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O JOGO DE PALAVRAS E O ENSINAR A PENSAR

 Existe a possibilidade de se ministrar um tema de História ou Geografia, Matemática

ou Ciências, Língua Inglesa ou Portuguesa sem ficar à frente da classe expondo e,

dessa forma, impondo a monotonia e o cansaço?

 Pode esse tema, posteriormente avaliado, garantir maior compreensão e lucidez por

parte dos alunos, dos temas que se ministrado através de aula expositiva?

 É possível na regência dessa aula, conquistar a certeza de que sua apresentação não

suscitará indisciplina, desinteresse e apatia? Pode esse tema garantir ao professor

menos dispêndio de energia que o imposto por aula tradicional?

As respostas a essas perguntas são afirmativas e, ainda de quebra, a ela outras conquistas

positivas se agregará. Assim…

Será possível com esse trabalho alcançar não apenas as disciplinas acima relacionadas como

outra qualquer, poderá esse trabalho, devidamente adaptado, ser executado em qualquer série

ou nível de escolaridade e, bem mais que apenas uma compreensão literal do que se expõe, se

garantirá trabalhar-se simultaneamente o texto e contexto, desenvolvendo do raciocínio lógico e

levando os alunos a uma aprendizagem significativa e exploração de habilidades operatórias

mais amplas que as provocadas por simples explanação. Portanto, no desempenho desse

trabalho o professor poderá estar se aproximando dos sonhos de Piaget, ao levar o aluno não a

conquistar um conhecimento interiorizando-o de fora para dentro, mas construindo-o

interiormente em um processo de assimilação, tornando o apreendido compatível com as

estruturas mentais de seus alunos e, dessa forma, específico para cada um. E tudo isso apenas

com a coragem em se substituir uma tradicional exposição por um envolvente e motivador Jogo

de Palavras.

Mas, como faze-lo?

 Em primeiro lugar garantindo que os alunos tenham alguma ideia sobre o tema,

conquistada através de uma leitura ou de outro processo de informação.

 Em segundo lugar, organizando os alunos em duplas, trios ou quartetos e, dessa

forma, fazendo-os falar e, por falar estimular as estruturas mentais do pensar;


Por último organizando, com critério e acuidade, uma, duas ou três sentenças sobre o assunto

escolhido.

Após a seleção dessas questões, extremamente pertinentes e significativas em relação a essência

e objetivos do texto, fragmenta-las separando cada uma das palavras e escrevendo cada palavra

em um pequeno quadrado de papel. Mais fácil é quadricular-se uma folha antes, escrever as

palavras em cada dos quadrados e somente depois corta-la. Esse emaranhado de palavras,

amontoadas ao acaso e unidas fora de ordem compõe o recurso material do “jogo de palavras”.

Com tantas cópias desse material quantas duplas, trios ou grupos se contar em classe, basta

entrega-la aos alunos destacando que sua tarefa, à imagem de quem monta quebra-cabeças, será

tentar ordenar as frases, emprestando-lhe sentido lógico. Algo, por exemplo, similar que afirmar

“É construção coisa não que de, mas fora processo o interativo de um conhecimento vem

interior” e que ordenado expressaria “O conhecimento não é uma coisa que vem de fora, mas

processo interativo de construção interior”.

Ao se envolverem no desafio que essa atividade abriga, os alunos encontrariam motivação por

ver substituída sua postura passiva de ouvinte por ação solidaria de jogador; motivados, não se

desviariam da tarefa e, portanto, estriam interessados e disciplinados, o professor economizaria

energia pois estaria substituindo tradicional discurso, por ajuda interativa e, essa aula, levaria o

aluno a falar, trocar ideias, buscar esquemas de solução e por essas vias pensar, usando

habilidades que envolveriam análise e síntese, comparação e classificação, dedução e

contextualização. Ao invés de se colocarem de forma passiva diante de um texto, estariam

exercitando esquemas de assimilação em atividade pura diante do objeto da aprendizagem,

simbolizado pelo texto fragmentado, ao qual buscariam uma estrutura lógica. Nessa atividade o

professor transformou texto em contexto, colocou em ação mecanismos de uso dos hemisférios

cerebrais direito e esquerdo e, levando a seus alunos jogo desafiador e atraente, através do

mesmo ensinou que o novo conhecimento não se sobrepõe aos conhecimentos anteriores, mas a

eles se compõe modificando-o.

Apenas uma questão o desafio nesta breve crônica proposto é incapaz de responder:
 Se é assim tão simples descobrir estratégias de ensino motivadoras e capazes de

construir significativa aprendizagem, porque permanece tão intocável e imbatível o

império da aula apenas expositiva onde se trabalha o conhecimento como “coisa”

que vem de fora, como informação com a qual se entulham e desrespeitam cérebros,

eventualmente adestrando-os, jamais estimulando atividades concretas e abstratas

com o objeto da aprendizagem?


PROFESSORES E CIRURGIÕES

Você, por acaso, soube de algum médico que após prescrever uma solicitação de exames clínicos e,

depois, ao examinar os resultados, olha desanimado para o paciente e informe:

– Amiga… Creio que a única alternativa que agora resta é sugerir que procure uma funerária!

Certamente, essa resposta é inimaginável, pois por mais grave que seja os resultados trazidos por sua

paciente, por mais aguda e periclitante que possa ser sua saúde, haverá sempre o bom conselho, o cuidado

alternativo, a esperança de recuperação. O médico, viva no país em que viver e esteja diante deste ou

daquele paciente, é sempre profissional comprometido com a esperança e, por mais aguda que seja a

situação clínica com a qual se depara, sente que a vida ainda merece sua luta, que jamais é tarde para se

renunciar a esperança.

Será que, diante do desempenho decepcionante em uma prova ou erros em demasia em um exame, o

professor age de igual maneira? A resposta infelizmente, e todos sabemos, nem sempre se parece coma do

médico. Existem, e não são poucos, os que oferecem ajuda, sugerem caminhos, acendem esperanças e

creem na recuperação, mas muitos outros, ao contrário, preferem atirar sobre o aluno a culpa do mau

ensino, a justificativa de seu fracasso docente. Muitas vezes pensa: “Ensinar eu ensinei, se não aprendeu a

culpa não é minha!”. Será que não é mesmo? Será que a dificuldade em aprender não advém do mau

caminho no ensinar? Será que a pressa, a precipitação, o cansaço, a revolta pelo salário ínfimo ou outros

atropelos da vida não joga sobre a vítima o ônus de seu fracasso?

Sinto que talvez essa questão possa ser um dos fundamentos que diferem a figura do professor da de um

verdadeiro educador. O educador, tal como o bom médico, jamais se entrega a desdita, nunca desiste do

seu paciente, jamais renuncia a certeza de que curar almas é tão importante quando curar o corpo.
O QUE ENSINAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL?

