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EMPREENDEDORISMO
AULA 4
O dimensionamento da demanda é o tema inicial desta aula, tendo como base o método de
indexação fatorial, cuja simplicidade o torna muito útil para o empreendedor. O tema subsequente é o
dimensionamento da operação, que trata de identificar e quantificar os recursos necessários para a
operação do empreendimento. Também trata da quantificação do investimento inicial necessário em
função da estrutura operacional estimada. O próximo tema trata da viabilidade econômica financeira do
empreendimento, contrapondo a receita estimada e as despesas com operação da estrutura. Na
sequência, há um tema sobre a constituição e o enquadramento jurídicos da empresa, com os principais
aspectos a serem observados. Por último, vamos abordar as fontes de captação de recursos às quais o
empreendedor pode recorrer na tentativa de obter recursos financeiros de que precisa para criar seu
negócio.
Uma vez tendo identificado seu público-alvo, seu segmento de mercado, é preciso perguntar: Qual
é o tamanho dele? Qual receita ele pode proporcionar? Essa receita vai depender da quantidade de
clientes potenciais no mercado dispostos a comprar seu produto ou serviço, a um determinado preço, e
do volume e da frequência dessa compra.
Por exemplo, o volume de cafés vendidos por uma cafeteria varia conforme a quantidade de
clientes que frequentam o negócio, quantos cafés cada cliente consume regularmente no decorrer do
dia, e qual o volume consumido de cada vez (xícaras pequenas, médias ou grandes).
Quanto menos o cliente consumir (volume x frequência) mais clientes desse tipo a cafeteria vai
precisar. Por outro lado, quanto mais o cliente consumir, menos clientes serão necessários para chegar
ao mesmo valor de receita (Figura 1).
A variável do consumo também estará relacionada ao fato de o público alvo estar em um mercado
encontrado em qualquer supermercado no Brasil, tem um preço baixo, sendo um exemplo de produto
massificado. Mas hoje há um mercado para cafés gourmets em ascensão no país, com produtos que
chegam a custar até dez vezes o valor do café comum. Concluímos que, quanto mais valor agregado
tem o produto, maior o seu preço deste, e menor o volume vendido para atingir a mesma receita de um
Há um método simples, mas muito oportuno, para dimensionar uma demanda potencial para o
negócio, chamado de indexação multifatorial. Segundo Cecconello e Ajzental (2008, p. 85), “a
indexação multifatorial atribui pesos específicos a cada fator, podendo ser utilizados mais de um fator.
Os pesos utilizados para o índice de poder de compra são arbitrários, empregando-se outros, caso seja
apropriado”.
indexação fatorial
Se esse produto apresenta um valor médio de R$ 120, e cada cliente alvo consome em média dois pares de sapato por ano,
estamos falando de um mercado anual de 48.000 x 2 x R$ 120,00, o que representa um consumo de R$ 11.520.000 por ano.
Fonte: Elaborado com base em Cecconello; Ajzental, 2008, p. 85.
Se esse produto apresenta um valor médio de R$ 7 o pacote, e cada família alvo consome em média um pacote de café por
semana, estamos falando de um mercado anual de 68.000 x 1 x 4,5 x 12 x R$ 7,00, o que representa um consumo de R$
25.704.000 por ano.
O exemplo para o mercado de massa não quer dizer que um único produtor de café torrado e
moído alcança essa receita. Se considerarmos uma participação de mercado igual entre 20 marcas na
cidade, cada uma estaria obtendo uma receita anual potencial de R$ 1.285.200.
com grande concentração de edifícios comerciais. A indexação fatorial para esse caso está apresentada
no Quadro 3.
Quadro 3 – Determinação do consumo de café para uma cafeteria pelo método de indexação
fatorial
Se a xícara de café apresenta um valor médio de R$ 4, e cada cliente alvo consome em média uma xícara por dia, estamos
falando de um mercado anual de 367 x 1 x 5 x 4,5 x 12 x R$ 4,00, o que representa um consumo de R$ 396.360 por ano.
