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EMPREENDEDORISMO

AULA 4

Prof. Paulo Fernando Cherubin


CONVERSA INICIAL

O dimensionamento da demanda é o tema inicial desta aula, tendo como


base o método de indexação fatorial, cuja simplicidade o torna muito útil para o
empreendedor. O tema subsequente é o dimensionamento da operação, que
trata de identificar e quantificar os recursos necessários para a operação do
empreendimento. Também trata da quantificação do investimento inicial
necessário em função da estrutura operacional estimada. O próximo tema trata
da viabilidade econômica financeira do empreendimento, contrapondo a receita
estimada e as despesas com operação da estrutura. Na sequência, há um tema
sobre a constituição e o enquadramento jurídicos da empresa, com os principais
aspectos a serem observados. Por último, vamos abordar as fontes de captação
de recursos às quais o empreendedor pode recorrer na tentativa de obter
recursos financeiros de que precisa para criar seu negócio.
Os objetivos desta aula são:

• Conhecer e utilizar uma técnica de estimativa e dimensionamento de


demanda;
• Entender e importância de se estimar a estrutura operacional futura do
empreendimento, identificando e quantificando os recursos necessários.
• Compreender a composição do investimento inicial e quantificar o
montante desse investimento.
• Entender como se verificar a viabilidade financeira do futuro
empreendimento, comparando a receita estimada com as despesas
estimadas.
• Compreender o ordenamento jurídico relevante para a constituição da
empresa, destacando os pontos mais críticos que merecem atenção.
• Conhecer diversas fontes de captação de recursos para o investimento
inicial do seu negócio.

TEMA 1 – DIMENSIONAMENTO DA DEMANDA

Qual é a dimensão do negócio que você pretende ter? Pequeno, médio


ou grande? A resposta a essa pergunta depende de duas variáveis: de um lado,
o tamanho do mercado e, do outro lado, a disponibilidade de recursos. A análise
dessas duas variáveis permite identificar fatores limitadores ao crescimento do

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negócio, possibilitando que o empreendedor desenvolva as melhores
estratégias.
Uma vez tendo identificado seu público-alvo, seu segmento de mercado,
é preciso perguntar: Qual é o tamanho dele? Qual receita ele pode proporcionar?
Essa receita vai depender da quantidade de clientes potenciais no mercado
dispostos a comprar seu produto ou serviço, a um determinado preço, e do
volume e da frequência dessa compra.
Por exemplo, o volume de cafés vendidos por uma cafeteria varia
conforme a quantidade de clientes que frequentam o negócio, quantos cafés
cada cliente consume regularmente no decorrer do dia, e qual o volume
consumido de cada vez (xícaras pequenas, médias ou grandes).
Quanto menos o cliente consumir (volume x frequência) mais clientes
desse tipo a cafeteria vai precisar. Por outro lado, quanto mais o cliente
consumir, menos clientes serão necessários para chegar ao mesmo valor de
receita (Figura 1).

Figura 1 – Volume e frequência de consumo determinam a receita da cafeteria

Crédito: Trong Nguyen / Shutterstock.

A variável do consumo também estará relacionada ao fato de o público


alvo estar em um mercado de nicho ou de massa. Mercados massificados
apresentam grandes quantidades de clientes, que consomem produtos com

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preços relativamente baixos. No outro extremo, temos o mercado de nichos, com
poucos clientes e preços relativamente altos.
Seguindo o mesmo exemplo do café: o café em pó embalado em pacotes
de 250 gramas, encontrado em qualquer supermercado no Brasil, tem um preço
baixo, sendo um exemplo de produto massificado. Mas hoje há um mercado para
cafés gourmets em ascensão no país, com produtos que chegam a custar até
dez vezes o valor do café comum. Concluímos que, quanto mais valor agregado
tem o produto, maior o seu preço deste, e menor o volume vendido para atingir
a mesma receita de um produto de menor valor agregado.
Há um método simples, mas muito oportuno, para dimensionar uma
demanda potencial para o negócio, chamado de indexação multifatorial.
Segundo Cecconello e Ajzental (2008, p. 85), “a indexação multifatorial atribui
pesos específicos a cada fator, podendo ser utilizados mais de um fator. Os
pesos utilizados para o índice de poder de compra são arbitrários, empregando-
se outros, caso seja apropriado”.
O Quadro 1 traz um exemplo do método de indexação fatorial.

Quadro 1 - Determinação do consumo de calçados femininos na cidade de


Franca pelo método de indexação fatorial

Dados 400 mil habitantes na cidade, se destes:


1º corte - gênero
50% são mulheres, obtém-se 200 mil pessoas, se destas:
2º corte - renda
30% estão na faixa de renda alvo, obtêm-se 60 mil pessoas, se destas:
3º corte - idade
80% estão na faixa de idade-alvo, obtêm-se 48 mil clientes de mercado-alvo.
Se esse produto apresenta um valor médio de R$ 120, e cada cliente alvo consome em média
dois pares de sapato por ano, estamos falando de um mercado anual de 48.000 x 2 x R$ 120,00,
o que representa um consumo de R$ 11.520.000 por ano.
Fonte: Elaborado com base em Cecconello; Ajzental, 2008, p. 85.

