PROGRAMA DE PERMANÊNCIA, MOVIMENTAÇÃO OU REMOÇÃO POR
MOTIVO SOCIAL 11.1 - PROPÓSITO Assessorar, do ponto de vista da Assistência Social, os Setores de Distribuição de Pessoal (SDP), aos quais compete a decisão quanto aos processos de permanência, movimentação ou remoção, motivados por questões de ordem social dos militares e servidores civis, previstas como recomendáveis no escopo desta norma. 11.2 - APRESENTAÇÃO O Serviço Social tem como tarefa decifrar as formas e expressões da questão social na contemporaneidade e atribuir transparência às iniciativas voltadas à sua reversão ou enfrentamento imediato (IAMAMOTTO, 2001). No âmbito do programa em lide, faz-se necessário que o assistente social analise tais expressões, levando em consideração os aspectos sociais inerentes à mobilidade territorial – característica peculiar à carreira militar – e seus consequentes desdobramentos frente às demandas apresentadas pelos usuários. Este processo reflexivo requer considerar os limites e possibilidades da utilização eficaz deste recurso institucional no contexto de cada situação avaliada, bem como atuar de forma transparente quanto aos critérios e conclusões técnicas, de modo a estimular a reflexão dos usuários acerca de seu adequado uso, considerando suas consequências de ordem social, psicológica, cultural e financeira, que se estendem no tempo, para além do atendimento imediato. 11.3 - OBJETIVOS a) Estimular o processo reflexivo dos usuários, buscando alternativas para o enfrentamento das demandas de mobilidade territorial; b) Assessorar tecnicamente os SDP quanto aos processos de permanência, movimentação ou remoção por motivo social; e c) Acompanhar os militares e servidores civis que foram movimentados ou que permaneçam por motivo social em determinada localidade. 11.4 - PÚBLICO-ALVO São considerados usuários do programa de Permanência, Movimentação ou Remoção por Motivo Social os militares e servidores civis da ativa, de carreira, cujos pleitos estejam relacionados a eles próprios e/ou aos seus familiares, desde que os requerentes não reúnam as condições necessárias para solicitar a reserva ou aposentadoria.
OSTENSIVO - 11-1 - REV.7
OSTENSIVO DGPM-501 Este programa não se aplica aos militares temporários, integrantes da 2ª classe da reserva da Marinha do Brasil (MB). 11.5 - DESENVOLVIMENTO 11.5.1 - Procedimentos a) A execução deste programa é de competência exclusiva de assistentes sociais, aos quais caberá a elaboração de Parecer Social relativo às solicitações de permanência, movimentação ou remoção por motivo social, apresentadas pelos usuários. O parecer social para atender às situações previstas no capítulo será elaborado, apenas, por assistentes sociais militares e servidores civis da MB; b) Os militares/servidores civis que desejarem solicitar permanência ou movimentação/remoção por motivo social serão encaminhados, por mensagem, ao Órgão de Execução do Serviço de Assistência Social ao Pessoal da Marinha (OES) que assistir à Organização Militar (OM) do requerente ou ao OES indicado pela Diretoria de Assistência Social da Marinha (DASM), nos casos em que o usuário esteja afastado de sua OM por motivo de Licença para Tratamento de Saúde de Pessoa da Família (LTSPF) e/ou Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família (LMDPF). Ressalta-se que o gozo de LTSPF e LMDPF, respectivamente, por militar e servidor civil, não veda a solicitação de permanência, movimentação ou remoção por motivo social. Não obstante, o processo de estudo social no âmbito deste programa, ao término do período de LTSPF/LMDPF, não garante a permanência do usuário na localidade, de modo que o OES indicado anteriormente deverá remeter os documentos para que o OES que assiste à OM do militar possa dar continuidade ao estudo, se for o caso; c) A OM do militar/servidor civil ao encaminhá-lo ao OES, por meio de mensagem marcada com a expressão “INFORMAÇÃO PESSOAL, nos termos da Lei n 12.527/2011 e regulamentada pelo Decreto n 7.724/2012”, deverá fazer constar o tempo de serviço, com os acréscimos legais a que eventualmente faça jus; d) O parecer social que recomende a permanência, movimentação ou remoção por motivo social será encaminhado pelo OES responsável pelo processo, por ofício, para a Diretoria do Pessoal Militar da Marinha (DPMM), Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais (CPesFN) ou Diretoria do Pessoal Civil da Marinha (DPCvM), conforme o caso, via OM do militar ou servidor civil, ComImSup e SDP, quando adequado, sempre com cópia do processo para a DASM (ofício e seus anexos); e) A exceção ao acima descrito dar-se-á quando o OES elaborador