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Instituto Politécnico de Leiria - Escola superior de saúde

Dietética e Nutrição – TL11

NUTRIÇÃO ARTIFICIAL NA DOENÇA ONCOLÓGICA

Bárbara Nogueira, nº5200461


Cláudia Godinho, nº5220689
Daniela Brites, nº5200443
Fábio Rechena, nº5200636
Mara Aguiar, nº5200441

Leiria, Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

ÍNDICE
1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 2
2.ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................................................................ 3
3.AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO DOENTE ONCOLÓGICO ................................................. 5
4.SUPORTE NUTRICIONAL DO DOENTE ONCOLÓGICO .................................................... 6
4.1 NUTRIÇÃO ARTIFICIAL ............................................................................................ 7
4.1.1 NUTRIÇÃO ENTÉRICA ....................................................................................... 7
4.1.2 NUTRIÇÃO PARENTÉRICA .............................................................................. 10
5. O PAPEL DO NUTRICIONISTA EM DOENTES ONCOLOGICOS ...................................... 11
6.ANÁLISE CRITICA .......................................................................................................... 12
7.CONCLUSÃO................................................................................................................. 14
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 15

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 1 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

1.INTRODUÇÃO

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Nutrição Artificial, do


terceiro ano da licenciatura de Dietética e Nutrição, pela Escola Superior de Saúde do
Instituto Politécnico de Leiria, e tem como tema a Nutrição artificial na doença
oncológica.

A doença oncológica tem um enorme impacto no bem-estar físico e psicológico do


doente, nomeadamente no seu estado nutricional. A malnutrição assim como a
desnutrição, são muito comuns em doentes oncológicos, sobretudo em doentes com
tumores no sistema gastrointestinal, sendo esta uma das principais causas de
mortalidade em estados avançados da doença. Este estado nutricional é causado pelos
mecanismos associados ao tumor e ao seu crescimento, pela alteração do metabolismo
causada pelo tumor e pelo tratamento, tendo um impacto negativo no prognóstico e
sobrevivência. (Rosa, 2017)

O suporte nutricional pode ser feito por três vias, ou seja, a via oral, entérica ou
parentérica. Cada método tem indicações precisas e adequadas. A via oral sempre que
o aparelho digestivo se apresente funcional é a ideal, e deve ser sempre considerada.
Quando esta via é insuficiente deve recorrer-se à nutrição artificial. Com o aparelho
digestivo funcional a via entérica é mais vantajosa, relativamente à via parentérica,
devendo esta ser limitada a situações nas quais a via entérica é impossível ou não
suprime as necessidades energéticas. (Felix, 2005)

A presente monografia tem como objetivo analisar e perceber a importância, assim


como de que forma é aplicada, a Nutrição Artificial no doente oncológico.

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Nutrição artificial na doença oncológica

2.ENQUADRAMENTO TEÓRICO

A doença oncológica é comumente designada por cancro, uma doença complexa, que
se caracteriza pelo crescimento anormal e descontrolado de células normais, sendo uma
das principais causas de mortalidade e morbilidade no mundo, o crescimento tumoral
provoca alterações metabólicas e a nível da ingestão de alimentos (Rosa, 2017). O
prognostico da doença depende intrinsecamente da fase em que é diagnosticada, e é
esta que vai indicar o plano de tratamento e a guia de atuação.

O crescimento e multiplicação descontrolada destas células que anteriormente seriam


normais, passa a fazer com que estas sejam chamadas de anormais ou cancerígenas,
essa transformação é um processo que depende de fatores externos (como tabaco,
químicos, radiação e organismo infecioso), e fatores internos (genéticos, mutações
hereditárias ou hormonais e mutações resultantes do metabolismo) (Felix, 2005),
principalmente genéticas como por exemplo interações sucessivas no seu ADN e em
vários genes que podem ocorrer de forma espontânea ou hereditária. (Rosa, 2017)

O cancro, pode ser classificado segundo o órgão que afeta, o tipo de tecido e devido à
rápida multiplicação das células anormais, forma-se o tumor que poderá ser classificado
como benigno ou maligno. Sendo que um tumor benigno é quando este se localiza num
único local do organismo, e maligno quando este se expande ou tem a capacidade de
invadir outros espaços, pela metastização das células.

