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Guia prático de

CNV
Comunicação Não Violenta
para crianças e adultos

Neila Vasconcelos e Bruno Goulart de Oliveira


Guia prático de

CNV
Comunicação Não Violenta
para crianças e adultos
Autores: NEILA VASCONCELOS
e BRUNO GOULART DE OLIVEIRA
Copyright © 2021 CNV em Rede
1ª edição, setembro de 2022
ISBN 978-65-996495-2-3
CNV em Rede
Rua Três Passos, 98 – Bairro Rio Branco
92200-455 – Canoas, RS – Brasil
Fone (51) 99275.3616
https://cnv.emrede.social/
cnvemrede@gmail.com
Sumário
Introdução à CNV ...... (pág. 8)

5 Motivos para
aprender CNV ..............(pág. 11)

4 Dúvidas comuns ao
descobrir a CNV ......... (pág. 18)

4 Etapas da CNV ........ (pág. 24)

5 Formas de comunicar

CNV que podem estimular


a violência ..................... (pág. 30)
5 Passos para fazer
observações na CNV............................ (pág. 37) Sumário
4 Características das
observações na CNV .......................... (pág. 44)

3 Passos para expressar


sentimentos ............................................. (pág. 50)

3 Dicas para diferenciar


sentimentos de pensamentos .... (pág. 55)

4 Passos para identificar


necessidades ............................................ (pág. 60)

3 Dicas para diferenciar


necessidades de estratégias ........ (pág. 66)
3 Passos para fazer pedidos ............. (pág. 71)
Sumário
4 Características dos
pedidos na CNV .......................................... (pág. 76)

4 Formas de lidar com conflitos ... (pág. 82)

4 Componentes da empatia ............ (pág. 88)

3 Obstáculos à empatia ...................... (pág. 94)

3 Passos para se preparar


para dizer algo difícil ............................ (pág. 99)

6 Passos para lidar com a culpa ... (pág. 104)

6 Passos para lidar com a raiva .... (pág. 112)


3 Sugestões para empatizar com
alguém triste ..................................... (pág. 120)
Sumário

4 Passos para aplicar a CNV


em conflitos ........................................ (pág. 125)

4 Passos para reconhecer


que temos escolha ........................ (pág. 131)

4 Obstáculos à responsabilidade
de escolher .......................................... (pág. 137)

3 Passos para dizer “não”


usando a CNV .................................... (pág. 143)

5 Passos para usar a CNV na


mudança de hábitos .................... (pág. 148)
5 Passos para
Sumário pedir desculpas na CNV ............... (pág. 155)

4 Passos para interromper alguém


usando a CNV ....................................... (pág. 162)

4 Características do uso da
força para a proteção .................... (pág. 168)

3 Etapas para manifestar


gratidão segundo a CNV ............ (pág. 174)

4 Obstáculos para
expressar gratidão .......................... (pág. 179)

4 Obstáculos para
receber gratidão .............................. (pág. 185)
Introdução à CNV
Marshall Rosenberg, criou a Comunicação Não Violenta (CNV).
Ele dizia que as pessoas achavam a CNV muito simples,
mas, ao mesmo tempo, muito difícil. Ela é simples porque
precisamos apenas responder duas perguntas:

O que estamos O que tornaria a vida


vivenciando? mais maravilhosa?
(nós e os outros) (para nós e para os outros)

08
Ao mesmo tempo, podemos ter muita dificuldade de viver a
CNV no dia a dia, pois a forma de pensar e comunicar da
nossa cultura nos desconecta da nossa humanidade. Somos
treinados para obedecer, ser produtivos e indiferentes aos
problemas sociais. Nossas autoridades usam punição e
recompensa para nos controlar e aprendemos a rejeitar
nossos sentimentos, necessidades e vontades.

09
Ao sintetizar vários ensinamentos da CNV em
passos simples e trazer exemplos de aplicação
para cada um desses passos, esperamos que este
"Guia Prático de CNV" traga mais leveza e
facilidade para você vivenciar a CNV na prática e
para que a sua vida seja mais plena.

10 - Neila - Bruno
5 motivos para
aprender CNV

11
1 Mais autenticidade

A CNV nos convida a


permanecer conectados
à nossa humanidade e
coerentes com nossos
princípios, valores e
necessidades.

12
2 Mais conexão humana

A CNV nos ensina a pedir e


oferecer mais empatia às
pessoas. Isso nos ajuda a
resolver conflitos e melhorar
a confiança nas relações.

13
3 Mais cooperação:

A CNV nos ajuda a entender


melhor as pessoas que têm
interesses e opiniões diferentes
das nossas. Assim, podemos buscar
acordos que beneficiem a todos.

14
4 Mais autoconhecimento

A CNV nos ajuda a acolher


e administrar melhor
nossos sentimentos,
nossas vontades e a fazer
escolhas mais conscientes

15
5 Mais ação:

A CNV nos convida a agir


proativamente em favor do
bem-estar de todos.
Ela nos incentiva a desenvolver
nosso poder de transformação
social e colaborar para o
progresso da comunidade.

16
Essas são apenas cinco entre tantas outras transformações
que a Comunicação Não Violenta pode promover nas mais
diversas áreas das nossas vidas.
Vamos experimentar?

17
4 dúvidas comuns ao
descobrir a CNV

18
1 Usar CNV é engolir sapo
para agradar aos outros?

Na prática da CNV todas as


necessidades são levadas em
consideração. As dos outros e as
nossas também!

19
2 Praticar CNV é evitar conflitos?

Na CNV entendemos que os conflitos são


naturais nas relações e nos dão
oportunidade de procurar alternativas que
atendam as necessidades de todos!

20
3 Usar CNV é falar com calma e delicadeza?

A CNV possibilita que expressemos nossos


sentimentos, até mesmo raiva ou indignação. Porém
procuramos nos manter conscientes de que não são as
pessoas que causam nossos sentimentos, mas a forma
que interpretamos suas ações.

21
4 Com a CNV eu posso convencer as
pessoas a fazerem o que eu quero?

