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OSTENSIVO DGPM-501

CAPÍTULO 9
PROGRAMA DE ATENDIMENTO EM MISSÕES
9.1 - PROPÓSITO
Orientar a atuação da Assistência Social no ambiente de missões, no que se refere ao
atendimento e apoio de militares e servidores civis quando empregados em operação real ou
em exercício, bem como no suporte às suas famílias.
9.2 - APRESENTAÇÃO
As especificidades da carreira militar sugerem a necessidade do desenvolvimento de
uma proposta de intervenção específica da Assistência Social para apoiar os militares e
servidores civis designados para desempenhar atividades profissionais em missões operativas
ou em outras, devido a características relacionadas à sua localização, às situações de
isolamento e/ou confinamento que impõem, bem como ao seu tempo de duração ou qualquer
outro fator significativo apontado pela Marinha do Brasil (MB), que implicam no afastamento
da família e do convívio social em função do exercício da profissão.
Destaca-se que é significativa a motivação existente nos militares quando empregados
em missões, já que essas representam para os mesmos uma possibilidade de desenvolver suas
atividades em situação real sem, necessariamente, estarem envolvidos em uma situação de
conflito. Ainda assim, muitos estímulos estressores são inerentes a essas atividades e, se não
observados, cuidadosamente, podem trazer inúmeros prejuízos, tanto individuais, quanto
organizacionais.
No que se refere às Operações de Paz, quando nossos militares são submetidos às
diretrizes da Organização das Nações Unidas (ONU), faz-se necessário um olhar mais
detalhado. Estas missões configuram-se como um instrumento dinâmico, desenvolvido para
apoiar os países devastados por conflitos, de modo a criar condições propícias para o
restabelecimento da paz. Nesse contexto, exige-se dos militares uma estabilidade emocional
que possibilite um automonitoramento de suas ações, bem como uma capacidade significativa
de adaptação a situações nunca antes vivenciadas, nos quais precisam, muitas vezes, abdicar
de suas próprias necessidades para desempenhar o papel que lhe foi designado.
Nesse sentido, temas como qualidade de vida no trabalho, estresse, motivação, trabalho
em equipe, redes sociais de apoio, direitos e deveres dos militares, vulnerabilidades
psicoemocionais, além de aspectos relacionados à cultura, história e geografia dos locais de
missão, devem permear as ações socioeducativas e socioassistenciais direcionadas a esse
público, contribuindo para o aprestamento e pronto emprego das tropas e tripulações.

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9.3 - OBJETIVOS
a) Contribuir com a preparação familiar para o período de afastamento do militar e/ou
servidor civil em missão;
b) Apoiar o militar e/ou servidor civil e sua família durante a missão para possíveis
intercorrências que possam ocorrer no período; e
c) Orientar as famílias quanto às suas demandas psicossociais e jurídicas ao término da
missão.
9.4 - PÚBLICO-ALVO
Militares e servidores civis designados para missões que demandem uma intervenção da
Assistência Social e suas famílias.
Tratando-se de Operações de Paz, serão considerados como público, obrigatoriamente,
todos os militares designados para a missão e suas famílias.
9.5 - DESENVOLVIMENTO
As atividades do programa serão operacionalizadas em três fases distintas, a saber:
preparação, apoio e desmobilização, conforme apresentado no quadro abaixo:
Fases de Momento de
Atividades Objetivo
Intervenção execução
Preparar as famílias para o período de
Antes de o afastamento do militar/servidor civil,
militar/servidor Atividades de modo a minimizar a interferência
Preparação
civil iniciar a socioeducativas de situações psicossociais e jurídicas
missão no desempenho do militar/servidor
civil durante a missão.
Apoiar o militar/servidor civil e sua
Durante o período família nas questões afetas à
Atividades
de afastamento do Assistência Social, com vistas a
Apoio socioeducativas e
militar/servidor manter a prontidão operacional e a
socioassistenciais
civil em missão eficiência do militar/servidor civil na
missão.
Desmobilização Após o regresso Atividades Orientar e auxiliar as famílias nas
do militar/ socioeducativas e questões psicossociais e jurídicas
servidor civil de socioassistenciais características do término de missões,
uma missão de modo a favorecer o retorno do

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militar/servidor civil às suas


atividades cotidianas.