Quando se examina os conteúdos curriculares desenvolvido no Brasil, tanto em Escolas Públicas quanto

nas Escolas Particulares nos cursos de Ensino Fundamental e Médio não é difícil descobrir-se uma

relativa uniformidade. Um simples exame destes conteúdos presentes nos livros didáticos e nas diferentes

publicações dos Sistemas de Ensino mais utilizados confirma essa assertiva. Varia e varia bastante

“como” é promovido esse ensino, desde o tradicional sistema discursivo do professor, o aluno

individualizado, a lousa e seu caderno, até estratégias que envolvem recursos eletrônicos sofisticados e

textos impressos pelo próprio aluno, não muda, entretanto os conteúdos das disciplinas curriculares,

inclusive pela própria imposição de afunilamento nas provas do ENEM ou outros chamados grandes

vestibulares. Enfim, o que o aluno necessita saber ao concluir seu ciclo estudantil pré-acadêmico constitui

uniformidade nacional.

Não é, entretanto, o que se observa quando se examina os conteúdos habitualmente trabalhados na

Educação Infantil. Se acreditarmos prioridade insofismável a alfabetização e letramento pleno, assim

como uma incursão compreensiva através das operações aritméticas básicas, existem divagações sobre o

restante dos conteúdos a se trabalhar. Dependendo da natureza da instituição ou dos hábitos culturais de

cada ponto do país, não se percebe a preocupação sobre os conteúdos essenciais que qualquer criança

necessita levar para iniciar o Ensino Fundamental. Infelizmente em muitos lugares ainda prevalece à

concepção da criança como um “pequeno adulto” ou algo cujo volume de saberes com que deve chegar

ao Ensino Fundamental pode ser um punhado de informações desconectadas e irrelevantes, pois que

somente a partir desse nível e como professores especialistas irão entrar com seriedade no mundo do

saber.

É evidente que existem exceções, mas são estas de tal forma incomuns, que parece impossível se

estabelecer um padrão de como está ocupada à mente de uma criança ao terminar a sua Educação Infantil

e, pior ainda, se este padrão em condições excepcionais existe para alguns, serão os mesmos atropelados

pelas normas do que efetivamente se acredita ser essencial a todos. Mas, não é isso que se nota quando se

compara a Educação Infantil no Brasil como é a mesma preparada em inúmeros países que navegam por

patamares educacionais que não ousamos comparar.


Nesses países, há tempos, se superou a ideia do “adulto pequeno” e já não mais se encara a educação

infantil uma etapa irrelevante em termos de aprendizagens de conteúdos das disciplinas curriculares. Em

face desta situação, nas oportunidades em que somos convidados a falar sobre os “conteúdos” a serem

ministrados na Educação Infantil, após a conquista do letramento e do domínio das operações aritméticas

básicas, costumamos sugerir que estes devem se organizar em torno de cinco pilares que consideramos

essenciais e que jamais deixam de existir em países em que a formação da criança é encarada com

respeito e prioridade.

Enumeramos abaixo esses cinco pilares, destacando que não cabe qualquer hierarquia entre eles. Portanto:

1. A DESCOBERTA DO MUNDO DA CIÊNCIA ATRAVÉS DA OBSERVAÇÃO

REFLEXIVA DO ENTORNO.

Não é possível se estabelecer uma idade prescrita para começar a se aprender ciência. O saber científico

emoldura de tal forma a nossa vida que desde que a criança aprende a perguntar é essencial que sua

curiosidade se volte para o “por que” das coisas que observa. Por que o céu é azul? Por a rouca seca mais

depressa no varal? Porque os rios correm para o mar e não ao contrário? Porque respiramos? O que

significa dormir? Porque são verdes as folhas das plantas?

Enfim, existe um indevassável universo de curiosidade que emerge da observação infantil e que cabe aos

pais e, sobretudo, a escola canalizar. Menos importante que o volume de respostas que cada criança deve

levar para o Ensino Fundamental, é importante que prevaleça algo como um verdadeiro “culto a sua

curiosidade científica” e sua perspicácia em buscar respostas. O educador infantil nesse caso não seria a

“enciclopédia humana” que assassina o gosto da descoberta, mas o fantástico propositor de problemas, o

mágico desafiador dos caminhos para a busca pessoal de cada criança.

2. A VIAGEM PELO DOMÍNIO MAIS AMPLO DOS SENTIDOS E DE SUA

APLICABILIDADE NA VIDA PRÁTICA.

Qualquer criança explora em cada instante de seu crescimento a diversidade autônoma de seus sentidos.

Viver a infância significa cheirar, degustar, observar, escutar e experimentar o tato e essa conquista

produto do instinto de sobrevivência, é evidente, não requer aprendizagem específica.


Mas, por outro lado, quando se percebe a prevalência sobre a essência do viver em quem colhe aromas

como um perfumista, experimenta como um degustador profissional, enxerga com olhos de um grande

pintor, ouve como maestro genial e transforma a sensibilidade de seus dedos em olhos de insuperável

profundidade, sabe que com extrema simplicidade e sem grande dispêndio de tempo, a criança aprende

que ver é bem mais que olhar, ouvir é escutar é patamar acima de ouvir, falar é muito mais que apenas

dizer. Enfim, com paciência e persistência educar os sentidos não sugere possível orientação profissional,

mas uma educação para viver e para ser.

3. A INCESSANTE BUSCA PELO MISTÉRIO DA PALAVRA E PELO UNIVERSO DO

PENSAMENTO.

Não aprendemos a pensar como quem aprende a preparar um churrasco. Mas, raramente associamos a

grandiosidade do pensamento mais sensível, ético e profundo ao domínio do vocabulário. Grupos

culturais primitivos, sem língua escrita e, portanto, com reduzido vocabulário constituem pálidos modelos

de culturas que, com parcos pensamentos, quase nada edificou. A criança necessita ser desafiada a cada

instante em descobrir o supremo mistério da palavra, de sua fonética, da significação que lhe damos, da

sútil maneira como constrói sentença e reestrutura pensamentos. Qualquer criança que cresce desafiada

em se fazer um colecionador de palavras, torna-se leitor contumaz, observador arguto e carrega por toda

vida as raízes infindas dessa paixão e, por isso, vive mais intensamente e, sobretudo, em cada momento

de sua existência. Mas, tudo quanto se afirma sobre a grandeza da palavra, também se insinua no mistério

dos números. Mais que simplesmente aprender maneja-los matematicamente é essencial que a criança

aprenda a refletir sobre a magia de sua composição e a surpresa de sua relação com nos mesmos e nosso

entorno.

4. A DESCOBERTA DOS VALORES ÉTICOS E A BUSCA DE SUA INTROJEÇÃO

ATRAVÉS DE MÉTODOS DE ENSINO REFLEXIVOS.

Pais e professores são unânimes em proclamar que não existe aprender mais essencial que a

aprendizagem de valores. Constitui unanimidade entre educadores a ênfase em mostrar que organizar a

existência à luz de valores e de procedimentos significa incorporar à vida a qualidade inefável da empatia,

da resiliência, da acolhida, da paixão. Mas, da mesma maneira, como essa unanimidade se reafirma em

toda parte emerge a contradição de que educar valores é tarefa da família e não da escola, das igrejas e

não dos clubes. É esta uma ingênua simplicidade que não se percebe em nações que educam a criança
para sua autonomia, sua visão sistêmica de projetos, sua relação empática com o outro e com as

comunidades. Educar valores é papel essencial da escola laica e da escola religiosa, da escola pública e da

escola particular, da família pobre e da família rica e se o lapso dessa ação se perde na infância, é bem

possível que não se conquiste mais.

