Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SUMÁRIO
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 28
2
1 INTRODUÇÃO À ONCOLOGIA
Fonte: www.oncomedbh.com.br
3
2 POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À ONCOLOGIA
Fonte:www.posgraduacaoredentor.com.br
4
câncer de pele, do tipo não melanoma, será o mais incidente, com a ocorrência de
114 mil casos novos na população brasileira. Os demais tipos incidentes, à exceção
do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os de próstata, de pulmão, de
estômago e de cólon e reto no sexo masculino; e os de mama, colo do útero, cólon e
reto e pulmão no sexo feminino.
A mortalidade por câncer no Brasil e em São Paulo, em 2008, apresentou
comportamento semelhante, tendo como principais causas de morte no sexo
masculino os cânceres de pulmão, próstata e estômago. No sexo feminino, foram
registrados os de mama, pulmão e intestino.
Fonte: www.bahianoticias.com.br
5
físicos e biológicos resultantes de um processo de industrialização e urbanização cada
vez mais crescente. (GUERRA, GALLO, MENDONÇA, 2005).
As adoções de medidas de prevenção do câncer são altamente eficazes para
a redução dos casos de câncer e a minimização de sua incidência com o incentivo a:
Estilo de vida saudável – melhoria na qualidade da alimentação e no combate
ao sedentarismo;
Restrição ao uso de tabaco e álcool
Diminuição da exposição ao sol e à proteção contra raios ultravioleta (Raios
UV);
Diminuição da exposição a poluentes atmosféricos e inaláveis; e
Diminuição da exposição ocupacional a agentes cancerígenos, dentre outros.
A detecção, o diagnóstico e o tratamento precoce nas fases iniciais da doença,
nos grupos de maior risco para alguns tipos de câncer (como mama, colo uterino,
próstata e colorretal), podem resultar na diminuição da mortalidade específica e
adoecimento. A orientação da população combinada com a formação de profissionais
e com o acesso aos serviços de saúde de qualidade são fatores preponderantes por
maiores taxas de cura e responsáveis na redução dos altos custos econômicos e
sociais da doença.
Fonte: maisacaomenoscancer.org.br
6
O tratamento do câncer e de suas complicações é realizado através de
procedimentos cirúrgicos, quimioterápicos e radioterápicos, isolados ou combinados
entre si. O controle dos sintomas é primordial, tanto na fase inicial da doença como
na avançada, com possibilidades terapêuticas. O controle da dor deve ocorrer em
todas as fases da doença.
Os efeitos secundários da doença e os decorrentes de seu tratamento, como
depressão, ansiedade, menopausa precoce, osteoporose, fadiga, demais neoplasias,
dentre outros, devem compor o conjunto de cuidados na atenção e assistência aos
pacientes. O seguimento sistemático, necessário ao controle da evolução da doença
e de seu reaparecimento, deve ser realizado até a alta. Nos casos sem possibilidade
de cura, o tratamento dos sintomas, o conforto geral – físico, psíquico, social e
espiritual – e a assistência ao final da vida devem ter importância similar aos demais
procedimentos terapêuticos.
Fonte: veja.abril.com.br
7
contribuem para o acúmulo de danos aos genes específicos e, a longo prazo, para o
aparecimento da doença.
Para prevenir o câncer, geralmente, é preciso alterar hábitos e culturas; dessa
maneira, a melhor arma do ser humano nessa luta é a informação. Para isso, o
profissional de saúde não deve poupar esforços, a fim de que a informação chegue
aos clientes de forma esclarecedora para conscientizá-los sobre a importância da
adequação de estilo de vida nesse cenário. Outra importante estratégia de prevenção
é mediante ações educativas, utilizando estratégias de educação e comunicação em
saúde.
Alterar hábito de vida é uma tarefa difícil, pois envolve crença (o indivíduo
aprendeu dessa maneira e acredita ser a correta) e automatismo (o indivíduo realiza
dessa forma há tanto tempo que não pensa mais ao executar). Essa situação exige
do profissional de saúde não apenas a função de informar, mas também conscientizar
a população da importância de aplicar as recomendações transmitidas, porque é
preciso que a pessoa seja de fato sensibilizada sobre os riscos de modo a incorporar
novos hábitos.
Fonte: www.jornaledicaodobrasil.com.br
8
social, cultural e financeiro da clientela; e também criatividade para definir formas e
recursos de comunicação, que podem contemplar folder, cartaz, aula, encenação,
música, dentre outros.