A utilização do método de indexação fatorial para o caso do café em pó


vendido nos supermercados, seguiria um cálculo similar ao exemplo dos
calçados, como nos mostra o Quadro 2. Vamos considerar o consumo familiar
para o produto em questão.

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Quadro 2 – Determinação do consumo de café na cidade de Franca pelo método
de indexação fatorial

Dados 400 mil habitantes na cidade, se destes:


1º corte - consumo familiar
Média de 4 integrantes por família, obtém-se 100 mil famílias, se destas:
2º corte - renda
80% estão na faixa de renda alvo, obtêm-se 80 mil famílias, se destas:
3º corte - local de compra
85% compram café no supermercado, obtêm-se 68 mil famílias clientes de mercado-alvo.
Se esse produto apresenta um valor médio de R$ 7 o pacote, e cada família alvo consome em
média um pacote de café por semana, estamos falando de um mercado anual de 68.000 x 1 x
4,5 x 12 x R$ 7,00, o que representa um consumo de R$ 25.704.000 por ano.

O exemplo para o mercado de massa não quer dizer que um único


produtor de café torrado e moído alcança essa receita. Se considerarmos uma
participação de mercado igual entre 20 marcas na cidade, cada uma estaria
obtendo uma receita anual potencial de R$ 1.285.200.
Considerando agora o consumo de café na cafeteria, muda-se de um
mercado de massa para um mercado de nicho. Esse nicho, por sua vez, tem o
seguinte perfil: bairro predominantemente comercial, com grande concentração
de edifícios comerciais. A indexação fatorial para esse caso está apresentada no
Quadro 3.

Quadro 3 – Determinação do consumo de café para uma cafeteria pelo método


de indexação fatorial

Dados 14 mil habitantes no bairro, se destes:


1º corte - população flutuante
70% são trabalhadores, obtém-se 9.800 pessoas, se destas:
2º corte - consumidores de café
75% possuem o hábito de consumir café, obtêm-se 7.350 pessoas, se destas:
3º corte - consumo em cafeteria
50% consomem café em cafeteria, obtêm-se 3.675 clientes de mercado-alvo.
4º corte - limitação geográfica
10% se dispõe a deslocar-se até a cafeteria em questão, obtêm-se 367 clientes.
Se a xícara de café apresenta um valor médio de R$ 4, e cada cliente alvo consome em média
uma xícara por dia, estamos falando de um mercado anual de 367 x 1 x 5 x 4,5 x 12 x R$ 4,00,
o que representa um consumo de R$ 396.360 por ano.

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O método da indexação fatorial é bastante prático para auxiliar nas
análises de receitas potenciais, uma vez que é muito difícil fazer previsões
precisas. Mais do que um número, esse método ajuda a pensar em variáveis que
podem afetar a demanda, e com isso o empreendedor ganha mais elementos
para considerar em suas análises e planejamentos.

TEMA 2 – DIMENSIONAMENTO DA OPERAÇÃO

Uma vez dimensionada a demanda, podemos passar ao


dimensionamento da estrutura operacional necessária para atender a demanda.
Isso significa identificar e quantificar todos os recursos que precisam ser
alocados no empreendimento.

2.1 Identificação de recursos

Entre as categorias de recursos a serem trabalhadas, normalmente


encontramos: instalações; máquinas e equipamentos; móveis; sistemas;
pessoas.
Como viemos dizendo, a quantidade de recursos a serem alocados deve
ser diretamente proporcional ao tamanho da demanda dimensionada. Caso a
estrutura seja subdimensionada, isso pode implicar perda clientes e de receita,
diminuindo o lucro potencial. Caso a estrutura seja superdimensionada, ela pode
ficar ociosa e trazer prejuízos ao empreendedor.
Ao pensar a estrutura, os recursos devem ser dimensionados na mesma
proporção da demanda identificada; caso contrário, poderão aparecer gargalos
na operação, quando um recurso reduz a capacidade instalada do
empreendimento.
Para exemplificar esse dimensionamento, vamos continuar com o
exemplo da cafeteria. O primeiro passo é identificar todos os recursos
necessários para constituir a operação do negócio. O Quadro 4 mostra uma lista
não exaustiva dos recursos necessários para a estrutura da cafeteria.

Quadro 4 – Exemplo de recursos para uma cafeteria

Tipo Recurso
Instalações Imóvel
Equipamentos Espumador de leite
Kit reposição louças e talheres
Máquinas Máquina de café expresso

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Refrigerador expositor vertical
Estufa para salgados
Vitrine refrigerada confeitaria
Forno elétrico
Forno micro-ondas
Moedor de café
Computador
Impressora fiscal
Geladeira
Móveis Balcão cafeteria/clientes
Conjunto mesa com 2 cadeiras
Banquetas
Sistemas Frente de caixa - PDV
Pessoas Atendente

2.2 Quantificação dos recursos

Uma vez identificada a lista inicial dos recursos, o próximo passo é


quantificar os recursos. Isso implica definir a capacidade instalada do negócio,
ou seja, a quantidade de clientes que esse negócio poderá atender. Definida a
capacidade, passamos ao cálculo da quantidade de recursos que permita
oferecer a capacidade desejada.
Utilizando o método da indexação fatorial, chegamos à quantidade de 367
clientes como demanda estimada. Considerando que esses clientes vão
frequentar a cafeteria diariamente, a capacidade instalada deve atender essa
quantidade.
Todavia, os 367 clientes não frequentarão a cafeteria simultaneamente,
mas em diferentes horários durante o dia. O estabelecimento ficará aberto das
8:00 às 20:00, totalizando 10 horas diárias de operação, o que resultaria em
cerca de 36 clientes atendidos por hora. Naturalmente, há uma sazonalidade na
demanda diária, pois em certos horários a cafeteria estará mais cheia ou mais
vazia. Mas vamos considerar uma variação de demanda não significativa para o
nosso exemplo. A Tabela 1 mostra a quantidade de recursos para proporcionar
uma capacidade instalada de atendimento de 36 clientes por hora.