5. O ESTÍMULO ÀS INTELIGÊNCIAS E SUA APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Acreditamos que a culminância dos quatro pilares anteriores se consolida com um trabalho cuidadoso no

estímulo as diferentes inteligências humanas. Não é mais concebível ignorar o que hoje se sabe sobre a

mente humana, sua fenomenal plasticidade e sobre a incrível diversidade em seu poder de solucionar

problemas e criar coisas. Da mesma forma como na educação da criança já há tempos se sabe que o

estímulo aos músculos e ao movimento é atributo essencial a sua qualidade de vida, hoje já é possível

saber que a criação de “laboratórios de inteligências” realiza para o cérebro a mesma qualidade requerida

pelo corpo.

Dessa maneira, quanto se desenvolve um projeto contínuo de estimulação das inteligências se está

reforçando a curiosidade na busca dos porquês científicos, a plenitude da exploração dos sentidos, a

extrema sensibilidade no domínio das palavras e nas viagens do pensamento e, finalmente, a descoberta

dos valores éticos como que embutido em nossa prodigiosa inteligência existencial.
O QUE NÃO MUDA?

A primeira impressão que este título desperta é a resposta “nada”. Vivemos tempos fluidos em que nada

permanece igual ao que era antes, mesmo que em uma anterioridade próxima.

Compare, por exemplo, tudo que se tem ao redor e se refaça a pergunta. Não é complicado perceber que

governo, política, profissão, família, religião, valor ético, instrumento e tudo mais estão em permanente e

fluída mudança. Quando se volta aos olhos para trás, bem distante, se percebe que as coisas pareciam

sólidas, rígidas, inalteradas ou pouco mudadas de pais para filhos, de avós para netos. Dizer o que era

bom ou o que não era, salvo para mentes doentias, representava consenso. Era possível reclamar que não

se tinha um bom governo, que era sórdida a política corrupta, que todas as famílias tinham fantasmas

ocultos em armários, que nem todas as religiões conduziam à integridade dos costumes, que os valores

balançavam ao sabor das conveniências, mas incontestavelmente, ninguém punha em dúvida o que era o

certo.

Hoje, certezas já não mais existem.

Vivem-se tempos fluídos onde prevalece à busca da individualidade das opiniões e, mesmo estas, mudam

a cada instante, dependem de cada circunstância. Quem ousa proclamar o bom ou bem, o belo ou o justo

sabe que proclama para alguns e que outros podem com igual validade proclamar pelo ruim, pelo mal,

pelo feio que aos que o amam bonito parece e pela injustiça de se achar que existe justiça unânime. Por

acaso, ao fazer estas ponderações estamos reclamando? Evocando uma volta ao passado? Clamando pela

solidez que se diluiu em líquido e que assim se amolda ao formato de seu frasco? De maneira alguma.

Se tudo muda, se em nos mesmos sentimos a inevitável avalanche da mudança porque reclamar? Como

não sorver a certeza de que a complexidade dos tempos de agora se faz densa, persistente e difícil para ser

desfeita ou para ser ao menos compreendida? Prevalece à incapacidade em se escolher entre a atração e a

repulsa, entre a esperança e o pragmatismo da certeza e tudo isso acaba por nos levar a tentar se adaptar a

essa onda e viver os tempos que nos resta viver descobrindo que se tudo muda nada nos resta senão

mudar. Mas, espera lá?


Surge no horizonte algo estável, imutável. Algo perfeitamente igual ao que era ontem. Prevalece assim a

salas de aula com carteiras fixas, a lousa desenhada à frente e a frente da mesma o mestre expondo,

falando, repetindo como se não mais existisse o Google, como se Internet tivesse sido proibida pelo

Grande Irmão. Existe algo no horizonte que simboliza a solução para o problema da quadratura. Algo que

garante que comer o bolo, equivale a preserva-lo, desfrutar das delicias do agora é se prender a

imutabilidade do ontem. Esse algo é a risonha e franca escola brasileira. Afinal, muda o conceito de

beleza, muda o valor do aprender e saber materializar o que aprendeu, muda o olhar sobre a arte, muda a

sistemática que envolve os relacionamentos humanos e, é claro, nessa onda muda o governo, a política, o

exercício da profissão, a família, a religião, os valores éticos, e principalmente os instrumentos que nos

cercam. Só a escola brasileira não muda. Em suas mágicas salas o tempo se congela. Nada se altera.
SABOROSA MANEIRA DE ENSINAR, PÉSSIMA FORMA DE APRENDER

A aula expositiva sempre foi e sempre será uma gostosa maneira de ensinar, pois permite ao professor

transmitir a mesma mensagem para muitos, impõe a tirania do discurso, enaltece a vaidade de sentir-se

proprietário do saber e do conhecimento. Como não enaltece o protagonismo, obriga a plateia à

onipresença do silêncio e, de tantas vezes repetidas, impõe a quem pensa que ensina uma rotina que,

quando ocasiona cansaço, é apenas o esgotamento físico de se falar inutilmente a mesma coisa, inúmeras

vezes. Mas, se esse sistema de aula tão popular e antigo é sinônimo de conforto ao emissor, representa a

pior maneira de aprender, desde quando foi possível observar a mente humana em processo de

transformação causada pelo conhecimento.

O que aqui se afirma não representa opinião pessoal de quem sempre foi inimigo dessa estratégia hostil.

Estudos neurológicos que celeremente avançam mostram que a exposição de alunos a repetidos discursos

nada representa para sua cognição e inteligência e significa muito pouco para a memória e a

materialização do aprender em fazer. A aula expositiva é saboroso conforto para professores que odeiam

se transformar, mas é, ao mesmo tempo, galopante frustração para alunos que buscam se transformar. Se,

por exemplo, um professor dividir seus alunos em três grupos, sugerir ao primeiro que insista em repetir

um conceito muitas vezes, propor ao segundo que imagine esse mesmo conceito envolvido em ações

cotidianas do dia a dia, solicitar ao terceiro que busque transformar o conceito em imagens, como se o

assistisse em um filme ou novela, e, depois de algum tempo, avaliar o desempenho de cada grupo,

repetindo essa avaliação em uma semana e, depois, em um mês, descobrirá que o primeiro grupo

apresentará resultado pífio e memória apagada em detrimento do poder de conexões e domínio de

memorização dos demais grupos.

Experiências como essas não são inéditas. Encontram-se ao alcance e foram realizadas em lugares de todo

o mundo, com alunos de todas as idades. Diante da cristalina certeza das vantagens dos segundo e terceiro

grupos em relação ao primeiro, descobre-se a inutilidade enervante da aula expositiva e a solene e

incontestável superioridade da aprendizagem pelos caminhos da imaginação ou do domínio perceptivo

ocasionado pelo exercício da contextualização. E, então, onde fica o professor em tudo isso?
A resposta é simples: escorado na comodidade da ação saborosa que não serve para coisa alguma ou

apoiado pela certeza de que ensina a pensar, imaginar, transferir e se transformar. O que vale mais? Ser

inútil e não ajudar ninguém a nada ou descobrir sua identidade e semear o saber?

