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OSTENSIVO DGPM 501

CAPÍTULO 10

PROGRAMA DE APOIO SOCIOECONÔMICO


10.1 - PROPÓSITO
Apresentar as possibilidades de atuação na prevenção e proteção social para o
enfrentamento das situações de vulnerabilidade social ligadas à vida financeira dos militares e
servidores civis, no intuito de contribuir para a reflexão sobre os padrões de consumo e de
endividamento da Família Naval e a capacitação em educação e planejamento financeiros.
10.2 - APRESENTAÇÃO
O Programa de Apoio Socioeconômico configura-se em uma proposta de intervenção
interdisciplinar, nas áreas de Serviço Social, Direito e Psicologia, voltada para as questões
relacionadas aos padrões de consumo e para a prevenção ao endividamento da Família Naval.
O endividamento da população brasileira é uma preocupação constante do Governo
Federal. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC),
realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em
2017, 60,8% da população brasileira tinha dívidas no cartão de crédito, cheque especial,
cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês ou financiamento de casa ou
carro. Ainda, 25,4% estavam inadimplentes, ou seja, tinham contas ou dívidas em atraso.
O percentual de endividamento é expressivo, visto que o fenômeno atinge mais da
metade da população do país. O fenômeno do endividamento também se manifesta em uma
parcela da Família Naval, conforme indicado pelo “Perfil Socioeconômico e Cultural da
Família Naval”, pesquisa realizada pelo Departamento de Pesquisas de Pessoal da Diretoria
de Assistência Social da Marinha (DASM).
A situação financeira da Família Naval é, portanto, objeto de atenção da Alta
Administração Naval, pois as consequências da situação de endividamento extrapolam o
âmbito individual e repercutem no espaço profissional, podendo impactar diretamente na
motivação e na produtividade do pessoal da Marinha do Brasil (MB). Esse é o caso,
especialmente, daqueles que se encontram em situação de superendividamento e necessitam
recorrer ao apoio institucional, por meio de benefícios socioassistenciais, a fim de suprir as
suas necessidades básicas.
O superendividamento é um fenômeno das sociedades de consumo, caracterizado pela
“incapacidade do consumidor de boa-fé, pessoa física, devedor e leigo, quitar suas dívidas
atuais e futuras decorrentes do consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundo de delitos

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e de alimentos)” - (MARQUES, 2012).
Atualmente, o enfrentamento das causas e consequências relacionadas ao
endividamento extrapola o mero aspecto financeiro da questão, contemplando também os
aspectos psicossociais e legais que podem estar presentes no cotidiano das pessoas
endividadas.
Entende-se que o descontrole financeiro e o endividamento não dependem,
necessariamente e exclusivamente, da renda mensal do indivíduo ou da família, mas também
podem estar relacionados aos apelos exacerbados da sociedade de consumo, evidenciando a
existência de fatores simbólicos no ensejo de adquirir bens.
Não obstante, acredita-se que as dificuldades econômicas podem potencializar os
problemas de cunho emocional, influenciando os integrantes da Família Naval nos aspectos
sociais, familiares e profissionais.
Por outro lado, a mudança dos padrões sociais de consumo, o fácil acesso ao mercado
de crédito, sendo os servidores públicos um de seus principais alvos, e o fato do
superendividamento poder ser gerado, inclusive, por circunstâncias externas e imprevistas,
tendendo a levar as famílias à situações de vulnerabilidade, pelo comprometimento da sua
capacidade financeira e patrimonial. Cabe, nesses casos, a orientação jurídica necessária para
aqueles que desejam a conciliação com as instituições de crédito ou prestadoras de serviço,
para quitar ou renegociar suas dívidas, à luz dos dispositivos legais previstos, visando garantir
a subsistência e a proteção social da família.
Nesse sentido, a educação financeira apresenta-se como uma ferramenta viável de
abordagem crítica e interdisciplinar do tema que, de forma preventiva ou concomitantemente
ao processo de endividamento, pode apontar alternativas para o planejamento e o controle
financeiro, estimulando o consumo consciente e apresentando propostas no âmbito do Serviço
Social, Psicologia e Direito na MB e extra MB.
10.3 - OBJETIVOS
a) Assistir à Família Naval em situação de vulnerabilidade social relacionada às
dificuldades financeiras;
b) Desenvolver ações socioeducativas visando o acesso às informações sobre educação
financeira; e
c) Desenvolver ações nas áreas de Serviço Social, Psicologia e Direito, com vistas ao
acolhimento, orientação e possível encaminhamento das demandas individuais relacionadas
ao endividamento.