O método da indexação fatorial é bastante prático para auxiliar nas análises de receitas potenciais,
uma vez que é muito difícil fazer previsões precisas. Mais do que um número, esse método ajuda a
pensar em variáveis que podem afetar a demanda, e com isso o empreendedor ganha mais elementos
Como viemos dizendo, a quantidade de recursos a serem alocados deve ser diretamente
proporcional ao tamanho da demanda dimensionada. Caso a estrutura seja subdimensionada, isso pode
implicar perda clientes e de receita, diminuindo o lucro potencial. Caso a estrutura seja
superdimensionada, ela pode ficar ociosa e trazer prejuízos ao empreendedor.
mostra uma lista não exaustiva dos recursos necessários para a estrutura da cafeteria.
Tipo Recurso
Instalações Imóvel
Pessoas Atendente
Uma vez identificada a lista inicial dos recursos, o próximo passo é quantificar os recursos. Isso
implica definir a capacidade instalada do negócio, ou seja, a quantidade de clientes que esse negócio
poderá atender. Definida a capacidade, passamos ao cálculo da quantidade de recursos que permita
Todavia, os 367 clientes não frequentarão a cafeteria simultaneamente, mas em diferentes horários
durante o dia. O estabelecimento ficará aberto das 8:00 às 20:00, totalizando 10 horas diárias de
operação, o que resultaria em cerca de 36 clientes atendidos por hora. Naturalmente, há uma
sazonalidade na demanda diária, pois em certos horários a cafeteria estará mais cheia ou mais vazia. Mas
vamos considerar uma variação de demanda não significativa para o nosso exemplo. A Tabela 1 mostra a
quantidade de recursos para proporcionar uma capacidade instalada de atendimento de 36 clientes por
hora.
Instalações Imóvel 50 m2 1
Pessoas Atendente 3
Entre os recursos listados na Tabela 1, o recurso que vai delimitar a capacidade instalada é o
tamanho do imóvel, que consequentemente limitará o número de lugares para os clientes e a
quantidade de funcionários que podem trabalhar no estabelecimento.
Mas, como parte dos clientes não faz o consumo no local, isso permite a utilização maior de alguns
recursos, como a máquina de café, que precisa ter capacidade para atender os clientes que consomem
no local e os que pedem café para viagem. Isso pode ser resolvido instalando uma máquina de café
expresso com dois grupos de extração do café (Figura 2), o que permite tirar de 2 a 4 cafés
simultaneamente nos horários de pico.
Também é importante estar atento ao risco de escassez de recursos, o que eleva preços e os
indisponibiliza no mercado. Assim, o empreendedor deve estar atento a esse fator, pois ele pode
provocar atrasos e/ou aumento do investimento necessário para a abertura do negócio.
Por exemplo, o empreendedor decide pela compra de uma máquina de café expresso importada.
tempo e conhecimento. Eles também devem ser bem dimensionados, sendo fornecidos pelo próprio
empreendedor ou por terceiros. Assim, se o empreendedor não tem tempo para cuidar da abertura do
negócio e da operação diária, outra pessoa deve se incumbir dessas atribuições. Da mesma forma, se o
empreendedor não tem os conhecimentos necessários para operar o negócio, ele deve assegurar-se de
jurídica e a constituição física da empresa, quanto os recursos monetários para os primeiros momentos
da operação, que podem ser classificados em duas categorias:
Capital inicial: montante necessário para a aquisição de recursos e serviços para a abertura do
negócio;
Capital de giro: montante necessário para manter a empresa operando; é o dinheiro que a
empresa tem “em estoque” para pagar suas despesas.
Para calcular o capital inicial, é necessário precificar os recursos identificados e quantificados para a
abertura do negócio. A Tabela 2 mostra a precificação e o total já calculado para as quantidades de cada
recurso.
Instalações Imóvel 50 m2 1 —-
Pessoas Atendente 3 —-
Total 47070
O capital de giro precisa contemplar o estoque mínimo de produtos a serem vendidos pela
empresa. Para quantificar o capital de giro necessário para o estoque de produtos, é preciso identificar,
quantificar e precificar cada um desses itens. A Tabela 3 traz um exemplo resumido de precificação total
dos produtos para a cafeteria.