O cancro está classificado em quatro tipos predominantes: Carcinomas, com origem em


células da pele e do epitélio; sarcomas que surgem em células dos ossos, cartilagens,
gordura ou músculos; as leucemias caracterizadas por alterações das células da medula
espinal e por último os linfomas que como o nome indica, surgem nas células do sistema
linfático.

A localização do tumor, é também um fator importantíssimo para o tratamento da


doença, pois através desta conseguimos detetar se há ou não possibilidade de
metastização, e se sim qual o percurso que essas células terão e onde poderão alojar-
se.

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Nutrição artificial na doença oncológica

De forma a categorizar os diferentes tipos de cancro quanto à sua extensão, geralmente


é feita uma avaliação do seu estádio. O estádio onde se encontra é o que define a
extensão, crescimento e progressão do tumor no momento em que é avaliado.

Neste momento são conhecidos 4 estádios: Estádio I, o cancro encontra-se apenas no


primeiro órgão afetado; Estádio II, o tumor já se espalhou para tecidos adjacentes e
chegou a nódulos linfáticos; Estádio III, o tumor aumentou de tamanho e atingiu
estruturas mais profundas do tecido, por fim no Estádio IV o cancro já tem grandes
dimensões e envolve grande porção de tecido e nódulos linfáticos de grande extensão,
existindo metástases noutros órgãos e tecidos.

Quando estamos perante um tumor maligno, é geralmente utilizado para o classificar o


sistema TNM, onde são avaliados 3 fatores importantes. T está associado ao tamanho e
características do tumor primário, N está associado aos nódulos linfáticos e à sua
extensão nas proximidades do tumor, e por último o M refere-se à existência ou
ausência de metáteses ligada à extensão do tumor em locais distantes da origem.

O risco de cancro aumenta com a idade e com alguns hábitos, como o tabagismo,
obesidade ou consumo de álcool, e com a qualidade do ambiente. Algumas infeções por
vírus e bactérias podem desencadear a formação de tumores nos órgãos afetados assim
como alguns fatores químicos, como a exposição ao amianto, à sílica ou ao benzeno, e
fatores físicos como a exposição a radiação UV e substâncias radioativas. (Rosa, 2017)

A transformação epidemiológica da Oncologia, tem levado a um crescimento


progressivo do número de novos casos anuais, e a um aumento da idade média da
população afetada (DGS, 2014). Atualmente o cancro é a segunda causa de morte no
mundo, tendo provocado a morte de 8,8 milhões de pessoas no ano de 2015 e é
esperado um continuo aumento em cerca de 70% nos anos seguintes.

Segundo o World Cancer Report 2014, existem mais mortes causadas pelo cancro em
homens do que em mulheres, tendo que o cancro no pulmão é o tipo de neoplasia com
maior incidência e mortalidade no sexo masculino, enquanto que no sexo feminino é o
cancro da mama o que causa mais mortalidade e maior incidência.

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Nutrição artificial na doença oncológica

O cancro está diretamente relacionado com a faixa etária sendo que a taxa de incidência
é menor dos 0-14 anos, e vai aumentando à medida que entramos em faixas etárias mais
altas – população mais idosa, sendo a maior incidência nos 60-64 anos de idade. Até aos
50-54 anos o cancro afeta na maioria o sexo feminino, no entanto a partir destas idades
passam a ser os homens os mais afetados, deve-se principalmente ao facto dos cancros
ginecológicos se desenvolverem em idades inferiores a 50. (Rosa, 2017)

3.AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DO DOENTE ONCOLÓGICO

A avaliação nutricional (AN) do doente oncológico deve realizar-se assim que o tumor
seja diagnosticado para detetar precocemente a desnutrição/malnutrição.

O objetivo do cuidado nutricional é assegurar a ingestão alimentar, conforme as


necessidades e recomendações nutricionais, através da orientação da dieta, da
avaliação e monitoramento do estado nutricional.