Na CNV, queremos que as pessoas tomem decisões


baseadas no que elas entendem que cuida mais da vida.
Podemos expressar nossos sentimentos e necessidades para
que elas possam considerar nossos pedidos, mas não é um
objetivo da CNV que elas façam o que desejamos, nem
mesmo que nós façamos o que os outros desejam.

22
Muito mais do que uma forma de se comunicar, a
Comunicação Não Violenta é, também, uma forma de
pensar que favorece relações onde a cooperação, o cuidado
mútuo e a compaixão estão presentes.

23
4 etapas da CNV

Observação

Pedido Sentimento

Necessidade
24
1 Expressar observações, livres
de críticas ou julgamentos:

Você não liga para


meus estudos…
Você está usando o
Você é computador desde
egoísta! às 8h e já são 11h40.

Você quer o
computador
só pra você!

25
2 Expressar seus sentimentos, sem
responsabilizar a outra pessoa:

Estou Sinto que você não


preocupada se importa
comigo…
porque…

Você me Me sinto
irrita! ignorada
por você…

26
3 Conectar os sentimentos às
necessidades não atendidas:

… tenho a necessidade
… quero ter segurança
de estar integrada aos
de que vou conseguir meus colegas e, para
terminar o trabalho. isso, considero
importante acompanhar
a evolução da turma.
… preciso passar
de ano, senão
… não quero
vão achar que
tirar nota
sou burra!
baixa

27
4 Fazer um pedido claro, sem
imposições ou ameaças:

Sai do computador Você poderia me deixar


que quero usar! usar o computador depois
do almoço e continuar
amanhã o seu jogo?

Se você não sair do


computador agora, vou
falar para a mamãe e ela
vai te deixar de castigo!

28
Essas quatro etapas nos ajudam a enxergar o que estamos
vivenciando e como nós podemos enriquecer a vida.

São os componentes básicos que


precisamos conhecer para usarmos
a Comunicação Não Violenta:
observação, sentimentos,
necessidades e pedidos.

29
5
formas de comunicar
que podem estimular
a violência

30
1 Julgamentos moralizadores:

Você comeu toda a torta outra


vez? Você é um guloso, egoísta!

31
2 Fazer comparações:

Você ainda não sabe andar de


bicicleta? Eu aprendi com
cinco anos!

32
3 Incentivar através de
punição ou recompensa:

Se você não parar de chorar eu


não te empresto meus gibis.

33
4 Negação da responsabilidade:

Eu não queria, mas tive que


te beliscar. Só assim para
você me ouvir!

34
5 Apresentar nossos pedidos
como exigências:

Para com essa música!


Eu detesto assobios!

35
Estas são algumas formas de expressão que Marshall
Rosenberg chamou de Comunicação Alienante.

Essa forma de comunicação pode nos afastar do nosso


estado natural de compaixão e servir de estímulo para
comportamentos violentos, portanto é algo que
procuramos evitar na CNV.

36
5 passos para fazer
observações na CNV

37
1 Pense em uma situação que
foi desagradável para você:
Ontem briguei com meu
irmão porque ele não
deixava eu fazer meu
dever de casa.

38
2 Procure descrever o fato, as falas e
comportamentos da outra pessoa:
Ele estava jogando empolgado. Parava
toda hora para me contar cada detalhe.
Assim eu não conseguia me concentrar.
Pedi para ele ficar quieto e não adiantou.

39
3 Verifique se há opiniões suas nessa descrição,
Se houver, separe os fatos das opiniões:

“Empolgado” é minha opinião Ele para “toda hora” é


sobre como ele estava! outra opinião, e sou eu
que acho que ele contava
“cada detalhe”, afinal eu
não estava vendo para
ter certeza de que ele
contou tudo. É minha
opinião também!

40
4 Foque apenas nos fatos:

Meu irmão estava jogando um jogo pela primeira vez. Ele


parou três vezes para me falar sobre essa experiência. Eu
falei que estava tentando me concentrar e não queria ser
interrompido. Cerca de um minuto depois, ele voltou a
falar comigo e eu disse: ”Chega!”

41
5 Se quiser dar sua opinião,
assuma a responsabilidade:
Eu acho que ele estava muito empolgado e
não me ouviu falar. Vou dizer isso se eu achar
que pode ajudá-lo a me entender, mas
deixando claro que é apenas o que eu acho.

42
Na observação da CNV, descrevemos os fatos, sem julgar ou
avaliar o que a pessoa é ou faz. Fazendo isso, temos mais
chances de sermos escutados.

Quando julgamos é mais fácil entrarmos


em discussões onde competimos para ver
quem está “certo” ou “errado”, quem é
“bom” ou quem é “mau”. Assim, nos
desconectamos uns dos outros.

43
4 características das
observações na CNV

44
Opinião:
1 Não fazem previsões:
Observação da CNV:

A Manu vai reprovar em A Manu zerou nas duas


matemática este ano! primeiras provas de
matemática do ano.

45
Opinião:
2 São específicas em relação
a quem se referem:
Observação da CNV:
O pessoal da minha rua Ouvi do meu quarto o som
ouve som alto de do meu vizinho da frente
madrugada. essa madrugada.

46
Opinião:
3 Não contém rótulos:

Observação da CNV:

A minha professora é A professora deu mais um dia


tão boazinha! para eu entregar o trabalho que
não consegui concluir no prazo.

47
Opinião:
4 Não avalia ou qualifica:

Observação da CNV:

Eu sou uma péssima Eu caí duas vezes na


bailarina! aula de balé ontem.

48
Priorizar os fatos pode ser desafiador quando estamos
acostumados a nos expressar através de julgamentos,
comparações ou outro tipo de avaliação. É, porém, uma
habilidade que podemos praticar e desenvolver.

49
3
passos para
expressar
sentimentos

50
1 Observe e descreva seu
estado emocional:
Estou magoado com a minha mãe.
Ela disse que ia me levar no parque
hoje, mas agora ela mudou de ideia.
Disse que está cansada!

51
2 Identifique os pensamentos que
estão gerando o sentimento:

Estou pensando que ela não se importa


comigo. Que nem faz diferença para ela
o quanto eu estava animado para ir.

