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de alimentos e bebidas
Apresentação
Quando o estoque é bem gerenciado, a empresa consegue oferecer um serviço de melhor
qualidade, assim como atender à expectativa de seus clientes, reduzindo custos
e, consequentemente, aumentando o faturamento. Além disso, a gestão de estoque eficiente é um
diferencial no segmento de alimentos e bebidas, podendo proporcionar ao estabelecimento a
oportunidade de aproveitar as ofertas de mercado, além de se destacar nesse ramo tão
competitivo.
Bons estudos.
Em pesquisas realizadas junto ao Food Consulting (2019), um ponto que chama a atenção é o
despreparo dos gestores de bares e restaurantes na gestão de crise e controle de suas operações.
Imagine que você é dono de um restaurante localizado em uma região com alto número de pessoas
que atuam em startups e empresas de tecnologia. O seu restaurante é o "queridinho" da região pela
qualidade dos alimentos e novos pratos todo dia. Seu público-alvo é jovem, trabalha horas frente a
um computador e não tem perfil de cozinhar em casa.
Com seu estabelecimento fechado, você precisa pensar em estratégias para reinventar seu negócio
e não cair na estatística apresentada acima de 20% de restaurantes fechando as portas. Uma
questão importante a ressaltar é seu método de compra: como você tem um bom espaço para
estocagem, acaba por acreditar que comprar altos volumes de estoques o ajudam a conseguir
melhor estratégia de preços.
Diante desse novo cenário, quais estratégias você poderia criar para atender a essa demanda de
clientes que estão comprando on-line e que talvez busquem outro formato de cardápio com
novidades, impactando, assim, sua gestão de estoques?
Infográfico
Você já passou pela frustração de estar com o desejo de comer algum prato de um restaurante, se
deslocar até o local e, chegando lá, receber a informação de que aquele prato tão esperado não
poderá ser servido porque está em falta? A eficiência na gestão de estoque é pautada no equilíbrio
de compras, armazenamento e abastecimento da produção. Não ter matéria-prima para produzir e
atender à demanda é um fator relevante para perder mercado e oportunidades.
Boa leitura.
GESTÃO DE
RECURSOS,
CUSTOS E
FORMAÇÃO DO
PREÇO DE VENDA
Gestão de
estoques em
empreendimentos
de alimentos
e bebidas
Isis Boostel
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
No Brasil, o setor de bares e restaurantes tem crescido nos últimos anos e
adaptado as suas demandas, devido às constantes inovações exigidas pelos
clientes. Em faturamento, esse setor contribui com cerca de 2,7% do PIB (produto
interno bruto) em cerca de 1 milhão de negócios espalhados em todo o Brasil.
Esses empreendimentos, em sua maior parte pequenos e médios, precisam
estar atentos à forma como controlar o seu estoque. Isso porque, em algumas
situações, o estoque pode representar um alto capital empatado pela empresa,
2 Gestão de estoques em empreendimentos de alimentos e bebidas
que, se utilizado em outra área, poderia ajudá-la a se organizar melhor, como, por
exemplo, por meio de investimento em estratégias de marketing ou até mesmo
por meio da abertura de outra filial.
Neste capítulo, você verá como um correto planejamento pode ajudar o ne-
gócio a controlar o seu volume de insumos, com previsões de consumo mais
aproximadas da realidade da organização. Além disso, conhecerá as principais
ferramentas utilizadas pelos gestores no controle efetivo do estoque. Por fim,
você verá que a empresa que consegue controlar a entrada e saída de material,
a fim de manter o suficiente para atender à sua demanda mesmo com as oscilações
do mercado, pode atuar de forma mais segura e com tranquilidade para agir em
tempos de adaptações.
[...] a previsão dos níveis de demanda é vital para a empresa como um todo,
na medida em que proporciona a entrada básica para o planejamento e controle
de todas as áreas funcionais, entre as quais Logística, Marketing, Produção e
finanças. Os níveis de demanda e os momentos que ocorrem afetam fundamen-
talmente os índices de capacidade, as necessidades financeiras e estrutura geral
de qualquer negócio.
Ferramentas de controle e
gestão de estoques
Como visto, o estoque atua de forma a melhorar o atendimento ao cliente,
porém também representa um custo importante dentro da composição da
empresa, e sua permanência na organização deve ser repensada, caso não
esteja sendo disposto para a venda.
Como o estoque representa um custo, a empresa deve estar atenta a
como gerir os seus insumos. Nesse sentido, o uso de ferramentas de gestão
de estoques visa a minimizar o seu impacto. Várias são as ferramentas uti-
lizadas para gerenciar o estoque, entre elas o método de movimentação e
avalição de estoque.