Produto Total R$
Café 400
Leite 320
Açucar/adoçante 150
Salgados 8000
Doces 10000
Canela 30
Chocolate em pó 400
Licores 200
Total 19500
Portanto, o montante necessário do capital de giro para a compra mensal de produtos para a
cafeteria seria de R$ 19.500,00. Agora, é preciso identificar e quantificar as despesas para a operação do
negócio, o que pode ser observado na Tabela 4.
Item Valor R$
Água 600
Telefone celular 60
Contador 400
Total 11860
O capital de giro necessário para pagamento das despesas mensais é R$ 11.860,00. A Tabela 5 traz
um somatório dos tipos de capital para iniciar um negócio.
Tabela 5 – Exemplo de necessidade de capital para abrir a cafeteria
Capital de giro
Total R$ 78.430,00
Chegamos assim ao montante de investimento inicial para abrir a cafeteria, que é de R$ 78.530,00.
Esse valor é uma estimativa e serve como referência do valor necessário. Ao longo do tempo, antes de
iniciar a criação do negócio, esses cálculos acabarão sofrendo ajustes.
Reforçamos também que esses valores são ilustrativos e não devem ser tomados literalmente como
referência para se abrir uma cafeteria. O próprio empreendedor é quem vai definir as especificidades de
seu negócio, determinando os recursos, os produtos e os insumos necessários, em quantidades
adequadas.
Vamos retomar o exemplo da cafeteria. Estimamos que, em média, há 367 clientes diariamente.
Cada um deles compra apenas uma xícara de café por dia, ao preço de R$ 4,00, resultando em uma
receita mensal de R$ 32.296,00. Como a cafeteria não vende somente cafés, mas também salgados e
doces, vamos aplicar o conceito de ticket médio.
O ticket médio é o gasto médio do cliente, considerando todo o consumo em determinado período.
Seu cálculo é bem simples: receita mensal/quantidade de vendas mensais. Assim, vamos estipular um
ticket médio de R$ 10, que resultaria em uma receita mensal de R$ 80.740,00. Essa estimativa aparece na
Tabela 6.
como foco principal a demonstração das informações financeiras da empresa a fim de formar o
resultado líquido do exercício, ou seja, o lucro ou prejuízo resultante da operação”.
Esse tipo de demonstração financeira é muito utilizado por médias e grandes empresas nas análises
de resultados. Como destaca Mendes (2017, p. 141): “apesar de não existir uma periodicidade definida
por lei, a DRE é elaborada uma vez por ano, com o objetivo de divulgar os resultados no período que se
encerrou. No entanto, ela pode ser elaborada para outras finalidades, em períodos variados,
dependendo da necessidade da empresa”.
Entre essas finalidades, a DRE pode ser utilizada pelo empreendedor como uma das ferramentas da
análise de viabilidade econômica do empreendimento. Essa demonstração é muito útil, porque reúne os
elementos que impactam a sustentabilidade financeira da empresa: entradas e saídas de caixa.
Vamos ver a aplicação da DRE para verificar a viabilidade econômica da cafeteria na Tabela 7.
Itens Valor
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Subtotal R$ 8.630,40
Outro valor estimado para esse exercício é o custo da mercadoria vendida, que inclui: preço de
compra, fretes e outras despesas diretamente relacionadas à compra dos produtos para revenda. No
exemplo, trabalhamos com o valor de 50%. Com a subtração desse valor, chegamos ao lucro bruto.
O próximo valor é a subtração das despesas calculadas na Tabela 4, no valor de R$ 11.860,00. Aqui
também são subtraídas as despesas financeiras. No caso, foram consideradas as mais significativas:
despesas com as taxas de recebimento com cartões de crédito e débito, valoradas em 4% sobre a venda
bruta. Chega-se, então, ao valor do lucro líquido, que foi de R$ 25.280,40.
Esse valor seria o lucro caso a previsão de 367 clientes/vendas diárias se materializasse. Mas se essa
estimativa fosse muito otimista e a realidade não correspondesse a esse volume? Vamos ver como ficaria
com 60% de vendas sobre essa estimativa. Nesse caso, seriam 220 vendas diárias, cujos resultados
podem ser observados na Tabela 8.