Artigo publicado na Revista Profissão Mestre na edição de setembro de 2014.


REPROVAR OU NÃO REPROVAR?

Grande parte dos professores, seja qual for o nível de ensino em que atua, defende a ideia da reprovação

de alunos que não alcançam as metas de aprendizagens essenciais ao curso. Buscam destacar, de maneira

simplória, entretanto realista, que motorista sem qualificação é drama para si mesmo e para os outros e

que cozinheira que não sabe cozinhar, envenena e envenena-se. Além disso, afirmam que sem o temor da

sanção os alunos se desmotivam, a indisciplina assola e o prêmio da promoção automática nível os maus

aos bons e, dessa forma, engana a família e ilude o aluno. Alguns professores que contra a retenção se

colocam também possuem argumentos sólidos. Lembram que o temor do insucesso castra a

espontaneidade e que oferecem ao professor um instrumento cruel de controle de interesses, além de

induzir o aluno à cola ou a outros subterfúgios. É evidente que os dois lados possuem razões, inúmeras

além destas, e que seja qual for à posição assumida, sempre sobram resquícios de dúvida se deve ou não

existir a retenção.

Sempre nos colocamos contrários à retenção pura e simples, ainda que a ameaça de um verdugo ajude a

disciplina em sala de aula, mas sempre nos colocamos contrários a uma singela postura que clama pela a

aprovação automática. Essa posição, nada se relaciona com o ato de ficar em cima do muro, antes de

acreditar na força coerente de uma avaliação bem feita e de uma recuperação que, efetivamente, possa

honrar esse nome.

Dominar conteúdos conceituais, saber associá-los a vida que se vice, percebê-los ferramentas para uma
leitura do mundo e, ao mesmo tempo, conquistar a fluência na leitura, a compreensão espacial plena, a
linguagem desafiadora dos números, a força e o poder da argumentação, aprender a aprender e saber
materializar o que se aprendeu pelo bem fazer são alguns dos fundamentos que sem a escola não se
alcança e sem um domínio cognitivo seguro não se caminha e, se um aluno, estas metas não pode
alcançar que lhe seja propiciado de forma plena e ilimitada as condições para que as obtenha. A saúde
mental que a inteligência humana inspira é mais ou menos como a saúde corporal que a vida plena exige;
e se não conquistamos e não usufruímos essa saúde que se busque remédios, que se proponham
intervenções, que se procedam a exames laboratoriais seguros para que o usufruto à vida se restaure. O
que parece existir de errado na escola brasileira não é a estéril discussão entre retenção ou aprovação
automática, mas uma aguda reflexão sobre o que, efetivamente, significa “avaliar” e como de maneira
plena e integral se propiciar elementos de recuperação aos que ficam para trás. Reter um aluno que não
acompanha uma turma inspirando essa retenção em uma avaliação numérica, despótica e imperfeita e que
desconsidera a individualidade de seu estilo e a força emocional de seu ambiente é mais ou menos como
ordenar decapitação aos que apresentam colesterol alto ou aos portadores dos primeiros sinais de
insidiosa diabetes.
O RPOFESSOR E A MENTE

Qualquer pessoa vive e se refaz. Seja qual for à direção que damos a nossa existência e as nossas paixões

viver é fazer-se e cada dia que nasce nos descobre diferente do dia que passou. Diferente por uma razão

biológica, uma vez que o viver significa envelhecer a cada minuto e não há evolução sem transformação

por mais imperceptível que seja esta. Mas, além das alterações corporais, a mudança maior e que mais

sentido dá a esse se refazer são as mudanças ocasionadas pelo aprendizado. Impossível um dia de vida

sem que algo se aprenda, ainda que também mal se perceba a sutiliza dessa mudança. E é exatamente na

configuração dessa realidade que emerge com inusitado vigor a figura do mestre.

É evidente que não aprendemos somente na escola e que, portanto, muito além da função docente, o

refazer se dá pelas experiências vividas, encontros surgidos, acasos circunstanciais, mas se é verdade que

não somente o professor ensina, nenhuma outra profissão tem em sua estrutura essencial essa função. É

por essa razão que ser professor possui significado indizível e também por essa mesma razão que é

essencial que todos que foram abraçados por essa função necessitam se aprofundar na plena compreensão

do que efetivamente significa ensinar. É esse domínio que liga a profissão à neurociência e que necessita

fazer do professor um estudioso e curioso observador sobre a mente humana. Em uma sociedade que se

transborda de informações e que assim a banaliza, saber selecioná-las, transformá-las em conhecimento e

este em sabedoria é o grande desafio da modernidade e a imensa responsabilidade de qualquer professor.

Somente quando aprendemos como a mente aprende e retém o essencial no que aprendeu, podemos

verdadeiramente ensinar e quando bem ensinamos somos únicos na gloriosa missão de fazer de toda

pessoa um verdadeiro agente na missão de fazer-se a cada dia. Se houve tempo e espaço para o professor

que ditava informações, prescrevia memorizações, domina-se pela rotina de ensinar saberes dispensáveis

e descartáveis, esse tempo passou e é claramente substituído pelos novos tempos da perspectiva

neurocientífica e psicológica. Sem se modernizar e fazer do que se ensina competências e habilidades

para efetivamente se transformar, o velho professor sepulta-se na inutilidade enquanto a pessoa humana

verdadeira saúda os novos artífices na insubstituível arte de ensinar a viver. Dentro da sala de aula ou não.
PORQUE EXISTEM ESCOLAS?

Escolas existem no mundo inteiro. Com variações, que envolvem bem mais os recursos do que se faz que
propriamente a maneira como se faz, existem escolas no ocidente e no oriente, em países democráticos e
em outros de marcante pressão ditatorial. Essa presença e uniformidade internacional da escola é, no
mínimo, surpreendente. Não seria possível imaginar país onde os familiares fossem a única
transmissora da herança cultural? Seria absurdo pensar que em outro, sábios conselheiros via Internet, se
encarregassem de transmitir os postulados necessários para se bem viver? Claro que não! A escola é
imprescindível da maneira como está instituída e é por esse motivo que dessa mesma forma está em toda
parte instituída.

Mas, vale a pena insistir: Por que a escola, da forma que é, é imprescindível! Será realmente ou representa
uma convenção e simples desejo de manter nos tempos de agora o que em outros tempos se fez? Não,
rebaterão muitos. A escola é imprescindível porque a Declaração Universal dos Direitos do Homem diz
em seu artigo 26 que toda pessoa tem direito à educação e que esta deve objetivar pleno desenvolvimento
da personalidade humana e ao fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e suas liberdades
fundamentais. Além disso, prescreve que a educação deve favorecer a compreensão, a tolerância e a
amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos. Perfeito, se a escola existe por esses
propósitos e se são eles essenciais para uma cultura de paz, tudo bem. Entende-se as razões do existir da
escola e a essência incontestável de sua importância.

Mas, sobra uma pergunta: A nossa escola está efetivamente cumprindo esse desígnio? Efetivamente

trabalhamos o pleno desenvolvimento da personalidade de nosso aluno? Favorecemos em nossas aulas,

em todas elas, ações concretas que conduzam a compreensão, tolerância e amizade?