52
3 Assuma a responsabilidade pelo
que você está sentindo:
Na verdade, o que me deixou magoado não
foi a gente não ir ao parque, foi meu
pensamento de que minha mãe não se
importa comigo. Vou dizer isso a ela.

53
Os sentimentos são muito importantes! São eles que
nos mostram como estão nossas necessidades: quando
elas precisam de cuidado ou quando podemos celebrar,
pois nossas necessidades estão sendo atendidas.

Ao expressarmos nossos sentimentos,


temos mais chances de que o outro
consiga se conectar empaticamente
com o que estamos vivenciando.

54
3 dicas para diferenciar
sentimentos de opiniões

55
1 Procure enriquecer seu
vocabulário de sentimentos:

Tranquilidade! Medo!
Raiva!
Alívio!

Tristeza! Angústia!

Alegria! Calma!
56
2
Opinião:
Sentir é diferente de achar, por isso evite a
expressão “sinto que”, sinônimo de “acho que”:
Sentimento:

Sinto que vou levar Eu estou com medo de


bomba em ciências. levar bomba em ciências.

57
Opinião:
3 Sentimentos não pressupõem a
ação de outra pessoa:
Sentimentos:
Meu pai disse que ia trazer Me sinto triste, pois
um chocolate, mas não estou pensando que
trouxe, me sinto enganado! meu pai me enganou.

A palavra
“enganado”
pressupõe que
o outro me
enganou.

58
Na CNV, entendemos que o que os outros dizem ou fazem
nunca é a causa dos nossos sentimentos, mas sim o que nós
pensamos sobre o que os outros dizem ou fazem, ou seja, o
modo que interpretamos suas atitudes.

Uma mesma atitude pode ser


interpretada de diferentes formas,
podendo ser estímulo (não causa)
de diferentes sentimentos.

59
4 passos para identificar
necessidades

60
1 Sentimento agradável indica necessidade atendida;
Se desagradável, indica necessidade não atendida:

Eu estou chateada.
Alguma necessidade minha
não está atendida.

61
2 Identifique seu sentimento e ligue-o a uma
causa interna (me sinto assim porque eu…):
Me sinto chateada porque eu acho
que a minha mãe quer decidir tudo
sozinha sobre a minha festa de
aniversário.

62
3 Procure identificar a necessidade
a partir dessa causa interna:
Eu quero decidir também, pois é a festa do
meu aniversário e eu gostaria de participar
mais. São das necessidades de participação
e escolha que preciso cuidar!

63
4 Ao se comunicar, lembre-se de conectar
seus sentimentos às suas necessidades:
Vou falar para ela que eu fiquei chateada
porque eu gostaria de participar mais da
organização e das decisões sobre a minha
festinha, pois é importante pra mim!

Estou confiante que


ela vai
compreender!

64
Nossas necessidades são muito importantes! Se procuramos
nos manter conscientes de como elas estão, independente
da situação, conseguimos cuidar melhor delas.

65
3 dicas para diferenciar
necessidades de estratégias

66
1 Procure enriquecer seu
vocabulário de necessidades:

Diversão!
Empatia! Integração!

Amor! Criatividade!

Segurança! Liberdade!

Saúde! Propósito!
67
2
Estratégia:
Todos nós temos as mesmas necessidades,
independente de gênero, ocupação, idade, etc.:
Necessidade:

Eu preciso muito tirar Tirar uma nota melhor na


uma nota melhor na próxima prova atenderia minha
próxima prova. necessidade de reconhecimento.

68
3 Necessidades não dependem de uma
pessoa específica fazendo algo específico:
Estratégia misturada com Necessidade: Foco na Necessidade:

Estou com muita fome. Estou com muita fome.


Preciso daquele bolo que só Tenho uma necessidade de
a vovó sabe fazer. alimentação.

Estratégias possíveis:

Vou ver se a vovó


fez bolo. Senão,
posso comer
algumas frutas.

69
Todos temos as mesmas necessidades, por isso, quando as
expressamos, temos mais chances de ser compreendidos.

Quando estamos conscientes das nossas


necessidades, percebemos que existem
estratégias diferentes para cuidar delas
e, portanto, fica mais fácil escolher
uma estratégia que também esteja em
harmonia com as necessidades de todos
os envolvidos na situação.

70
3 passos para
fazer pedidos

71
1 Conecte-se com os sentimentos e
necessidades envolvidos:
Sábado eu vou almoçar na casa da minha tia. Ela cozinha com
cebola, mas eu não gosto. Estou preocupado, pois tenho uma
necessidade de escolher minha comida e gostaria de ser
compreendido sobre isso, ao mesmo tempo também quero
demonstrar gratidão por ela estar cozinhando para nós.

72
2 Se questione: O que tornaria sua vida
mais maravilhosa nesse momento?

Adoraria que minha tia fizesse um prato


sem cebola para mim. Poderia ser um
sanduíche também, se for mais prático.

73
3 Lembre-se que a outra pessoa tem
liberdade para recusar o pedido:

Se ela não aceitar, vou dizer que irei mesmo assim, pois a
companhia dela é importante para mim. Além disso, para
que ela possa cozinhar do jeito dela, posso levar um lanche
de casa, também, ou comer o que não tiver cebola.

74
Na CNV, depois de expressarmos nossas observações,
sentimentos e necessidades, fazemos um pedido claro
para que a outra pessoa saiba como desejamos que ela
contribua com nossas necessidades.

Entretanto, desejamos que a


pessoa saiba que é livre para
aceitar ou recusar nosso pedido e
que ela também possa ter suas
necessidades atendidas.

75
4 características dos
pedidos na CNV

76
1
Em vez de:
Pedidos como propostas, não imposições:

A CNV sugere:

Vê se deixa bolo pra Você se importa em deixar um


mim, heim! pedaço de bolo para eu comer
depois?

77
Em vez de:
2 Pedidos claros e específicos:

A CNV sugere:

E gostaria que você tivesse Eu gostaria que você preparasse


mais iniciativa. seu lanche quando sentir fome,
em vez de pedir para a mamãe.

