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DÉBORA DE OLIVEIRA PAIXÃO

DIETOTERAPIA NO ATENDIMENTO ONCOLÓGICO


ADULTO

BELO HORIZONTE

2022
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................3
2 METODOLOGIA.........................................................................................................5
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................6
REFERÊNCIAS.............................................................................................................9
1 INTRODUÇÃO
O câncer é o principal problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro
principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos de idade) na maioria dos países. A
última estimativa mundial, realizada em 2018, aponta que ocorreram no mundo 18 milhões de
casos novos de câncer e 9,6 milhões de óbitos (em ambos os casos, excluiu-se os cânceres de
pele não melanoma). No Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que
ocorrerão 625 mil casos novos de câncer (INCA, 2020).
Nas últimas décadas, vêm ocorrendo no Brasil uma mudança do perfil epidemiológico,
ou seja, mudança do perfil de adoecimento da população brasileira devido a alguns fatores
como: prolongamento da expectativa de vida, envelhecimento populacional, atual padrão de
vida que expõe os indivíduos a fatores ambientais, processo de industrialização cada vez mais
intenso e até mesmo a melhoria da qualidade e registro da informação. Segundo o ABC do
Câncer (2018), já em 2013 era observado um menor número de óbitos na faixa etária de 0 a
19 anos quando comparado ao número de casos da doença entre os adultos e idosos.
Atualmente, registra-se o aumento da incidência de cânceres associados ao melhor nível
socioeconômico – mama, próstata e cólon e reto – ao mesmo tempo em que se observam taxas
de incidência elevadas de tumores geralmente associados a condições sociais menos
favorecidas – colo do útero, estômago, cabeça e pescoço (INCA, 2018).
O câncer caracteriza-se pela perda do controle da divisão celular e pela capacidade de
invadir outras estruturas orgânicas. Esta proliferação anormal do tecido, conhecida como
neoplasia, quando caracterizada como maligna manifesta um maior grau de autonomia e é
capaz de invadir tecidos vizinhos e provocar metástases, podendo ser resistentes ao tratamento
e causar a morte do hospedeiro.
Existem três formas principais de tratamento do câncer: cirurgia, radioterapia e
quimioterapia. Alguns tipos de tumores no adulto, assim como vários tipos de tumores que
acometem crianças e adolescentes, são curáveis com a quimioterapia. Atualmente, poucas são
as neoplasias malignas tratadas com apenas uma modalidade terapêutica (INCA, 2018).
Segundo o INCA (2018), os tratamentos instituídos devem estar inseridos em uma abordagem
multidisciplinar em que outras áreas técnico-assistenciais, estejam obrigatoriamente
envolvidas. Embora cada área tenha papel bem estabelecido, a abordagem multidisciplinar
integrada é mais efetiva do que uma sucessão de intervenções isoladas no manejo do paciente.
Sabe-se que os efeitos colaterais decorrentes do tratamento podem afetar
significativamente tanto o estado nutricional quanto a qualidade de vida do paciente
oncológico. De tal forma que, a assistência nutricional transforma a função meramente
fisiológica de nutrir, passando a atuar nos aspectos social e psicológico e propiciar a melhora
do estado de isolamento social e o enfrentamento da doença de maneira menos dolorosa. Em
conjunto com os diversos métodos de tratamento, a terapia nutricional pode produzir resultados
satisfatórios no estado clínico dos pacientes.
2 METODOLOGIA