Se a resposta é afirmativa, por favor, chamem-me depressa. Necessito do alento dessa descoberta; tenho

fome e voracidade em conhecer uma escola com essa plena e incontestável razão de existir. A maior parte

das que conheço, estão bem mais preocupadas em transmitir conhecimentos, ministrar conteúdos, adestrar

habilidades que, efetivamente, desenvolver ações que possam estruturar personalidades, favorecer a

compreensão e a tolerância e ensinar a fazer amigos. Não grifamos duas vezes a palavra “ações” por

diletantismo. Achamos que “ações” são coisas diferentes de “conselhos” e nossa pergunta firma-se nessa

diferença. Que hoje ou ontem, aqui e ali, nesta ou naquela aula, o professor possa ministrar conselhos que

pretendam conduzir a estrutura integral da personalidade, não duvido. O pedido para que me chamem é,

realmente, para observar e aprender com os professores ações concretas, exercícios de desenvolvimento

da personalidade, projetos que ensinem a fazer amigos, alfabetização emocional que trabalhando

relações humanas possa realmente favorecer a compreensão e a tolerância.

Mas, seria isso possível? De que maneira os professores poderiam se engajar em um trabalho que, junto

com os temas conceituais que pensam ensinar, poderiam efetivamente trabalhar as razões cruciais de a

escola existir?
A resposta não é difícil, ainda que não possa ser a mesma para toda parte. Um trabalho consciente jamais

se distancia da contextualização desses valores à realidade do aluno e esta varia de um ponto para outro.

O que fica de unidade nessa esperança, é que as escolas que se reconstruíram na busca desse novo

ensinar, o fizeram após discussões e reflexões de sua equipe docente. Nada de importar modelos, ainda

que os estudos dos mesmos sejam imprescindível, desnecessário clamar para que o Estado faça pela

escola o que sua equipe, muito melhor que ele, pode por ela fazer. Exemplos expressivos de inclusão,

práticas de relações interpessoais, estratégias múltiplas de educabilidade emocional estão sendo

experimentadas em muitas partes e, ainda que possa existir uma dispersão em termos dos caminhos

procurados, descobre-se a firme unidade na procura.

Unidade que pouco a pouco se constrói com uma equipe de professores que almejam, sobretudo porque

aprenderam a amar sua profissão, dar dignidade a sua função e acreditar que se um amanhã melhor

desejamos, em nossas mãos e de nenhum outro profissional com tal intensidade, existe a certeza de que

basta querer.
QUANDO OS MODELOS ATRAPALHAM

Imagine sentados em uma mesa um advogado, um médico, um arquiteto, um contabilista e um professor.

Caso prefira, deixe o professor e escolha outros quatro profissionais de outras áreas quaisquer e indague a

eles, com quantos especialistas da sua área tiveram contato antes de buscarem sua formação.

A resposta é fácil antecipar. Seja qual for à carreira escolhida é grande a probabilidade de que antes de se

iniciar na mesma se tivesse apenas eventuais contatos com profissionais dessa área, circunstância que

evidentemente difere muito para o caso do professor. Encare seu caso pessoal, por exemplo: quantas

vezes antes de se iniciar na profissão travou contato com advogados? Ou com arquitetos? Mas, com

quantos professores você se relacionou antes de chegar ao magistério?

Essa circunstância enfatiza que a maior parte dos profissionais existentes no mercado não chegaram a ele

inspirados em modelos vividos, mas na essência do que aprenderam em seus estudos sobre essa

profissão, mas tal condição jamais ocorre com o professor que ao buscar sua carreira, por certo, conviveu

com centenas de diferentes professores e ainda que inconscientemente introjetaram modelos que acabam

esculpindo seu jeito pedagógico de ser. Sem nem mesmo perceberem, buscam a profissão já com posturas

de ação incorporadas para fazer a seus alunos, aquilo que a eles na ação profissional foi feito e despertou

admiração ou surpresa.

E isso é mau? Claro que sim! Por melhor que, por exemplo, tivesse sido um médico há trinta ou quarenta

anos atrás, seria um profissional absolutamente desatualizado face aos novos recursos e as incontestáveis

conquistas da medicina atual e um bom médico hoje em dia somente o é porque se acha sintonizado

integralmente com seu tempo e com os recursos que o caracterizam. O mesmo pode ser aplicado no caso

de professores. Há trinta ou quarenta anos atrás, a concepção do que era um “bom” professor é

absolutamente diferente dessa concepção nos tempos de agora.

Naqueles tempos, importante era dominar conteúdos e transmiti-los para que fossem os mesmos

memorizados; era desenvolver uma avaliação somativa e aprovar ou desaprovar alunos pela capacidade

de armazenarem informações, era ministrar aula mantendo os alunos em silêncio e suposta atenção. Hoje

em dia, essas posturas docentes são ainda incontestáveis?

Será que bom professor não é todo aquele capaz de transformar informações em conhecimento? Àquele

capaz de despertar competências, estimular inteligências? O professor que sabe valorizar o diálogo e
promover situações de relações interpessoais? O interrogador, desafiador, propositor de problemas? O

profissional que, efetivamente, sabe construir saberes a partir da representação de seus alunos? O mestre

capaz de trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem? Todo aquele capaz de ensinar o

aluno a usar a integridade de seu cérebro através de diferentes habilidades operatórias? O bom professor

não quem é capaz de construir e planejar dispositivos e sequências didáticas e de envolver os alunos em

pesquisas e em projetos, administrando a progressão da aprendizagem? Não representa condição

inconteste de qualidade docente conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação? Ser

profissional eficiente em educação não é se mostrar capaz de seduzir seus a alunos a se envolverem na

aprendizagem e, portanto na reconstrução e compreensão do mundo? Ser plenamente apto em perceber

novas formas de se pensar e trabalhar o currículo permitindo que os estudantes possam dominar e fazer

uso de novas tecnologias e assim vivenciar e superar os conflitos de seu entorno e da relação interpessoal

de seus integrantes? Conhecer diferentes estratégias de ensino, dirigindo diferentes situações de

aprendizagem?

Nada temos contra modelos e será sempre válido e reconfortante mantê-los em nossa lembrança, mas

antes de incorporá-los existe a certeza de que os tempos são outros e de que nada faz mais por um bom

profissional que, efetivamente apreender a filosofia e a essência de uma profissão e exercê-la de acordo

com as mensagens e os recursos de seu tempo.


O CEREBRO E A SALA DE AULA

Até os anos noventa do século passado pouco se conhecia sobre o cérebro humano e sua admirável

capacidade de colher informações, transformando-as em conhecimento e de sua sagacidade em transferir

experiências vividas ou apreendidas para solucionar novos desafios. O avanço das Ciências da Cognição e

o desenvolvimento de novas técnicas de captação de imagens que nos permite ver a atividade cerebral

enquanto ocorre e detectar com precisão quais a estruturas envolvidas, mudaram não apenas alguns

conceitos médicos, mas interferiram sobre o que se conhece sobre aprendizagem e memórias e, dessa

forma, como trabalhar saberes em sala de aula. A lista que aparece a seguir sugere algumas das

interessantes conclusões sobre a mente humana e que devem ser levadas em consideração quando se

ministra uma aula, seja qual for o nível de idade do aluno, ou os conceitos que se busca construir.