O Fundo Mundial de Pesquisa sobre Câncer (World Câncer Research Fund -
WCRF), em seu relatório de 2007 sobre alimentos, nutrição, atividade física e
prevenção do câncer, apresentou a seguinte lista de recomendações:
Mantenha-se magro, apresentando índice de massa corporal (IMC) entre 18,5
e 24,9;
Mantenha-se fisicamente ativo, como parte de sua rotina diária, incluindo
qualquer atividade física no cotidiano. Caso não seja possível realizar 30 minutos de
uma só vez, dívida em períodos de dez minutos;
Limite o consumo de alimentos de alto valor calórico, inclusive bebidas ricas
em açúcar, como refrigerante;
Coma mais verduras, frutas e legumes variados, bem como cereais e grãos
integrais, como exemplo podemos citar granola, feijão, soja, lentilha e ervilha. Esses
alimentos devem compor dois terços do prato de comida;
Limite o consumo de carnes vermelhas (até 500g por semana) e evite carnes
processadas e embutidas;
Limite a bebida alcoólica para até duas doses para homens e uma dose para
mulher por dia;
Limite o consumo de sal e de comidas industrializadas com sal, substituindo
por temperos naturais, tais como pimentas e ervas;
Busque alcançar suas necessidades nutricionais por meio da alimentação, pois
o uso de suplementos alimentares deve ser indicado por profissional especializado a
grupos especiais;
Mulheres devem amamentar seus bebês exclusivamente até os seis meses,
pois confere proteção para a mãe contra o câncer de mama, assim como minimiza a
possibilidade de sobrepeso na criança;
Após o tratamento, os pacientes de câncer devem seguir as recomendações
para a prevenção do câncer, pois um estilo de vida saudável pode minimizar o risco
de recorrência da doença;
Não fume. Caso não consiga parar de fumar sozinho, procure nas instituições
de saúde programas destinados aos dependentes de nicotina.
9
Fonte: quasedentista.wordpress.com
Há ainda situações que não foram contempladas nesse relatório, mas são de
grande impacto no Brasil. Estamos nos referindo à exposição solar, pois também já
sabemos que é um risco modificável; dessa maneira, há ações que podem ser
recomendadas para diminuir o risco de câncer de pele, um dos tipos mais comuns,
conforme observamos nos dados epidemiológicos:
Orientar que a exposição ao sol seja evitada no período entre 10 e 16 horas.
Para a proteção adequada, a pessoa pode procurar a sombra, utilizar chapéus ou
bonés com abas para proteger cabeça e pescoço, utilizar camisas e calças, aplicar
filtro solar com fator de proteção solar (FPS) no mínimo 15;
Em países tropicais, como o Brasil, recomenda-se o uso de protetor solar
durante todo o dia, inclusive quando a exposição ao sol ocorrer antes das 10 horas e
após as 16 horas;
Evitar lâmpadas de bronzeamento;
Atentar para a proteção de crianças e adolescentes, pois a exposição
cumulativa e excessiva nos primeiros 10 a 20 anos de vida aumenta muito o risco de
desenvolvimento de câncer de pele, mostrando ser a infância uma fase
particularmente vulnerável aos efeitos nocivos do sol;
Proteger os olhos com óculos que apresentam lentes com proteção a raios UV-
A e UV-B.
10
Fonte: www.emtempo.com.br
11
Fonte: www.caucaiaagora.com.br
12
probabilidade relativamente alta para desenvolverem certos tipos de câncer, conforme
os fatores de risco: ocupacional, estilo de vida, idade, dentre outros.
Fonte: www.ictq.com.br
13
proliferação celular. Os produtos desses genes estão envolvidos em atividades como
regulação do ciclo celular básico, transmissão de sinais de crescimento, regulação da
diferenciação e da morte das células, e estabelecimento da imortalidade celular. De
maneira geral, o rompimento desses genes ocorre exclusivamente nas células
somáticas cujo destino é se tornarem cancerígenas. Entretanto, em casos raros,
possivelmente ocorram mutações que sejam transmitidas pela linha germinal,
resultando em uma predisposição genética para o câncer (i.e., síndromes de câncer
familiar).
