Você está na página 1de 7

OSTENSIVO DGPM-501

CAPÍTULO 14
ASSESSORIA E APOIO EM SITUAÇÃO DE ÓBITO
14.1 - PROPÓSITO
Sistematizar o procedimento que deverá ser adotado pelas Organizações Militares
(OM), nas atividades de assessoria e apoio:
a) aos familiares, em situações de falecimento de militares e servidores civis em serviço
ativo; e
b) aos militares e servidores civis da ativa, em virtude do falecimento de seus
familiares.
14.2 - APRESENTAÇÃO
Morte, do ponto de vista físico, é o que ocorre quando cessa a vida de um indivíduo,
seja por causas naturais (senilidade), seja por motivos acidentais ou causas externas
(doenças). A morte é inevitável a todos os seres humanos, por isso, é importante manter
profissionais (oficiais, praças e/ou servidores civis), aptos a prestarem toda assessoria e apoio
necessários neste momento.
É importante destacar que é competência do médico noticiar aos familiares quando o
óbito acontece no hospital. Santos (2009) expõe sua posição ao dizer que o médico enquanto
líder do sistema de saúde é o responsável direto por informar os familiares sobre a morte.
Quanto à atuação do profissional de Serviço Social, a Lei nº 8.662/93 não prevê como
competência ou atribuição do assistente social a execução de tarefas de caráter meramente
burocrático e administrativo, ou seja, assessoria nos casos de óbito ou a transmissão da notícia
aos familiares. Nesse sentido, cabe-nos afirmar que o assistente social não possui qualificação
técnico-científica para esclarecer aos familiares e demais usuários sobre a causa mortis de
qualquer paciente.
A assessoria e o apoio em situação de óbito deverá ser prestada por qualquer
militar/servidor civil designado para esta função, cabendo esclarecer a respeito dos benefícios
e direitos referentes à situação de óbito e previstos no aparato normativo e legal vigente.
Ademais, com o intuito de auxiliar na atividade de assessoramento, os profissionais
técnicos dos Órgãos de Execução do Serviço de Assistência Social ao Pessoal da Marinha
(OES), poderão, de acordo com o seu conhecimento, sua autonomia técnica e instrumental de
trabalho, auxiliar nas matérias de sua expertise.

OSTENSIVO - 14-1 - REV.7


OSTENSIVO DGPM-501
14.3 - OBJETIVOS
a) Detalhar os procedimentos a serem adotados pelas OM dos militares/servidores
civis; e
b) Orientar os militares e servidores civis encarregados de prestar assessoria em
situação de óbito.
14.4 - PÚBLICO-ALVO
Militares e servidores civis encarregados de prestar assessoria às OM, e apoio aos
militares e servidores civis no serviço ativo e a seus familiares em situações de óbito.
14.5 - DESENVOLVIMENTO
14.5.1 - Regras gerais
A assessoria às OM e apoio aos familiares será realizada por oficial, praça ou servidor
civil a ser designado pelo Comandante/Diretor, com a orientação técnica dos respectivos OES,
de acordo com a distribuição prevista no anexo A. A designação da função colateral de oficial,
praça ou servidor civil será efetivada por meio de Ordem de Serviço.
14.5.2 - Perfil do oficial, praça ou servidor civil a ser designado
Em situação de óbito de militar ou servidor civil da ativa, observa-se, além da
consternação pela perda, dúvidas em relação aos procedimentos para comunicação à família e
às providências com serviços funerários, sepultamento, translado, documentação e demais
atividades decorrentes.
Assim, deverá ser designado oficial, praça ou servidor civil, para assessorar o titular
da OM quanto às providências necessárias; contatos com instituições extra-MB para a
obtenção de documentos e serviços a serem contratados; orientação inicial em relação aos
direitos e encaminhamento aos setores para habilitação à pensão; dentre outros.
Preferencialmente, sugere-se que seja designado profissional com boa comunicação
oral, capacidade de pensar e agir claramente sob pressão, discreto, que transmita confiança, e
se possível, voluntário para o exercício da função.
14.5.3 - Assessoria às OM
No que concerne à assessoria ao Titular da OM, cabem as seguintes orientações por
ocasião do conhecimento do óbito de militar ou servidor civil no serviço ativo:
a) apoiar a equipe de saúde, caso necessário, no momento da comunicação de óbito e
prestar orientações iniciais para a habilitação à pensão militar ou à pensão civil;
b) efetuar a comunicação do óbito à Diretoria de Pessoal Militar da Marinha
(DPMM), ou ao Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais (CPesFN), ou ainda, no caso de