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10.4 - PÚBLICO-ALVO
Militares e servidores civis da ativa e veteranos, pensionistas e seus dependentes.
10.5 - DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento do programa dar-se-á mediante a elaboração de projeto e/ou ação
social, pelos Órgãos de Execução do Serviço de Assistência Social ao Pessoal da Marinha
(OES), contendo ações de prevenção e de proteção, buscando otimizar os meios existentes
(materiais, humanos e financeiros).
10.5.1 - Ações de prevenção
São ações que visam evitar a instalação de situações de risco, mediante o
desenvolvimento de potencialidades, autonomia e fortalecimento de vínculos familiares. Dar-
se-ão por meio de palestras, simpósios, cursos, campanhas de conscientização ou outras
atividades que contribuam para disseminar hábitos de consumo adequados à renda familiar, de
planejamento do orçamento doméstico, bem como para divulgação do programa.
As atividades preventivas devem ser realizadas por meio da intervenção interdisciplinar,
preferencialmente, com a participação dos profissionais das três áreas de conhecimento que
compõem a Assistência Social na MB.
10.5.2 - Ações de proteção
São aquelas que ocorrem com a situação de risco instalada, visando diminuir os
efeitos negativos das dificuldades socioeconômicas vivenciadas e contribuem para que as
famílias busquem soluções para suas dificuldades. São consideradas ações de proteção:
a) acolher o usuário em dificuldades financeiras, identificando as demandas explícitas
e implícitas;
b) analisar, em conjunto com o usuário, a origem de suas dificuldades financeiras e as
propostas para o seu enfrentamento;
c) propor, juntamente com o usuário, um plano de intervenção para a reorganização
do orçamento familiar, por meio de conceitos de educação e planejamento financeiro;
d) definir procedimentos para o atendimento de necessidades financeiras básicas;
e) capacitar o usuário e sua família para a realização do planejamento financeiro; e
f) apoiar os usuários em suas necessidades financeiras, por meio da concessão de
benefícios sociais.
O atendimento às solicitações dos usuários ficará condicionado à disponibilidade de
recursos e será fundamentado na análise técnica da situação apresentada. Será definido, junto
ao usuário e à sua família, um plano de intervenção com medidas que propiciem condições de

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autonomia no gerenciamento da situação financeira.
10.5.3 - Benefícios sociais
A concessão dos benefícios sociais é individual, temporária e documentada por meio
de recibo, conforme anexo AB e está, obrigatoriamente, condicionada à realização de prévia
avaliação socioeconômica, que deverá ser realizado, exclusivamente, pelo assistente social do
OES.
É vedada a concessão de quaisquer dos auxílios previstos neste programa em ações
coletivas, sem prévio estudo socioeconômico, bem como para atender a finalidades distintas das
previstas por estas Normas.
Ressalta-se, ainda, que não é recomendado o estoque de quaisquer benefícios em níveis
incompatíveis com a demanda apresentada.
As solicitações não previstas neste programa deverão ser objeto de consulta técnica à
DASM, após a verificação da necessidade do atendimento em estudo social realizado pelo assistente
social.
Estão previstos os seguintes benefícios sociais, sob a forma de pagamento ao
fornecedor do material ou do serviço solicitado:
a) Materiais e pagamentos de serviços necessários à subsistência:
I) aquisição de gêneros alimentícios e de higiene, de primeira necessidade;
II) aquisição de gêneros alimentícios e de higiene especiais, com prescrição
médica;
III) aquisição de medicamentos, quando não fornecidos pelo SSM ou indisponíveis
no Setor de Distribuição de Medicamentos (SeDiMe);
IV) pagamento de aluguel ou prestação da casa própria e taxas de serviços essenciais
(gás, IPTU, luz, condomínio e água), desde que referentes ao imóvel em que resida o público-alvo
do programa;
V) aquisição de óculos, quando não fornecidos pelo Sistema de Saúde da Marinha
(SSM), solicitados por médico especialista da área. Os óculos deverão ser, obrigatoriamente,
confeccionados com armação nacional de resina, plástico ou metal e lentes de cristal incolor
ou de resina;
VI) pagamento de reparo de óculos;
VII) aquisição de aparelhos ortopédicos, órteses, próteses (exceto as odontológicas),
cadeiras de rodas e correlatos para atender deficiência irreversível, quando não fornecidos pelo
SSM, devidamente indicados por médico especialista da área;