Tabela 1 – Quantificação de recursos para capacidade instalada

Tipo Recurso Quantidade

Instalações Imóvel 50 m2 1
Equipamentos Espumador de leite 2
Kit reposição louças e talheres 1
Máquinas Máquina de café expresso 1
Refrigerador expositor vertical 1
Estufa para salgados 1

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Vitrine refrigerada confeitaria 1
Forno elétrico 1
Forno micro-ondas 1
Moedor de café 1
Computador 1
Impressora fiscal 1
Geladeira 1
Móveis Balcão cafeteria/clientes 1
Conjunto mesa com 2 cadeiras 8
Banquetas 4
Sistemas Frente de caixa - PDV 1
Pessoas Atendente 3

Entre os recursos listados na Tabela 1, o recurso que vai delimitar a


capacidade instalada é o tamanho do imóvel, que consequentemente limitará o
número de lugares para os clientes e a quantidade de funcionários que podem
trabalhar no estabelecimento.
Mas, como parte dos clientes não faz o consumo no local, isso permite a
utilização maior de alguns recursos, como a máquina de café, que precisa ter
capacidade para atender os clientes que consomem no local e os que pedem
café para viagem. Isso pode ser resolvido instalando uma máquina de café
expresso com dois grupos de extração do café (Figura 2), o que permite tirar de
2 a 4 cafés simultaneamente nos horários de pico.

Figura 2 – Máquina de café expresso dimensionada para a demanda prevista

Crédito: saravutpics / Shutterstock.

Também é importante estar atento ao risco de escassez de recursos, o


que eleva preços e os indisponibiliza no mercado. Assim, o empreendedor deve

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estar atento a esse fator, pois ele pode provocar atrasos e/ou aumento do
investimento necessário para a abertura do negócio.
Por exemplo, o empreendedor decide pela compra de uma máquina de
café expresso importada. Porém, no momento do desembaraço aduaneiro,
surgem complicações que atrasam a liberação em 3 meses. Como a cafeteria
vai operar sem a máquina de café expresso? Não é possível.
Além dos recursos tangíveis, há dois recursos intangíveis imprescindíveis
para o empreendedor: tempo e conhecimento. Eles também devem ser bem
dimensionados, sendo fornecidos pelo próprio empreendedor ou por terceiros.
Assim, se o empreendedor não tem tempo para cuidar da abertura do negócio e
da operação diária, outra pessoa deve se incumbir dessas atribuições. Da
mesma forma, se o empreendedor não tem os conhecimentos necessários para
operar o negócio, ele deve assegurar-se de que alguém na empresa tenha esses
conhecimentos.

2.3 Definição do investimento inicial

O investimento inicial é o montante de dinheiro que o empreendedor


precisará para iniciar a operação do seu negócio. Isso inclui tanto o montante
para abrir o negócio, ou seja, a constituição jurídica e a constituição física da
empresa, quanto os recursos monetários para os primeiros momentos da
operação, que podem ser classificados em duas categorias:

• Capital inicial: montante necessário para a aquisição de recursos e


serviços para a abertura do negócio;
• Capital de giro: montante necessário para manter a empresa operando;
é o dinheiro que a empresa tem “em estoque” para pagar suas despesas.

Para calcular o capital inicial, é necessário precificar os recursos


identificados e quantificados para a abertura do negócio. A Tabela 2 mostra a
precificação e o total já calculado para as quantidades de cada recurso.

Tabela 2 – Exemplo de precificação de recursos

Tipo Recurso Quantidade Preço R$


Instalações Imóvel 50 m2 1 —-
Equipamentos Espumador de leite 1 65
Kit reposição louças e talheres 1 600
Máquinas Máquina de café expresso 1 9500
Refrigerador expositor vertical 1 2800
Estufa para salgados 1 950
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Vitrine refrigerada confeitaria 1 2300
Forno elétrico 1 680
Forno micro-ondas 1 450
Moedor de café 1 1600
Computador 1 2000
Impressora fiscal 1 900
Geladeira 1 1300
Móveis Balcão cafeteria/clientes 1 6000
Conjunto mesa com 2 cadeiras 8 4000
Banquetas 4 360
Sistemas Frente de caixa - PDV 1 3500
Pessoas Atendente 3 —-
Reformas Obras no imóvel e instalações 1 10000
Total 47070

Totalizando a quantidade de recursos pelo preço unitário, chega-se ao


montante de R$ 47.070,00 para a aquisição de equipamentos, máquinas, móveis
e sistemas. Os recursos de instalação e pessoas não foram precificados, porque
são adquiríveis, afinal o imóvel é alugado e as pessoas são remuneradas por
meio de salários. Assim, o capital inicial para abrir a cafeteria seria de R$
47.070,00.
O capital de giro precisa contemplar o estoque mínimo de produtos a
serem vendidos pela empresa. Para quantificar o capital de giro necessário para
o estoque de produtos, é preciso identificar, quantificar e precificar cada um
desses itens. A Tabela 3 traz um exemplo resumido de precificação total dos
produtos para a cafeteria.