do parecer social pertencer ao ComImSup/SDP da OM do militar ou servidor civil. Nesse caso, o OES OSTENSIVO - 11-2 - REV.7 OSTENSIVO DGPM-501 enviará o parecer social para a OM do militar ou servidor civil, que adotará o seguinte trâmite: DPMM, CPesFN ou DPCvM, conforme o caso, via ComImSup e SDP, quando adequado, com cópia do despacho para a DASM; f) No caso de estudo social que não recomende para permanência, movimentação ou remoção por motivo social, a decisão técnica será levada somente ao conhecimento da OM do militar e da DASM, por mensagem, marcada com a expressão “INFORMAÇÃO PESSOAL, nos termos da Lei nº 12.527/2011 e regulamentada pelo Decreto nº 7.724/2012”, encaminhada pelo OES, a ambas OM, com o seguinte texto: “INFORMAÇÃO PESSOAL, nos termos da Lei nº 12.527/2011 e regulamentada pelo Decreto nº 7.724/2012. REF ao pleito de (IDENTIFICAÇÃO DO USUÁRIO), PTC que a situação apresentada não é passível, no momento, para Permanência, Movimentação ou Remoção por Motivo Social, conforme as diretrizes estabelecidas na DGPM-501 em vigor BT”; g) Ainda que os motivos geradores da permanência, movimentação ou remoção sejam de longa duração, este programa não prevê a permanência definitiva na área pleiteada pelo usuário. Portanto, o militar/servidor civil que tenha sua solicitação atendida deverá buscar alternativas para a superação do fato gerador durante o período de permanência onde serve ou enquanto esteja na localidade para a qual tenha sido atendido seu pleito; e h) Os atendimentos sociais inerentes ao programa deverão envolver o usuário e sua família, estimulando a reflexão e a autonomia desses agentes para a busca de alternativas às situações sociais vivenciadas, uma vez que nem todas as expressões das questões sociais recomendam a permanência, movimentação ou remoção, em razão da complexa realidade contemporânea. 11.5.2 - Casos passíveis de Estudo Social Serão considerados passíveis de análise os pedidos de permanência, movimentação ou remoção, relacionados ao próprio requerente e/ou a(os) seu(s) familiar(es) quando, após estudo e acompanhamento social pelo OES, tiverem sido esgotadas todas as alternativas de solução para a demanda apresentada, as quais deverão constar no parecer social emitido, incluindo, necessariamente, os períodos de licenças previstos pela MB. As situações deverão ser analisadas por sua interdependência e pela gravidade com que afetam a vida profissional, familiar e social do militar ou servidor civil.
OSTENSIVO - 11-3 - REV.7
OSTENSIVO DGPM-501 11.5.3 - Critérios que recomendam a permanência, movimentação ou remoção por motivo social Os casos para os quais foram recomendados a permanência, movimentação ou remoção por motivo social deverão ser fundamentados nas situações geradoras da solicitação, independente do tempo de comissão, da localidade (atual ou pleiteada) e da possibilidade de haver substituto para o militar e/ou servidor civil. a) Demandas que recomendam a permanência, movimentação ou remoção por motivo social: I) situações de violência doméstica contra a mulher, tal qual previsto na Lei nº 11.340/2006, desde que judicialmente comprovada; II) problemas de saúde do militar e/ou de seus familiares que impliquem na necessidade de recursos especializados para o tratamento na área pleiteada, devidamente comprovada por documentação médica, preferencialmente, emitida pelo Sistema de Saúde da Marinha (SSM) e/ou casos em que sejam indispensáveis o suporte familiar para atender à demanda do requerente ou o suporte do requerente a seu familiar. Ressalta-se que os pareceres médicos deverão ser suficientemente claros em relação ao problema de saúde pelo qual o militar/servidor civil ou seu familiar tenha sido acometido. Como alternativa de solução para os problemas de saúde supracitados, a LTSPF e/ou LMDPF deverá ser considerada, necessariamente, como recurso prioritário à situação em lide. Para os casos em que tenha sido requerida e, por quaisquer motivos, não tenha sido concedida, tal fato deverá constar no parecer social emitido, na forma de tentativa frustrada de solução do problema vivenciado; III) problemas quanto à alteração do estado civil do militar/servidor civil, em situação de viuvez, separação ou divórcio recentes, quando implicar a guarda, legal ou de fato dos filhos, desde que não haja nova união, formal ou informal, e haja efetivo apoio na área pleiteada. Por viuvez, separação ou divórcio recentes, para os efeitos desta norma, considera- se o período de até 12 meses a partir do início do estado de viuvez, separação ou divórcio; e IV) os casos omissos no programa, após análise da situação pelo assistente social, poderão ser objeto de consulta técnica à DASM. b) Demandas que não recomendam a permanência, movimentação ou remoção por motivo social: I) o desejo do militar ou servidor civil e familiares em permanecer ou movimentar-se para a sua cidade de origem, localidade próxima de sua residência ou localidade onde possua imóvel;