Como a principal matéria-prima utilizada no ramo alimentício e de bebidas
é perecível, o sistema mais indicado para movimentar o estoque é o FEFO
(do inglês first exhaust, first out; ou primeiro que vence, primeiro que sai, em
português). Esse método de movimentação e avaliação de estoque é baseado
no prazo de validade dos produtos. Outra opção é a curva ABC, que permite que
a organização gerencie os seus produtos conforme uma classificação prévia.
8 Gestão de estoques em empreendimentos de alimentos e bebidas
Segundo Dias (2009), a curva ABC busca verificar os itens que demandam
uma atenção mais rigorosa quanto ao seu controle, em detrimento de seu
valor e necessidade dentro do processo produtivo, por exemplo. Para o autor,
ela é utilizada pela gestão de estoque para mensurar as políticas de vendas,
definir a prioridade e programar a produção.
O Quadro 2, a seguir, apresenta a classificação dos produtos em três
categorias diferenciadas. A curva ABC permite analisar os tipos de produtos,
definindo, assim, quais cuidados deve-se ter com cada um deles. Essa é uma
metodologia simples, de modo que empresas de pequeno e médio portes
podem fazer uso dela.
4 Análises e conclusões
5 Providências e decisões
A 1 10.000 10.000 8°
B 12 10.200 122.400 2°
C 3 90.000 270.000 1°
D 6 4.500 27.000 4°
E 10 7.000 70.000 3°
F 1.200 20 24.000 6°
H 28 800 22.400 7°
J 60 130 7.800 9°
1° C 270.000 270.000 46
2° B 122.400 392.400 67
3° E 70.000 462.400 79
4° D 27.000 489.400 83
5° G 25.200 514.600 88
(Continua)
Gestão de estoques em empreendimentos de alimentos e bebidas 11
(Continuação)
6° F 24.000 561.000 92
7° H 22.400 538.600 95
8° A 10.000 571.000 97
9° J 7.800 578.800 98
Classe Eixo A B C
O termo just in time (JIT) foi cunhado no Japão, na década de 1970. A indústria
automotiva ocidental começou a utilizá-lo em 1980, e outras empresas também
se envolveram com a cultura de qualidade. Just in time significa momento
certo, ou seja, produzir a quantidade exata de acordo com a demanda sem
que seja necessário manter grandes estoques.
14 Gestão de estoques em empreendimentos de alimentos e bebidas
Para Dias (2009), o JIT considera puxar a demanda, isto é, trabalha com
o pedido do mercado, de modo que só se produz quando há demanda. Nos
outros sistemas utilizados por algumas empresas, mesmo que não haja de-
manda, a empresa produz e envia ao mercado, aguardando o consumo que
pode ou não acontecer.
O objetivo do JIT é manter estoque zero, uma vez que ele representa custo
com o seu ativo imobilizado, mas integra a filosofia de que o insumo deve estar
disponível no processo produtivo exatamente quando necessário. Quando
se pensa no setor de gastronomia, o uso dos insumos é um desafio para os
gestores, pois lidar com alguns insumos perecíveis pode ocasionar grandes
perdas. Como visto na curva ABC, o controle adequado dos insumos é muito
importante, pois, se um item classificado como A, que representa um alto
valor para empresa, perder o prazo de validade ou estragar, devido a um mal
acondicionamento, isso causaria um rombo no fluxo de caixa da empresa.
O JIT é considerado um sistema ativo, no qual erros relacionados à má
gestão de estoque são evitados no limite máximo. No entanto, sabe-se que
falhas no uso das máquinas, atrasos na entrega de um determinado fornece-
dor e insumos importados justifiquem a presença de estoques. Esse sistema
evita desperdício e custos extras, sendo recomendável para a indústria de
alimentos e bebidas, pois a maioria dos insumos são perecíveis. O mercado
oferece software para gerenciar o estoque, porém é necessário realizar in-
ventários para garantir a acurácia do estoque e a confiabilidade do sistema.
Outro ponto crucial para a gestão de estoque é determinar o momento exato
para comprar novas matérias-primas.
Quando a quantidade de um determinado insumo atinge a quantidade
mínima, é o momento de realizar uma nova aquisição. Para determinar o
estoque mínimo, deve-se levar em consideração o tempo que um novo lote
de matéria-prima gasta para entrar no estoque. Segundo Paoleschi (2014),
o estoque mínimo proporciona equilíbrio para o processo produtivo. Vale
ressaltar que o custo é continuado, de modo que uma análise criteriosa deve
ser realizada ao se adquirir insumos, para não onerar o inventário. Para o autor,
alguns fatores levam à falta de insumos e devem ser ponderados, são eles:
oscilações no consumo;
variação no programa de produção;
rejeição de lote por parte do controle de qualidade;
diferenças de inventário;
atrasos do fornecedor.