Tabela 3 – Exemplos de precificação de estoques de produtos e insumos para


uma cafeteria

Produto Total R$
Café 400
Leite 320
Açucar/adoçante 150
Salgados 8000
Doces 10000
Canela 30
Chocolate em pó 400
Licores 200
Total 19500

Portanto, o montante necessário do capital de giro para a compra mensal


de produtos para a cafeteria seria de R$ 19.500,00. Agora, é preciso identificar

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e quantificar as despesas para a operação do negócio, o que pode ser observado
na Tabela 4.

Tabela 4 – Despesas regulares da cafeteria

Item Valor R$
Aluguel imóvel 2000
IPTU e taxas 500
Energia elétrica 1000
Água 600
Telefone fixo 100
Telefone celular 60
Internet banda larga 150
Contador 400
Tarifas bancárias 100
Mensalidade sistema PDV 250
Produtos de limpeza 600
Material de escritório 100
Folha de pagamento 6000
Total 11860

O capital de giro necessário para pagamento das despesas mensais é R$


11.860,00. A Tabela 5 traz um somatório dos tipos de capital para iniciar um
negócio.

Tabela 5 – Exemplo de necessidade de capital para abrir a cafeteria

Tipo de capital Montante


Capital inicial R$ 47.070,00
Capital de giro
– Produtos R$ 19.500,00
– Despesas R$ 11.860,00
Total R$ 78.430,00

Chegamos assim ao montante de investimento inicial para abrir a


cafeteria, que é de R$ 78.530,00. Esse valor é uma estimativa e serve como
referência do valor necessário. Ao longo do tempo, antes de iniciar a criação do
negócio, esses cálculos acabarão sofrendo ajustes.

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Reforçamos também que esses valores são ilustrativos e não devem ser
tomados literalmente como referência para se abrir uma cafeteria. O próprio
empreendedor é quem vai definir as especificidades de seu negócio,
determinando os recursos, os produtos e os insumos necessários, em
quantidades adequadas.

TEMA 3 – A VIABILIDADE DO EMPREENDIMENTO

A análise da viabilidade permite verificar a lucratividade do


empreendimento desejado, ou seja, se a receita obtida é maior do que as
despesas a serem pagas. Começando por esse princípio básico, é preciso
estimar as entradas e saídas de caixa e o saldo resultante.
Vamos retomar o exemplo da cafeteria. Estimamos que, em média, há
367 clientes diariamente. Cada um deles compra apenas uma xícara de café por
dia, ao preço de R$ 4,00, resultando em uma receita mensal de R$ 32.296,00.
Como a cafeteria não vende somente cafés, mas também salgados e doces,
vamos aplicar o conceito de ticket médio.
O ticket médio é o gasto médio do cliente, considerando todo o consumo
em determinado período. Seu cálculo é bem simples: receita mensal/quantidade
de vendas mensais. Assim, vamos estipular um ticket médio de R$ 10, que
resultaria em uma receita mensal de R$ 80.740,00. Essa estimativa aparece na
Tabela 6.

Tabela 6 – Estimativa de receita mensal para a cafeteria

Clientes diários 367


Valor ticket médio R$ 10,00
Receita diária R$ 3.670,00
Receita mensal R$ 80.740,00

Para entender a viabilidade econômica do negócio, vamos utilizar a


Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Segundo Mendes (2017, p.
140), “a DRE é um tipo de demonstração financeira que tem como foco principal
a demonstração das informações financeiras da empresa a fim de formar o
resultado líquido do exercício, ou seja, o lucro ou prejuízo resultante da
operação”.

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Esse tipo de demonstração financeira é muito utilizado por médias e
grandes empresas nas análises de resultados. Como destaca Mendes (2017, p.
141): “apesar de não existir uma periodicidade definida por lei, a DRE é
elaborada uma vez por ano, com o objetivo de divulgar os resultados no período
que se encerrou. No entanto, ela pode ser elaborada para outras finalidades, em
períodos variados, dependendo da necessidade da empresa”.
Entre essas finalidades, a DRE pode ser utilizada pelo empreendedor
como uma das ferramentas da análise de viabilidade econômica do
empreendimento. Essa demonstração é muito útil, porque reúne os elementos
que impactam a sustentabilidade financeira da empresa: entradas e saídas de
caixa.
Vamos ver a aplicação da DRE para verificar a viabilidade econômica da
cafeteria na Tabela 7.