OSTENSIVO - 11-4 - REV.7
OSTENSIVO DGPM-501 II) o fato do cônjuge do militar ou servidor civil possuir emprego público (estadual ou municipal) ou privado na cidade de origem ou em outra cidade; III) as dificuldades financeiras enfrentadas pelo núcleo principal da família ou o núcleo ampliado do militar ou servidor civil; IV) solicitação de movimentação ou remoção em função da falta de segurança na área ou cidade em que o militar ou servidor civil resida ou de permanência em área onde a se- gurança é garantida; e V) requerimento de permanência, movimentação ou remoção por interesse do próprio militar ou servidor civil, ou ainda de Licença para Tratar de Interesse Particular (LTIP). Cabe ressaltar que o rol das situações acima mencionadas não é taxativo e não descarta, portanto, outras possibilidades que indiquem a recomendação para a permanência, movimentação ou remoção por motivo social. Visando manter os registros relativos aos casos que não recomendam a permanência, movimentação ou remoção o assistente social responsável pelo atendimento deverá preservar, no prontuário do usuário, um resumo de atendimento sobre a demanda apresentada, bem como sobre suas conclusões técnicas, não sendo necessário emissão de parecer social, salvo quando a pedido do CPesFN, DPMM, DPCvM e/ou DASM, a qualquer tempo. 11.5.4 - Ampliação de informações por parte dos órgãos decisores Os Órgãos Decisores (DPMM, CPesFN e DPCvM) poderão solicitar informações complementares, referentes aos estudos sociais realizados e pareceres sociais expedidos, diretamente ao OES que originou o expediente, por mensagem, com conhecimento da DASM, quando entenderem que há a necessidade de ampliação de informações julgadas pertinentes à sua tomada de decisão. Nos casos em que houver necessidade da referida complementação, o OES deverá encaminhá-la no prazo máximo de quinze dias, ou solicitar formalmente a prorrogação deste prazo, por mensagem que deverá conter a justificativa do pedido, com conhecimento da DASM. 11.5.5 - Estudo Social a) Análise Preliminar Na ocasião do primeiro atendimento, após a apresentação da situação vivenciada pelo usuário, deverão ser colhidos dados, por meio de técnicas do Serviço Social, para estudo da demanda.
OSTENSIVO - 11-5 - REV.7
OSTENSIVO DGPM-501 Durante a análise preliminar, poderão ser solicitados documentos para subsidiar o referido estudo social, tais como: I) parecer técnico de outros membros da equipe; II) relatório complementar, requerido por mensagem a outro OES, que deverá ser encaminhado diretamente ao assistente social do OES solicitante. Esse relatório será composto de descrição e análise dos fatos, não contendo juízo de valor sobre o processo estudado. Na situação de solicitação de relatório complementar a OES da área Rio, a mensagem deverá ser encaminhada à DASM para a designação do órgão ao qual caberá a elaboração do referido documento; III) informações sobre situação de saúde à OM mais próxima da área onde ocorre o caso concreto em análise, que disponha de profissional de saúde, observando o disposto nos Códigos de Éticas em vigor; e IV) quando não houver OES na localidade onde ocorre a situação em análise, o assistente social do caso deverá demandar informações complementares diretamente ao familiar residente nessa área, de maneira remota, com a finalidade de melhor compreensão da situação social apresentada, podendo receber documentos que comprovem a informação demandada, por meio de e-mail funcional. As solicitações de parecer técnico, de relatório complementar, de informações sobre situação de saúde, dentre outras julgadas pertinentes, feitas a outros profissionais, deverão informar apenas os dados necessários, considerando o sigilo profissional e a Lei de Acesso a Informação. b) Análise Social A análise dos dados obtidos deverá fundamentar a solicitação abordando os seguintes aspectos, dentre outros: I) os determinantes sociais, econômicos e culturais da demanda, contemplando aqueles que permitam indicar a permanência, movimentação ou remoção como estratégia para a solução do problema, bem como o esgotamento dos recursos institucionais da Marinha e extra- MB para a sua solução; II) as relações sociais envolvidas no estudo, explorando a possibilidade de que demais familiares prestem assistência à pessoa em situação de vulnerabilidade; III) a percepção da demanda social pelo usuário e sua família, bem como as estratégias de enfrentamento consideradas;