Fonte: www.brasilacademico.com
14
no gene supressor tumoral p53 (p.ex., exposição ao tabaco ou à aflatoxina, uma toxina
fúngica). A exposição à radiação ionizante é outra fonte de câncer com ligação direta
aos danos genéticos. A incidência de leucemia e de vários tumores sólidos nos
sobreviventes da bomba atômica produziu uma grande quantidade de dados para os
estudos clássicos sobre a dosagem de radiação e suas consequências. Os dados
mais recentes surgiram de casos de câncer como complicações tardias de
radioterapias e de quimioterapias radio miméticas usadas no tratamento de
malignidades em fase inicial.
Para finalizar, as infecções virais foram vinculadas ao desenvolvimento de tipos
específicos de câncer. As ligações câncer-vírus incluem carcinoma cervical e
orofaríngeo de células escamosas com subtipos específicos de papiloma vírus
humano; carcinoma hepatocelular com infecção crônica causada pelo vírus da
hepatite B; carcinoma nasofaríngeo e linfomas com vírus de Epstein-Barr em
hospedeiros imunossuprimidos; o caso raro de leucemia aguda de células T
transformando o vírus linfo trópico de células T humanas tipo I; e sarcoma de Kaposi
com herpes vírus humano tipo 8. Cabe observar que esses casos são exceções à
regra; a maior parte dos casos de câncer em seres humanos não é consequência de
infecções virais. Entretanto, grande parte de nossos conhecimentos sobre os genes
humanos envolvidos nos casos de câncer surgiu originalmente do estudo de vírus que
produzem tumores em galinhas e roedores. A apropriação indevida dos vírus dos
genes de hospedeiro envolvidos na proliferação celular por esses vírus resultou na
identificação de oncogenes e forneceu a primeira pista para os eventos genéticos que
causam câncer em seres humanos.
15
Tipicamente, nessas circunstâncias, herda-se apenas uma única cópia
defeituosa de um gene, sendo que a transformação exige a perda do segundo alelo
(não mutante) em uma célula somática. Levando-se em consideração que a
velocidade de uma perda alélica somática simples é exponencialmente mais elevada
que a mutação independente de dois alelos no interior da mesma célula, a incidência
de tipos específicos de câncer nos portadores da mutação é dramaticamente elevada,
em comparação com a incidência na população em geral. De maneira geral (mas nem
sempre), nos casos de predisposição para câncer hereditário a perda funcional, e não
o ganho funcional, desses genes promove a carcinogênese. Consequentemente, por
definição, esses genes são supressores tumorais.
Fonte: cecilianutri.blogspot.com.br
16
germinal a predisposição para um padrão tecidual específico de câncer é o resultado
da herança de alguma anormalidade em um gene supressor tumoral específico. Em
muitos casos, a base biológica dessa especificidade tecidual ainda permanece
obscura. Por exemplo, o gene BRCA1 é importante para a estabilidade genômica e
para o reparo do DNA em todos os tipos de células, porém, mesmo assim, as
mutações herdadas do BRCA1 estão associadas quase que exclusivamente à
predisposição para câncer de mama e ao câncer de ovário.
Fonte: setorsaude.com.br
17
razão pela qual anormalidades genéticas específicas estão associadas a padrões
teciduais específicos de tumorigênese.
Fonte: medicsupply.net
18
Fonte: www.biotecnika.org
Fonte: www.newscientist.com
19
7 ONCOGENES E PROTO-ONCOGENES
Fonte: www.biologyreference.com
20
epidérmico [EGFR, do inglês epidermal growth factor receptor]) que se tornam
constitutivamente ativados como se estivessem respondendo à presença contínua de
um fator de crescimento e de moléculas sinalizadoras que se localizam no sentido do
fluxo (p.ex., HRAS, KRAS e NRAS) que normalmente respondem à sinalização do
fator de crescimento e alternam rapidamente entre os estados ativado e desativado,
mas sofrem mutações para células cancerígenas em uma posição permanentemente
ativada.
Os mecanismos através dos quais esses proto-oncogenes celulares normais
são ativados nos cânceres humanos incluem pontos de mutação, amplificação
genética e translocações cromossômicas. Essas mutações são conhecidas como
mutações de ganho funcional, considerando que resultam em propriedades funcionais
novas ou alteradas para a proteína codificada e são geneticamente dominantes sobre
o segundo alelo normal.
Fonte: ibbio.pbworks.com
21
Acredita-se que esse fenômeno, às vezes conhecido como “dependência de
oncogene”, reflita estresses metabólicos específicos associados à proliferação
desenfreada.