Os parâmetros e índices nutricionais devem ter a sensibilidade e a especificidade


suficientes para refletir com segurança o percurso da desnutrição durante a doença,
desde o momento do diagnóstico até à sua remissão ou cura, através de intervenções
terapêuticas específicas. (Felix, 2005)

De forma a perceber se o doente está malnutrido ou desnutrido e se devem ser


implementadas medidas preventivas ou de tratamento, é necessário avaliar o seu
estado nutricional através de um rastreio, utilizando uma ferramenta adequada. Para
que cumpra os objetivos, a ferramenta de rastreio do estado nutricional deve ser
facilmente utilizada em meio clínico por profissionais de saúde, deve ser não-invasiva e
de rápida aplicação, sem a necessidade de realizar cálculos complexos ou dados
laboratoriais. Pretende-se que consiga distinguir quais os doentes em risco nutricional
de forma barata, reprodutível e com resultados facilmente interpretáveis, num espaço
de tempo reduzido. Habitualmente, estas ferramentas usam o Índice de Massa Corporal
(IMC), perda de peso e consumo de alimentos do doente para prever o seu estado
nutricional. (Rosa, 2017)

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Nutrição artificial na doença oncológica

Um programa de avaliação nutricional e um aconselhamento precoce, são essenciais na


indicação de um adequado suporte nutricional e constituem um alerta para a
necessidade de instituir uma nutrição entérica ou parentérica. (Martins, 2003)

Apesar da doença, é possível minimizar o sofrimento do doente oncológico através de


outros cuidados. A nutrição também é um assunto pertinente nos cuidados paliativos e
inclui a aplicação da nutrição artificial. Considerada essencial para certos casos, tem um
papel relevante na promoção de saúde e na prevenção de doenças. (Benarroz et al.,
2009)

4.SUPORTE NUTRICIONAL DO DOENTE ONCOLÓGICO

O Suporte Nutricional é a administração de nutrientes em formulações entéricas e/ou


parentéricas de modo a manter ou a restaurar um estado nutricional ótimo, com o
objetivo de aumentar o aporte de macro e/ou micronutrientes. Deve ser fornecido a
pacientes que estão desnutridos ou em risco de desnutrição e que beneficiam com a
terapêutica nutricional, obtendo benefícios e qualidade de vida. (Arranhado, 2012)

Deve ser realizado após a avaliação do estado nutricional e deve ser individualizado de
acordo com as necessidades nutricionais do doente, dependentes da idade e sexo, do
estado nutricional, do tipo de cancro e da terapia antineoplásica prescrita. (Felix, 2005)

A decisão de aplicar o suporte nutricional em doentes com cancro deve ter ainda em
conta a capacidade de mastigação e deglutição, problemas de mal-absorção, motilidade
e presença de situações clínicas específicas. (Arranhado, 2012)

A malnutrição e o síndrome caquexia-anorexia (agravamento que surge quando o


cancro já está num estádio avançado de metástase) estão associados à redução da
qualidade de vida do doente, assim como a uma menor sobrevivência e ocorrência de
complicações relacionadas com o tratamento. De forma a diminuir estes efeitos
adversos e a melhorar o bem-estar do doente, é necessário uma intervenção nutricional
que melhore o balanço energético e proteico do doente e que permita o fornecimento
de vitaminas e minerais essenciais. O suporte nutricional dos doentes oncológicos pode

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Nutrição artificial na doença oncológica

ser iniciado em qualquer estádio da doença, e pode ter função preventiva ou corretiva
do estado nutricional do indivíduo com cancro.

O suporte nutricional funciona como complemento à dieta normal do doente, existindo


diversas estratégias e produtos para melhorar o estado nutricional do doente, como
alimentos fortificados, suplementos e nutrição entérica e parentérica. (Rosa, 2017)

Devido à elevada prevalência de desnutrição entre os pacientes com cancro e às


consequências negativas que podem trazer para o doente, uma intervenção nutricional
adequada e precoce reveste-se da maior importância para a prevenção e tratamento
destas complicações, devendo fazer parte do tratamento global do doente. (Sofia &
Pascoal, 2012)

4.1 NUTRIÇÃO ARTIFICIAL

A nutrição artificial deve ser usada quando não é possível um aporte de nutrientes
suficiente com a suplementação da nutrição oral, ou quando se espera um agravamento
da situação nutricional. Esta inclui a nutrição entérica (NE) e a nutrição parentérica (NP)
que são métodos seguros e efetivos para fornecer nutrientes aos doentes oncológicos
incapazes de uma adequada alimentação oral. Com a nutrição artificial é possível limitar
a deterioração nutricional nos doentes oncológicos e melhorar alguns índices
nutricionais e metabólicos, dependendo da duração do suporte nutricional, da
agressividade biológica do tumor, e da eficácia da terapia antineoplásica concomitante.
(Felix, 2005)

