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BELÉM-PA
2019
FLAVIANE DE MORAIS SANTOS BORGES
BELÉM-PA
2019
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................
01
2. ASSISTÊNCIA SOCIAL: DA AJUDA AO DIREITO ...............................................
02
3. CRAS, A PORTA DE ENTRADA DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ......
06
4. ASSISTÊNCIA SOCIAL: DEFENDER PARA NÃO PERDER ...............................
09
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................
13
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 14
LISTA DE FIGURAS
Esse conflito citado por Boschetti faz referência a tensão existente entre
assistência social e trabalho no contexto da sociedade capitalista. O primado liberal
do trabalho gerador de mais-valia, materializou historicamente o princípio em que o
homem deve sustentar a si próprio e a sua família a partir da venda de sua força de
trabalho. Logo, a partir do momento que a assistência social é considerada como
política social de cunho público, não contributiva, compreende-se, a partir desse
princípio, a relação tensa entre assistência social e trabalho, ou melhor dizendo,
entre o não trabalho.
Essa relação pode ser melhor explicada quando adotamos como referência a
política de previdência social – configurada como contributiva e identificada por
Boschetti (2016, p. 97) como “seguro” –. Segundo a autora, as políticas de
Assistência social e previdência estão introduzidas em uma relação contraditória de
atração e rejeição quando mediadas pelo trabalho, pois,
O trabalho é a determinação que assegura o acesso aos seguros sociais,
definindo a natureza e o montante dos direitos legalmente reconhecidos em
sistema nacional de proteção social. Só tem acesso aos seguros o
trabalhador que, via trabalho, teve parcela de seu salário (ou rendimento
derivado do trabalho) subtraída no presente para assegurar um benefício
monetário no futuro. (BOSCHETTI, 2016, p. 98).
Quantos aos incapacitados para o trabalho? Aqueles que não encontram mais
espaços para adentrar ao mercado de trabalho? Os atingidos pelo desemprego ou
pelo emprego precário? Esse cenário de contradição torna-se propicio para as
manifestações de luta por direitos sociais, assim como, traz o importante debate
para que a assistência social seja visualizada no campo dos direitos sociais.
Assim, dois acontecimentos marcantes – a promulgação da
Constituição Federal (1988) e cinco anos depois a sanção da Lei Orgânica de
Assistência Social/LOAS (1993) – foram responsáveis por trazer a questão da
Assistência Social para um novo campo: o da seguridade social e o campo da
proteção social pública, que, de acordo com Yasbek (1995, p. 10 apud COUTO et al,
2014, p.56), permitiu que a Assistência social fosse vista e tratada como política
social e não mais como assistencialismo clientelista. Esse avanço foi um processo
que a tornou visível como política pública e direito de todos que dela necessitarem,
especialmente “dos segmentos mais empobrecidos da sociedade”:
A LOAS veio trazer para a assistência social uma nova roupagem na medida
em que afirmou seu caráter não contributivo, “ao apontar a necessária integração
entre o econômico e o social, a centralidade do Estado na universalização e garantia
de direitos e acessos a serviços sociais [...]” (COUTO et al, 2014, p. 57). Ela vem
configurar a assistência social como o mecanismo mais importante na garantia de
proteção e prevenção de riscos à família, à maternidade, à infância, à adolescência
e à velhice. Seus princípios e diretrizes estão voltados a construir um sistema no
qual reverta o quadro de ajuda que até então era desenvolvido pela assistência
social.
No entanto, apesar de ser uma legislação que aponte para a universalização
e a garantia de direitos, ainda sim, no intuito de enfraquecer a criação de uma
cultura de direito social, em 1995 é criado o programa comunidade solidária 1 –
medida provisória n° 813/95 – paralelo aos preceitos da LOAS. Com essa medida,
além da criação do programa supracitado, foram extintas a Legião Brasileira de
Assistência Social (LBAS), o Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência (CBIA)
e o Ministério do Bem-Estar Social. Esta ação governamental ocasionou processos
desarticuladores no campo da assistência social. Veja-se:
1
O objetivo do programa era “coordenar ações governamentais visando o atendimento de parcela da
população que não dispõe de meios para prover suas necessidades básicas, em especial o combate
à fome e a pobreza” (Artigo nº 12 da MP nº 813/95, apud COUTO, 2010, p. 178)
2
Programas que na sua grande parte ocasionam a supressão de direitos.
pensamento e ação da política; e o Sistema Único de Assistência Social
(SUAS), que organiza os serviços, programas, projetos e demais recursos
dessa política. A Política de Assistência Social (2004), na atualidade, é uma
Política não contributiva que deve prover os mínimos sociais por meio da
integração intersetorial entre iniciativas públicas e privadas no atendimento
das necessidades básicas. (TABARANÃ, 2015, p. 76).
3
Evidencia-se neste trabalho o equipamento de Proteção Social Básica, representado pelo CRAS.
A consolidação da assistência social como política pública e direito social,
como já foi explicitado anteriormente, se deu a partir da elaboração da LOAS e, mais
tarde, a elaboração do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que por sua
vez, veio com a finalidade de regulamentar os serviços, benefícios, programas e
projetos desenvolvidos no âmbito social. Dentre as ações previstas no SUAS, está a
implantação dos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS em todo o
território nacional. De acordo com Couto et al:
Por sua vez, a proteção social básica no CRAS prevê programas e projetos
locais de acolhimento, convivência e socialização de famílias e de indivíduos, a partir
da identificação da situação de vulnerabilidade apresentada. Castro (2008) reitera
que:
luz do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA 2019), que cortou mais de 50% do
Segundo nota publicada no site oficial do CEFESS, esses cortes, feitos sob a
sem proteção milhões de pessoas que vivem sem qualquer acesso aos direitos
sociais.
usuários ou na dos muitos profissionais que atuam no SUAS que lidarão com
condições de vida cada vez mais difíceis e desumanas vivenciadas pela população
Temer diante da criação do programa “criança feliz” que aponta uma tendência de
assistência social irá tomar, pois sabe-se que foi eleito um governo de moldes
um patamar desfavorável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Logo, é preciso ter meios para atender com qualidade quem se encontra em
situação de vulnerabilidade social, é preciso ter condições de trabalho para prevenir
as situações de riscos e desenvolver as potencialidades e aquisições dos sujeitos
sociais na proteção social básica. É necessário defender os CRAS, porta de entrada
da política de assistência social. É preciso ir de encontro a tudo o que está imposto
pelo capital e se colocar contra todas as formas de cerceamento de direitos.
REFERÊNCIAS