Consequentemente, embora o resultado da inibição química do receptor do
fator de crescimento epidérmico (EGFR) nas células normais seja apenas modesto, o
bloqueio da sinalização do EGFR nas células cancerígenas do pulmão, que abriga as
mutações ativadoras somáticas do EGFR, poderá induzir morte celular imediata.
Fonte: www.promega.com.br
22
8 PONTO DE MUTAÇÕES
Fonte: www.bbc.com
23
Por outro lado, a desativação das mutações no gene RET causa a doença de
Hirschsprung, um defeito evolutivo que afeta as inervações colônicas. 8 Essa ligação
impressionante entre mutações diferentes no gene RET e tipos distintos de câncer e
as síndromes de desenvolvimento possivelmente seja o resultado de propriedades
funcionais diferentes que são mediadas pelos vários domínios da proteína RET e de
rotas diferentes associadas à RET que podem ser ativadas em tipos diferentes de
tecidos.
Fonte: www.fsfx.com.br
24
atendimento de pessoas com câncer e compõem, ao longo das diversas fases do
tratamento, a equipe de atendimento do paciente.
Na literatura existem diversos estudos que mostram que cuidar do paciente em
equipe multidisciplinar otimiza o trabalho e pode reduzir a taxa de mortalidade, além
de melhorar a gestão hospitalar e ambulatorial.
A demanda pela formação de equipes cresceu em paralelo com a reforma dos
cuidados em saúde e das expectativas crescentes para a melhoria da qualidade do
atendimento e do entendimento da relação custo-benefício em saúde. Compreender
como as equipes afetam a prestação de cuidados em oncologia ajudará a melhorar e
mensurar o desempenho da equipe na resolução da assistência.
Apesar dos incentivos e interesses na formação de EMD, ainda não sabemos
com detalhes o que torna o trabalho em equipe eficaz no tratamento do câncer. Muito
do que se sabe sobre o impacto das equipes multidisciplinares vem de estudos de
outras especialidades médicas, especialmente a geriatria, de alguns tipos específicos
de cirurgias e do tratamento de doentes crônicos.
Fonte: www.vovolourdes.com.br
25
Estes estudos abrangiam diferentes fases do tratamento oncológico:
rastreamento, diagnóstico, tratamento ativo, cuidados paliativos e cuidados em final
da vida. Todos os trabalhos selecionados apresentavam uma equipe multidisciplinar
definida, um grupo comparativo e evidências sobre a evolução do paciente, como
controle de dor, satisfação do paciente, medidas de qualidade de vida, tratamento
baseado em diretrizes e sobrevida livre de doença.
Fonte: alavancasaude.com.br
26
maior eficiência na tomada de decisões clínicas, na informação dos pacientes e nos
encaminhamentos para especialidades.
Na fase de cuidados paliativos, a presença da equipe multidisciplinar trouxe
melhora do controle da dor e maior aderência a medicações orais. Também foi
evidenciado uma potencial redução em hospitalizações e uma melhor qualidade no
final da vida.
O estudo mostra que a formação de Equipes Multidisciplinares atuantes no
tratamento do câncer é promissora no que diz respeito à melhoria da qualidade e da
eficiência dos serviços prestados, devendo ser estimulada.
Fonte: www.hospitalmoinhos.org.br
27
BIBLIOGRAFIA
FLORIANI, C.A. Cuidador do idoso com câncer avançado: uma abordagem bioética,
Ministério da Saúde - Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, março de 2004.
Disponível em: http://teses.cict.fiocruz.br/pdf/floriani.com.pdf. Acesso em: 30 jul. 2007.
GIL, A.C. Técnicas de pesquisa em economia. 2º ed. São Paulo Atlas, 1991.
GORDILHO, A.; KARSCH, U., 2000. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio
pelo setor saúdes na atenção integral ao idoso. Universidade Aberta da Terceira
Idade,
28
10 LEITURA COMPLEMENTAR
Resumo
Estudo de caráter exploratório descritivo com abordagem qualiquantitativa, cujo
objetivo foi verificar como ocorre o processo de trabalho de uma equipe multisciplinar
que atua em serviço de oncologia, quais as facilidades e os entraves enfrentados e
suas repercussões entre os membros. Foram pesquisados 13 diferentes profissionais
da área da Saúde utilizando instrumento semiestruturado. Os profissionais
compreendem suas atribuições na equipe e sentem reconhecimento de seu trabalho
pelos colegas. Entretanto, estresse e diferenças de personalidade, a sobreposição de
papéis, injustiças no trabalho, dificuldade em compreender a linguagem utilizada pelos
colegas e grande demanda de trabalho foram aspectos negativos relatados. Ressalta-
se a importância de maior integração entre os membros da equipe para que esta avalie
seu processo de trabalho de modo a resultar em melhorias no trabalho e na
assistência ao paciente.