De modo a viabilizar o planejamento dos Órgãos de Execução do Serviço de Assistência


Social ao Pessoal da Marinha (OES) no que se refere à elaboração de projetos e ações sociais
adequados às suas demandas, a Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM)
atualizará, anualmente ou sempre que necessário, as missões que se configuram como alvo
obrigatório do programa, bem como suas Organizações Militares (OM) coordenadoras e o
OES de referência (OES que concentrará as atividades relacionadas à fase de apoio da
missão). Para definição do OES de referência, a DASM deve considerar o OES que assiste a
OM coordenadora da missão ou aquele com maior proximidade com os seus integrantes. No
que se refere à OM coordenadora, deve-se considerar a definição e atribuições conforme
abaixo:
OM Coordenadora
OM responsável pelo tratamento dos assuntos logísticos e administrativos de
Definição
uma missão.
Atribuições - Encaminhar o militar ou servidor civil, designado para missão, ao OES que
assiste à OM de origem do mesmo (de acordo com o anexo A), para que seja
realizada a orientação social. O referido encaminhamento deverá ser realizado
ao final do processo seletivo, por mensagem, especificando a missão, bem
como o prazo para conclusão da atividade. Cabe destacar que a orientação
social deverá ser solicitada com antecedência de, no mínimo, 15 (quinze) dias
do prazo estabelecido para sua conclusão, de modo que o OES tenha tempo
hábil para sua realização. Casos excepcionais, que impossibilitem o
cumprimento do prazo, deverão ser justificados na mensagem de solicitação
da orientação;
- Informar, por mensagem, ao OES de referência da missão, com cópia para os
OES que realizaram a orientação social, a relação nominal dos militares e/ou
servidores civis que concluíram o processo seletivo e realizarão a missão, bem
como a data de início e previsão de término da mesma;
- Estabelecer um canal de comunicação com o OES de referência da missão,
de modo a facilitar o encaminhamento das demandas psicossociais e jurídicas
dos militares e/ou servidores civis e seus familiares;

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- Viabilizar, de acordo com os recursos disponíveis, a realização do trabalho in


loco da equipe de Assistência Social nas missões; e
- Apresentar, no regresso da missão, o militar ou servidor civil ao OES que
realizou a orientação social, para que seja agendada a atividade de retorno. A
referida apresentação deverá ser feita, por mensagem, até 30 dias após o
término da missão.

Para a inclusão de novas missões obrigatórias no programa, os OES deverão solicitar