1. A educação infantil é tudo, o resto quase nada.

O cérebro humano é capaz de aprender em qualquer idade, mas reveste-se de notável importância a

educação que se recebe desde o nascer, até os primeiros anos de vida e o reconhecimento das agudas

modificações cerebrais que se processam após a puberdade.

2. A imperativa certeza de que cérebro que não se usa é órgão que se perde.

Uma pessoa normal nasce dotada de tecido cerebral complexo e com capacidade para diversificadas e

múltiplas conexões, mas se esse tecido não é desafiado através de estímulos significativos que atingem a

percepção sensorial e depois não se utiliza intensamente essa modificação, ocorre uma atrofia ou perda

dessas funções. Em síntese, a escolaridade convencional pode ter limite, a aprendizagem jamais.

3. A plasticidade limitada e a flexibilidade das mudanças pela intervenção do mediador.

Bebês ou crianças pequenas podem sobreviver ou se desenvolver mesmo com comprometimento de uma

parte do cérebro, mas à medida que passam os anos, esta flexibilidade diminui e fica bem mais difícil

compensar capacidades e funções perdidas. É importante que se preserve boas amizades por toda vida,

mas a amizade imprescindível é a que, até os trinta anos, desafia, instiga, ousa.

4. A importância de estímulos procedimentais e de experiências concretas.

A plasticidade cerebral que nos faz aprender admite que tudo quanto se assimila chega através de

experiências concretas do sujeito sobre o objeto do conhecimento, mas chega também pela observação e
constatação dos exemplos que se conquista dos modelos que se observa e com os quais a vida nos propõe

conviver. Estímulos procedimentais não substituem estímulos experimentais, mas estes também não

substituem aqueles. Ambos são imprescindíveis.

5. O reconhecimento pleno da individualidade e do talento humano.

A complexidade das zonas e das redes neurais, cada uma orientada para capacidades bastante específicas,

destaca que alguns indivíduos sejam dotados de potenciais e talentos muito acima da média dos demais e

como as aptidões são relativamente independentes, ninguém é absolutamente bom em tudo que é

necessário para bem viver, mas possui excelência em uma ou outra capacidade. A avaliação do ser

humano não pode jamais se centrar em uma ou apenas algumas capacidades.

6. As sensíveis diferenças entre o homem e a mulher.

Além de evidentes disparidades biológicas e de papeis sociais que em muitos pontos se opõe, o cérebro

masculino e o cérebro feminino apresentam diferenças hemisféricas sensíveis que interferem na forma

como percebem e como acolhem a compreensão e a relação da pessoa com o mundo. Em outras palavras,

homens e mulheres podem fazer uma mesma leitura de seu tempo e de seus personagens, mas

compreendem essa leitura de forma singularmente diferenciada.

7. O incrível papel das emoções na fixação de conhecimentos.

Impossível deixar de reconhecer o imperativo papel da emoção no processo de aprendizagem e as pessoas

com capacidade limitada em codificar emocionalmente suas experiências, apresentam problemas em reter

e se transformar pela aprendizagem. Emoção não somente se ensina, mas sem a mesma pouco se aprende.

Essa lista, muito longe de se acreditar completa, não pode ser vista com indiferença e nem mesmo como

receita por este ou por aquele professor. Ao contrário, identificada como resposta da ciência pelo que hoje

se sabe, deve transformar-se em instrumento de reflexão e imperativo de discussões entre toda equipe

docente.
UM DRAMA E TRES PERSONAGENS

Minha impressão sobre essa aluna? A pior possível! Apática, desinteressada, revela sérias dificuldades em

aprender e agudos problemas de memória, pois somente assimila após desgastante insistência e, menos de

um mês depois, já não mais é capaz de se lembrar do que sabia. Além dessas dificuldades de

aprendizagem e retenção, não se interessa por nada, passando pelos fatos sem aos mesmos se ligar.

Durante as aulas mergulha em seus devaneios e o que ouve, entra por um ouvido e mais que depressa pelo

outro sai. Incapaz de acompanhar o desempenho dos colegas mais fracos de sua turma, não pode

permanecer na série e que se encontra e somente uma avaliação absurda, se é que houve alguma

avaliação, poderia explicar porque está na classe em que está.

– Minha impressão sobre essa aluna? A melhor possível! Dinâmica, interessada e protagonista de todos os

desafios propostos, aprende com imensa facilidade e revela uma curiosidade sem limites. Com genial

poder de associar o que aprende ao mundo real, é destaque onde quer que se apresente, admirado pelos

colegas e de méritos reconhecidos pela maior parte de seus professores. Proprietária de uma memória

dinâmica sabe descobrir o que aprendeu para contextualizar diante do que deseja saber. Na aula, se

mostra muito organizada, ouvindo com atenção e esforçando-se sempre para ajudar colegas com mais

dificuldades. Embora com a mesma idade de seus colegas, pensa, pesquisa, cria e aplica como os

melhores alunos de séries mais avançadas. Em um sistema escolar em que o nível intelectual e corporal

dos alunos fosse aferido pela competência e pela dedicação, certamente estaria em série mais adiante.

– Esperem um pouco. Por favor, ajudem-me a compreender. Ouvi com atenção o seu depoimento,

professora Marlene, e com igual atenção também ouvi o relato do professor Eduardo. Estou atônito sem

entender nada, ou envolvido por uma perversa brincadeira de vocês dois. É da mesma aluna que se

referem?

– Surpresa e vítima de brincadeira é como também me sinto, senhor Diretor. Fui sincera e busquei ser

transparente ao falar da Tânia Mara. Sei que é péssima aluna e confesso que não compreendo o absurdo

desse julgamento feito pelo Eduardo, meu colega da Educação Física. Como pode descrever essa menina,

afrontando minha forma de percebê-la. Então dúvida que Tânia Mara é a pior aluna da classe? Reafirma

as tolices com que há pouco a elogiou?


– Prezada colega Marlene. Senhor Diretor. Nunca fui tão sincero como agora sou e em meus pensamentos

existe apenas a certeza da coerência e a clareza da verdade. Tânia Mara é aluna inteligente e dedicada,

adolescente admirável esperta e criativa. Dedica-se com extremo vigor a todas as aulas quando se

descobre protagonista e não apenas ouvinte, quando suas competências e inteligências são instigadas e

exigidas e não omitidas pela mediocridade de repetições maçantes. Aprende com extrema facilidade a

graça dos movimentos corporais e domina com esperteza e criatividade a linguagem dos sentidos. Possui

excelente memória para reter tudo quanto efetivamente tenha significação e aplicar o que guardou para

transformar-se e transformar o mundo real em que vive e modela, critica e intervém…. Quem se interessa

pela linguagem dos movimentos e bem a aprende, aprende com igual facilidade qualquer conteúdo, de

qualquer disciplina, quando motivada.

– Calma lá, professor Eduardo. A Tânia Mara pode ser excelente e dinâmica na Educação Física que o

senhor ministra, mas é péssima aluna na Língua Portuguesa que ensino…

– Não, professora Marlene. Desculpe o incômodo da correção, mas não existe inteligência aguda sem

desafio, significação plena sem protagonismo, excelente memória particularizada em apenas alguns itens.