INTRODUÇÃO
O processo de trabalho em oncologia é fundamentado na equipe
multidisciplinar. Devido à crescente aceitação do modelo de atenção integral, com
abordagem biopsicossocial em saúde, vem se fortalecendo o interesse pelo trabalho
nessa modalidade, o qual tem trazido novos desafios e exigido habilidades para o
trabalho em equipe (TONETTO; GOMES, 2007).
29
Os profissionais que compõem essas equipes enfrentam, entretanto,
dificuldades interprofissionais inerentes à sua prática, como diferenças de
personalidade, de formação e de opiniões. Em contrapartida são inegáveis as
facilidades em trabalhar nesse tipo de conformação, tanto para o paciente, que conta
com atendimento especializado multidisciplinar, quanto para os profissionais de
saúde, que podem desempenhar suas atividades com maior segurança. O trabalho
em equipe tem sido visto como uma estratégia para enfrentar o processo de
especialização da área da saúde. Todavia, não pretende abolir as especificidades,
pois estas melhoram os serviços prestados ao aprimorar o conhecimento e o
desempenho técnico em uma área (PEDUZZI, 2001).
Devido às características inerentes à doença oncológica, os profissionais que
trabalham diretamente com ela estão mais suscetíveis a alterações, sofrendo
impactos na saúde física e psicológica, os quais se estendem negativamente para o
nível familiar, social e laboral (LABATE; CASSORLA, 1999), causando estresse
(FERREIRA, 1996).
O contato próximo com os usuários mobiliza emoções e favorece conflitos,
tornando os profissionais da área da Saúde suscetíveis ao sofrimento psíquico e
adoecimento relacionado ao trabalho (RIOS, 2008). Além disso, a convivência
frequente com a morte expõe os profissionais a experiências e vivências de sofrimento
e angústia, o que pode levar ao esgotamento psíquico, denominado Burnout,
caracterizado por exaustão prolongada e perda de interesse. Essa situação pode ser
resultante da rotina de enfrentamento de situações que evidenciam a terminalidade
(QUEIROZ, 2008).
Os aspectos físicos e psíquicos dos trabalhadores estão diretamente
relacionados ao seu trabalho e podem representar tanto equilíbrio, satisfação e
desenvolvimento, quanto desajuste, tensão e, consequentemente, adoecimento
(DEJOURS; ABDOUCHELI; JAYET, 2009).
Ainda é escassa a produção de pesquisas empíricas sobre as práticas das
equipes de saúde, sendo preciso consultar estudos de âmbito internacional (PINHO,
2006), bem como as definições de equipe são relativamente raras nas literaturas
consultadas sobre trabalho em equipe multiprofissional (PEDUZZI, 1998).
Durante a realização deste estudo verificou-se que as pesquisas enfocam,
sobretudo, a relação do profissional com o doente e seus cuidadores ou do doente
com sua doença e fatores relacionados a ela. Todavia, a relação interprofissional, com
30
enfoque nas dificuldades laborais, não tem sido abordada com frequência na literatura
nacional, assim como o enfoque multidisciplinar em oncologia, visto que as temáticas
têm sido fragmentadas nas diferentes áreas do saber em saúde. Essa carência de
trabalhos acerca da multidisciplinaridade enfatiza a relevância de desenvolver estudos
com esta temática.
Nesse sentido, o presente estudo tem por objetivo verificar como ocorre o
processo de trabalho de uma equipe multidisciplinar em oncologia e conhecer as
facilidades e os entraves enfrentados nesse processo e suas repercussões entre os
membros.
METODOLOGIA
31
Os dados foram analisados de forma quantitativa por meio da estatística
descritiva e também qualitativamente pela análise de conteúdo proposta por Minayo
(2007) que, por meio de procedimentos especializados e científicos, permitem tornar
replicáveis e válidas inferências sobre dados de um determinado contexto. A partir
dos resultados foram definidas as categorias de análise, sendo utilizada a literatura
disponível para a interpretação dos dados.
32
hierárquicas e o trabalho individualizado, todavia é possível criar espaços de troca, de
conversa e discussão em que se busque a integração, democratização e
horizontalização das relações de trabalho (PEDUZZI, 2007).