78
3
Em vez de:
Pedidos afirmativos, não negativos:

A CNV sugere:
Ei, eu gostaria que você não Ei, você poderia largar o
mexesse no celular enquanto celular e olhar para mim
fala comigo. Pode ser? enquanto nos falamos?

79
Em vez de:
4 Pedidos diretos, não indiretos:

A CNV sugere:
Mesmo machucado, eu Você poderia trazer o
preciso descer as escadas almoço no quarto para mim,
para almoçar na cozinha. até eu me recuperar?

80
Pedidos são oportunidades para que possamos
contribuir uns com os outros, de modo a tornar a
vida mais maravilhosa!

81
4 formas de lidar
com conflitos

82
1 Culpando a si mesma:

Eu sou mesmo muito


egoísta e preguiçosa!
Nem perguntei se o
meu irmão precisava
de ajuda para limpar a
cozinha. Ele ficou
chateado e com razão.

83
2 Culpando o outro:

Meu irmão nem pede


ajuda, depois fica de
cara feia porque eu
não ajudei. Tenho bola
de cristal, por acaso?

84
3 Fazendo autoempatia:

Eu estudei a manhã toda e


senti necessidade de me
divertir. Mas tenho também
necessidade de contribuir com
meu irmão e participar do
cuidado com a casa. Fico triste
por não ter buscado uma
forma de conciliar essas
necessidades.

85
4 Empatizando com o outro:

Meu irmão ficou chateado porque


eu não o ajudei a limpar a cozinha.
Talvez ele estivesse muito cansado
ou planejando cuidar de alguma
outra coisa assim que acabasse. Acho
que ele quis respeitar minha
autonomia, pois não me chamou,
mas parece bastante frustrado pois
tinha expectativa de que eu
escolheria ajudá-lo.
86
Na Comunicação Não Violenta procuramos escolher uma
das duas últimas opções: empatizar consigo mesmo, ou
com o outro, de acordo com o que for mais urgente no
momento. Assim temos mais chances de restabelecer a
harmonia na relação.

87
4 componentes
da empatia

88
1 Presença: Mantenha a
atenção plena na conversa

Estou aqui para


te ouvir.

89
2 Foco no Presente: mesmo que a pessoa fale do
passado, atente-se ao que ela sente agora

Você continua
sentindo raiva quando
lembra do modo como
ele falou com você?

90
3 Sentimentos e necessidades:
Procure identificá-los

Acho que ela tem necessidade


de ser valorizada e tratada
com carinho, mas fica irritada
pois não acha justo que essas
necessidades não sejam
atendidas por ele.

91
4 Confirmação: Confirme os sentimentos e
necessidades identificados

Entendi que você fica irritada,


quando lembra da forma como ele
te tratava, pois não acha justo.
Talvez, você gostaria de mais
carinho e valorização, mas não
sabe como deixar isso claro para
ele, assim como ele também não
consegue atender essas suas
necessidades. É isso?

92
A empatia é um ingrediente muito importante na prática
da Comunicação Não Violenta.

É através da empatia que conseguimos


ouvir o que está vivo por trás das
palavras que nos são ditas.

93
3 obstáculos à empatia

94
1 Tentar mudar o que o outro sente, falar da
experiência pessoal ou dar conselhos:

Estou triste porque Fica tranquila! Eu também já quebrei


quebrei o brinquedo brinquedos do meu irmão, mas dei um
do meu irmão e ele brinquedo novo meu para ele, e ele
brigou comigo. esqueceu. Faz isso para você ver!

95
2 Compreensão Intelectual:

Acho que você desenvolveu


Não vou conseguir tirar uma baixa confiança em si
uma boa nota na prova. mesma porque não aprendeu
Sou um fracasso! a valorizar suas conquistas.

96
3 Antecipação da Correção:

Estou há duas horas tentando Duas horas? Impossível!


ligar para a minha mãe, mas ela Você estava jogando vídeo
não me atende. Estou ficando game não tem nem uma
preocupada se ela está bem! hora e meia!

97
Essas estratégias são consideradas obstáculos à empatia
pois tiram o foco do que a outra pessoa está vivenciando.

Seus conselhos, experiências de vida e


até mesmo possíveis correções poderão
ser mais bem recebidos após você ouvir o
que a outra pessoa tem a dizer,
demonstrar sua compreensão e se
certificar de que a necessidade de
empatia dessa pessoa foi atendida.

98
3 passos para se preparar
para dizer algo difícil

99
1 Identifique a mensagem que
você tem medo de expressar:

Queria que a minha irmã


parasse de usar minhas roupas,
mas eu tenho medo de dizer e
ela ficar chateada.

100
2 Liste possíveis respostas ou pensamentos
da pessoa sobre o que você quer dizer:

Acho que ela pode dizer que


sou egoísta, que não me
importo com ela. Algo assim.

101
3 Identifique os sentimentos e as necessidades
feridas e responda empaticamente:
Se ela disser que não,
Posso perguntar:
“Você está chateada também posso tentar:
porque quer ter “Então você está chateada
segurança de que você é porque gostaria que eu
importante para mim?” reconhecesse que você cuida
bem das minhas roupas?

Assim fica mais fácil


cuidar das nossas
necessidades, das
minhas e das dela!
102
Marshall Rosenberg observou que, quando temos algo a
dizer que achamos difícil, é possível estarmos com medo de
como o outro nos responderá, ou seja, depositamos nossa
segurança na resposta do outro.

Esse exercício propõe que, em vez de nos


preocuparmos com o que o outro vai dizer,
nós procuremos definir a nossa reação à
sua resposta. Assim, nossa segurança
estará em nossas próprias mãos.

103
6 passos para lidar
com a culpa

104
1 Faça uma pausa para autoempatia e identifique
os pensamentos que agravam a culpa:

O que estou Que só faço


pensando sobre bobagem, que
mim? não sou boa o
suficiente...

105
2 Identifique sua necessidade
não atendida:

Do que eu Gostaria de ter


gostaria de ter mais atenção e
cuidado, mas não lembrar das coisas
cuidei? que minha mãe
pediu.