assessoria técnica à DASM, por mensagem, com informação para a OM coordenadora da
missão.
Além da obrigatoriedade de execução do programa para algumas missões, os OES
poderão utilizar e adaptar o formato de intervenção proposto para elaborarem projetos e/ou
ações sociais que atendam a outras missões, de acordo com as demandas específicas de seu
público assistido. Os referidos projetos e ações sociais deverão constar nos documentos de
planejamento e monitoramento de cada OES.
9.5.1 - Preparação dos militares, servidores civis e suas famílias
A preparação será realizada pelo OES que assiste à OM do militar ou servidor civil,
por meio de atividade de orientação social a estes e seus respectivos familiares.
Nas referidas atividades, o militar ou servidor civil deverá comparecer acompanhado
de um familiar, preferencialmente, cônjuge/companheira (o) ou, se solteiro, outro familiar, ou
por aquele que responderá durante a sua ausência. As situações adversas que impossibilitem a
presença do familiar na atividade deverão ser comunicadas, previamente, ao OES para que o
militar ou servidor civil seja orientado.
Caso o familiar ou a pessoa indicada resida em outro Estado, o militar ou servidor civil
deverá informar ao OES responsável pela atividade. Este deverá solicitar, ao OES da
localidade onde estiver a pessoa indicada, a prestação de orientação e de apoio, caso
necessário.
Para realização da atividade de orientação social, os OES deverão priorizar, sempre
que possível, o trabalho com pequenos grupos, conduzidos por assistente social, psicólogo
e/ou bacharel em Direito, que deverão atuar como facilitadores. Estas atividades deverão ser
realizadas, preferencialmente, três meses antes do início da missão, de modo a possibilitar o
planejamento adequado das famílias a partir das orientações prestadas pelo OES.
Poderão ser realizadas palestras, dinâmica de grupo, entrevistas individuais, entre
outros métodos e técnicas adequados aos objetivos do trabalho e ao público participante.
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O roteiro estabelecido para atividade deverá abordar, obrigatoriamente, os tópicos elencados
abaixo, bem como outros julgados pertinentes pela equipe técnica do OES:
a) preenchimento da Ficha de Levantamento Psicossocial (anexo Y) para facilitar a
identificação de vulnerabilidades psicossociais e jurídicas, bem como manter atualizados os
dados cadastrais do usuário e seus familiares;
b) reorganização da dinâmica familiar durante o período de afastamento do militar, no
que se refere à necessidade de alterações de papéis e funções familiares, bem como do
levantamento da rede de apoio social disponível para auxiliar a família;
c) providências a serem tomadas pela família, antes da missão, no que tange à
preparação de documentos (procuração, documentos de identificação pessoal do
militar/servidor civil e dependentes, declaração de dependentes, declaração de beneficiários
individual, apólices de seguros, cópias de contratos, entre outros documentos adequados às
especificidades de cada família);
d) características especiais da missão, bem como as adversidades relacionadas que
poderão influenciar o militar ou servidor civil e sua família, no processo de adaptação à
situação de afastamento. Para tal, o OES poderá solicitar à OM coordenadora, informações
sobre a missão (características do local, meios de comunicação disponíveis, tempo de
duração, etc.), de modo a orientar as famílias;
e) recursos socioassistenciais disponíveis na MB e, se for o caso, extra-MB para apoio
ao militar/servidor civil e sua família, estabelecendo um canal de comunicação direto da
família com o OES;
f) aspectos positivos da missão, bem como as motivações pessoais e familiares que
podem favorecer o envolvimento e comprometimento com o trabalho;
g) ferramentas que possam contribuir para um adequado planejamento e controle dos
recursos financeiros advindos da missão; e
h) recursos individuais e coletivos para gerenciamento do estresse, de modo a
minimizar os efeitos dos estímulos estressores inerentes à missão.
As atividades de orientação terão validade de 6 (seis) meses. No entanto, casos
específicos poderão ser reavaliados a qualquer momento, a critério do OES ou por demanda
do militar, servidor civil e/ou familiar. Caso o militar ou servidor civil seja indicado para outra
missão durante o período de validade da atividade, o OES que assiste a OM de origem do
militar ou servidor civil deverá informar tal fato, por mensagem, à OM solicitante.

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Ao realizarem atividades de orientação social para as missões elencadas como
obrigatórias, os OES deverão remeter para o OES de referência da missão, cópia da Ficha de
Levantamento Psicossocial (anexo Y) dos usuários participantes das atividades.
Na eventualidade de serem identificados aspectos sociais, psicológicos e jurídicos,
relacionados à dinâmica familiar ou outras questões afetas à Assistência Social, julgados
momentaneamente passíveis de comprometer o desempenho do militar e/ou servidor civil na
missão, a família deverá ser convidada para um atendimento individualizado, de modo a
possibilitar a análise adequada do caso. Persistindo a avaliação da equipe quanto às
dificuldades psicossociais da família, o OES responsável pela atividade informará tal óbice,
de maneira sucinta, respeitando o sigilo profissional, por mensagem, à OM coordenadora da
missão, OM do militar, OM do OES de referência, DASM e outras OM envolvidas,
independente do encaminhamento que seja necessário ao atendimento da situação detectada.
9.5.2 - Apoio
As atividades de apoio ocorrerão durante o período de afastamento do militar e/ou
servidor civil e ficarão concentradas no OES de referência da missão, contemplando três
formas de intervenção, a saber: NAS itinerante; ações preventivas com a família; e o
atendimento de casos específicos que demandem a intervenção da Assistência Social,
conforme abaixo:
NAS itinerante
Modalidade de intervenção in loco nas missões, com uma equipe de técnicos do OES de
referência, cuja composição deverá ser adequada às demandas da missão, podendo ser
empregada por meio do embarque em missões operativas, apoio aos contingentes de
operações de paz, acompanhamento de tropas em manobras, entre outras situações. O
referido trabalho tem o propósito de identificar e trabalhar os aspectos sociais, psicológicos e
jurídicos que possam intervir negativamente no desempenho do militar em missão. Poderão
ser utilizadas diferentes abordagens metodológicas para elaboração do plano de intervenção,
enfocando o relacionamento interpessoal, o trabalho em equipe, a liderança, o gerenciamento
de estresse, entre outros aspectos identificados como importantes para cada missão.
Para realizar o NAS itinerante, o OES de referência deverá cumprir os seguintes
procedimentos:
a) realizar diagnóstico situacional da missão, com aplicação de questionários para sondagem
de demandas afetas à Assistência Social;
b) elaborar, a partir dos resultados do diagnóstico situacional da missão, uma proposta de

