, fêmea, SRD, não castrada, de 13
anos, pesando 13,6kg. Durante a anamnese, tutora relatou um nódulo mamário, presente
na mama do lado direito há 4 anos, com um aumento considerável há 1 ano e meio,
medindo aproximadamente 10cm e ulcerado a cerca de 5 meses. Relatou também que
fazia o uso de injeção contraceptiva no animal, como cansaço fácil.

Ao exame físico aferiu-se parâmetros fisiológicos de frequência cardíaca de 152


batimentos por minuto e respiratória ofegante, sem alterações em ausculta
cardiorrespiratória. As mucosas apresentavam-se normocoradas, normohidratada,
temperatura retal de 39,4ºC e linfonodos poplíteos reativos.
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Na palpação abdominal, não foram identificadas alterações. Já em palpação de


glândulas mamárias foi possível notar a presença de um nódulo, ulcerado, vascularizado,
localizado na glândula mamária abdominal caudal direita, com superfície e bordas lisas.

Foram solicitados exames complementares como ultrassonografia abdominal, raio x


de tórax, hemograma e bioquímico completo. O médico solicitou esses exames, por se
tratar de uma provável neoplasia mamária e para pesquisa de metástases.

Os resultados dos exames de hemograma completo e bioquímica sérica


apresentaram-se com algumas alterações. No hemograma solicitado, o eritograma
apresentou uma pequena diminuição das hemácias (5,4 milhões µl) e proteína plasmática
um pouco aumentada (8,40 g/dL). O leucograma, por sua vez apresentou os seguintes
valores alterados: leucócitos totais (22.900 /µl); bastonetes (1374); segmentados (13969);
monócitos (4580), alterações que podiam estar relacionado ao nódulo ulcerado há um ano
e meio. No bioquímico alterações em triglicerídeos (119 mg/dL) e amilase (1769 µl).

No exame de imagem foi realizado uma avaliação parcial, devido o tumor da mama
em grandes dimensões, mas, foi observado formação de metástases no baço, medindo
6,12 cm x 8,20 cm, com aspecto altamente heterogêneo, compatível com neoplasia e
pesquisa de metástase pulmonar negativa. Os achados ultrassonográficos também foram
compatíveis com nefropatia crônica e hepatopatia aguda leve.

Como protocolo de tratamento inicial, foi prescrito Dipirona 500mg, ½ comprimido a


cada 12 horas durante 7 dias; Prednisolona 20mg, ½ comprimido a cada 24 horas durante
7 dias e Eritrós a cada 24 horas durante 30 dias.

No retorno, foram observados que o paciente possuía outros nódulos nas demais
mamas (sugestivo de mastectomia bilateral). Sendo solicitado mais exames pré-cirurgicos,
como eletrocardiograma e ecocardiograma.

Como tratamento secundário, foi prescrito Rifocina a cada 12 horas na ferida; Agemoxi
CL 250mg, ¾ comprimido a cada 12 horas durante 10 dias com intuito de ajudar na
ulceração e desacelerar o crescimento dos tumores.

Após o acompanhamento e avaliação dos médicos veterinários, o paciente foi


encaminhado para cirurgia para mastectomia e esplenectomia.
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A cirurgia foi realizada no dia 09 de novembro de 2022. Após a realização da MPA


(medicação pré-anestésica) utilizando-se diazepam 0,3 mg/kg; cetamina 2 mg/kg e
metadona 0,3 mg/kg, ambos por via intramuscular, a paciente foi encaminhada ao centro
cirúrgico, onde foi efetuado o acesso venoso periférico em veia cefálica para administração
de fluidoterapia com solução de cloreto de sódio 0,9%. O protocolo anestésico foi
empreendido através da administração de propofol 4 mg/kg intravenoso.

A paciente foi submetida à mastectomia em bloco e á esplenectomia. Sendo realizada


uma incisão elíptica ao redor de toda cadeia mamária acometida, seguido de divulsão do
tecido subcutâneo da musculatura torácica e abdominal, ligadura de vasos sanguíneos
(epigástricos superficiais caudal) e sutura. Desta forma, retirou-se todo o terço mamário
direito, com incisões feitas respeitando a margem cirúrgica.

figura 2: Destaca-se em 1. Cadeias mamárias com foco á glândula mamária abdominal caudal direita,
acometida por neoplasia mamária, em 2. Utilização de bisturi para divulsão tecidual e retirada do
nódulo, em 3. Abdômen do paciente após a retirada do nódulo em bloco da cadeia mamária direita e
em 4. Nódulo mamário após a remoção cirúrgica.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.


