Você está na página 1de 35

Fotografia para gastronomia

Apresentação
Seria possível resumir o fotojornalismo gastronômico em uma simples expressão: “comer com os
olhos”. A fotografia em gastronomia vai muito além de fotografar comida; ela precisa estimular o
apetite. Além disso, no jornalismo, a imagem não é só uma questão estética; ela tem a missão de
complementar uma informação. O recente jornalismo gastronômico, originado por conta do
crescimento do mercado de alimentação e da demanda que se interessa por gastronomia, é um
campo de trabalho aberto e carente de bons profissionais. Por isso, a proposta aqui é preparar você
para atuar nesse mercado, especificamente na fotografia.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a história da fotografia, desde sua origem até a era
digital. Entenderá como funciona o processo de captura e armazenamento de fotografias digitais e
sua importância, como forma de comunicação, na sociedade atual. Você também verá os elementos
que compõem a linguagem fotográfica e como ela se aplica à gastronomia. Por fim, você será
orientado com técnicas, exemplos e exercícios sobre como produzir fotografias na área do
jornalismo gastronômico.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar o princípio de formação da imagem na fotografia digital e seus mecanismos e


operacionalização.
• Reconhecer os principais elementos da linguagem fotográfica e a relevância da produção das
narrativas por meio da imagem de alimentos e preparações alimentares.
• Aplicar os conhecimentos da técnica em rotinas de produção fotográficas em gastronomia de
forma ética e crítica.
Desafio
O fotógrafo que trabalha com jornalismo gastronômico precisa ter em mente que a fotografia de
alimentos deve extrapolar os limites da sensibilidade visual e estimular os outros sentidos da
alimentação, como paladar e olfato. Em suma, uma boa fotografia tem que abrir o apetite.

Considere a seguinte situação:


Considerando a regra dos terços e todos os outros elementos que você aprendeu até aqui,
apresente 10 fotografias que tenham como tema principal a goiaba.
Infográfico
A distância em que o fotógrafo se posiciona da composição a ser fotografada determina o plano da
fotografia. Uma imagem pode ser de primeiro plano, plano médio ou plano geral. O fotógrafo deve
escolher o plano que utilizará de acordo com o objetivo da fotografia.

Neste Infográfico, veja exemplos de cada um dos planos.


Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Conteúdo do livro
Muitos estudiosos já sinalizaram que esta é a era das imagens. “Uma imagem vale mais que mil
palavras”, diz o ditado popular. Nesse sentido, a fotografia é parte integrante do jornalismo e tem
sua importância até mesmo na compreensão da informação. No entanto, os interesses pela
gastronomia vêm crescendo a olhos vistos. Trata-se de uma área cada vez mais divulgada e
admirada pelos mais diversos tipos de público. O surgimento do jornalismo gastronômico é uma
prova de que há público, e não é pequeno, para matérias que tratam de inúmeros aspectos da
alimentação humana. Assim, têm surgido no mercado fotógrafos especializados em fotografia de
alimentos e preparações culinárias. A fotografia de gastronomia se tornou um campo de trabalho
promissor, e a técnica tem suas peculiaridades.

No capítulo Fotografia para gastronomia, da obra Comunicação em gastronomia, você vai viajar pela
história dessa técnica, desde sua invenção até a fotografia digital, entendendo o funcionamento
dessa última tecnologia. Vai também aprender sobre a linguagem fotográfica e ver detalhadamente
os elementos que a compõem. Por fim, você vai conhecer as técnicas e dicas específicas da
fotografia gastronômica, para ser capaz de fazer suas próprias produções.

Boa leitura.
COMUNICAÇÃO EM
GASTRONOMIA

Luli Neri Riccetto


Fotografia para
gastronomia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar o princípio de formação de imagem na fotografia digital,


seus mecanismos e operacionalização.
„„ Reconhecer os principais elementos da linguagem fotográfica e a
relevância da produção das narrativas por meio da imagem de ali-
mentos e preparações alimentares.
„„ Aplicar os conhecimentos técnicos em rotinas de produção fotográ-
ficas em gastronomia de forma ética e crítica.

Introdução
Neste capítulo, você conhecerá o surgimento e a evolução da arte de
fotografar desde seu início até a era da fotografia digital, bem como
reconhecerá o funcionamento dessa tecnologia. Aprenderá, ainda, sobre
a linguagem fotográfica e os elementos que a compõem, e poderá ver
dicas e exemplos para desenvolver a habilidade de produzir suas próprias
fotografias de gastronomia.

Fotografia
Compreender o mundo a sua volta não é uma tarefa simples; trata-se de um
processo mediado pelo cérebro, que, apesar de instintivo, é bem complexo.
Olhos, boca, nariz, ouvidos e pele são as “ferramentas” que nos permitem
ver, degustar, cheirar, ouvir e sentir, e são fundamentais em nossa percepção.
Segundo Goldman (1964, p. 51), “numa pessoa normal, o sentido da visão
ocupa 87% da percepção total, o auditivo 7%, o do olfato 3%, ficando o saldo
dividido entre o paladar e o tato com 1,5% de percepção para cada” (Figura 1).
2 Fotografia para gastronomia

Figura 1. Sentidos da percepção em uma pessoa normal.