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VIII) aquisição de material de construção e pagamento de serviços para reparos
emergenciais em residências (exceto Próprios Nacionais Residenciais - PNR), ou para obras
de caráter estrutural que envolvam a manutenção ou restauração das condições mínimas de
saúde, higiene e segurança;
IX) pagamentos de reparos em equipamentos domésticos essenciais ou sua aquisição,
quando a perda decorrer de incêndio, enchente ou outro sinistro;
X) pagamento de reparo de equipamentos e aquisição de materiais utilizados em
atividade laborativa doméstica, que contribuam para a complementação da renda familiar; e
XI) aquisição de passagens, hospedagem e alimentação nos casos de vulnerabilidade
social que demandem a proteção familiar imediata, em situações de doença grave ou óbito do militar
ou servidor civil, como também, às vítimas de violência, conforme legislação vigente, desde que não
enquadradas nas normas sobre auxílio-transporte e ajuda de custo de passagem por movimen-
tação/remoção.
b) Benefícios sociais da educação:
I) auxílio educacional - pagamento eventual de mensalidade escolar, que não tenha
caráter continuado, em cursos de ensino fundamental e médio regulares, cursos supletivos
(ensino fundamental e médio) e cursos técnicos regulares, com equivalência ao ensino
fundamental e médio, para dependentes de militares e servidores civis, da ativa e veteranos e
pensionistas;
II) auxílio profissionalizante - pagamento de cursos profissionalizantes de duração de
até um ano, definidos como cursos livres, que prescindem de aprovação pelo Ministério da
Educação (MEC) e, geralmente, sem pré-requisitos, voltados para a capacitação ou
aperfeiçoamento em determinadas práticas ou ferramentas. Esta ação visa a inserção no mercado
de trabalho dos dependentes de militares e de servidores civis, da ativa e veteranos, militares em
processo de Licenciamento do Serviço Ativo da Marinha (LSAM) por término de compromisso, e
aos militares do quadro temporário, exceto aqueles licenciados a bem da disciplina, ex-officio, a
pedido ou em face do não-cumprimento de estágio comprobatório, conforme legislações
específicas; e
III) material escolar - doação de livros e apostilas didáticas para dependentes de
militares e de servidores civis, da ativa e veteranos, e pensionistas;
O auxílio educacional, e o material escolar para o ensino fundamental e médio
regulares serão concedidos a dependentes que no início do ano letivo tenham até 21 anos, e
aos demais usuários acima de 21 anos, para o ensino supletivo. A concessão de materiais,

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como livros e apostilas, deverá ser feita diretamente ao usuário, podendo tais itens serem
adquiridos junto à instituição educacional.
Cada usuário poderá ser contemplado com uma ou mais modalidades dos
benefícios sociais na área da educação, para até dois dependentes, e no caso do auxílio
profissionalizante, para si e para seus dependentes.
Ressalta-se que o usuário que for reprovado não terá direito a quaisquer dos
recursos educacionais no ano seguinte, salvo se a reprovação decorrer de doença ou situação,
cuja gravidade seja comprovada.

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