Tabela 7 – DRE da cafeteria para estimativa plena da quantidade de clientes

Itens Valor
Receita bruta R$ 80.740,00
Deduções imposto Simples (8%) R$ 6.459,20
Receita líquida R$ 74.280,80
CMV R$ 40.370,00
Lucro bruto R$ 33.910,80
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Taxa máquinas cartão (4%) R$ 3.229,60
Subtotal R$ 8.630,40
Lucro líquido R$ 25.280,40

O ponto de partida na DRE da Tabela 7 é a estimativa de receita definida


na Tabela 6. Com a empresa é classificada no regime de tributação do Simples,
a alíquota estipulada é de 8% (esse valor é estimado para esse exemplo; o
contador é o profissional que auxilia o empreendedor na gestão tributária da
empresa e a quem cabe calcular as alíquotas de impostos devidos pela
empresa). Descontando o montante do Simples, chega-se ao valor da receita
líquida.
Outro valor estimado para esse exercício é o custo da mercadoria
vendida, que inclui: preço de compra, fretes e outras despesas diretamente
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relacionadas à compra dos produtos para revenda. No exemplo, trabalhamos
com o valor de 50%. Com a subtração desse valor, chegamos ao lucro bruto.
O próximo valor é a subtração das despesas calculadas na Tabela 4, no
valor de R$ 11.860,00. Aqui também são subtraídas as despesas financeiras. No
caso, foram consideradas as mais significativas: despesas com as taxas de
recebimento com cartões de crédito e débito, valoradas em 4% sobre a venda
bruta. Chega-se, então, ao valor do lucro líquido, que foi de R$ 25.280,40.
Parece um valor muito interessante para a remuneração do pró-labore do
proprietário do estabelecimento, já que ele não consta na folha de pagamento
da empresa.
Esse valor seria o lucro caso a previsão de 367 clientes/vendas diárias se
materializasse. Mas se essa estimativa fosse muito otimista e a realidade não
correspondesse a esse volume? Vamos ver como ficaria com 60% de vendas
sobre essa estimativa. Nesse caso, seriam 220 vendas diárias, cujos resultados
podem ser observados na Tabela 8.

Tabela 8 – DRE da cafeteria para 60% do volume estimado de vendas

Itens Valor
Receita bruta R$ 48.444,00
Deduções imposto Simples (8%) R$ 3.875,52
Receita líquida R$ 44.568,48
CMV R$ 24.222,00
Lucro bruto R$ 20.346,48
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Taxa máquinas cartão (4%) R$ 1.937,76
Subtotal R$ 9.922,24
Lucro líquido R$ 10.424,24

Subtraindo as mesmas deduções, chega-se a um valor de R$ 10.424,24


de lucro líquido, o que ainda é um valor interessante para o pró-labore do
proprietário.
Outra aplicação interessante da DRE é verificar em que ponto a empresa
passa a ter prejuízo, o que pode ser observado na Tabela 9.

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Tabela 9 – DRE com lucratividade tendendo a zero

ITENS Valor
Receita bruta R$ 25.836,80
Deduções imposto Simples (8%) R$ 2.066,94
Receita líquida R$ 23.769,86
CMV R$ 12.918,40
Lucro bruto R$ 10.851,46
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Taxa máquinas cartão (4%) R$ 1.033,47
Subtotal R$ 10.826,53
Lucro líquido R$ 24,93

Para uma venda de R$ 25.836,80, a lucratividade da empresa está


praticamente zerada. A presente receita corresponde a 117,4 vendas diárias, o
que representa 32% do valor da estimativa inicial de 367 vendas diárias.
Esses cálculos e demonstrações revelam como pode ser fácil se iludir por
um cenário mais otimista que a realidade, levando o empreendedor do sonho de
altos lucros para um prejuízo que nem sequer foi considerado como possível.
Mas, seguindo a linha de que um planejamento adequado aumenta as
chances de sucesso do empreendedor, as análises da DRE das Tabelas 7 e 8
mostram cenários positivos, o que mostra que o exemplo do projeto da cafeteria
seria viável, podendo assim ser levado adiante.

TEMA 4 – CONSTITUIÇÃO E ENQUADRAMENTO DA EMPRESA

Quanto à constituição da empresa, o futuro empreendedor precisa estar


atento para escolher o formato que melhor atenda à sua realidade, evitando
complicar sua vida futura como empresário. Infelizmente, a legislação brasileira
é complexa demais para boa parte dos cidadãos comuns. No caso do
empreendedor, a menos que ele opte por se enquadrar como Micro
Empreendedor Individual (MEI), é melhor contar com a assessoria de um
contador, para auxiliá-lo a escolher o melhor enquadramento para seu futuro
negócio.
Para começar, o regime tributário brasileiro é classificado em três
categorias, conforme pode ser visto no Quadro 5.

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Quadro 5 – Faixas de faturamento por regime tributário

Regime tributário Faturamento anual

Simples Nacional Até R$ 4.800.000

Lucro Presumido Entre R$ 4.800.001 e R$


78.000.000

Lucro Real Acima de R$ 78.000.000

Fonte: Elaborado com base em Enquadramento..., 2020.

O Simples Nacional foi criado para atender as empresas de micro e


pequeno portes, com faixas de tributação menores e impostos inclusos em uma
alíquota única, o que facilita o trabalho de declaração de tributos. Para as
empresas com faturamento acima do limite do Simples, as opções são o lucro
presumido, em que a empresa paga as alíquotas conforme uma presunção de
sua lucratividade; ou lucro real, quando paga alíquotas relacionadas à
lucratividade real da empresa.
Outro aspecto a ser observado é o porte da empresa, o qual, pela
legislação, é determinado pelo faturamento (receita bruta) e pela quantidade de
empregados, conforme pode ser observado no Quadro 6.