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OSTENSIVO DGPM-501 IV) os objetivos determinantes envolvidos, tais como: moradia, constituição familiar, renda, transporte, formas de inserção social, histórico individual e do grupo social e familiar; V) a interdependência da demanda social e a gravidade com que reflete na vida profissional, familiar e social; e VI) a articulação entre os determinantes e possibilidades de enfrentamento da demanda social e a dimensão institucional. c) Parecer Social O parecer social constitui-se num resumo fundamentado do estudo social, no qual o assistente social emite seu juízo de valor, não sendo passível de alteração por quaisquer outros profissionais, inclusive outros assistentes sociais. O parecer social tem o propósito de assessorar tecnicamente o órgão decisor da Administração Naval, não tendo, portanto, caráter vinculante ou mandatório. O parecer social deverá ser elaborado de acordo, com o Modelo de Parecer para Permanência, Movimentação ou Remoção por Motivo Social descrito no anexo AC. 11.6 - ACOMPANHAMENTO O acompanhamento é condição essencial para que o profissional possa conhecer e avaliar a evolução das situações sociofamiliares inerentes aos pleitos, vislumbrando, junto aos usuários, suas possibilidades de superação. Considerando que as decisões institucionais advindas do escopo deste programa não se caracterizam como concessões definitivas, tal acompanhamento ganha maior relevância frente à necessidade de preparar as famílias para o desenvolvimento de estratégias que viabilizem as futuras movimentações inerentes à carreira militar. Nesse sentido, compete aos agentes abaixo mencionados a adoção das seguintes medidas: a) a OM do militar, ao tomar conhecimento da decisão do SDP sobre o pleito do requerente, deverá comunicar tal fato, imediata e oficialmente (por mensagem ou comunicação interna) ao OES responsável por prestar-lhe assistência. Este procederá com o apoio em caso de permanência ou nos casos que a assessoria seja contrária para movimentação/remoção ou encaminhará às informações necessárias para o seu acolhimento pelo OES que assiste a OM para o qual será movimentado ou removido. Para tanto, sempre que necessário, o OES poderá solicitar informações resumidas sobre o atendimento realizado no OES de origem, guardando os procedimentos de confidencialidade institucionais previstos;
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OSTENSIVO DGPM-501 b) O OES deverá enviar anualmente ao SDP, até o 15º dia útil do mês de janeiro, uma relação contendo o nome dos usuários contemplados no Programa, com cópia para DASM e DPMM, CPesFN ou DPCvM, conforme o caso, com a finalidade de manter o controle dos militares e servidores civis que foram movimentados, removidos e /ou permanecem na área por motivo social, conforme modelo descrito no anexo AD. c) caberá à DASM acompanhar, junto à DPMM, CPesFN e/ou DPCvM, os casos de militares e servidores civis que permaneçam, ou sejam movimentados/removidos por motivo social, visando proceder à avaliação do programa, orientar os OES envolvidos e realizar estudos e pesquisas para assessoramento a instâncias superiores.
11.7 - AÇÕES PREVENTIVAS
As atividades preventivas têm o propósito de, mediante acolhimento e processos de reflexão e orientação, gerar conhecimento a respeito do programa e seus critérios para permanência e movimentação ou remoção, bem como minimizar os efeitos das vulnerabilidades das famílias frente às adversidades relativas à distância de sua localidade de origem e daquelas relativas à região. As principais ações preventivas são: a) desenvolvimento de atividades coletivas que promovam a reflexão acerca das peculiaridades da carreira militar e suas implicações familiares e sociais, de modo a estimular a criação de estratégias para o enfrentamento de situações adversas, antecipando-se às suas ocorrências; b) abordagem de acolhimento aos usuários e seus familiares, quando movimentados, que visem discutir as características urbanas, econômicas e sociais da região, buscando favorecer a integração das famílias ao novo ambiente social; e c) o OES de Escolas de Formação deverá promover, no decorrer do ano, no mínimo, uma palestra de orientação aos alunos, em relação ao Programa de Permanência, Movimentação ou Remoção por Motivo Social, em especial, quanto aos critérios de elegibilidade/inelegibilidade, para que os mesmos possam compreender desde o início as características da carreira militar.