4.1.1 NUTRIÇÃO ENTÉRICA

Quando a alimentação oral não é possível, como em casos de cirurgia ou dificuldade em


deglutir devido a complicações relacionadas com o tratamento, ou quando esta não
suprime as necessidades energéticas estipuladas na sua totalidade, é necessário

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Nutrição artificial na doença oncológica

encontrar uma alternativa que permita ao doente continuar a alimentar-se e/ou


alimentar-se adequadamente. (Rosa, 2017)

A Nutrição Entérica consiste na utilização do trato GI para o fornecimento de nutrientes


através de um tubo ou sonda. Sempre que o trato GI estiver a funcionar corretamente,
a NE deve ser a forma de nutrição artificial de excelência. Esta apresenta várias
vantagens em relação à nutrição parentérica, sendo mais segura, menos cara e
apresenta um menor risco de complicações. (Arranhado, 2012)

A NE pode ser administrada pela via nasal (nasogástrica, nasojejunal), pela via oral
(orogástrica, orojejunal) percutaneamente (gastrostomia ou jejunostomia) ou através
de técnicas cirúrgicas. As vias de acesso entérico podem ser referentes ao estômago,
duodeno ou jejuno, consoante o estado clínico do doente e as alterações orgânicas e
funcionais que se pretenda corrigir. (Sofia & Pascoal, 2012)

Esta técnica é adequada quando o sistema gastrointestinal está parcialmente ou


totalmente funcional. As fórmulas entéricas podem ser constituídas por alimentos
triturados preparados em casa, por fórmulas comerciais de alimentos triturados ou por
dietas elementares.

Alimentos à base de leite ou bebida de soja são muitas vezes a preferência dos doentes,
sobretudo quando o consumo de nutrientes é baixo, uma vez que estas fórmulas são
completas a nível nutricional. As dietas elementares são constituídas por nutrientes na
sua forma mais simples de modo a facilitar a sua absorção, sendo normalmente
utilizadas em doentes com capacidade digestiva alterada. Para que as fórmulas sejam
adequadas à administração devem ter uma baixa osmolaridade e passar pela sonda,
devendo ter uma consistência adequada.

A administração de fórmulas de nutrição entérica pode ser feita de forma contínua


através de uma bomba ou por bólus várias vezes ao dia. O método por bólus é
normalmente preferível, uma vez que permite uma maior flexibilidade ao doente, torna
a alimentação mais fisiológica ao serem ativados os mecanismos hormonais necessários
à digestão e há ainda uma poupança de tempo e de equipamentos, visto que não é
necessário a utilização de uma bomba. A administração por bólus está contraindicada

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 8 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

quando a sonda está ligada ao duodeno ou jejuno, pois pode ocorrer distensão
abdominal. Antes de iniciar a alimentação do doente por via entérica, quer por bólus
quer por administração contínua, é necessário determinar as suas necessidades
nutricionais e hídricas diárias.

Em doentes malnutridos com cancro gastrointestinal, a alimentação entérica foi


associada a menores complicações pós-cirúrgicas e a um menor tempo de internamento
em comparação com a alimentação parentérica. Em doentes com cancro do esófago, a
NE está relacionada com menor grau de complicações respiratórias pós-operatórias e
com melhorias no estado nutricional do doente. Para além dos efeitos positivos no peso
do doente e na sua massa gorda, está também associada a uma melhoria do estado
imunitário do doente.

Apesar de trazer comodidade a muitos doentes, a nutrição entérica causa também


algumas complicações mecânicas, metabólicas e gastrointestinais. A nível
gastrointestinal é comum a ocorrência de saciação precoce, náuseas e vómitos. A causa
mais comum é o atraso do esvaziamento gástrico, sendo que este pode ser corrigido ao
diminuir a velocidade de administração ou com a mudança para fórmulas com baixo
teor de gordura. A diarreia também é uma complicação comum e se necessário, pode
ser modificado o volume de fórmula administrada ou a sua composição, de modo a
evitá-la. A complicação mais grave causada por este tipo de alimentação é a aspiração
pulmonar. Ocorrem também complicações mecânicas relacionadas com a sonda, sendo
os problemas mais comuns o entupimento da mesma e o seu mau posicionamento. Nos
casos de gastrostomia e jejunostomia, é comum ainda a existência de infeções no local.