Gestão de estoques em empreendimentos de alimentos e bebidas 15
Programa-
mestre de
produção
Saídas e
relatórios
cessários para produzir as suas receitas e drinks, o MRP, que possibilita saber
exatamente quanto e quando comprar, para que não falte e não sobre nada
no seu estoque, evitando perdas, e a ferramenta JIT, que auxilia a dimensionar
o tempo de entrega para evitar estoques.
Referências
ABICHABKI, T. 5 etapas para o sucesso de um planejamento de demanda. ILOS – Espe-
cialistas em logística e supply chain, Rio de Janeiro; São Paulo, 8 nov. 2019. Disponível
em: https://www.ilos.com.br/web/5-etapas-para-o-sucesso-de-um-planejamento-
-de-demanda/. Acesso em: 8 dez. 2020.
ARTHMAR, R. Vilfredo Pareto. Manual of Political Economy. Estudos Econômicos, São
Paulo, v. 45, n. 2, p. 459–470, abr./jun. 2015. Disponível em: http://www.revistas.usp.
br/ee/article/view/84346. Acesso em: 8 dez. 2020.
BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2010. 616 p.
BERTAGLIA, P. R. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. 3. ed. São Paulo:
Saraiva, 2012. 528 p.
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e
operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. 519 p.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2009. 360 p.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 7. ed. São Paulo:
Atlas, 2019. 512 p.
OLIVA, R.; WATSON, N. Managing Functional Biases in Organizational Forecast: A case
Study of Consensus Forecasting in Supply Chain Planning. Production and Operations
Management, [S. l.], v. 18, n. 2, p. 138–151, Mar./Apr. 2009.
PAOLESCHI, B. Estoques e armazenagem. São Paulo: Érica, 2014. 160 p.
SLACK, N.; BRANDAN-JONES, A.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 8. ed. São
Paulo: Atlas, 2018. 856 p.
Leitura recomendada
ESTOQUE: aprenda a gerir o seu. Endeavor Brasil, São Paulo, 22 jun. 2015. Disponível
em: https://endeavor.org.br/operacoes/estoque/. Acesso em: 8 dez. 2020.
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer uma estratégia para evitar o desabastecimento.
Atender o cliente com o prato desejado é estabelecer um estoque de segurança para garantir o
serviço em caso de atrasos do fornecedor ou alteração repentina na demanda.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios
1) Gerenciar os estoques é uma atividade complexa, pois envolve muitos fatores que a
empresa consegue controlar e outros que estão fora de seu controle. O uso de ferramentas
ajuda a diminuir a chance de erros por esses fatores, e uma delas é a Curva ABC. Analise as
alternativas a seguir sobre sua classificação e marque a alternativa correta.
I. Grupo de itens mais importantes que devem ser tratados com uma atenção especial pela
administração.
II. Grupo de itens menos importantes que justificam pouca atenção por parte da
administração.
A ferramenta Just in Time (JIT) permite ao gestor gerenciar suas operações de forma
eficiente, reduzindo tempo e custo. Sobre ela, assinale a alternativa correta.
A) Surgiu na década de 1940 no Japão e a partir de 2000 tomou força em seu uso no Ocidente.
E) O JIT é considerado um sistema ativo, que evita ao máximo erros de má gestão do estoque.
3) O MRP (do inglês material requirements planning; ou planejamento dos recursos da produção,
em português) é uma ferramenta que possibilita que o gestor de gastronomia
controle quando e quanto pedir de materiais para a produção de suas receitas.
A) Folha de pagamentos.
B) Romaneio de carga.
E) Lista de materiais.
A) O departamento de compras deseja sempre altos estoques, pois consegue desconto em suas
negociações com fornecedores.
B) O departamento de produção deseja baixo estoque, pois consegue gerenciar seu volume pelo
uso do MRP.
C) O departamento comercial deseja baixo estoque, pois só produzem depois que fecharem com
o cliente; o prazo não importa.
D) O departamento financeiro deseja alto estoque, pois a gestão do fluxo de caixa é irrelevante.
E) O departamento de transportes deseja baixo estoque para justificar o uso da frota própria.
I. Uma boa gestão de estoque é baseada no menor custo possível, sem que ocorra falta de
algum insumo.
II. O estoque representa um fator estratégico para a organização, no entanto, sua gestão
deve considerar o custo financeiro despendido pela área de compras.
Neste Na Prática, você vai ver um caso de controle de estoque de bebidas em um bar.
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