No que tange à linguagem utilizada por outros profissionais da equipe
multidisciplinar devido às diferentes formações, a maior parte da amostra, 69%,
relatou “raramente” ou “nunca” enfrentar dificuldades de compreensão e o restante,
31%, referiu enfrentar “algumas vezes” essa dificuldade. P12 relata que:
O mais difícil de tudo é compreender as expectativas individuais e alentar as mesmas com o
grupo. Fazer com que cada um fale e se expresse, sem invadir ou ofender o outro.
Em estudo de Tonetto e Gomes (2007) a ausência de linguagem clara e objetiva
já foi apontada como uma dificuldade na relação do psicólogo com a equipe. Vale
ressaltar que as mensagens que passamos diariamente são interpretadas não apenas
pelas palavras que pronunciamos, mas também pela forma como nos comportamos
(SILVA, 2003). Compete à equipe multidisciplinar conhecer os mecanismos de
comunicação que auxiliarão na melhora do relacionamento entre os membros da
equipe.
33
oncológicos e ao estresse, entre outros fatores. As doenças apontadas foram
identificadas como sendo de origem psicossomática, podendo este fato ser
relacionado à gravidade dos pacientes e com a instabilidade clínica dos usuários.
34
uma mesma instituição. A forma de interação com os demais profissionais varia de
acordo com questões hierárquicas, o grau de importância atribuído aos aspectos
emocionais e o conhecimento do trabalho desenvolvido por essa área (TONETTO;
GOMES, 2007).
35
CONCLUSÃO
36
BIBLIOGRAFIA
SILVA, Maria Júlia Paes. Comunicação tem remédio: a comunicação nas relações
interpessoais em saúde. 2 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.
Autores: Cleonice Antonieta Costa, Wilson Danilo Lunardi Filho e Narciso Vieira
Soares
37
ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO CLIENTE ONCOLÓGICO: reflexões junto
à equipe
RESUMO
O presente relato refere-se a uma prática assistencial, construída e
implementada junto a membros da equipe de saúde de um Serviço de Oncologia e
Radioterapia de um hospital geral de grande porte da região leste do Rio Grande do
Sul, visando à humanização da assistência. Constituiu-se numa possibilidade de
refletir com a equipe de trabalho, acerca da assistência prestada aos clientes à luz
das propostas do Sistema Único de Saúde (SUS) e sob a ótica da abordagem
humanística e suas propostas metodológicas.
38
e tabus existentes, pois a palavra câncer, ainda, vem carregada da ideia de maldição
e morte. Como a maioria dos pacientes tem confirmado o seu diagnóstico somente
em fase avançada, além da cura de muitos tipos de câncer ainda não ser possível e
como o quadro que grande parte dos pacientes apresenta, geralmente, é doloroso de
se ver e acompanhar, os subterfúgios aumentam, decorrendo daí o emprego de
termos substitutos ou sinônimos: “a doença ruim”, “aquela doença”, “tumor”, “neo”,
dentre tantos outros. Ao ser abordada a questão do câncer como uma perspectiva de
finitude, pode-se afirmar que se mostra tão ameaçador porque representa não apenas
uma ameaça de morte, mas uma tríplice ameaça: de dor física, de mutilação e de
morte.
O paciente com câncer não deve ser considerado, apenas, como mais um caso.
Nessa perspectiva, precisa ser empreendida uma visão holística e multidisciplinar,
buscando compreendê-lo nas suas múltiplas relações para proporcionar uma
abordagem profissional humanizada profundamente solidária, geradora não só de
saúde, mas, principalmente, de vida. Os profissionais que trabalham em oncologia
estão expostos, no seu dia-a-dia de trabalho, a situações geradoras de conflitos. Os
fatores que predispõem aos conflitos são, dentre outros, as frequentes perdas por
morte; as pressões que expõem o modelo médico tradicional de responsabilidade em
relação à cura e à longevidade; o trabalho constante com doenças graves e com a
tristeza dos familiares, o contato frequente com os familiares e paciente, levando à
criação de vínculo com maior envolvimento com o problema vivido.