106
3 Conecte-se com o luto e
celebre a necessidade ferida:

Minha mãe é
importante para mim,
gostaria que ela tivesse
segurança de que eu a
amo e valorizo, mas,
quando não contribuo com
ela, fico insegura se ela
percebe isso. Quero
cuidar dela.

107
4 Identifique a necessidade
que você tentou atender:

Do que eu estava Eu estava


tentando cuidar conversando com uma
quando agi do modo amiga, quando minha
que não gostei? mãe falou comigo. Eu não
quis interromper minha
amiga pois queria que
ela soubesse que me
importo com o que ela
estava dizendo.

108
5 Conecte-se com a gratidão e
celebre a necessidade pretendida:

Minha amiga também


é importante para mim e
ouvir sem interromper, foi
um jeito de eu mostrar isso
para ela. Sou grata por
tentar cuidar
dela.

109
6 Aprenda com a situação para tentar conciliar
as necessidades na próxima ocasião:

Como eu posso Ah… Posso avisar a minha


aprender sem amiga que minha mãe pode
perder o respeito interromper nossa conversa.
comigo?
Se isso acontecer,
posso anotar o que a
Como valorizar minha mãe disser. Assim
minha mãe, sem eu consigo lembrar
deixar de dar depois, sem deixar de
atenção à minha dar atenção à minha
amiga? amiga.
110
Ao conectarmos com nossas necessidades não
atendidas, a culpa é substituída por outro sentimento
como, tristeza, preocupação, etc. Esses sentimentos nos
ajudam a aprender com a situação, sem nos condenar.

Já ao lembrar do que estávamos querendo


cuidar quando nos comportamos de um
modo que não gostamos, relembramos o
que é importante para nós também.
Então, nos perdoamos e valorizamos as
necessidades que queríamos atender.

111
6 passos para lidar
com a raiva

112
1 Faça uma pausa para autoempatia e identifique
os pensamentos que causam a raiva:
Que pensamentos tive
sobre minha professora
Ela disse
que me deixaram com
que eu sempre chego
raiva?
atrasado, mas acho isso
injusto… ela não deveria falar
assim comigo na frente de
todos. Tenho vontade de
nem vir mais, pois todos
vão rir de mim! Acho que
ela está muito errada!

113
2 Identifique sua necessidade
não atendida:

Do que eu queria
cuidar realmente?
Eu gostaria de
discrição… Que ela
falasse sobre meu
Quais
atraso comigo, em
necessidades
particular, pois
minhas não foram
quero ser
atendidas nessa
respeitado pelos
conversa?
meus colegas.
114
3 Conecte-se com o luto e
celebre a necessidade ferida:

Eu ficaria triste se meus


colegas começassem a rir de
mim e a me chamar de
Atrasildo. Tenho medo
que isso aconteça.

115
4 Identifique a necessidade que a outra
pessoa estava tentando atender:

Por trás das ações,


do que ele queria
Acho que ela ficou irritada
cuidar?
quando eu interrompi a aula.
Talvez, ela gostaria que os
demais colegas mantivessem a
atenção na aula... Ou talvez, ela
tenha medo que eles cheguem
atrasados também, e que
isso prejudique o nosso
aprendizado.

116
5 Valorize as necessidades da outra pessoa:

Eu não gostei dela ter


chamado minha a atenção na
frente dos meus colegas, mas
acho importante que ela queria
cuidar do nosso aprendizado e
queira ser ouvida com
atenção nas aulas também.

117
6 Busque um meio de conciliar
as necessidades de todos:

Professora, imagino que você queira


que nós, alunos, cuidemos do horário,
pois isso nos ajuda a termos um
melhor aprendizado. Consigo perceber
que isso é importante para nós. Mas,
gostaria que você me chamasse em
particular para falar sobre meu atraso,
pois acho que isso aumenta minhas
chances de ser tratado com respeito
pelos colegas. Não quero ser
apelidado de Atrasildo. Pode ser?
118
Lidar com a raiva pode ser desafiador mas, quanto
mais praticamos, mais esses passos vão se tornando
naturais para nós.

Se você precisar, peça um tempo para


pensar e se afaste da situação para seguir
esses passos com mais calma.

119
3
sugestões para
empatizar com
alguém triste

120
1 Mantenha-se presente e ouça com
atenção o que a pessoa compartilha:

... o Rex era o meu melhor


Estou te ouvindo. Você
amigo, não acredito que não
gostaria de contar mais?
vou mais vê-lo, não é justo!

121
2 Confirme se compreendeu as necessidades
e os sentimentos envolvidos:
A minha vida não será mais a
Você está triste porque
mesma sem o Rex. A gente se
gostaria da companhia dele
divertia tanto!
para se divertir?

Sim, e queria saber se


ele está bem, lá no céu.

Parece que você o ama e


gostaria muito que Deus
cuidasse bem dele, né?

122 Sim. Valeu por me ouvir!


3 Evite expressões que diminuam a importância
do que a pessoa está vivenciando:

Você não precisa ficar triste,


Você não me
isso passa, e você pode pedir
entende!
outro cachorro.

123
Oferecer empatia a alguém triste pode ser desafiador. Às
vezes temos vontade de afastar a dor do outro porque, no
fundo, queremos ver a pessoa bem, mas desse modo não
abrimos espaço para que ela deixe fluir seus sentimentos.

124
4 passos para aplicar
a CNV em conflitos

125
1 Reconhecer o fato que estimula
o sentimento destrutivo:

Ele derramou suco no Derramei o suco sem querer e


meu lanche. Isso me ele me chamou de estabanado.
estimulou raiva! Eu fiquei com raiva!

126
2 Reconhecer os pensamentos
que causam o sentimento:

Pensei que ele é descuidado e Pensei que ele não me


que não se importava se eu respeitava, gritando comigo
estava com fome! na frente de toda a turma!

127
3 Acolher nossa necessidade não atendida
e reconhecer que são importantes:

Minha necessidade, na Minhas necessidades eram


verdade, era comer. Eu compreensão e respeito. Eu não
estava com muita fome! queria estragar o lanche dele.