OSTENSIVO - 14-2 - REV.7


OSTENSIVO DGPM-501
servidor civil, à Diretoria do Pessoal Civil da Marinha (DPCvM); Pagadoria de Pessoal da
Marinha (PAPEM); Diretoria de Saúde da Marinha (DSM); Serviço de Identificação da
Marinha (SIM); Serviço de Veteranos e Pensionistas da Marinha (SVPM) e demais órgãos
cujo conhecimento da ocorrência seja necessário;
c) nos casos enquadrados na conceituação de acidente em serviço prevista no Decreto
nº 57.272/65, instaurar sindicância para apurar se o óbito ocorreu em serviço, observando os
procedimentos contidos na DGPM-315, em vigor - Normas sobre Justiça e Disciplina na MB;
d) providenciar a entrega dos pertences à família após inventário; e
e) contratar serviço de translado do corpo e adotar providências inerentes à sua
realização, para a localidade solicitada pela família (no caso de militar), ou para a cidade de
residência habitual, ou a sede da OM, no caso do óbito ocorrer durante viagem a serviço.
14.5.4 - Apoio à família
O apoio à família envolve a comunicação do óbito, que deverá ser feita por médico;
providências para a expedição do atestado de óbito; orientações a respeito dos serviços
funerários e serviços de instituições contratadas pelo falecido (seguros, pecúlios, serviços
funerários); informações a respeito de direitos previstos em legislações específicas; e
orientação para obtenção da certidão de óbito em cartório e orientações para habilitação à
pensão militar. Inclui, ainda, a prestação de esclarecimentos ou informações sobre serviços
especializados de saúde e Assistência Social disponíveis na Marinha do Brasil (MB) que se
façam necessários.
14.5.5 - Procedimentos e serviços relacionados a óbitos
a) Serviços Funerários
Os serviços funerários estão relacionados aos produtos e serviços utilizados no
velório, sepultamento, translado, embalsamamento (tanatopraxia) e providências para registro
do óbito. Tais serviços devem caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana, aos
seus sentimentos, ao interesse social e ao núcleo familiar.
b) Declaração de Óbito
É o documento fornecido pelo médico, atestando o falecimento e a causa da morte,
conforme previsto na DGPM-401 - Normas para Assistência Médico-Hospitalar.
A pessoa ou entidade que emitirá a declaração de óbito varia de acordo com as
circunstâncias da morte, conforme detalhado a seguir:
I) se a morte for natural e ocorrer em hospital, ou mesmo se for em casa, e o falecido
estivesse em acompanhamento médico, o próprio médico poderá fornecer o atestado de óbito;