Não raro surge o sentimento de impotência do profissional diante da doença,
principalmente em sua fase terminal, que pode traduzir-se em revolta ou em
abatimento. De suma importância e, provavelmente, a mola mestra que vai mobilizar
toda a assistência emocional que será prestada ao paciente com câncer e sua família,
é a forma como a equipe comunica-se e interage com eles. A comunicação, portanto,
não deve ser vista, apenas, como um processo de transmissão de informações, mas
compreendida como uma possibilidade de entendimento entre as pessoas(4). Desse
modo, pode ser considerada como sendo um dos elementos fundamentais no
processo de autonomia do ser humano(5). Considera-se de grande ajuda, neste
sentido, a interação multiprofissional, tendo clara a possibilidade de visualizar o cliente
39
como um todo, nos seus aspectos bio-psico-sócioespirituais, pois o cuidado à saúde
transcende o simples ato de assistir centrado no fazer, nas técnicas ou nos
procedimentos; significa, também, reconhecer os clientes e seus familiares como
seres humanos singulares, vivenciando um difícil momento de suas vidas.
CAMINHO METODOLÓGICO
Este estudo teve como eixo norteador o processo de diálogo reflexivo junto à
equipe dessa unidade de oncologia. Caracteriza-se como uma prática assistencial,
que buscou construir uma proposta de assistência humanizada aos clientes por ela
atendidos. Apoiando-se no referencial da enfermagem fenomenológicab, teve o
diálogo como meio facilitador do intercâmbio de saberes enfermeira/equipe, visando
sua instrumentalização para prestar uma assistência ao cliente como sujeito do
cuidado.
40
A opção pelo trabalho com a equipe deveu-se ao fato de considerar-se que, a
partir de encontros para discussões e reflexões, podem-se transformar
comportamentos para prestar uma assistência com qualidade e de forma abrangente
para, assim, colaborar para a melhoria da qualidade de vida dos clientes. A cada um
dos participantes foi solicitado o consentimento livre e esclarecido, conforme
determina a resolução 196/96 do Ministério da Saúde, bem como o Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem. Para garantir o anonimato e o sigilo das
informações, foi sugerido aos participantes adotarem nomes de flores. Assim, cada
membro do grupo espontaneamente escolheu aquela de sua preferência para
identificar-se: Violeta, Amor Perfeito, Lírio, Orquídea, Bem-me-quer, Cravo, Girassol
e Rosa.
Os encontros foram realizados em uma das salas da unidade de oncologia, em
ambiente confortável, claro e arejado, sendo possível visualizar o verde da natureza,
através das janelas, e tendo o canto dos pássaros como fundo musical, constituindo-
se em um respiradouro para os membros do grupo. Ocorreram uma vez por semana,
às sextas-feiras, devido ao menor fluxo de clientes, totalizando oito encontros com a
duração aproximada de uma hora. Os diálogos foram captados em fitas magnéticas
numeradas, transcritas e digitadas, contemplando as falas utilizadas pelos sujeitos
com a linguagem com a qual cada um expressou suas crenças, seus valores e
opiniões, acerca da assistência prestada aos clientes.
41
de todos os sujeitos desse processo. A partir da constatação das necessidades do
grupo, dos problemas vividos, foi possível elaborar um plano de cuidados;
Planejamento e Implementação – descrição das metas a serem atingidas, conforme
os objetivos definidos junto com o grupo. As metas de bem-estar ou de vir a ser foram
atingidas pelo diálogo, através do encontro e da presença da enfermeira com a equipe.
Foi estabelecido como objetivo a ser atingido o fortalecimento do grupo, visando a
humanização da assistência aos clientes atendidos na unidade; e Avaliação – ocorreu
ao longo do desenvolvimento da prática assistencial, quando, ao final de cada
encontro, era realizada uma avaliação, no sentido de identificar se houve ou não
possíveis mudanças no comportamento dos membros da equipe, em relação à prática
cotidiana e a percepção de necessidades de alterações na prática assistencial, dentre
outros.
42
criticar o que está errado, mas devem servir para, a partir da identificação dos
problemas, levantar sugestões, visando chegar a soluções mais concretas. Também,
devem ser realizadas para elogiar, quando a equipe desempenha seu trabalho com
qualidade.
Assim, pode-se perceber que o trabalho em equipe pode liberar a criatividade
e a energia. As comunicações em equipes eficazes são, automaticamente, interativas;
as pessoas desenvolvem-se por meio das sugestões de outras, acrescentando novas
perspectivas que fazem com que a discussão evolua. Estas assertivas estão
contempladas nas reflexões sobre a importância do diálogo com o grupo, sobre o seu
fazer com uma perspectiva de melhoria na qualidade da assistência ao cliente
oncológico, caracterizadas pela seguinte fala:
43
clientes e familiares. Nesse sentido, surgiu o consenso de que se deve levar em conta
não somente suas necessidades biológicas, mas, principalmente, suas necessidades
espirituais decorrentes dessa situação.