128
4 Acolher quem nos estimulou o
sofrimento e compreender:

Você também ficou chateado com E você ainda deve estar


o que aconteceu, né? Não queria com muita fome.
ter estragado meu lanche e Eu posso dividir o meu
precisava ser compreendido. lanche com você.

129
Na CNV, em vez de nos preocuparmos em encontrar um
culpado, quem está certo ou errado, nós nos concentramos
em nossas necessidades.

Quando reconhecemos que necessidades


importantes para nós não foram atendidas,
podemos ficar tristes ou com medo, mas não
com raiva. Além disso, podemos ter mais
clareza para perceber outras formas de
cuidar dessas necessidades feridas.

130
4 passos para assumir
que temos escolhas

131
1 Observe o que você faz achando
que não tem escolha:
Tem duas coisas que eu detesto,
mas tenho que fazer. Uma delas
é dormir cedo, a outra é colocar
o lixo para fora.

132
2 Identifique quais necessidades você
atende fazendo essas atividades:

Dormir cedo me ajuda Tirar o lixo também é


a estar mais disposta importante, atende a
para assistir às minhas necessidade de higiene
aulas, pela manhã. e previne doenças e
desconfortos como o
mau cheiro.
Minha educação é
muito importante
para mim! Minha saúde
também é muito
importante!
133
3 Verifique a possibilidade de usar outra
estratégia para atender essa necessidade:
Existem mais formas de
cuidar da minha Também não dá para
disposição e educação. deixar de tirar o lixo,
mas outra pessoa pode
Mas, como minhas fazer isso. Meu irmão é
aulas são pela manhã responsável pela louça
e eu tenho dificuldade e também não gosta de
de prestar a atenção lavar. Posso perguntar
se estou com sono, se ele troca de tarefa
dormir cedo ainda é a comigo.
melhor escolha.
134
4 Caso escolha manter a atividade, substitua
“tenho que...” por “escolho fazer porque…”:

Eu escolho dormir E estou confiante que meu


cedo, porque quero irmão vai gostar de trocar de
continuar progredindo tarefa comigo. Assim ele tira o
nos meus estudos! lixo e eu lavo a louça!

Assim, nós
Eu adoro minha continuamos
escola e quero contribuindo com
continuar nela! nossa família

135
Nós sempre temos escolha, mesmo quando não gostamos
das opções. Lembrar disso nos permite fazer escolhas mais
conscientes e alinhadas com o que desejamos cuidar.

Se reconhecermos as necessidades que estamos tentando


cuidar com as nossas decisões, podemos ter mais ânimo e
energia para realizar o que nos propomos.

Porém, precisamos aprender a escolher o


que cuida da vida, sobretudo, quando não
temos total consciência das consequências
de nossas ações, é importante que outras
pessoas nos auxiliem e até mesmo nos
protejam de fazer certas escolhas que
ameaçam a vida de alguma forma.
136
4
obstáculos à
responsabilidade
de escolher

137
1 Identificação com rótulos
ou diagnósticos:
Negando a responsabilidade: Assumindo a responsabilidade:

Eu desenhei nas paredes Desenhei nas paredes da


da sala toda porque sou sala porque queria me
hiperativa. expressar e me divertir.

138
2 Ordens de autoridades:

Negando a responsabilidade: Assumindo a responsabilidade:


Menti para o vendedor Aceitei mentir para o vendedor
porque minha mãe pediu porque eu queria contribuir com
pra dizer que não estava. o descanso da minha mãe.

139
3 Regras e regulamentos:
Negando a responsabilidade: Assumindo a responsabilidade:

Comi mais do que aguentava Eu escolhi comer mais do que


porque deixar comida no aguentava porque tive medo
prato é contra as regras. de não ser compreendido e
ficar de castigo.

140
4 Responsabilizar as ações dos outros:
Negando a responsabilidade: Assumindo a responsabilidade:
Eu bati na minha irmã porque
Bati na minha irmã
achei injusto ela me chamar de
porque ela me chamou
burra, estava com muita raiva e
de burra!
queria que ela parasse!

141
Acreditar que não temos escolha pode nos levar a fazer
coisas que não estão alinhadas às nossas necessidades e aos
nossos valores e princípios, pois não nos vemos como
responsáveis pelas nossas ações.

142
3 passos para dizer
“não” usando a CNV

143
1 Receba o pedido da outra
pessoa como um presente:

Obrigado por
Eu vou ficar contente, se
me pedir para
você puder conhecer o que
ler meu livro
estou lendo, pois acho que
vai contribuir para seu
aprendizado.

Eu gostaria de
colaborar com
você nisso!
144
2 Diga a necessidade que te
impede de dizer sim:

Mas estou usando o Eu preciso me preparar


livro agora e vamos para a aula e o livro está me
discuti-lo em aula na ajudando nisso
semana que vem.

Participar com
qualidade dessa aula
Além disso, eu também é importante
ainda vou levar para mim e para meu
uns dias para desenvolvimento.
terminar de ler.
145
3 Busque uma proposta que atenda
às necessidades de todos:

Eu posso te emprestar o livro


depois dessa aula, mas, se você
tiver pressa, podemos ver se
encontramos na biblioteca ou
se alguém mais tem o livro para
te emprestar. Que tal?

146
Quando recebemos o pedido da outra pessoa como um
presente, mesmo que não coloquemos isso em palavras, a
energia é tão diferente que a pessoa pode perceber que
valorizamos suas necessidades. Depois disso, os demais
passos ficam mais leves.

Mas, nem sempre conseguiremos cuidar


de todos: de nós e dos outros. Às vezes,
não conseguimos acolher o pedido do
outro como um presente, pois antes
podemos precisar nos dar autoempatia
para acolher a nossa necessidade não
atendida de contribuir com todos.

147
5 passos para usar a CNV
na mudança de hábitos

148
1 Identifique qual necessidade sua é atendida
pelo hábito que você quer desenvolver:

Quero me exercitar
todas as manhãs,
porque quero ter mais
saúde e disposição
para o meu dia!

