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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

CAMPUS DE POÇOS DE CALDAS


CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Revisão Bibliográfica: Neoplasias Mamárias em Cadelas

Julia Gomierato Fonseca Souza


Kelly Luísa de Paula

Poços de Caldas
2021
Julia Gomierato Fonseca Souza
Kelly Luísa de Paula

Revisão Bibliográfica: Neoplasias Mamárias em Cadelas

Trabalho apresentado à disciplina de


Doenças de Pequenos Animais, do curso de
Medicina Veterinária da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais
campus Poços de Caldas.
Prof. Reinaldo Juan Garrido Palacios Junior

Poços de Caldas
2021
Sumário

1. Etiologia .......................................................................................................... 4
2. Origem tecidual .............................................................................................. 4
3. Fisiopatogenia ................................................................................................ 4
4. Sinais clínicos ................................................................................................ 5
5. Diagnóstico .................................................................................................... 5
6. Tratamentos e prognóstico ............................................................................6
7. Referência Bibliográfica .................................................................................8
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Etiologia

No desenvolvimento das neoplasias mamárias em cadelas estão


envolvidos fatores de natureza genética, ambiental e hormonal, como faixa
etária, morfologia, presença de receptores de estrógeno e progesterona na
massa tumoral, órgãos alvo de metástase, evolução clínica e a hereditariedade
em alguns casos. A idade que apresenta maior chance de manifestação de
tumor é entre 10 e 11 anos de vida do animal. Também é muito falado sobre a
probabilidade do desempenho de hormônios esteróides na etiologia dos
tumores mamários. Tanto o estrógeno quanto a prolactina são necessários ao
crescimento dessa moléstia e, a progesterona apresenta ação carcinogênica
quando seus níveis estão aumentados por longos períodos. Os fatores
nutricionais também têm sido apontados como promotores da carcinogênese,
sua correlação com as neoplasias mamárias está diretamente relacionada a
obesidade (FELICIANO et al.,2012).

Origem tecidual

Quanto ao tipo de tecido que compõe os tumores, foi observado em


estudo um maior número de neoplasia de origem epitelial (63,5%), seguido
pelos de origem mesenquimal (36,5%). Dentre os tumores epiteliais, 70% deles
são malignos enquanto que os de origem mesenquimal, são 65,2%. Portanto, o
tumor mais frequente é o de origem epitelial, o que pode estar relacionado com
a alta taxa de mitose que esta porção sofre dentro do tecido mamário; em
relação ao ciclo estral da cadela, o tecido epitelial da glândula sofre grande
ação hormonal e, consequentemente, maior proliferação celular, aumentando
as chances de aparecimento de neoplasias (GONÇALVES et al., 2020).

Fisiopatogenia

A progesterona exógena é responsável por estimular a síntese do


hormônio do crescimento na glândula mamária com proliferação lóbulo-alveolar
e consequente hiperplasia de elementos mioepiteliais e secretórios, induzindo a
formação de nódulos benignos em animais jovens. Segundo estudos, foi
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observada a influência dos hormônios estrógeno e progesterona em tumores


de mama e, o estrógeno (em menor grau) e a progesterona podem estimular a
replicação celular tanto em tumores que expressam receptores de estrógeno e
receptores de progesterona quanto naqueles que não os expressam. Também
foi avaliada a prolactina e sua facilitação sobre a ação mitótica do estrógeno,
aumentando o número de seus receptores (FELICIANO et al.,2012).

Sinais Clínicos

As neoplasias mamárias de cadelas em geral, apresentam-se


clinicamente como nódulos circunscritos, de várias dimensões e, geralmente
existe o acometimento de mais de uma mama, além de poder envolver até as
duas cadeias mamárias (FILHO et al., 2010).
Animais acometidos com esse distúrbio apresentam sinais
característicos de inflamação como dor, calor e intenso eritema e edema em
um ou mais membros, devido ao comprometimento dos linfonodos ilíacos
superficiais e poplíteos. Caso haja metástases, sinais como tosse e
claudicação podem estar presentes, dependendo da região afetada (LUSA,
2010).
Como os pulmões representam uma das regiões mais afetadas pela
metastização de neoplasias malignas, provenientes de outras regiões corporais
em decorrência do seu elevado fluxo sanguíneo e circulação lenta, também
podem ocorrer sinais de afecções respiratórias, como tosse, falta de ar e até
pneumonia (CARVALHO, 2016).