O tipo de pesquisa realizada foi uma revisão de literatura, onde foram pesquisados
livros, dissertações e artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de
dados “Google Scholar” e “INCA - Instituto Nacional do Câncer”. O período dos artigos
pesquisados foram os trabalhos publicados nos últimos 20 anos. As palavras-chave utilizadas
na busca foram: “dietoterapia”, “quimioterapia”, “radioterapia”, “adulto” e “oncologia”.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de cem tipos de doenças, que têm em
comum o crescimento desordenado de células, que invadem os tecidos e órgãos, podendo se
espalhar para outras regiões do corpo. Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários
tipos de células do corpo. Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer
entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e
órgãos vizinhos ou distantes, conhecida como metástase (INCA, 2020).
O câncer se configura um dos principais problemas de saúde pública em todo o
mundo. Em 2018, o câncer foi a segunda principal causa de morte em todo o mundo,
respondendo por cerca de 9,6 milhões de mortes, ou uma em cada seis mortes. Dados do
INCA (2020) mostram que o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres, seguido
de colo do útero. Já entre os homens está o câncer de próstata, seguido de traqueia, brônquio e
pulmão. Para ambos os sexos, os cânceres do trato gastrointestinal também são recorrentes, os
mais incidentes são cólon e reto (intestino).
A desnutrição no paciente oncológico é multifatorial, sendo a complicação mais
frequentemente encontrada, seja por fatores relacionados à presença do tumor, que
proporcionam diversas alterações metabólicas, que induzem à síndrome da anorexia-caquexia,
ou por fatores relacionados ao tratamento, uma vez que as terapias antineoplásicas
comumente empregadas são invasivas e corroboram o agravamento do estado nutricional. Tal
complicação associa-se ao aumento da morbimortalidade, à redução na resposta e à tolerância
ao tratamento, com consequente aumento no tempo de internação hospitalar, aumento nos
custos e redução na qualidade de vida (MIRANDA et al., 2013).
O tratamento de câncer, na atualidade, tem como pilares a cirurgia, a radioterapia, a
quimioterapia ou transplante de medula óssea (WEINBERG, 2013; INCA, 2021). A
quimioterapia tem como função principal eliminar as células malignas que formam o tumor,
seu tratamento atua de forma sistêmica, em que os medicamentos agem indiscriminadamente
nas células do paciente, estejam elas normais ou cancerosas, produzindo efeitos adversos
bastante desagradáveis e comprometedores. No entanto, as drogas usadas não são capazes de
diferenciar as células do tumor e as normais, resultando no disso é o aparecimento de efeitos
colaterais (SCHEIN et al., 2006).
O tratamento quimioterápico tem como principais efeitos colaterais: a perda de cabelo,
a anemia, o aumento de sangramentos e infecções, os problemas intestinais e estomacais, os
problemas nervosos e musculares, a infertilidade, entre outros (BAIG, 2011). Perda de apetite
e, consequentemente, perda de peso são sintomas que a terapia de radiação e uso de agentes
quimioterápicos têm em comum, uma vez que causam náusea, vômito e diarreia, conduzindo
a um desequilíbrio de fluídos e eletrolítico, que pode levar à retenção de líquido.
A assistência nutricional apropriada a pacientes em quimioterapia inclui desde a
avaliação até a aplicação da terapia nutricional, com a finalidade da correção de deficiências
nutricionais, além de minimizar perda de peso por meio da alimentação e ainda, no
monitoramento para a correta ingestão alimentar de acordo com a necessidade de cada
paciente, aliviando os efeitos causados pelo câncer e pelo tratamento que podem acarretar
sérios problemas nutricionais. Dietoterapia é o tratamento por meio de dietas, estabilizando
um padrão alimentar conforme sua patologia para tratamento. A dietoterapia é incluída como
forma de ajudar o paciente a ter uma alimentação saudável, incluindo os alimentos de forma
gradual para manter um bom equilíbrio e avançar com tratamento (FRIEDRICH, 2018).
É de suma importância que o paciente seja informado sobre o valor nutritivo dos
alimentos para ajudar no tratamento, o paciente pode perder o apetite, mas com uma
alimentação adequada e alguns cuidados importantes pode-se obter um resultado significativo.
É importante orientar sempre a comer alimentos líquidos ou sólidos e pastoso, variar as cores
dos alimentos, beber líquidos em pequenas quantidades várias vezes ao dia e se alimentar
realizando de 6 a 8 refeições ao dia em pequenas quantidades, e importante também sempre
lavar as mãos e as áreas de manipulação do alimento, realizar desinfecção de frutas, verduras
e legumes (ONCOGUIA, 2018).
É evidente que a mudança drástica na consistência da dieta, bem como nos tipos de
alimentos a serem ofertados afetam a alimentação destes pacientes e isso pode impactar no
estado nutricional. Suplementos alimentares podem ser recomendados. A meta da intervenção
nutricional é minimizar os efeitos dos sintomas de impacto nutricional, ou seja, aqueles
sintomas e efeitos colaterais do câncer e do tratamento do câncer, que afetam diretamente o
estado nutricional, principalmente, a anorexia e a perda de peso (MAHAN, RAYMOND,
2018).
O paciente com a doença fica com a produção de células descontrolada e assim deixa
o organismo fragilizado, sendo muito importante incluir peixes na alimentação, pois eles são
ricos em proteínas e gorduras boas, como o ômega 3 que aumenta a produção de células boas
que defendem o organismo (FRIEDRICH, 2018). Durante o tratamento é importante ressaltar
alguns alimentos a serem evitados para que ocorra melhores resultados, tais como alimentos
ultra processados, bebidas alcoólicas, alimentos feitos sob fritura e alimentos açucarados
(ONCOGUIA, 2018).