A qualidade da verdadeira e significativa aprendizagem, de qualquer aprendizagem, e a excelência de

todas as memórias humanas estão sempre associadas à plenitude da motivação e não as especificidades

das disciplinas curriculares. Desculpe, mas não é a Tânia Mara que é má aluna, são suas aulas e seu

conceito de educação que não evoluiu. Nenhuma pessoa verdadeiramente inteligente não se sente

sonolenta e apática diante de aulas mortas, temas maçantes, memorizações inconsequentes. Aprenda a

dar mais vida às suas aulas e, depressa, perceberá quanto Tânia Mara e todos os seus alunos

desabrocharão…

– Professora Marlene, professor Eduardo. No debate aberto, não há como ser neutro e não cabe a

hipocrisia de não tomar partido. O Eduardo tem razão, todos os seus alunos, todos os professores desta

casa e esta direção já perceberam que na linguagem serena e na harmonia sincera dos movimentos

compreendidos, se revela a força da inteligência humana e que sem estímulos desafiadores não existe

compreensão do cérebro e ação do corpo. Quem aprende a aprender, apreende qualquer conceito de

qualquer disciplina e os aplica em qualquer situação desafiadora. O mundo reverencia os Jogos Olímpicos

como forma explícita da diversidade e da grandeza da inteligência e da superação humana. Falta apenas a

teimosia de alguns professores para assumi-la plenamente.


ADMIRAVEL MUNDO NOVO

“Admirável Mundo Novo” é nome de um romance, que li pela primeira vez, aos vinte anos e que, de

tempos em tempos, gosto de mais vezes o saborear. Escrito pelo genial Aldous Huxley e publicado pela

primeira vez (1932) cinco anos antes de meu nascimento, relata um hipotético futuro onde as pessoas são

biológica e psicologicamente pré-condicionadas a viverem em harmonia com a leis e com as regras

sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas.

Romance escrito por um poeta sonhador, teimava em desejar olhar para o amanhã com esperança de paz,

ainda que para pessoas como que robotizadas pela alienação. Inspirado pela esperança do autor, mas

desapontado com a maneira cruel como via a conquista dessa paz, fiz-me professor e, após bem mais de

cinquenta anos dedicados ao ensino, atrevo-me a discordar de Huxley, ainda que pensando que o mundo

novo que aguardo chegar possa ser realmente admirável, ainda que por caminhos diferentes.

Assim, quando retomo ao hábito rotineiro dessa leitura, creio que é perfeitamente factível esperar por um

mundo novo e admirável, mas consolidado não pela educação que temos, mas por outra que sonhamos e

esperamos. Chega-se, então, o questionamento. O que existe de errado na educação que temos? Como

faze-la se aproximar da que merecemos e, por enquanto, apenas esperamos?

Não ouso pensar em receitas mágicas, mas trazer para meu país o que, há tempos, já se pratica em alguns

países com excelente e admirável educação. No Brasil, com raras e esquálidas exceções, se pensa

educação entulhando a mente dos alunos com informações, organizadas através de um pesado e indigesto

currículo. Informações matemáticas, linguísticas, geográficas e outras tantas que transforma o bom

estudante em “intelectuoide”, mas não o faz mais homem, não o ajuda a efetivamente “aprender a ser”.

Ao se comparar a estrutura curricular brasileira básica descobre-se uma enorme listagem de disciplinas,

sempre voltadas para que o aluno possa melhor conhecer, mas não melhor viver. Nos países ao qual de

passagem nos referimos inexiste a matemática que não desperte a consciência sobre regras, a história que

nos mostra que a passagem humana pela terra não pode separar os saberes dos valores, a geografia que

mostra que a diferenças entre países ricos e pobres situa-se menos nas suas economias e mais, muito mais,

na sua formação ética, na sua consciência cidadã. Difícil essa mudança? Fácil, seguramente não é, mas

indiscutivelmente plausível. Seu preço? Olhar para as crianças de agora e sonhar com Huxley. Não nas
castas que propôs, mas no insubstituível título de sua obra. Uma nova e ousada educação nos permitirá

sabermos o que nos espera. Finalmente, um mundo novo. Um admirável mundo novo.
CAIXA DE OVOS

“Caixa de ovos porque, à imitação desse produto, os professores não se integram, não formam equipe,

não vestem igual camisa, não transpiram pelo mesmo time. Cada um é intocável na sua unicidade, não

transfere o que sabe e não aceita que a si outros transfiram.”

Pode não ser regra geral, mas não deixa de acontecer, não apenas na escola, mas em muitos outros

grupos, no campo profissional, nas comunidades religiosas e até mesmo na família. Não é raro que, ciente

do seu valor ou individualidade, muitos se fechem, com medo de repartir experiências ou de ser superado

por alguém mais capaz ou esforçado.

Muito ruim quando não se consegue sentir-se parte de um todo, responsável também pelo resultado de um

projeto maior.”Penei tanto para construir, planejar, realizar isso e vou entregar de mão beijada para quem

só quer se aproveitar dos outros?”

Verdade que há pessoas assim. Eu mesma vi um texto meu, criado especialmente para uma avaliação de

Língua Portuguesa, ser usado por outra professora. Tudo bem, se ela me pedisse; nem precisaria dar-me o

crédito. Mas ela escreveu o próprio nome como autora. E foi muito elogiada!

Claro que existem diferenças entre as pessoas: personalidade, comportamento, pontos de vista,

convicções, valores, até idiossincrasias que se confrontam e causam conflitos que interferem na

convivência, sempre uma arte difícil! Mas, nem por isso precisamos nos isolar em nosso cubículo interior,

só faltando a plaquinha “Não perturbe!”


QUEM É?

Quem é esse estranho personagem?

Homem ou mulher, velho ou moço, que em sua ação é ao mesmo tempo músico e regente?

Quem é essa estranha figura que em seu trabalho chora e ri, fala e escuta, conta e encanta?

Quem é esse ator que precisa entusiasmar o grupo e ao mesmo tempo atender o apelo individual?

Precisa manter a ordem sem perder a serenidade; falar a todos, ouvindo a cada um?

Quem é esse estranho personagem?

Quem possui a indômita magia para ajudar que todos desabrochem e se expressem, aprendam e se

transformem, construam e sonhem?

Quem é esse estranho malabarista que necessita se equilibrar entre conteúdos e competências, limitando

excessos, favorecendo autonomia, acordando inteligências, provocando pensamentos?

Quem é esse anjo que empresta a filho dos outros, o tempo que para os seus não tem e que cobrado pelos

desafios da vida sempre dura, não consegue apagar a emoção que a rotina propicia?

Quem é esse estranho personagem?

Que necessita sempre resolver, saber, decidir, propor, desafiar sem oportunidade de perder o instante, sem

o recurso de deixar para depois?

Quem possui essa aura para esgotado, renovar esforços; combalido encontrar energia? Quem pode, ao

entrar em cada classe, refazer-se novo como se aquela fosse a única?

Quem é esse estranho personagem?

Que aprende a empatia que ensina, pratica a solidariedade que prega, administra a progressão do currículo

que deseja, avalia com olhar abrangente, vibra com sucessos que não são seus.