Diagnóstico

O diagnóstico definitivo do tipo de neoplasia é possível por meio da


avaliação microscópica, sendo a histopatologia o método conclusivo. No
paciente com nódulos mamários deve-se realizar um exame físico minucioso,
não apenas das glândulas mamárias, mas também de características gerais
que permitam avaliar o estado geral do animal. Devendo avaliar as lesões
como: consistência, número, localização e tamanho, assim como eventuais
sinais de aderência aos tecidos adjacentes, deformações das mamas e
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ulceração em pele. Os linfonodos axilares e inguinais superficiais devem


sempre ser examinados quanto ao tamanho e consistência e, se apresentarem
alteração, devem ser avaliados por punção aspirativa por agulha fina ou
biopsia, para pesquisa de infiltração tumoral. Deve-se realizar as projeções
ventrodorsal e laterolaterais esquerda e direita no exame radiográfico para
avaliar a presença de metástases pulmonares e pleurais. As áreas de
metástase pulmonar surgem como áreas de densidade intersticial na
radiografia. Existem algumas características que podem ser utilizadas como
indicadores de um comportamento maligno, como o crescimento rápido, as
margens mal definidas, aderência à pele e aos tecidos adjacentes, presença de
ulceração e inflamação intensa, linfadenomegalia regional e sinais de
dificuldade respiratória, o que é sugestivo de metástase pulmonar (FELICIANO
et al.,2012). Enquanto que crescimento lento e expansivo, área circunscrita e
massa que não adere aos tecidos adjacentes sugerem a presença de
neoplasias mamárias benignas (LUSA, 2010).
Os tumores benignos podem ser classificados em adenoma simples,
adenoma complexo, adenoma basalóide, fibroadenoma, tumor misto benigno e
papiloma ductal. Já os malignos podem ser classificados em carcinoma não
infiltrativo, carcinoma complexo, carcinoma túbulo papilífero simples, carcinoma
sólido simples, carcinoma anaplásico simples, carcinoma de célula escamosa,
carcinoma mucoso, carcinoma lipídico, fibrossarcoma, osteosarcoma e
carcinosarcomas (FELICIANO et al.,2012).

Tratamentos e Prognóstico

O estadiamento do tumor deve ser feito antes do início do tratamento


para avaliar a fase de evolução tumoral, estabelecer o prognóstico e também
avaliar a possibilidades de progressão do mesmo. Este estadiamento baseia-se
no sistema TNM modificado (Tamanho/Linfonodo/Metástase), proposto pela
OMS (FELICIANO et al.,2012).
A intervenção cirúrgica é o tratamento de escolha para as neoplasias
mamárias, porém a técnica utilizada depende de fatores como tamanho da
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neoplasia, localização e drenagem linfática. A remoção cirúrgica é utilizada


quando o tumor tem menos de 5mm, encapsulado, não invasivo e está na
periferia da glândula mamária. A mastectomia simples é escolhida nos casos
em que o tumor acomete a área central ou grande parte da glândula mamária.
Já a mastectomia regional é utilizada quando é necessário remover a glândula
mamária afetada e também as adjacentes. A radioterapia é indicada para o
tratamento de carcinomas inflamatórios, pois, nesses casos, a intervenção
cirúrgica não é recomendada, dada a possibilidade de aumentar os riscos de
disseminação tumoral. A quimioterapia tem apresentado bons resultados,
empregando protocolos que combinam drogas como doxorrubicina e
ciclofosfamida ou cisplatina como único agente. O prognóstico depende de
fatores como tipo histológico do tumor, grau de invasão e diferenciação,
envolvimento de linfonodos, presença de ulcerações e atividade dos receptores
hormonais (LUSA, 2010).
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Referência Bibliográfica

CARVALHO, C. J. S.; Tumor de Mama em Cadelas: Epidemiologia,


Características Clínicas e Morfologia. 2016. Cap. 2. Tese (Doutorado) -
Curso de Pós-Graduação em Ciência Animal, Centro de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Piauí, Teresina.

FELICIANO, M. A. R.; JOÃO, C. F.; CARDILLI, D. J.; CRIVELARO, R. M.;


VICENTE, W. R. R.; Neoplasias Mamárias em Cadelas: Revisão de Literatura.
Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, n.18, 2012.

FILHO, J. C. O.; KOMMERS, G. D.; MASUDA, E. K.; MARQUES, B. M. F. P.


P.; FIGHERA, R. A.; IRIGOYEN, L. F.; BARROS, C. S. L.; Estudo
retrospectivo de 1.647 tumores mamários em cães. 2010. Dissertação
(Mestrado) - Curso de Medicina Veterinária, Patologia, Universidade Federal de
Santa Maria, Santa Maria – Rio Grande do Sul.

GONÇALVES, R. O.; SANTOS, A. L. S. L.; CHAGAS, J. D. R.; CRESPILHO, A.


M.; ROIER, E. C. R.; LEITE, S. M. G.; MORAES, R. F. F.. Neoplasias mamárias
em cadelas: um estudo estatístico para auxiliar no tratamento. Pubvet, v. 14, n.
5, p. 1-7, 2020.

LUSA, F.T. Neoplasia mamária: Relato de caso. PUBVET, v. 4, n. 16, 2010.

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