44
dos riscos do trabalho nem para usufruir recompensas, todo o tipo de problema pode
surgir como reuniões incômodas e destrutivas e o sentimento de decepção ou
desmotivação, cujos reflexos podem implicar baixa qualidade da assistência prestada.
Refletindo-se sobre o cuidado da própria equipe como uma exigência para cuidar dos
outros, foi evocado um estudo que buscou obter respostas a como se dá a
governabilidade na enfermagem, abordando o cuidado de si como exigência para o
cuidado do outro. Isto porque, para os membros da equipe reconhecerem no paciente
um ser humano e assim tratá-lo, precisam, também e num estágio anterior,
reconhecer-se e tratar-se como seres humanos. Como podemos falar em
humanização do paciente se, antes, não podemos constatar a presença de equipes
[...] humanizadas?
O diálogo vivo e o entrosamento entre os membros da equipe podem ser
considerados como um fenômeno que envolve a nutrição do bem-estar e do mais-ser
(7). Esta transação intersubjetiva entre a equipe se dá num evento vivo experiência
pelos participantes. A partir dessa prática assistencial, houve maior interação entre
eles e está passou a ser, cada vez mais, constante no seu cotidiano, como o atesta a
seguinte fala.
45
se está fazendo, a partir da realização dos primeiros encontros desta prática
assistencial, como atesta a fala a seguir.
Esta semana, quando fui aplicar a quimioterapia num paciente, percebi que o
mesmo estava muito angustiado. Fiquei conversando com ele por
aproximadamente meia hora, antes de realizar a punção. Relatou-me que,
além da doença, estava vivenciando problemas familiares. Após a conversa,
percebi que o paciente estava menos tenso, quando, então, pude aplicar o
tratamento. [...] Depois das reuniões, tem sido melhor, porque percebemos
como é importante para o paciente ser bem atendido (Amor Perfeito).
Eu acho que, de agora em diante, vai melhorar mais do que está. Acho que
estamos mais unidos, fazemos uns pelos outros, ajudando uns aos outros [...]
Eu gosto muito do meu trabalho, tenho muito amor ao serviço. Nós somos
uma pequena família (Rosa).
46
Quanto mais tempo passamos juntos, mais unidos vamos ficar. O que
percebo como diferença de outros lugares em que já trabalhei é o coleguismo
que existe, aqui. Coleguismo mesmo. Quando qualquer um de nós apresenta-
se estressado, cansado, sempre tem alguém para ajudar, dizendo: não. Para
ai! Deixa que eu faço! Eu punciono a veia para ti e tu fazes outra coisa. Nos
outros lugares, não tem disso. Tu tens que fazer o teu serviço, embora,
estejas cansada, angustiada, estressada. Tens que fazer e pronto (Amor
Perfeito).
Aqui, nós somos todos unidos, nós ajudamos uns aos outros, formamos uma
família, trabalhamos em paz, o que, às vezes, a gente não tem em casa.
Muitas vezes, é domingo e a gente está louca para vir trabalhar (Amor
Perfeito).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
47
são transferidos para as relações interpessoais. A partir da teoria humanística, pôde-
se interagir melhor com os membros dessa equipe, oferecendo um espaço para o
diálogo para que, desta forma, pudessem ser exteriorizados os sentimentos.
Acreditamos na importância desta prática tanto para nós, como enfermeiros, quanto
para a equipe de trabalho da unidade de oncologia porque reconhecemos que a
interação e o diálogo vivo podem ser utilizados como uma prática assistencial,
permitindo que se possa estabelecer e atingir objetivos compartilhados.
48
BIBLIOGRAFIA
Fornés VJ. Actitudes del personal sanitário frente al cáncer: un estudio comparativo
entre estudiantes y profesionales de enfermería. Granada: Prensa Universitária; 1991.
135 p.
Gomes ES, Anselmo MEO, Lunardi Filho, WD. As reuniões de equipe como elemento
fundamental na organização do trabalho. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília
(DF) 2000 jul/set;53(3):472-80.
Paterson JG, Zederad LT. Humanistic nursing. New York: National League for Nursing;
1988. 129 p.
Pessini LBC. Problemas atuais de bioética. 5ª ed. São Paulo: Edições Loyola; Centro
Universitário São Camilo, 1996. 527 p.
49