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intervenção in loco, adequada às demandas de cada tropa/tripulação;


c) caso o OES de referência necessite de apoio técnico para realizar as atividades, este
deverá solicitar à DASM, por mensagem, a indicação de profissionais da Assistência Social
para compor a equipe, em caráter de destaque;
d) apresentar à OM coordenadora da missão, a proposta de intervenção in loco (descrição das
atividades e composição da equipe necessária à sua execução) e solicitar, por mensagem,
com informação para a DASM, a autorização para realização de atividades nos locais das
missões; e
e) elaborar, ao final de cada atuação in loco, um relatório de acordo com o modelo
estabelecido no anexo Z. O relatório deverá ser encaminhado para DASM, por ofício, com
cópia para a OM coordenadora e OM interessadas, em até 30 (trinta) dias após o término da
atividade.
Atividade Preventiva com as Famílias
a) Contato com as famílias, preferencialmente no meio da missão, por telefone ou outro
canal disponibilizado, com o objetivo de verificar a situação familiar e prestar orientações,
caso necessário; e
b) Atividade socioeducativa com as famílias para favorecer a criação de redes sociais de
apoio e o gerenciamento do estresse.
Atendimento de casos específicos
a) O OES deverá estabelecer uma rotina de Plantão de Atendimento para apoiar as demandas
psicossociais e jurídicas referentes à missão;
b) O atendimento das demandas apresentadas deverá ser realizado com a participação de
todos os profissionais que forem necessários para o acompanhamento da situação;
c) Remanejamento de OES: caso a família manifeste o interesse em transferir o atendimento,
o OES que apoia o militar ou servidor civil poderá remanejar o atendimento para outro OES,
por mensagem, com informação para DASM e OM coordenadora da missão.
Adicionalmente, deverá ser remetida, para o novo OES, cópia de toda a documentação
relativa ao acompanhamento;
d) Nos casos em que houver a necessidade de retorno de militar e/ou servidor civil em
operações de paz, independente do fato gerador do processo, as ações administrativas serão
realizadas pela OM coordenadora da missão, cabendo aos OES, caso haja demanda, o apoio
e acompanhamento do militar, do servidor civil e de seus familiares nas questões técnicas
afetas à Assistência Social, por meio de orientações, atendimento e encaminhamentos que se

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fizerem necessários. O mesmo procedimento deverá ser observado nos casos de acidente
e/ou falecimento, seja do militar em missão ou de algum familiar; e
e) Todo caso que demandar intervenção da Assistência Social durante uma missão deverá ser
registrado na Ficha de Evolução (anexo G), a qual será anexada à Ficha de Levantamento
Psicossocial preenchida na orientação social e, após o término da missão, deverá ser
realocada no prontuário único do militar e/ou servidor civil.

9.5.3 - Desmobilização
Ao término da missão, será realizada a atividade de retorno pelo mesmo OES que
realizou a orientação social durante a preparação para a missão. Na referida atividade, o
militar ou servidor civil poderá comparecer acompanhado de um familiar, sendo este,
preferencialmente, o mesmo que participou da atividade de orientação. A atividade deverá
priorizar, sempre que possível, o trabalho com pequenos grupos, conduzidos por técnicos do
OES. A metodologia empregada deverá considerar a atuação do técnico como facilitador de
grupos e o planejamento da atividade deve incluir a abordagem dos seguintes tópicos:
a) processo de readaptação após a missão, no que se refere ao restabelecimento de
papéis familiares alterados durante o afastamento do militar/servidor civil e ao retorno às
atividades cotidianas;
b) preenchimento da Ficha de Retorno (anexo AA), de modo a padronizar a
sistematização de informações referentes ao programa, no que se refere à avaliação das
atividades de preparação e apoio, bem como à identificação de demandas psicossociais após a
missão;
c) orientações aos militares, servidores civis e familiares que sejam necessárias, em
face de dificuldades psicossociais identificadas;
d) encaminhamentos para outros setores assistenciais da MB ou extra MB, em caso de
identificação dessa necessidade; e
e) acompanhamento dos casos encaminhados e busca de alternativas para resolução
das demandas persistentes.

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