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1 INTRODUÇÃO
mail: thiagomuru2006@hotmail.com
O SUAS criou uma forte rede de atenção através de serviços básicos e especializados,
objetivando cuidado e proteção as incertezas e desproteções sociais, fruto de um processo de
desigualdade que afetam a vida pessoal, familiar e comunitárias, tendo a oferta de seguranças
sociais como seu campo de especialidade e matéria, a ser mediado por profissionais qualificados
e capacitados.
Nos casos em que a rede pública de serviços for insuficiente para atender toda a
demanda no contexto da pandemia, é sugerido pelo Ministério da Cidadania o fortalecimento
da rede a partir de articulações realizadas com as organizações civis, coordenado pela gestão
pública local e com atuação intersetorial. Porém como veremos, é necessário estar atento para
que a conjugação de esforços no estabelecimento das parcerias público-privadas não se legitime
como caminhos de desfinanciamento da proteção social.
Diante do exposto, o presente artigo tem como objetivo analisar alguns pontos sobre os
repasses de recursos financeiros presentes no momento da COVID-19, visando ampliar o
campo de oferta e proteção do SUAS a cidadãos e famílias em situação de desproteção social
ampliadas pelo isolamento e afastamento social.
O presente trabalho, além da introdução, está dividido em três sessões: a primeira visa
através de análise bibliográfica e documental discorrer sobre as ofertas de proteção social como
central nas ações do SUAS. O segundo ponto analisa de forma crítica as normativas
promulgadas para o repasse financeiro dados pelo Governo Federal a situação da COVID-19
por meio das ações do SUAS. A última sintetiza nas considerações finais as tendências e
desafios a serem enfrentados no âmbito das decisões da esfera federal sobre a capilaridade do
SUAS no território brasileiro.
Para quem tem conhecimento sobre a área da assistência social, sabe de seu histórico
incluída como política pública e de responsabilidade do Estado. A Assistência Social foi
instituída pela Constituição Federal e o contorno de responsabilidades dadas a priori pela
LOAS/93 (e suas alterações dadas pela Lei nº 12.435, de 2011) como dever do Estado e um
direito do cidadão, no desenvolvimento de ações para a proteção, cuidado e atenção advindos
a situações de vulnerabilidade e risco. É notório seu longo alcance social na proteção a crianças,
adolescentes, adultos e idosos privados do acesso as condições de renda e subsistência; violação
de direitos e rompimento de vínculos familiares, principalmente pela ampliação de destinação
de recursos financeiros, com a possibilidade de instalação de unidades socioassistenciais.
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Para maiores reflexões consultar entre outros TAVARES (2004).
Mediante o orçamento infímo disponível às políticas sociais, no apagar das luzes do ano
de 2019, no dia em 20 de dezembro foi publicada a Portaria nº 2.362 do Ministério da Cidadania,
estabelecendo procedimentos para a execução financeira dos recursos da assistência social,
priorizando o repasse para os municípios com menor saldo individualizados dos programas.
Sob discurso de reequilibrio financeiro no SUAS, essa medida acarretou em graves
consequências para todos os municípios brasileiros, uma vez que foram depositados
parcialmente as parcelas atrasadas de 2019 além da diminuição do valor do repasse mensal
destinado a oferta dos serviços do SUAS para o ano de 2020. Na prática isso correspondeu de
30% a 70% de recursos financeiros a serem repassados aos entes federativos, ainda que tenham
ocorrido vários movimentos em defesa do SUAS.
As contratações das entidades privadas têm como objetivo contratar a proposta mais
vantajosa, primando pelos princípios da legalidade, impessoalidade, igualdade, moralidade e
publicidade. São disciplinadas por legislações específicas para licitações e seguem
obrigatoriamente um regime regulamentado por Lei, dentre as quais destacamos a Lei nº
13.019/2014 de 31/07/2014, alterado pela Lei 13.204/2015, conhecida como Marco Regulatório
das Organizações da Sociedade Civil (MROSC). A modalidade de participação das entidades
privadas na esfera púbica ocorre por meio do Chamamento Público, o qual é passível de nos
casos de serviços vinculados a política de assistência social, desde que executadas por
organizações da sociedade civil previamente credenciadas pelo órgão gestor. Com isso, diversas
organizações sociais têm sido convocadas pelo Estado para o estabelecimento de parcerias,
reforçando políticas compensatórias de forma a amenizar o impacto negativo dos ajustes
econômicos que retiram o Estado da sua primazia de condução e execução das políticas de
proteção social.
Por fim, a temos a publicação da Lei Complementar nº 173, de 27 de maio de 2020, que
prevê auxílio financeiro para o Sistema Único de Saúde –SUS e para o SUAS em valores
definidos por cálculo baseado no quantitativo de habitantes. Sua utilização pode ser definida
por seus gestores municipais sem critérios pré estabelecidos, com grande flexibilidade em sua
aplicação, o que deixa a Política de Assistência Social a mercê do entendimento dos gestores a
definição do valor a ser destinado assim como sua utilização.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um outro fator foi a decisão tomada via gabinete, sem os mecanismos de controle social,
como os conselhos e as comissões gestoras, ocasionando a não oportunidade de ampliar as
decisões de acordo com a realidade vivenciadas pelos gestores municipais e estaduais. Ainda,
importante ressaltar a necessidade de participação social, pois “é fundamental para o
compartilhamento do poder, logo essencial às práticas de gestão participativa, entre as quais
a cogestão entre estado e sociedade, como previsto na Constituição Federal brasileira, no que
concerne à gestão das políticas públicas”. (PRATES, 2018, p. 01).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Cidadania adianta recursos e transfere R$ 600 milhões aos municípios
para cuidar da população carente. Disponível em https://bit.ly/2ztjt2z> Acessado em
07/09/2020.