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Aaron beck, na década de 1960, desenvolveu uma psicoterapia, que na época ficou

conhecida como “terapia cognitiva”, porém até hoje esse nome é usado popularmente
para abordar a respeito da terapia cognitivo comportamental (TCC), assim a TCC
possui suas teorias e técnicas, bem como é baseada no modelo cognitivo. Explique a
respeito do modelo cognitivo, buscando definir e esquematizar de maneira breve o
modelo.

Os termos terapia-cognitiva (TC) e o termo genérico terapia cognitivo-


comportamental (TCC) são usados com frequência como sinônimos para descrever
psicoterapias baseadas no modelo cognitivo. A TCC é usada como um termo mais
amplo que inclui tanto a TC padrão quanto combinações ateóricas de estratégias
cognitivas e comportamentais. A designação mais abrangente de Terapia Cognitivo-
Comportamental (TCC) é a mais usual na atualidade, pois utiliza ao mesmo tempo
intervenções típicas do modelo cognitivo, como as técnicas destinadas à correção de
crenças e pensamentos disfuncionais e incorpora técnicas comportamentais da terapia
comportamental, como a exposição e o uso de reforçadores, entre outras (CORDIOLI,
2008, p.551). De acordo com Wright, Basco e Thase (2008), a TCC baseia-se na ideia de
que: a) os pensamentos controlam e influenciam diretamente os estados emocionais
(humor) e o como as pessoas reagem às situações e; b) as ações podem influenciar as
cognições e os estados emocionais (humor). Entende-se que na Terapia Cognitiva
Comportamental há um inter-relacionamento “(…) entre cognição, emoção e
comportamento” implicando tanto “(…) no funcionamento normal do ser humano”,
quanto na sua “(…) psicopatologia” (KNAPP E COLABORADORES, 2004, p. 20).

O modelo cognitivo foi originalmente construído de acordo com pesquisas


conduzidas por Aaron Beck para explicar os processos psicológicos na depressão, em
uma tentativa de provar a teoria freudiana de depressão como hostilidade retrofletida
reprimida (KNAPP; BECK, 2001, p. 3). O modelo cognitivo parte da hipótese de que as
emoções, os comportamentos e a fisiologia de uma pessoa são influenciados pela
própria percepção dos eventos; assim, a interpretação de uma situação pode levar a
pensamentos automáticos que geram uma reação (SILVA, 2014, p.167). Uma hipótese
essencial do modelo cognitivo tem sido a noção de que certas crenças constituem uma
vulnerabilidade a distúrbios emocionais (modelo diátese-estresse). Por exemplo, se um
indivíduo apresenta uma vulnerabilidade cognitiva a temas de perda e fracasso, as
consequências emocionais e comportamentais incluirão tristeza, um senso de
desesperança e isolamento social, conforme encontrado na depressão.

De acordo com a autora Judith Beck (1997, p. 21-31), o modelo cognitivo


enfatiza o modo como o indivíduo interpreta as situações ao pensar distorcida e
negativamente, levando-o a conclusões irreais, o que afeta suas emoções e reações
(comportamento) que podem ser emocionais/afetivas, atitudinais ou físicas. Já para
Eliane Falcone (2001) no modelo cognitivo identifica-se “(…) três níveis de
pensamento”, conforme a seguir:

Crenças intermediárias, Crenças Nucleares ou


Pensamentos automáticos
condicionais ou subjacentes Esquema/Centrais

Pode-se dizer que são padrões, Ligadas ao modo como o


regras, hipóteses, normas, indivíduo internaliza as suas
Os pensamentos automáticos são premissas adotadas pelo ideias a respeito de si próprio,
geralmente mais fluidos, breves e indivíduo na medida que são das pessoas e do mundo em
vem espontaneamente em nossas cumpridas de modo a mantê- que está inserido por meio das
mentes (FALCONE, 2001, p. 50). lo “(…) estável e aprendizagens relevantes que
produtivo” (FENNEL, ficaram cristalizadas em suas
1997, apud KNAPP, 2004, p. 25). mentes desde a sua mais
remota infância e se
tornaram “(…) verdades
absolutas” (BECK, J., 1997, p.
Caminha et al. (2003, p. 40) 30).
Quando o indivíduo avalia
explicam que as crenças
qualquer evento de modo
intermediárias não são tão rígidas
distorcido pode levá-lo a
quanto as crenças nucleares, mas
conclusões precipitadas e fora de
podem ser ressignificadas por O indivíduo tem mais dificuldade
propósito.
serem mais “(…) maleáveis". de modificá-las, porque elas o
protegem internamente das
vicissitudes da vida.

A terapia ajuda os pacientes a


identificare, avaliarem e
modificarem esses pensamentos,
possibilitando um alívio quanto
aos sintomas produzidos em
função de suas distorções
cognitivas (BECK, 1997, p. 32).
REFERÊNCIAS
BECK, Judith S. Terapia cognitiva-comportamental: teoria e prática. 2ª Ed. Porto
Alegre: Artmed, 1997, p. 21-32.

CAMINHA, R.; WAINER, R.; OLIVEIRA, M.; PICCOLOTO, N. Psicoterapias cognitivo-


comportamentais: teoria e prática. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2003, p. 40.

CORDIOLI, Aristides Volpato; KNAPP, Paulo. A terapia cognitivo-comportamental no


tratamento dos transtornos mentais. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2008, v.
30, suppl 2, p. 51-53. ISSN 1809-452X. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-
44462008000600001>. Acesso em: 10 nov. 2021.

FALCONE, Eliane. Psicoterapia cognitiva. IN: RANGÉ, BERNARD (Org.). Psicoterapias


cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria. Porto Alegre: Artmed,
2001, p. 50.

KNAPP, Paulo; COLABORADORES. Terapia cognitivo-comportamental na prática


psiquiátrica. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2004, p. 20-25.

KNAPP, Paulo; BECK, Aaron T. Fundamentos, modelos conceituais, aplicações e


pesquisa da terapia cognitiva. Brazilian Journal of Psychiatry [online]. 2008, v. 30,
suppl 2, p. 54-64. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1516-
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SILVA, Marlene Alves da. Terapia Cognitiva-Comportamental: da teoria à prática.


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<https://doi.org/10.1590/S1413-82712014000100016>. Acesso em: 10 nov. 2021.

WRIGHT, J. H., BASCO, M. R., THASE, M. E. Aprendendo a terapia cognitivo-


comportamental: um guia ilustrado (M. G. Armando, Trad.). Porto Alegre: Artmed,
2008, p. 19-20

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