Tabela 8 – DRE da cafeteria para 60% do volume estimado de vendas
Itens Valor
CMV R$ 24.222,00
Despesas Operacionais
Diversas R$ 11.860,00
Subtotal R$ 9.922,24
Subtraindo as mesmas deduções, chega-se a um valor de R$ 10.424,24 de lucro líquido, o que ainda
é um valor interessante para o pró-labore do proprietário.
Outra aplicação interessante da DRE é verificar em que ponto a empresa passa a ter prejuízo, o que
pode ser observado na Tabela 9.
ITENS Valor
CMV R$ 12.918,40
Diversas R$ 11.860,00
Subtotal R$ 10.826,53
Para uma venda de R$ 25.836,80, a lucratividade da empresa está praticamente zerada. A presente
receita corresponde a 117,4 vendas diárias, o que representa 32% do valor da estimativa inicial de 367
vendas diárias.
Esses cálculos e demonstrações revelam como pode ser fácil se iludir por um cenário mais otimista
que a realidade, levando o empreendedor do sonho de altos lucros para um prejuízo que nem sequer foi
considerado como possível.
Mas, seguindo a linha de que um planejamento adequado aumenta as chances de sucesso do
empreendedor, as análises da DRE das Tabelas 7 e 8 mostram cenários positivos, o que mostra que o
exemplo do projeto da cafeteria seria viável, podendo assim ser levado adiante.
Quanto à constituição da empresa, o futuro empreendedor precisa estar atento para escolher o
formato que melhor atenda à sua realidade, evitando complicar sua vida futura como empresário.
Infelizmente, a legislação brasileira é complexa demais para boa parte dos cidadãos comuns. No caso do
empreendedor, a menos que ele opte por se enquadrar como Micro Empreendedor Individual (MEI), é
melhor contar com a assessoria de um contador, para auxiliá-lo a escolher o melhor enquadramento
para seu futuro negócio.
Para começar, o regime tributário brasileiro é classificado em três categorias, conforme pode ser
visto no Quadro 5.
O Simples Nacional foi criado para atender as empresas de micro e pequeno portes, com faixas de
tributação menores e impostos inclusos em uma alíquota única, o que facilita o trabalho de declaração
de tributos. Para as empresas com faturamento acima do limite do Simples, as opções são o lucro
presumido, em que a empresa paga as alíquotas conforme uma presunção de sua lucratividade; ou lucro
real, quando paga alíquotas relacionadas à lucratividade real da empresa.
Outro aspecto a ser observado é o porte da empresa, o qual, pela legislação, é determinado pelo
faturamento (receita bruta) e pela quantidade de empregados, conforme pode ser observado no Quadro
6.
Por fim, confira as opções de enquadramento no regime tributários, de acordo com o formato
jurídico, no Quadro 8.
Formato Regime
tributário
Como já destacamos, a melhor configuração jurídica para o futuro empreendimento deve ser
discutida e analisada com o contador escolhido pelo empreendedor. Em relação ao formato jurídico a
ser escolhido, dois aspectos merecem atenção e reflexão por parte do empreendedor.
Outro aspecto é a questão da propriedade da empresa, se será individual ou coletiva, com um dois
ou mais sócios. O empreendedor vai ter sócios? Em que momento a sociedade será estabelecida? Desde
a identificação da oportunidade, resultado de um esforço conjunto de dois ou mais empreendedores?
Ou nas próximas etapas do processo empreendedor, em que a eventualidade de uma sociedade
preencherá uma lacuna nesse processo?
Um dos motivos mais comuns para se ter um sócio é a busca por capital para abrir o negócio – o
famoso sócio investidor. A maior parte dos empreendedores tem ideias de negócio, mas não tem capital
para transformar essa ideia em uma empresa. Seguindo essa linha de motivação, não necessariamente o
sócio entrará com o recurso financeiro. Pode ser que esse sócio investidor “invista” com outros recursos,
como um imóvel ou máquinas e equipamentos.
Outro motivo para se buscar um sócio é trazer para o negócio conhecimentos e habilidades que o
empreendedor não tem, que podem ser gerenciais ou técnicas.