Quem é esse distribuidor de sementes que não colhe para uso próprio os frutos que plantou?

Quem é esse estranho personagem?


Quem é esse teimoso otimista que confia no aluno, que acredita no amanhã, que espera sempre pelo

sonho?

Quem é esse estranho personagem?

Se ignorar a resposta, busque no espelho prezado professor…


EDUCAÇÃO E MUDANÇA

Existe uma perversa tendência de alguns professores pensarem a ideia de “mudança” atrelada à tecnologia

e, dessa maneira, verbos como “” ou “inovar” sempre aparecem associados a novos recursos eletrônicos

que olham como “coisas do passado” livros de papel, cadernos, lousas, lápis e canetas. Para estes, a

mensagem da renovação denomina-se ensino on-line, tabletes, lousas eletrônicas e teclados. Não se pode

afirmar que é essa uma concepção de ensino absurda, mas seguramente nos parece ser uma ideia

incompleta.

É evidente que os recursos tecnológicos estão mudando conceitos usuais e é mais evidente ainda que em

dez anos ou ainda menos não mais se pensará “sala de aula” com os elementos com que é agora a mesma

percebida. O que parece, entretanto, essencial é acreditar que se não houver radical mudança na “pessoa”

do professor, surgirá inseparável abismo entre seus pensamentos e os recursos eletrônicos que agora

chegam. É importante acreditar que toda mudança tecnológica somente assume contorno de verdadeira

mudança comportamental quando é antecedida de significativas mudanças mentais. E outras palavras,

mudança real e efetiva significa mudança na maneira de pensar, para somente depois se assumir com

plenitude a riqueza e a diversidade tecnológica.

Essa mudança na maneira de pensar do professor necessita se apoiar em alguns indicadores sólidos, isto é,

nada se muda quando se ignora “o que mudar” e, nesse sentido, propomos como passo inicial de uma

verdadeira mudança nesse pensar, pelo menos cinco indicadores que estruturam toda escola e que balizam

a ação de todo professor: A “Aula” que ministra o “Conteúdo” que transforma em conhecimento, a

“Postura Desafiadora” que assume a “Multiplicidade de linguagens (ou inteligências) que instiga” e,

finalmente, a “Avaliação Significativa” que promove.

Não mais se pode acreditar que uma Aula se transforme em relato expositivo, frio e cruel, de saberes que

o aluno passivamente ouve. É essencial que o professor estude outras maneiras de ministrar aula e que

sempre as credite capaz de gerar protagonismo ilimitado do aluno, sua fala articulada e centrada no tema

desenvolvido, a efetiva construção de novas significações e a exploração ilimitada de múltiplas

habilidades operatórias. Aula que se ocultar desses princípios se transforma em suplício para quem

ministra e martírio para os que são obrigados a recebe-la.


O Conteúdo ensinado necessita se acompanhar de “cheiro” e “gosto” de vida e, dessa maneira, sempre se

incorporar aos fundamentos que envolvem o aluno em sua vida, seus desafios e suas relações. Não mais

pode existir uma “História”, uma “Geografia”, “Literatura”, “Matemática”, “Ciência” ou “Arte” que se

afaste do cotidiano que não ajude o aluno a olhar e compreender o mundo que o cerca e as pessoas que

descobre.

Tempos atrás a postura do professor diante de seus alunos era invariavelmente a do “proprietário do

saber” e “inquisidor de memórias”. Para professores desses tempos, o ponto de interrogação representava

apenas a arma com que aferia e feria seus alunos e sua aula expunha temas que eram essências de se

guardar. Não mais se concebe postura similar e o professor dos novos tempos necessita menos ensinar e

mais ajudar o aluno a aprender, menos cobrar repostas prontas e mais provoca-las, fazendo do ponto de

interrogação sua arma e a alma de sua aula. Da mesma forma, o professor de anteontem era o mestre do

texto e apenas nesta linguagem acreditava. Seus desafios eram textos, as provas cobravam textos o

sucesso da aprendizagem era pelos textos (orais ou escritos) avaliados. Não mais se aceita a restrição

desse limite. O novo aluno possui estilo de aprendizagem múltiplo e, dessa forma, requer a palavra e o

pensamento, a foto e mensagem, o texto e a ilustração e, assim, não prioriza esta a aquela inteligência,

pois o uso de todas representa sua ferramenta de um novo aprender.

Essas mudanças não são difíceis de implantar e, menos ainda, difícil de encontra-las. Difícil é acreditar

em coletiva vontade de se transformar e assim, verdadeiramente viver. É claro que se o professor se

moderniza em sua aula, seu conteúdo, sua postura e suas linguagens, fluirão como consequência

inquestionável também mudança em sua avaliação.

Professor com esses requisitos e livres para aspirar esses pensamentos será sempre um professor

admiravelmente moderno, mesmo em sala de aula aonde sequer a luz elétrica chegou.
PROFESSORES E PROFESSAUROS

QUANDO O ANO LETIVO SE INICIA:

PARA O PROFESSOR

É uma oportunidade de aprender e crescer, um momento mágico de revisão crítica e decisões corajosas.

PARA O PROFESSAURO:

É o angustiante retorno á uma rotina odiosa, o eterno repetir amanhã, tudo quanto de certo e errado se fez

ontem.

QUANTO AO ACOLHIMENTO DOS ALUNOS:

PARA OS PROFESSORES:

Alegria de percebê-los cada vez mais sábios e curiosos. A certeza de que não os ensinarão e sim

contribuirão de uma forma decisiva para iluminar suas inteligências e afiar suas competências.

PARA PROFESSAUROS:

Nada mais do que ter que encarar chatíssimos clientes, que transformados em espectadores pensarão

sempre mais na disciplina que na aprendizagem, na vagabundice que no crescimento interior.

QUANTO AS AULAS QUE IRÃO MINISTRAR.

PARA OS PROFESSORES:

Um momento especial para propor novas situações de aprendizagens pesquisadas e por meio delas

provocar reflexões, despertar argumentações, estimular competências e habilidades.

PARA OS PROFESSAUROS:

Nada além da repetitividade de informações que estão nos livros e apostilas, e a solicitação de esforços

agudos da memória para acolher o que se transmite, ainda que sem qualquer significação e poder de

contextualização ao mundo em que se vive.

QUANTO AOS SABERES QUE SE TRABALHARÁ:


PARA OS PROFESSORES:

Um volume de informações que necessitará ser transformadas em conhecimento, uma série de veículos

para que com eles se aprenda apensar, criar, imaginar e viver.

PARA OS PROFESSAUROS:

Trechos cansativos de programas estáticos que precisam ser ditos, ainda que não se saiba por que fazê-lo.

QUANTO A VIDA QUE SE VIVE E OS SONHOS QUE SE ACALANTA:

PARA OS PROFESSORES:

Desafios a superar, esperanças a aguardar, conhecimento para cada vez mais aprender, a fim de fazer da

arte de amar o segredo do viver.

PARA OS PROFESSAUROS:

A rotina de se trabalhar por imposição, casar por obrigação, fazer filhos por tradição. Empanturrar-se para

se aposentar o quanto antes

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