Quadro 6 – Classificação de porte por faturamento e quantidade de empregados

Classificação Limite faturamento anual Quantidade de empregados


MEI - Micro R$ 81.000 1 pessoa
Empreendedor
Individual
ME - Micro Empresa R$ 360.000 Até 9 pessoas - comércio ou
serviços
Até 19 pessoas - indústria ou
construção
EPP - Empresa de Entre R$ 360.001 e R$ Entre 10 e 49 pessoas -
Pequeno Porte 4.800.000 comércio ou serviços
20 a 99 pessoas - indústria ou
construção
Empresa sem Acima de R$ 4.800.000 Não tem
enquadramento
Fonte: Elaborado com base em Enquadramento..., 2020.

Em relação aos formatos jurídicos de constituição da empresa, há cinco


opções mais conhecidas e utilizadas, cada qual com diferentes configurações
em termos de propriedade da empresa e de responsabilidade dos proprietários,
como podemos observar no Quadro 7.

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Quadro 7 – Opções de formatos jurídicos para constituição de empresa

Formato Jurídico Propriedade Responsabilidade


Micro Empreendedor Individual Irrestrita - abrangendo tanto o
Individual (MEI) patrimônio empresarial, quanto
pessoal.
Micro Empresa (ME) Individual Irrestrita - abrangendo tanto o
patrimônio empresarial, quanto
pessoal.
Empresa Individual de Individual Limitada ao capital integralizado.
Responsabilidade Limitada
(EIRELI)
Sociedade Limitada (Ltda.) Coletiva (até 7 sócios) Limitada ao capital integralizado.
Sociedade Anônima - Coletiva (acima de 7 Limitada ao capital integralizado.
(S.A.) sócios)
Fonte: Elaborado com base em Enquadramento..., 2020.

Por fim, confira as opções de enquadramento no regime tributários, de


acordo com o formato jurídico, no Quadro 8.

Quadro 8 – Opções de enquadramento dos formatos jurídicos de empresa no


regime tributário

Formato Regime tributário


Micro Empreendedor Individual (MEI) Simples Nacional
Micro Empresa (ME) Simples Nacional
Lucro Presumido
Lucro Real
Empresa Individual de Simples Nacional
Responsabilidade Limitada (EIRELI) Lucro Presumido
Lucro Real
Sociedade Limitada (Ltda.) Simples Nacional
Lucro Presumido
Lucro Real
Sociedade Anônima - (S.A.) Lucro Presumido
Lucro Real
Fonte: Elaborado com base em Enquadramento..., 2020.

Como já destacamos, a melhor configuração jurídica para o futuro


empreendimento deve ser discutida e analisada com o contador escolhido pelo
empreendedor. Em relação ao formato jurídico a ser escolhido, dois aspectos
merecem atenção e reflexão por parte do empreendedor.
O primeiro é a questão da responsabilidade legal do proprietário para
saldar as dívidas da empresa: pode haver demanda tanto pelo capital da
empresa quanto por seu capital pessoal. Exceto em situações em que há existam
impedimentos legais ou outros motivos específicos, não há dúvidas que a melhor
opção é escolher os formatos jurídicos que limitam essa responsabilidade ao

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capital da empresa, que hoje são a Eireli, a sociedade limitada e a sociedade
anônima.
Outro aspecto é a questão da propriedade da empresa, se será individual
ou coletiva, com um dois ou mais sócios. O empreendedor vai ter sócios? Em
que momento a sociedade será estabelecida? Desde a identificação da
oportunidade, resultado de um esforço conjunto de dois ou mais
empreendedores? Ou nas próximas etapas do processo empreendedor, em que
a eventualidade de uma sociedade preencherá uma lacuna nesse processo?
Um dos motivos mais comuns para se ter um sócio é a busca por capital
para abrir o negócio – o famoso sócio investidor. A maior parte dos
empreendedores tem ideias de negócio, mas não tem capital para transformar
essa ideia em uma empresa. Seguindo essa linha de motivação, não
necessariamente o sócio entrará com o recurso financeiro. Pode ser que esse
sócio investidor “invista” com outros recursos, como um imóvel ou máquinas e
equipamentos.
Outro motivo para se buscar um sócio é trazer para o negócio
conhecimentos e habilidades que o empreendedor não tem, que podem ser
gerenciais ou técnicas.
Sociedades malsucedidas são famosas por conflitos e por
desentendimento entre os sócios, pois no momento de se constituir a sociedade
os futuros sócios estão atentos somente às boas perspectivas do negócio. Tudo
vai bem, até que surgem conflitos, muitas vezes desavenças motivadas por
determinadas situações, ou quando a empresa começa a dar prejuízos.
Para evitar ou minimizar esses conflitos, que podem resultar no fim da
sociedade, muitas vezes em separações não amigáveis, uma opção é elaborar
um documento que se chama “Acordo de Sócios” (Carvalho.; Camara; Valentim,
2019):

O acordo de sócios é um instrumento particular que usualmente regula


algumas questões estruturais e de funcionamento da sociedade e que
são refletidas em seu contrato social, mas também regula as relações
entre os sócios nas decisões em relação à sociedade (exercício do
poder de voto e/ou do poder de controle), bem como as regras e
direitos envolvendo a compra e venda de quotas e preferência (s) para
adquiri-las, entre outras questões diversas.