Sociedades malsucedidas são famosas por conflitos e por desentendimento entre os sócios, pois no
momento de se constituir a sociedade os futuros sócios estão atentos somente às boas perspectivas do
negócio. Tudo vai bem, até que surgem conflitos, muitas vezes desavenças motivadas por determinadas
situações, ou quando a empresa começa a dar prejuízos.
Para evitar ou minimizar esses conflitos, que podem resultar no fim da sociedade, muitas vezes em
separações não amigáveis, uma opção é elaborar um documento que se chama “Acordo de Sócios”
(Carvalho.; Camara; Valentim, 2019):
O acordo de sócios é um instrumento particular que usualmente regula algumas questões estruturais e
de funcionamento da sociedade e que são refletidas em seu contrato social, mas também regula as
relações entre os sócios nas decisões em relação à sociedade (exercício do poder de voto e/ou do
poder de controle), bem como as regras e direitos envolvendo a compra e venda de quotas e
preferência (s) para adquiri-las, entre outras questões diversas.
Esse acordo está previsto na Lei das Sociedades Anônimas, mas pode ser elaborado para uma
sociedade limitada. Mesmo que seja cogitado e não venha a ser assinado, a discussão de temas que
fazem parte do acordo já pode sinalizar se haverá desacordos potenciais entre os futuros sócios (Figura
3).
Em outras configurações de empreendimentos, a formatação jurídica pode e deve ser diferente. Por
isso, o planejamento fiscal e tributário é uma tarefa importante para todo empreendedor, e nem é tão
difícil assim – basta aproveitar o contador que vai ser contratado para fazer a contabilidade da empresa
Uma vez calculado o investimento inicial necessário, o próximo passo é a captação de recursos. Há
várias fontes de recursos e financiamento disponíveis para os empreendedores. Mendes (2017) relaciona
várias fontes de captação, como veremos adiante.
Vamos separar essas fontes em não-direcionadas e direcionadas. As fontes não direcionadas não
exigem obrigação legal de uso do recurso no novo empreendimento. Já nas fontes direcionadas o
recurso obtido precisa necessariamente ser investido em um novo negócio. As fontes não-direcionadas
estão listadas no Quadro 9.
Fonte Descrição
Recursos Essa fonte consiste na reserva pessoal do próprio empreendedor, que pode ser um
próprios montante poupado com o objetivo de abrir um negócio ou não. Essa reserva pode estar
disponível, ou pode ser formada, dentro de um processo de planejamento de
médio/longo prazo.
Bens Às vezes os recursos disponíveis não são o dinheiro em espécie, mas podem ser
pessoais convertidos a partir de venda, como de um automóvel ou imóvel.
Fintechs São startups que fornecem serviços financeiros com uso intenso de tecnologia,
normalmente fazendo tudo pela Internet. Entre os diversos serviços oferecidos, há
crédito, com empréstimos, em diversos casos com taxas menores que as de bancos
comerciais.
Como destacamos, os recursos obtidos com essas fontes não precisam ser necessariamente
investidos em um novo negócio. No caso dos bancos e fintechs, atendidas as garantias, o recurso é de
uso livre. O mesmo ocorre com o recurso obtido com familiares e amigos, quando a destinação se
baseia na promessa do empreendedor.
Algumas fontes de recursos trabalham especificamente para incentivar o empreendedorismo, com
linhas de crédito direcionadas para esse fim, normalmente com taxas menores, como podemos ver no
quadro a seguir.
Fonte Descrição
Programas de Programas que dão o suporte necessário para acelerar o crescimento da empresa,
aceleração por meio de mentorias, know how, netoworking e acesso a capital.
No caso das fontes não direcionadas de capital, o crédito depende das garantias; no caso das fontes
direcionadas, a liberação do crédito depende de um modelo e de um plano de negócio consistente, de
Seja qual for a fonte de capital, o empreendedor precisa prestar atenção ao custo de obtenção do
empréstimo. Se a ideia é pegar um empréstimo tradicional, deve atentar às taxas de juros e ao seu
impacto na sustentabilidade econômica do negócio. Se for participação societária, o empreendedor
precisa atentar para os termos de remuneração da participação e para os termos de saída dos sócios. No
caso de fontes como familiares e amigos, deve pensar nos custos emocionais desse empréstimo.