A Nutrição Entérica não é recomendada em doentes cujo sistema gastrointestinal não


se encontra íntegro, como é o caso de doentes com obstrução intestinal ou hemorragias
digestivas, e quando existe um risco acrescido de aspiração do conteúdo da sonda.
Nestes doentes a alimentação deverá ser feita por via parentérica. (Rosa, 2017)

Relativamente à alimentação oral, a NE apresenta algumas vantagens, nomeadamente


a possibilidade de nutrir doentes com obstruções gastrintestinais (tumores da
orofaringe, esófago ou estômago), através da colocação da sonda para além da zona
obstruída. Os nutrientes podem ser administrados lentamente, permitindo um longo

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 9 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

período de absorção particularmente útil em doentes com uma limitada capacidade


absortiva. Este facto é vantajoso em doentes com extensas ressecções de intestino ou
com lesões da mucosa intestinal provocada pela quimioterapia ou radioterapia.
(Martins, 2003)

4.1.2 NUTRIÇÃO PARENTÉRICA

A Nutrição Parentérica consiste no fornecimento de nutrientes por via intravenosa,


sendo indicada em pacientes oncológicos severamente desnutridos ou com redução da
ingestão alimentar e perda de peso, quando acompanhada pela impossibilidade de o
paciente ser alimentado por via oral ou entérica (Sofia & Pascoal, 2012). A nutrição
parentérica é uma técnica em que a administração dos nutrientes é feita diretamente
no sistema sanguíneo, através de um cateter. Pode ser periférica, quando a
administração é feita em veias periféricas dos membros superiores, ou central, quando
é feita pelas veias subclávia ou jugular interna. A escolha da via de administração
depende do tipo de nutrientes a administrar, do tempo de administração previsto e do
estado da rede venosa periférica. (Rosa, 2017)

Quando a NP é usada como complemento, esta deve substituir a diferença entre a


ingestão oral e/ou entérica atual e as necessidades nutricionais estimadas. Em pacientes
com complicações gastrointestinais graves, pode ser utilizada a curto prazo para
restaurar a função intestinal e prevenir a deterioração nutricional. (Sofia & Pascoal,
2012)

A indiscriminada utilização deste tipo de nutrição artificial em doentes oncológicos


apresenta poucos ou nenhuns benefícios. Em algumas situações, pode inclusivamente
apresentar mais riscos, aumentando a morbilidade. A administração de NP a doentes
bem nutridos ou moderadamente malnutridos, submetidos a quimioterapia ou
radioterapia, não apresenta benefícios, principalmente quando a ingestão de nutrientes
por via oral é a adequada. (Martins, 2003)

Quando os doentes sofrem de má absorção severa, falta de motilidade gastrointestinal,


presença de fístulas, mucosite ou estomatite severas, obstrução gastrointestinal,

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 10 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

náuseas e vómitos, a nutrição entérica não é bem tolerada e pode agravar o estado
nutricional do doente, devendo transitar-se para a via parentérica. (Rosa, 2017)

Resumindo, as duas técnicas são semelhantes em termos de melhoria dos parâmetros


nutricionais como o peso corporal, a massa gorda, o balanço azotado e os parâmetros
imunológicos. Estes resultados provavelmente dependem da duração e do “timing” do
suporte nutricional, do tipo de tumor e da rapidez de crescimento do mesmo, bem como
da eficácia da terapêutica antineoplásica concomitante. (Martins, 2003)

5. O PAPEL DO NUTRICIONISTA EM DOENTES ONCOLOGICOS

Na doença oncológica e durante o seu tratamento é imprescindível a intervenção


conjunta de uma equipa multidisciplinar com profissionais de várias áreas. O
nutricionista é um profissional com grande importância desde o diagnóstico da doença
até a recuperação ou morte, prestando aconselhamento nutricional em todo o processo
de tratamento. A nutrição é um dos fatores decisivos para manter a qualidade de vida
dos doentes oncológicos, a dietoterapia aquando do tratamento, ajuda não só na
diminuição e melhoria dos sintomas associados a doença, como ao próprio tratamento,
de forma a evitar a interrupção dos mesmos. (Caro et al., 2007)