149
2 Identifique qual necessidade sua é
atendida quando você evita o novo hábito:

Na hora me dá uma preguiça!


Percebi que priorizo conforto e
conexão pela manhã. Gosto de
ficar um pouco mais na cama,
tomar café com a família,
conversar… Quando eu vejo já é
quase hora do almoço e eu
desisto dos exercícios.

150
3 Procure formas de conciliar
as duas necessidades:

Eu posso dormir 1 hora Ou eu posso


antes para acordar mais fazer exercícios
cedo, assim dá para à tarde...
ficar um pouco na cama
antes de levantar e
fazer exercícios, e dá … ou convidar
tempo de tomar café meu irmão para
com a família depois. fazer exercícios
comigo.

151
4 Lembre-se de que existem diferentes
estratégias para atender as necessidades:

Eu gosto de atividades aeróbicas


mas, talvez, pela manhã, eu me sinta
mais disposto a fazer uma atividade
com movimentos mais lentos, que
me ajude a desenvolver resistência e
flexibilidade, como yoga.

152
5 Ao tomar uma decisão, procure se manter
consciente de sua escolha e suas motivações:

Puxa, tenho que acordar cedo


para me exercitar…
Hummm, na verdade, eu escolhi
acordar cedo, pois assim me
exercito e ainda tomo café com
minha família depois!

153
Como disse Marshall Rosenberg, criador da CNV, estamos o
tempo todo tentando atender às necessidades. Isso vale
para quando queremos mudar um hábito e, até mesmo,
para quando evitamos fazer o que nos propomos ou
deixamos para começar depois.

Compreender isso nos ajuda


a definir estratégias que melhor
atendam nossas necessidades.

154
5 passos para pedir
desculpas na CNV

155
1 Faça uma pausa para autoempatia e identifique
os pensamentos que agravam a culpa:

Eu sou uma péssima amiga!


Eu destruí todo o canteiro de
flores da minha amiga… eu
sou muito desastrada!
Ela nunca mais vai me
convidar para ir na casa dela.

156
2 Concentre apenas em suas ações, sem
misturar com seus julgamentos

Eu sou uma péssima amiga! Sou um


Minha amiga nunca mais vai desastre!
me chamar para a casa dela.

Eu segui uma borboleta e nem


percebi que estava pisando em
cima das flores da minha amiga.
Acabei esmagando algumas
delas, sem querer.
157
3 Identifique as necessidades feridas:

Estou triste, porque gostaria


de ter tido mais atenção e
cuidado com a natureza. E,
principalmente, gostaria de
ter preservado o trabalho da
minha amiga, para contribuir
com o bem-estar dela, pois ela
é importante para mim.

158
4 Identifique a necessidade que você tentava
atender quando agiu da forma indesejada:

Eu queria atender Achei a borboleta


minhas necessidades tão linda! Queria
de curiosidade e tirar uma foto para
conexão com a compartilhar com
natureza. minha amiga.
Nem percebi
que passei por cima
das flores.

159
5 Exponha à outra pessoa seus
sentimentos e necessidades:

Eu estava seguindo uma


Estou triste por borboleta, estava curiosa,
ter pisado nas queria vê-la de perto e não
suas flores, pois percebi as flores no caminho.
você e elas são
importantes
para mim.

160
Podemos sentir culpa quando não cuidamos tão bem
quanto desejamos de alguém, mas são os nossos
pensamentos que agravam a nossa culpa, não nossas ações.

Na CNV, quando agimos de um modo


que não gostamos, preferimos buscar
compreensão e empatia expondo
algo precioso que compartilhamos
com as demais pessoas: nossas
necessidades e sentimentos.

161
4 passos para interromper
alguém usando a CNV

162
1 Ao interromper a outra pessoa, diga o
quanto valoriza a oportunidade de conexão:

Com licença. É importante


para mim te ouvir e me
conectar com você, mas
não estou conseguindo
ter a compreensão
que eu gostaria.

163
2 Diga de qual necessidade sua
você está tentando cuidar:

Eu estou preocupado
porque, daqui há uns 20
minutos, vou precisar me
arrumar para ir para a
escola, mas gostaria de
concluir nossa conversa
primeiro.

164
3 Questione qual necessidade a pessoa
está tentando atender com a conversa:

Você poderia me dizer


o que você espera de
mim com essa
conversa?

165
4 Busque uma proposta que atenda
às necessidades de todos:

Entendi que você queria


apenas se conectar comigo,
mas estava sem assunto,
certo? Nós podemos realizar
alguma atividade juntos no
fim de semana. O que acha?

166
Nem sempre as pessoas estão conscientes de suas
necessidades ao iniciar uma conversa. Em casos assim,
podemos ter dificuldade em nos conectar com os
sentimentos e as necessidades da outra pessoa, e a
conversa pode parecer improdutiva.

Interromper pode nos dar a oportunidade


de reanimar a conversa, conectando-a
com as necessidades envolvidas.

167
4 características do uso da
força para a proteção

168
1 Usamos a força para proteger a vida, a
integridade física ou os direitos individuais:

Minha irmãzinha já ia
colocar um prego na
tomada quando eu
puxei ela. Ainda bem
que eu estava ao lado e
vi a tempo!

169
2 Usamos a força quando não há tempo para o
diálogo ou quando o outro se recusa a dialogar:

Eu e minha turma queríamos


falar com o prefeito sobre a
necessidade de cuidar da
acessibilidade das escolas,
mas ele não queria nos
receber, então fizemos uma
manifestação.

170
3 Na CNV a força é usada somente como
prevenção, nunca como punição:
Força para a Punição: Força para a Proteção:

Eu xinguei meu irmão, Eu gritei com meu irmão,


porque ele pegou meu porque estava com medo que
brinquedo sem me pedir! ele quebrasse meu brinquedo!