Esse acordo está previsto na Lei das Sociedades Anônimas, mas pode
ser elaborado para uma sociedade limitada. Mesmo que seja cogitado e não

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venha a ser assinado, a discussão de temas que fazem parte do acordo já pode
sinalizar se haverá desacordos potenciais entre os futuros sócios (Figura 3).

Figura 3 – O acordo de sócios pode evitar conflitos na sociedade empresária

Crédito: Amnaj Khetsamtip / Shutterstock.

Considerando o exposto, a melhor configuração de formato jurídico do


futuro empreendimento seria uma Eireli enquadrada no Simples, pois
inicialmente há menos trâmites tributários para se lidar, menos impostos a pagar,
a responsabilidade dos proprietários fica restrita aos bens da empresa, e não há
sócios, eliminando a possibilidade de conflitos.
A configuração proposta, considerando esses três aspectos (Figura 4), é
adequada ao empreendedor individual que está começando seu negócio, com
poucos recursos e correndo riscos calculados.

Figura 4 – Aspectos que influenciam a configuração do formato jurídico da


empresa

Em outras configurações de empreendimentos, a formatação jurídica


pode e deve ser diferente. Por isso, o planejamento fiscal e tributário é uma tarefa
importante para todo empreendedor, e nem é tão difícil assim – basta aproveitar
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o contador que vai ser contratado para fazer a contabilidade da empresa e incluir
essa questão.

TEMA 5 – FONTES DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS

Uma vez calculado o investimento inicial necessário, o próximo passo é a


captação de recursos. Há várias fontes de recursos e financiamento disponíveis
para os empreendedores. Mendes (2017) relaciona várias fontes de captação,
como veremos adiante.
Vamos separar essas fontes em não-direcionadas e direcionadas. As
fontes não direcionadas não exigem obrigação legal de uso do recurso no novo
empreendimento. Já nas fontes direcionadas o recurso obtido precisa
necessariamente ser investido em um novo negócio. As fontes não-direcionadas
estão listadas no Quadro 9.

Quadro 9 – Relação de fontes não direcionadas de captação de recursos

Fonte Descrição
Recursos próprios Essa fonte consiste na reserva pessoal do próprio empreendedor, que
pode ser um montante poupado com o objetivo de abrir um negócio ou
não. Essa reserva pode estar disponível, ou pode ser formada, dentro
de um processo de planejamento de médio/longo prazo.
Bens pessoais Às vezes os recursos disponíveis não são o dinheiro em espécie, mas
podem ser convertidos a partir de venda, como de um automóvel ou
imóvel.
Recursos familiares Membros da família podem dispor do recurso necessário para o
empreendedor.
Amigos abastados Amigos do empreendedor também podem dispor dos recursos
necessários.
Bancos comerciais Normalmente, oferecem três modalidades de financiamento:
empréstimos pré-aprovados, nos quais o banco disponibiliza um
montante que pode ser resgatado pelo cliente sem exigência alguma;
empréstimos com garantias, que dependem das garantias para que o
recurso fique disponível para o cliente; e empréstimos sem garantias,
que são os mais difíceis e os mais caros.
Fintechs São startups que fornecem serviços financeiros com uso intenso de
tecnologia, normalmente fazendo tudo pela Internet. Entre os diversos
serviços oferecidos, há crédito, com empréstimos, em diversos casos
com taxas menores que as de bancos comerciais.
Fonte: Elaborado com base em Mendes, 2017.

Como destacamos, os recursos obtidos com essas fontes não precisam


ser necessariamente investidos em um novo negócio. No caso dos bancos e
fintechs, atendidas as garantias, o recurso é de uso livre. O mesmo ocorre com
o recurso obtido com familiares e amigos, quando a destinação se baseia na
promessa do empreendedor.

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Algumas fontes de recursos trabalham especificamente para incentivar o
empreendedorismo, com linhas de crédito direcionadas para esse fim,
normalmente com taxas menores, como podemos ver no quadro a seguir.

Quadro 10 – Relação de fontes direcionadas de captação de recursos

Fonte Descrição
Bancos de fomento Possuem linhas de crédito para incentivar o desenvolvimento
econômico, mas direcionadas para setores específicos e empresas já
em operação.
Investidores anjos Pessoas ou empresas que investem em empresas iniciantes,
normalmente startups, buscando retorno do investimento depois que a
empresa estiver consolidada.
Programas de Programas que dão o suporte necessário para acelerar o crescimento
aceleração da empresa, por meio de mentorias, know how, netoworking e acesso
a capital.
Crowdfunding Trata-se de financiamento coletivo do negócio, normalmente utilizando
uma plataforma dedicada, por meio da qual apoiadores ou potenciais
clientes colaboram com contribuições financeiras individuais (Figura
5).
Fonte: Elaborado com base em Mendes, 2017.

No caso das fontes não direcionadas de capital, o crédito depende das


garantias; no caso das fontes direcionadas, a liberação do crédito depende de
um modelo e de um plano de negócio consistente, de modo que as fontes
possam verificar a viabilidade do negócio.

Figura 5 – O crowdfunding é uma forma de obtenção de capital de apoiadores e


clientes potenciais

Crédito: Prostock-studio / Shutterstock.