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Para redução de espaço subcutâneo e ligadura dos vasos epigástricos (superficial


caudal) foi utilizado o fio de sutura absorvível 2-0 com sutura do tipo Cushing ( COLOCAR
DEPOIS DE CITAR ESPLENECTOMIA e fechamento da pele após com esplenectomia com
sutura do tipo Wolf).

figura 3: Realização de sutura para redução de espaço subcutâneo.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

Após a mastectomia em bloco e fechamento do subcutâneo, foi realizado a troca de


todo instrumental cirúrgico usado por um estéril, procedimento padrão nesses tipos de
cirurgias de neoplasias a fim de evitar contaminação de células neoplásica para outros
órgãos.

Foi realizado incisão na linha abdominal, do xifóide até a cicatriz umbilical, colocando
compressas abdominais ao redor da incisão. Após a incisão, o abdômen foi explorado na
intenção de se exteriorizar o baço, localizando o tumor, com mais ou menos 7 cm, onde já
estava com aderência do omento, sendo necessário ligamentos em pontos de aderências
com fio não absorvível 2-0, retirando assim totalmente o baço.
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Foi realizado a dupla ligação da artéria esplênica também com fio não absorvível 2-
0, distal aos ramos que irrigam o lobo esquerdo do pâncreas, com cautela, para se evitar
de ligar a artéria pancreática, onde traz sérios problemas, como a necrose do pâncreas
devido a falta de circulação sanguínea.

Após a total remoção do baço, foi realizado a sutura com fechamento da incisão e
limpeza da ferida com aplicação de benjoim, rifocina e curativo com gaze e micropore.

Foi colocado a roupa cirúrgica com intuito de evitar o contato da ferida com o ambiente
e uma possível infecção ou ruptura de pontos, como também a lambedura no local da ferida.

figura 4: Abertura em região abdominal cranial para acesso ao baço, em 2. Baço com nódulo.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

O resgate analgésico no período transanestésico foi administrado meloxicam


0,2mg/kg; ondasetrona 2,0 ml/kg; tramadol 4mg/kg e dipirona 25mg/kg intravenoso, com
intuito de proporcionar maior estabilidade em seu pós operatório.

Logo em seguida a paciente foi encaminhada para a internação, onde permaneceu


sob observação com aferimento da temperatura e fluidoterapia com cloreto de sódio 0,9%.
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O animal foi mantido na clínica, em repouso até o momento da sua alta e com o uso da
roupa cirúrgica.

figura 5: Paciente em recuperação pós-cirúrgico.

Fonte: Arquivo pessoal, 2022.

A paciente recebeu alta no mesmo dia, no fim da noite. Tendo sido prescrita a
administração por via oral de meloxicam 0,5mg a cada 24 horas; omeprazol 10mg a cada
12 horas; dipirona 500mg a cada 8 horas e ondasetrona 4mg em caso de vômito a cada 12
horas.

Tendo em vista as informações supracitadas, pôde-se inferir que o procedimento


cirúrgico realizado, supostamente, proporcionou um aumento na sobrevida do animal. Isto
se dá pois, a retirada cirúrgica de estruturas neoplásicas, de caráter possivelmente maligno,
impedindo a disseminação de células tumorais para outras estruturas (metástase) evitando
também a evolução de quadros inflamatórios e ulcerativos em outras regiões.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo permitiu entender através de pesquisas e acompanhamento clínico


sobre as alterações clínicas em cadelas com neoplasia mamária decorrente do uso de
métodos contraceptivos farmacológico, causando sérias alterações hormonais, além de
destacar a importância do diagnóstico precoce dessa e de demais patologias, para que seja
possível iniciar um tratamento adequado, destacou-se também o método de prevenção
cirúrgico, ovariohisterectomia, em idade precoce do animal, afim de promover melhor
qualidade de vida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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