O acompanhamento e aconselhamento nutricional pretende transmitir ao paciente, de


forma enquadrada e adaptada as razões e os objetivos das recomendações nutricionais,
assim como apoiar e motivar o doente de forma que este se consiga adaptar a demanda
nutricional imposta pela doença. O suporte nutricional poderá passar por várias fases e
ciclos dependendo sempre do estado nutricional do doente e da sua condição clínica. O
suporte nutricional poderá ser fornecido através de alimentos regulares ou alimentos
fortificados como refeições ou lanches e suplementos nutricionais orais, para preencher
os défices nutricionais quando os doentes estão em risco nutricional, por via entérica
através de sonda ou por nutrição parentérica, quando as vias oral e entérica se
encontram comprometidas ou não suprimem as necessidades nutricionais estipuladas.
(Arends et al., 2017)

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 11 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

A desnutrição origina perda de peso devido a falta de ingestão ou absorção de


nutrientes, estes doentes apresentam um risco elevado de desnutrição, tal fator deve-
se ao fato de que tanto a doença, como os tratamentos afetam severamente o estado
nutricional. Estima-se que uma percentagem considerável de mortes por doença
oncológica esta atribuída a desnutrição e não a malignidade da doença em si, no
entanto, apesar de ser conhecida a importância da nutrição, esta é muitas vezes
negligenciada pelo doente, médico e familiares (Corriveau et al., 2022). Sabemos que a
desnutrição nem sempre se manifesta de forma óbvia, logo é fundamental existir uma
triagem nutricional no momento do diagnóstico, preferencialmente antes de iniciar os
tratamentos e periodicamente durante todo tratamento até que se considere vantajoso.
São várias as ferramentas validadas para identificar o risco de desnutrição ou de
desenvolver desnutrição, é um processo rápido, podendo ser realizado por vários
profissionais de saúde, no entanto os doentes em risco nutricional devem ser
referenciados a um nutricionista para avaliação, diagnóstico e aconselhamento de modo
a evitar a deterioração do estado de saúde. (Sullivan et al., 2021)

O objetivo do nutricionista após o tratamento é a reabilitação do doente de forma que


possa retomar a sua rotina alimentar normal, sempre que essa seja uma opção viável.
No entanto e sempre que seja possível é essencial reforçar o apoio nutricional,
fornecendo conselhos de alimentação saudável e atividade física de forma
individualizada. Sendo este aconselhamento importante para todos os indivíduos torna-
se ainda mais vantajoso para um paciente oncológico, contanto sempre com o apoio de
um profissional devidamente credenciado. A intervenção multidisciplinar na doença
oncológica, com acompanhamento nutricional precoce revela uma importância crucial
em oncologia, sendo este fulcral tanto para o tratamento como para a recuperação do
paciente. (Cook et al., 2022)

6.ANÁLISE CRITICA

O doente oncológico apresenta modificações do estado nutricional, com


alterações na composição corporal. A avaliação do estado nutricional permite detetar
de forma mais precoce a malnutrição, possibilitando que o suporte nutricional se torne

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 12 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

mais eficaz. Uma consulta de nutrição, na fase inicial, é essencial quer seja para manter
a nutrição oral, garantindo que esta ocorre de forma correta e com o aporte adequado
dos nutrientes, para propor suplementos orais, para monitorizar a evolução do estado
nutricional dos doentes e/ou para alertar para a necessidade de nutrição entérica ou
parentérica.

O doente oncológico malnutrido, responde de forma inadequada a intervenções


terapêuticas, assim como à quimioterapia, à radioterapia e à cirurgia, com taxas de
morbilidade e mortalidade aumentadas comparativamente ao doente oncológico com
bom estado nutricional. Assim, podemos perceber que a malnutrição é um fator que
influência de forma negativa uma adequada tolerância aos tratamentos, aumentando a
sua toxicidade e diminuindo os seus efeitos. A desnutrição diminui as defesas do doente
levando a um aumento de infeções, infeções essas que por sua vez pioram o seu estado
nutricional.

A anorexia contribui para a malnutrição assim como para estados de caquexia.


Detetar o surgimento de caquexia é de elevada importância, pois existe uma relação
inversa entre o grau de caquexia e a sobrevivência do doente.