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Seja qual for a fonte de capital, o empreendedor precisa prestar atenção
ao custo de obtenção do empréstimo. Se a ideia é pegar um empréstimo
tradicional, deve atentar às taxas de juros e ao seu impacto na sustentabilidade
econômica do negócio. Se for participação societária, o empreendedor precisa
atentar para os termos de remuneração da participação e para os termos de
saída dos sócios. No caso de fontes como familiares e amigos, deve pensar nos
custos emocionais desse empréstimo.
O empreendedor também pode fazer uso de mais de uma fonte de
captação de recursos para constituir o montante de investimento inicial
necessário, inclusive algumas fontes não citadas, mas que para pequenos
montantes podem ser utilizadas, como por exemplo financiamento via
fornecedores.
Seja qual for a fonte, o empreendedor precisa assumir riscos calculados.
Por exemplo, se for utilizar capital próprio, deve ter uma reserva de segurança.
Ou, ao calcular o montante do investimento inicial, deve adicionar uma margem
de segurança ao valor, pois sempre surgem gastos que não foram previstos. Ou
então, ao tomar um empréstimo em um banco com uma taxa elevada, deve ter
certeza de que o retorno esperado compensará a taxa.
Caso o empreendedor esteja enfrentando dificuldades para captar
recursos para o seu empreendimento, ele pode utilizar o conceito de MVP –
Minimum Viable Product para reduzir o montante de investimento inicial
necessário. O conceito de Minimum Viable Product, ou Produto Mínimo Viável,
propõe que, para aumentar as chances de sucesso de um produto ou serviço, o
empreendedor pode lançar uma versão reduzida, com as funcionalidades
mínimas que caracterizem o produto completo, como um protótipo funcional. Isso
permite que um grupo inicial de clientes teste o produto. Assim, o empreendedor
pode verificar o quanto o produto resolve “as dores” do cliente, para na sequência
fazer os ajustes necessários para o lançamento da versão definitiva.
Utilizando o conceito do MVP, com versões mais simples do produto, o
um investimento inicial será menor. Com isso, fica mais fácil para o
empreendedor iniciar o seu negócio e depois incrementá-lo e ampliá-lo (Figura
6).

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Figura 6 – O conceito do MVP permite o lançamento rápido do produto com um
custo inicial menor

Crédito: librarians / Shutterstock.

Nos tempos atuais, a velocidade é muito importante. Por isso, o


empreendedor deve considerar o uso de ferramentas que permitam um rápido
desenvolvimento e lançamento de seu negócio, como começar com versões
mais simples do produto ou serviço.

FINALIZANDO

Um empreendimento, para ser bem-sucedido, precisa de um bom


planejamento; um bom planejamento, por sua vez, deve atentar para alguns
fatores críticos de sucesso. Um deles é o dimensionamento da demanda, já que
muitos empreendedores imaginam uma demanda e esperam que ela se torne
realidade. Porém alguns cálculos nem tão complexos já mostram alguma coisa
sobre essa demanda, como entender se a demanda imaginada é pelo menos
um pouco realista.
Outro fator crítico é estimar a receita em função da demanda. Para isso,
é necessário, além de quantificar a demanda, ter uma noção da precificação dos
produtos e dos serviços a serem vendidos, o que resultará em uma estimativa
de receita.
O outro lado da moeda é a estimativa do investimento inicial para se criar
o negócio. Além de se ter um montante definido para a captação de recursos
com terceiros, esse momento pode ser utilizado para estimar as despesas
regulares do negócio. Juntando a previsão de receita, o investimento inicial e a
previsão de despesas, é possível analisar a viabilidade do negócio. Utilizando-

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se a DRE, é possível fazer estimativas de receitas e verificar qual o impacto na
lucratividade da empresa.
Outro fator crítico de sucesso é a configuração jurídica da empresa, pois
uma configuração inadequada pode resultar em uma carga tributária maior.
Também cabe nessa ocasião a decisão por uma empresa individual ou uma
sociedade.
Por fim, o empreendedor precisa definir a fonte (ou fontes) de captação
de recursos para a criação do negócio. As fontes incluem recursos próprios,
capital de terceiros ou empréstimos de instituições financeiras.
Uma tomada de decisão, com base em planejamento cuidadoso,
envolvendo todos esses fatores, aumenta as chances de sucesso do
empreendedor em seu futuro empreendimento.

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REFERÊNCIAS

CARVALHO, D. P.; CAMARA, D. E. G.; VALENTIM, G. Contrato social e acordo


de sócios. Espaço Startup, 2019. Disponível em:
<https://baptistaluz.com.br/espacostartup/contrato-social-e-acordo-de-
socios/#:~:text=O%20acordo%20de%20s%C3%B3cios%20%C3%A9,do%20po
der%20de%20controle)%2C%20bem>. Acesso em: 19 out. 2020.

CECCONELLO, A. R.; AJZENTAL, A. A construção do plano de negócios:


percurso metodológico para – caracterização da oportunidade, estruturação do
projeto conceptual, compreensão do contexto, definição do negócio,
desenvolvimento da estratégia, dimensionamento das operações, projeção de
resultados, análise de viabilidade. São Paulo: Saraiva, 2008.

ENQUADRAMENTO de Empresas em 2020. Abra Contábil, 2020. Disponível


em: <http://www.abracontabil.com.br/enquadramento-de-empresas/>. Acesso
em: 19 out. 2020.

MENDES, G. Empreendedorismo 360º: a prática na prática. São Paulo: Atlas,


2017.

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