O empreendedor também pode fazer uso de mais de uma fonte de captação de recursos para
constituir o montante de investimento inicial necessário, inclusive algumas fontes não citadas, mas que
para pequenos montantes podem ser utilizadas, como por exemplo financiamento via fornecedores.
Seja qual for a fonte, o empreendedor precisa assumir riscos calculados. Por exemplo, se for utilizar
capital próprio, deve ter uma reserva de segurança. Ou, ao calcular o montante do investimento inicial,
deve adicionar uma margem de segurança ao valor, pois sempre surgem gastos que não foram
previstos. Ou então, ao tomar um empréstimo em um banco com uma taxa elevada, deve ter certeza de
que o retorno esperado compensará a taxa.
Caso o empreendedor esteja enfrentando dificuldades para captar recursos para o seu
empreendimento, ele pode utilizar o conceito de MVP – Minimum Viable Product para reduzir o
montante de investimento inicial necessário. O conceito de Minimum Viable Product, ou Produto
Mínimo Viável, propõe que, para aumentar as chances de sucesso de um produto ou serviço, o
empreendedor pode lançar uma versão reduzida, com as funcionalidades mínimas que caracterizem o
produto completo, como um protótipo funcional. Isso permite que um grupo inicial de clientes teste o
produto. Assim, o empreendedor pode verificar o quanto o produto resolve “as dores” do cliente, para
na sequência fazer os ajustes necessários para o lançamento da versão definitiva.
Utilizando o conceito do MVP, com versões mais simples do produto, o um investimento inicial será
menor. Com isso, fica mais fácil para o empreendedor iniciar o seu negócio e depois incrementá-lo e
ampliá-lo (Figura 6).
Figura 6 – O conceito do MVP permite o lançamento rápido do produto com um custo inicial menor
Nos tempos atuais, a velocidade é muito importante. Por isso, o empreendedor deve considerar o
uso de ferramentas que permitam um rápido desenvolvimento e lançamento de seu negócio, como
começar com versões mais simples do produto ou serviço.
FINALIZANDO
planejamento, por sua vez, deve atentar para alguns fatores críticos de sucesso. Um deles é o
dimensionamento da demanda, já que muitos empreendedores imaginam uma demanda e esperam que
ela se torne realidade. Porém alguns cálculos nem tão complexos já mostram alguma coisa sobre essa
demanda, como entender se a demanda imaginada é pelo menos um pouco realista.
Outro fator crítico é estimar a receita em função da demanda. Para isso, é necessário, além de
quantificar a demanda, ter uma noção da precificação dos produtos e dos serviços a serem vendidos, o
que resultará em uma estimativa de receita.
O outro lado da moeda é a estimativa do investimento inicial para se criar o negócio. Além de se ter
um montante definido para a captação de recursos com terceiros, esse momento pode ser utilizado para
estimar as despesas regulares do negócio. Juntando a previsão de receita, o investimento inicial e a
previsão de despesas, é possível analisar a viabilidade do negócio. Utilizando-se a DRE, é possível fazer
estimativas de receitas e verificar qual o impacto na lucratividade da empresa.
Outro fator crítico de sucesso é a configuração jurídica da empresa, pois uma configuração
inadequada pode resultar em uma carga tributária maior. Também cabe nessa ocasião a decisão por
uma empresa individual ou uma sociedade.
Por fim, o empreendedor precisa definir a fonte (ou fontes) de captação de recursos para a criação
do negócio. As fontes incluem recursos próprios, capital de terceiros ou empréstimos de instituições
financeiras.
Uma tomada de decisão, com base em planejamento cuidadoso, envolvendo todos esses fatores,
aumenta as chances de sucesso do empreendedor em seu futuro empreendimento.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, D. P.; CAMARA, D. E. G.; VALENTIM, G. Contrato social e acordo de sócios. Espaço
Startup, 2019. Disponível em: <https://baptistaluz.com.br/espacostartup/contrato-social-e-acordo-de-
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C%20bem>. Acesso em: 19 out. 2020.