171
4 O uso da força não serve para educação:

Se gritassem comigo,
eu iria obedecer, pois
E eu iria
não vejo escolha!
gritar mais
alto…
E eu iria
me sentir
culpado…

E eu iria
E eu iria dizer dizer que
que não fui eu para gritar com os outros
não ficar de castigo é falta de educação!
172
Na CNV, acreditamos que uma conversa empática é a
melhor forma de promover a educação e de chegar a
acordos que atendam as necessidades de todos,
portanto nunca usamos a força para ensinar ou
convencer alguém de algo.

Usamos a força somente para proteger e


cuidar da vida, em momentos nos quais
essa conversa não é possível.

173
3 etapas para manifestar
gratidão segundo a CNV

174
1 Dizer o que a pessoa fez que
contribuiu com a sua vida:

Você se lembra daquela


vez que você me chamou
para assistir a um filme
na sua casa?

175
2 Dizer qual necessidade essa
atitude lhe ajudou a atender:

Eu estava me sentindo
solitário. Precisava
mesmo de companhia.

176
3 Dizer como você se sentiu ao
conseguir atender essa necessidade:

Depois disso me
senti grato e
muito animado!

177
Muitas vezes, apenas um "obrigado" pode bastar. Porém, se
quisermos garantir que outra pessoa compreenda como ela
contribuiu para tornar nossa vida mais maravilhosa, e
quanto suas ações foram importantes para nós, vale a pena
seguirmos essas três etapas.

178
4 obstáculos para
expressar gratidão

179
1 A ideia de obrigação:

Achei maneiro a moça que É! Foi legal, mas era o


achou seu celular procurar certo, né? Ela só fez o
você para devolver. que tinha que fazer.

180
2 Achar que o outro já sabe:

Um passeio incrível na minha


vida foi quando meu tio me
levou para a praia! Eu amei!

Legal! Você disse


isso para ele?

Ah! Não precisa…


Ele sabe!
181
3 Constrangimento:

Queria que meu avô soubesse


como as histórias que ele me
contava despertaram meu
interesse pela leitura e minha
curiosidade sobre o mundo.

Mas acho que ele


ficaria muito sem
jeito, se eu dissesse...

182
4 Raiva ou Mágoa:

Ano passado eu fiquei


tão magoado, por ter
mudado de escola no
meio do ano, que só
agora eu percebo como
fui bem recebido pelos
meus novos colegas.

183
Expressar gratidão é dizer ao outro que ele contribuiu
com a nossa vida! Desse modo, damos ao outro uma
confirmação de que sua intenção de contribuir teve
resultado, o que estimula uma satisfação natural e nos
mantém na energia de contribuição.

Segundo Marshall Rosenberg, "Não existe


nada mais satisfatório para os seres humanos
do que exercitar o poder de enriquecer a vida
e obter confirmação de que estamos
realmente conseguindo fazer isso".

184
4 obstáculos para
receber gratidão

185
1 A ideia de obrigação:

Que bom que você trouxe o livro Tá, mas o livro é seu,
hoje! Ele vai ser muito útil na ué? Eu só cumpri o
aula amanhã! Obrigado! meu dever.

186
2 Acreditar que não merece:

Foi tão legal você ter vindo hoje!


Nos divertimos tanto! Nem Que nada! Exagero
parece que, mais cedo, eu estava seu! Eu nem sou tão
me sentindo tão solitário! legal assim!

187
3 Considerar falta de humildade:

Minha avó ficou tão feliz com o


cartão que eu fiz de presente no
aniversário dela! Ela falou tanta
coisa bonita, me agradeceu tanto!

Mas eu não gostei. Não quero


que a minha família pense que
estou “me achando”.

188
4 Medo da responsabilidade:

Puxa, será que vou


Que bom que você fez a minha
parte nas tarefas da casa hoje! ter de fazer todo dia
Estou mesmo precisando de agora? Tenho inglês
descanso. Fico mais tranquila! amanhã!

189
Na Comunicação Não Violenta, procuramos ouvir com
empatia quando alguém nos expressa gratidão, para
que possamos identificar como nossas ações tornaram a
vida do outro mais maravilhosa e celebrar esse poder
que é comum a todos nós.

190
Sobre o CNV em Rede

1 Quem Somos?

O CNV em Rede é um projeto social,


sem fins lucrativos, da ONG
Organização em Rede Social, com a
missão difundir a Comunicação Não
Violenta no Brasil, tornando esse
conhecimento acessível a qualquer
pessoa, independentemente da
condição financeira.
191
2 Quem criou este livro?

Neila Vasconcelos é jornalista e estudante de Comunicação


Não Violenta. Encantada com vida e com natureza, acredita
que podemos, por meio da CNV, construir relações mais
harmoniosas entre todos os seres. Contribui com o CNV em
Rede desde seu surgimento. É autora dos livros Coleção de
Sentimentos e Necessidades e coautora do livro Por Trás
dos Rótulos, ambos lançados pelo CNV em Rede.

Bruno Goulart de Oliveira graduou-se em Engenharia


de Computação e fez mestrado em Engenharia Elétrica.
Fundou o CNV em Rede e é presidente da Organização
em Rede Social. É pesquisador autodidata da CNV e
realiza palestras, workshops, eventos e cursos e é
coautor do livro Por Trás dos Rótulos.

192
3 Participe do CNV em Rede

Entre no site do CNV em Rede para criar um perfil e


navegar na nossa rede social da Comunicação Não Violenta.
No site, você poderá adicionar amigos, encontrar pessoas de
sua região, participar de cursos, eventos e campanhas online,
baixar outros livros, jogos e músicas, tudo de forma gratuita
ou com contribuição livre. Acesse o link ou use o QR code:

https://cnv.emrede.social/
193
4 Outros Livros sobre CNV

Para quem quer


desenvolver o vocabulário e
refletir sobre sentimentos
e necessidades, sugerimos
esse e-book:

194
Para quem quer treinar a
EMPATIA, sugerimos o livro
Por Trás dos Rótulos -
Coletânea de convites à
empatia à luz da
Comunicação Não Violenta,
que pode ser obtido no
formato e-book ou
livro impresso:

195
Agradecemos por ler nosso
livro e contribuir para o
crescimento da CNV…
Até Breve!

196

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