Alimentos que devem ser evitados: Alimentos que devem ser ingeridos:
Gordurosos Frutas
Quentes Legumes
Doces Grãos e Cereais
Embutidos Água de coco
Condimentos Sucos naturais
Pimentas Leguminosas (soja, feijão)
Suplementos antioxidantes Sorvetes e gelados com frutas in natura
Ultra processados
Fonte: ONCOGUIA, 2018

É recomendado que os portadores de câncer sigam uma dieta de imunodepressão com


restrição de alimentos industrializados, doces, guloseimas e carne vermelha, principalmente
com gordura frita (AZEVEDO & BOSCO, 2011). Uma opção que deve ser instituída é
substituir a carne por queijos, ovos e leite. Aconselha-se reduzir o consumo de açúcar
refinado e preconiza-se uma dieta com grãos integrais e carboidratos integrais complexos para
auxiliar no tratamento dietoterápico (GRANT, 2010).
Pacientes em tratamento contra o câncer apresentam uma capacidade reduzida de
sentir o gosto do sal e uma perda maior de sentir o gosto do açúcar. Por isso, o suco de limão
e algumas especiarias e condimentos podem ser adicionados aos alimentos a fim de torná-los
mais apetitosos. Os alimentos quentes tendem a ser rejeitados, sendo mais bem aceitos os
alimentos frios, os quais podem ser servidos com castanhas (nozes, amêndoas, castanha de
caju) para aumentar seu valor proteico (BODISNK, 2006).
Incentiva-se o consumo diário de pelo menos cinco a nove porções de frutas e vegetais
e seis alimentos contendo cereais, para que a paciente tenha acesso a nutrientes e fitoquímicos
importantes que auxiliarão no tratamento do câncer. Uma porção é equivalente a um pedaço
de fruta fresca ou 180 ml (3/4 xícaras) de suco de fruta exclusivamente natural (100%
natural), uma xícara de vegetais cozidos ou de fruta, uma xícara de verduras ou de salada,
meia xícara de ervilhas secas ou de feijão cozido. Vale ressaltar que o consumo regular de chá
verde e outras fontes de polifenóis podem reduzir e auxiliar no tratamento do câncer
(GRANT, 2010).

CONCLUSÃO

No presente estudo, foi apresentado os efeitos colaterais mais comuns da


quimioterapia, tendo como principais sintomas aqueles relacionados ao trato gastrointestinal,
que podem vir a afetar diretamente o estado nutricional de alguns pacientes, considerando que
uma grande parte dos indivíduos pode ter perda de peso significativa. Portanto, a prevenção
dos possíveis efeitos adversos e o adequado planejamento terapêutico costuma ser a forma
mais eficaz de evitar as complicações durante o tratamento. A correção de alterações
induzidas pela quimioterapia, na eficácia da prevenção, deve ser iniciada o mais prontamente
possível, evitando, dessa forma, complicações no estado geral do paciente.
Torna-se evidente a importância da assistência nutricional no cuidado do paciente
oncológico, já que esses cuidados visam proporcionar alívio da dor e conforto e melhorar a
qualidade de vida do paciente. Ademais, a inclusão do profissional nutricionista na
assistência institui-se como importante vínculo para melhor reposta durante o tratamento
oncológico, possibilitando um cuidado atento à individualidade, à condição clínica e
respeitando a necessidade biológica e as relações socioantropológicas do paciente.
Uma vez que a alimentação influi na prevenção e tratamento do câncer, foi visto que é
prudente recomendar um baixo consumo de gordura saturada, um maior consumo de grãos
integrais, frutas e vegetais capazes de auxiliar tanto na prevenção do câncer como no seu
tratamento, reduzindo o risco de reincidência da doença. Verificou-se, que por fim, a terapia
nutricional administrada pelo profissional nutricionista tem como finalidade primordial
melhorar a saúde física (estado nutricional), psicológica e social da paciente, contribuindo
para aumentar as chances de cura e melhorar sua qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, C. D.; BOSCO, S.M.D. Perfil nutricional e dietético e qualidade de vida de
pacientes em tratamento dietoterápico. ConScientea Saúde. 2011; 10(1): 23-30.

BODISNK L. H. Dietoterapia: princípios e prática. São Paulo: Atheneu; 2006.

FRIEDRICH, Roberta Roggia. A influência da alimentação no câncer colorretal. Porto


Alegre: UFRGS, 2018, 51pg.

GRANT, B. Terapia nutricional para o câncer. In: Mahan LK, Escott-Estump S. Krause:
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INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA. ABC do


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da Silva. – 4. ed. rev. atual. – Rio de Janeiro: Inca, 2018. 111 p. ISBN 978-85-7318-351-1
(versão eletrônica).

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INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER - INCA. O que é o câncer? 04 ago. 2021.


Disponível em <https://www.inca.gov.br/como-surge-o-cancer>. Acesso em 13 abr. 2022.

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<http://www.oncoguia.org.br/mobile/conteudo/nutricao-e-cancer/12099/1063/> Acessado em
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MAHAN, L.K.; RAYMOND J.L. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de


Janeiro: Elsevier Brasil, 2018.

SCHEIN, Catia Fontinel; MARQUES, Andréa Rodrigues; VARGAS, Camila Lehnhart;


KIRSTEN, Vanessa Ramos. Efeitos Colaterais da Quimioterapia em Pacientes Oncológicos
Hospitalizados. Disc. Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 7, n. 1, p. 101-107,
2006.

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