OSTENSIVO - 14-3 - REV.7


OSTENSIVO DGPM-501
II) se a morte ocorrer de forma repentina, ou em casa sem assistência médica, a
família deve solicitar ao Distrito Policial mais próximo a remoção do corpo para o Serviço de
Verificação de Óbitos (SVO). Neste caso é o SVO que emitirá, depois dos exames, a
declaração de óbito. Em alguns Estados tal situação é atendida pelo Instituto Médico Legal
(IML); e
III) no caso de morte decorrente de ação violenta ou acidente, deve-se procurar o
distrito policial mais próximo para registrar a ocorrência, e desencadear os demais
procedimentos policiais que forem necessários. O corpo será, obrigatoriamente, encaminhado
ao IML, sendo aquele órgão responsável pela emissão da declaração de óbito e posterior laudo
de necrópsia.
O familiar ou responsável por prestar informações para a emissão da declaração de
óbito deve dispor, pelo menos, dos seguintes dados do falecido: nome completo; sexo; cor;
estado civil; nome do cônjuge, mesmo que separado judicialmente, divorciado ou viúvo;
idade; residência; local do nascimento e do óbito; profissão; números da identidade e CPF;
data e hora do falecimento (se possível); se deixou testamento conhecido; se deixou filhos
(nome e idade deles); se deixou bens e herdeiros menores ou interditos; nome, profissão, lugar
de nascimento e residência dos pais e se era eleitor.
Em posse da declaração de óbito, o familiar ou responsável solicitará a emissão da
certidão de óbito no cartório de circunscrição do local do falecimento ou no do último local
domiciliado pelo falecido. As retificações na referida certidão poderão ser realizadas a
qualquer tempo sempre que forem necessárias, mediante pagamento de custas, conforme
Tabela Judicial do Tribunal de Justiça do respectivo Estado, atualizada anualmente.
c) Sepultamento
Para o sepultamento deverá ser providenciado o pagamento de taxas no cemitério e a
apresentação dos seguintes documentos:
I) declaração ou certidão de óbito; e
II) identidade do falecido e do responsável pelo sepultamento.
d) Cremação
I) para a cremação do corpo serão necessários os seguintes documentos:
- dos responsáveis - identidade, CPF e comprovante de residência; e
- do falecido - identidade, CPF, comprovante de residência e Declaração de óbito
(assinada por dois médicos).
II) a cremação poderá ser efetuada nos casos em que:

OSTENSIVO - 14-4 - REV.7


OSTENSIVO DGPM-501
- o falecido tiver manifestado a vontade por meio de documento público ou particular.
A primeira hipótese, trata-se de Escritura Declaratória de Cremação elaborada com a presença
do solicitante no Cartório de Notas do seu respectivo Estado. Na segunda hipótese, instrumento
particular, além da assinatura de três testemunhas, deverá conter firma reconhecida e registrada
em Cartório de Títulos e Documentos;
- quando não tiver sido emitido aquele instrumento legal, a cremação só poderá
ocorrer com a autorização da família, considerando-se assim: o cônjuge sobrevivente;
ascendentes; descendentes e os irmãos do falecido, desde que maiores de 21 anos;
- tratando-se de menor ou incapaz, é necessária a autorização dos pais ou do
responsável legal;
- em caso de morte natural, a declaração de óbito, para cremação, deverá ser
assinada por dois médicos ou por um médico legista; e
- na ocorrência de morte violenta, além da declaração de um médico legista, é
necessária a autorização do Poder Judiciário local.
e) Translado
Consiste no transporte do corpo de militar da ativa ou de servidor civil, do local do
óbito para o destino designado pela família.
I) no caso de militar da ativa:
- o transporte é realizado para o Município ou Estado em que a família desejar realizar
o sepultamento;
- o transporte e demais providências necessárias, como embalsamamento e urna
zincada, serão custeados pela MB;
- a solicitação da família deve ser dirigida à OM do militar ou à Organização
Hospitalar, no caso de óbito durante internação; e
- as despesas de transporte para familiares que queiram acompanhar o corpo não serão
custeadas pela MB.
II) no caso de servidor civil, ocorrendo o óbito em viagem ou missão a serviço, fará
jus ao translado para a sede de sua OM. O transporte e demais providências necessárias, como
embalsamento e urna zincada, serão custeados pela MB.
14.5.6 - Auxílio Funeral
Consiste em um direito pecuniário devido em razão de falecimento de militar da ativa
ou de dependente do mesmo, devendo ser pago, em espécie, no prazo máximo de 48 horas
seguintes à comunicação do óbito à OM, desde que o funeral não tenha sido custeado pela