Tanto a nutrição entérica como a nutrição parentérica são métodos seguros


relativamente a administração de nutrientes nos doentes oncológicos. Ambas são
semelhantes na melhoria dos parâmetros nutricionais e do estado imunitário, no
entanto, a nutrição entérica é sempre preferível em casos de doentes oncológicos com
um trato digestivo funcional. (Felix, 2005)

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 13 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

7.CONCLUSÃO

Ao concluir este trabalho tomamos conhecimento acerca da doença oncológica, sendo


esta uma das principais causas de morbilidade e mortalidade. Além da malignidade da
própria doença, estudos indicam que os doentes oncológicos apresentam riscos mais
elevados de desnutrição em relação a outras doenças. As estimativas indicam que uma
percentagem considerável de mortes se encontra associada à desnutrição e não à
malignidade da doença oncológica.

Sabemos agora que a desnutrição associada ao cancro é um processo complexo, visto


que vários são os fatores que “conspiram” de forma a comprometer a ingestão de
alimentos, aumento das necessidades energéticas e proteicas, diminuição dos estímulos
anabólicos, tal como a atividade física, e alteração dos metabolismos em vários órgãos
ou tecidos. Em suma, o objetivo do cuidado nutricional passa por garantir a ingestão
alimentar conforme as necessidades e recomendações nutricionais, através de
aconselhamento, avaliação e vigilância do estado nutricional, prevenindo a desnutrição.

A intervenção por parte de uma equipa multidisciplinar capacitada é essencial para


garantir o sucesso da recuperação, sendo a sua atuação precoce uma mais-valia para o
prognóstico final. Um dos profissionais fundamentais a constatar na equipa é o
nutricionista, desempenha um papel importante no acompanhamento do paciente,
sendo essencial que este tenha conhecimento sobre o prognóstico da doença,
expectativas de vida, sintomas e o seu estado nutricional de forma a ser possível em
conjunto com os seus conhecimentos instituir a melhor e mais adequada intervenção
nutricional. A nutrição é um dos fatores decisivos para manter a qualidade de vida dos
doentes oncológicos. A dietoterapia aquando do tratamento, ajuda não só na
diminuição e melhoria dos sintomas associados à doença, mas também na melhoria da
sintomatologia associada ao próprio tratamento anticancerígeno, de forma a evitar a
interrupção dos mesmos, auxilia na recuperação do estado nutricional, através da
introdução de nutrientes ajustados na alimentação oral, entérica ou parentérica
atendendo ao estado e condição médica do doente. Percebe-se desta forma que o
aconselhamento nutricional por parte de um nutricionista é uma mais-valia para o
doente oncológico.

Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 14 Janeiro de 2023


Nutrição artificial na doença oncológica

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arends, J., Baracos, V., Bertz, H., Bozzetti, F., Calder, P. C., Deutz, N. E. P., Erickson, N.,
Laviano, A., Lisanti, M. P., Lobo, D. N., McMillan, D. C., Muscaritoli, M., Ockenga,
J., Pirlich, M., Strasser, F., de van der Schueren, M., Van Gossum, A., Vaupel, P., &
Weimann, A. (2017). ESPEN expert group recommendations for action against
cancer-related malnutrition. Clinical Nutrition, 36(5), 1187–1196.
https://doi.org/10.1016/j.clnu.2017.06.017

Arranhado, S. F. G. (2012). Terapêutica Nutricional Artificial e Qualidade de Vida em


Cuidados Paliativos. 157.

Benarroz, M. de O., Faillace, G. B. D., & Barbosa, L. A. (2009). Bioética e nutrição em


cuidados paliativos oncológicos em adultos. Cadernos de Saúde Pública, 25(9),
1875–1882. https://doi.org/10.1590/s0102-311x2009000900002

Caro, M., Laviano, A., & Pichard, C. (2007). Intervenção nutricional e qualidade de vida
em pacientes oncológicos adultos.

Cook, F., Rodriguez, J. M., & McCaul, L. K. (2022). Malnutrition, nutrition support and
dietary intervention: the role of the dietitian supporting patients with head and
neck cancer. British Dental Journal, 233(9), 757–764.
https://doi.org/10.1038/s41415-022-5107-8

Corriveau, J., Alavifard, D., & Gillis, C. (2022). Desmistificando a desnutrição para
melhorar a triagem e avaliação nutricional em oncologia.

DGS. (2014). PORTUGAL Doenças Oncologicas em Números - 2014. 86.

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Bárbara, Cláudia, Daniela, Fábio e Mara 15 Janeiro de 2023

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