OSTENSIVO - 14-5 - REV.7


OSTENSIVO DGPM-501
União, conforme art. 76 do Decreto nº 4.307/2002.
O valor do Auxílio Funeral devido ao militar por falecimento de dependente ou
devido ao beneficiário de Pensão Militar pela morte do militar é de uma remuneração do
posto/graduação na data da ocorrência do funeral, não podendo ser inferior ao valor do soldo
percebido por Suboficial.
14.5.7 - Custeio-Funeral
No caso das despesas com o sepultamento terem sido efetuadas por terceiros, poderá
ser solicitado Custeio-Funeral à OM do militar ou servidor civil, mediante a apresentação de
Nota Fiscal, no limite financeiro do auxílio-funeral.
14.5.8 - Habilitação à Pensão
Após o óbito do militar ou servidor civil, o beneficiário deve requerer sua habilitação
à pensão militar, ou pensão civil, junto ao SVPM ou à Organização Militar de Apoio e
Contato (OMAC). Os principais documentos a serem apresentados devem ser originais ou
cópias autenticadas, conforme consta no Manual de Veteranos e Pensionistas disponível no
site da intranet www.svpm.mb e internet www.svpm.mar.mil.br, a saber:
a) certidão de óbito do militar;
b) certidão de casamento;
c) carteira de identidade do militar e da requerente;
d) CPF do militar e do requerente;
e) comprovante de abertura de conta-corrente individual em nome do requerente;
f) declaração positiva ou negativa de recebimento de rendimentos dos cofres públicos; e
g) declaração de opção de pensão, nos casos em que a requerente possa acumular
pensões ou proventos dos cofres públicos.
As diferentes condições dos beneficiários e dos vínculos funcionais estão amparadas
por legislações específicas. Assim, poderão ser solicitados outros documentos no processo de
habilitação à pensão.
14.5.9 - Situações especiais
Para óbitos ocorridos a bordo de navios; aeronaves ou decorrente de acidente aéreo;
acidente ou contaminações radioativas; em Teatro de Operações; adestramentos ou manobras
militares, deverão ser adotados os procedimentos previstos na DGPM-401 - Normas para
Assistência Médico-Hospitalar, em vigor.

OSTENSIVO - 14-6 - REV.7


OSTENSIVO DGPM-501
14.6 - FUNDAMENTAÇÃO LEGAL
A fim de permitir a busca por outras informações, encontra-se relacionada a seguir, a
legislação que fundamenta as diversas atividades aqui tratadas, bem como as normas da MB
para consulta sobre o tema:
a) Lei nº 8112, de 11 de dezembro de 1990 – Dispõe sobre o Regime Jurídico Único
dos Servidores Públicos Civis da União;
b) Lei nº 3.373, de 12 de março de 1958 – Dispõe dobre Plano de Assistência ao
Funcionário e sua Família;
c) Lei nº 3.765, de 4 de maio de 1960 – Dispõe sobre as Leis de Pensões de Militares;
d) Lei nº 49.096, de 10 de outubro de 1960 – Aprova o Regulamento da Lei de
Pensões Militares;
e) Decreto nº 57.272, de 16 de novembro de 1965 – Define a conceituação de
Acidente em Serviço e dá outras providências;
f) Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973 – Dispõe sobre os registros públicos e dá
outras providências;
g) Lei nº 6.782, de 19 de maio de 1980 – Equipara ao acidente de serviço a doença
profissional e às especificadas em lei para efeito da pensão especial e dá outras providências;
h) Lei nº 6.880, de 9 de dezembro de 1980 – Estatuto dos Militares;
i) Medida provisória nº 2.215-10, de 31 de agosto de 2001 – Dispõe sobre a
reestruturação da remuneração dos militares das Forças Armadas;
j) Decreto nº 4.307, de 18 de julho de 2002 – Regulamenta a MP nº 2.215-10/2001;
k) Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.779, de 11 de novembro de
2005 - Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da Declaração de Óbito;
l) DGPM-203 - Normas sobre Aposentadoria e Reversão de Servidor Civil (1ª REV. -
Edição 2016);
m) DGPM-303 - Normas sobre Declaração de Dependentes e Beneficiários. (4ªREV -
MOD.3 – 2017);
n) DGPM-401 - Normas para Assistência Médico-Hospitalar (3ªREV - Edição 2012 -
MOD6);
o) DGPM-315, Normas sobre Justiça e Disciplina na MB (3ªREV - Edição 2018); e
p) Lei nº 13.484, de 26 de setembro de 2017 - Altera a Lei nº 6.015, de 31 de
dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos.

OSTENSIVO - 14-7 - REV.7

Você também pode gostar