Fonte: Goldman (1964, p. 51).

Portanto, podemos considerar que as imagens têm grande importância


em nossa percepção. A visão é um dos mais complexos sistemas do corpo
humano, e podemos comparar seu processo de funcionamento com o de uma
lente objetiva de uma câmera fotográfica. Aliás, a invenção da fotografia
certamente se inspirou no processo da visão.

História da fotografia
De forma bem simples, a fotografia é o resultado da captura de uma imagem
através da ação de luz. Em 1793, Joseph Nicéphore Niépce, cientista francês,
desenvolveu uma câmara escura (do tipo que hoje conhecemos como pinhole)
e um tipo de papel com cloreto de prata, com os quais foi capaz de “imprimir”
a luz em uma superfície sem utilizar nenhum tipo de tinta (NEMES, 2014,
documento on-line). No entanto, a fotografia se apagava em pouco tempo.

Assista a experiência do canal Manual do Mundo sobre como funciona e como é


possível fazer uma pinhole.

https://qrgo.page.link/P9pBd
Fotografia para gastronomia 3

Em 1824, Niépce, aprimorando insistentemente suas pesquisas, conseguiu


encontrar um método que permitia maior duração da “impressão”. Em 1826,
por fim, ele produziu a primeira fotografia de duração indefinida, que existe
até hoje. Contudo, a qualidade de resolução dessa fotografia era péssima e o
processo completo de captura levava cerca de oito horas.
Em 1834, Henry Fox Talbot, cientista inglês, publicou um artigo explicando
suas experiências de fixar imagens usando um papel tratado com cloreto de
prata, como fazia Niépce, mas que depois era mergulhado em uma solução de
sal. Com esse processo, Talbot estava inventando o filme negativo, que podia
ser copiado diversas vezes.
Em 1849, outro cientista francês, Louis Daguerre, marcou a história da foto-
grafia. Até então, essa arte estava enclausurada nos laboratórios experimentais
de cientistas que se dedicavam à fotografia. Porém, Daguerre conseguiu apoio
e financiamento do governo francês e, aproveitando as pesquisas anteriores,
desenvolveu o daguerreótipo, uma espécie de câmera fotográfica que podia
ser usada por leigos. A invenção de Daguerre fixava a imagem capturada em
uma placa espelhada rígida, mas que precisava ser guardada com cuidado por
ser extremamente frágil.
A invenção de Daguerre foi o primeiro método de captura de imagens
que possibilitou a comercialização em escala. Obviamente, na época, apenas
pessoas muito ricas e entusiastas tinham a possiblidade de adquirir o daguer-
reótipo. Contratar um pintor para fazer seu retrato em uma tela saía ainda mais
barato do que comprar a nova câmera. Por isso, estudiosos consideram este
invento como o início da era da fotografia. A partir disso, muitos cientistas se
dedicaram a aprimorar o processo da fotografia, tornando as máquinas mais
simples, melhorando a resolução e a fixação das imagens.
Em 1861, James Clerk-Maxwell marca a história, apresentando o pri-
meiro método para obtenção de fotografias coloridas, por meio do uso de
três negativos.
Uma das maiores revoluções na fotografia ocorreu em 1892, com a funda-
ção da empresa Eastman Kodak Company (nome definitivo da Eastman Dry
Plate Company fundada por George Eastman em 1881). Sua primeira câmera
fotográfica vinha com um rolo de vinte metros e permitia a captura de até 100
imagens. Esse rolo não era substituível e isso tornava a câmera descartável. Os
modelos seguintes, com desenvolvimento da tecnologia, foram ficando cada
vez menores e portáteis, aproximando-se do que conhecemos hoje como a
câmera fotográfica analógica. Em 1935, a Kodak inovou novamente, lançando
os Kodachromes, um tipo de filme que permitia tirar fotos coloridas. Porém,
4 Fotografia para gastronomia

o processo de revelação era muito complexo e realizado apenas por cerca de


25 laboratórios em todo o mundo. A qualidade das imagens e das cores dessa
tecnologia é reconhecida até hoje, e os Kodachromes foram considerados
um dos melhores métodos de captura da história, deixando de ser fabricados
apenas em 2009.
Em 1936, a empresa alemã Agfa lançou o Agfacolor Neu, um filme colorido
que podia ser revelado em qualquer laboratório. Esse lançamento consolidou
de vez a fotografia colorida no mercado. Todos os filmes coloridos até hoje
usam esse método de captura.
Até meados de 1960, as fotografias em preto e branco ainda dominavam
o mercado, por conta dos altos preços dos filmes coloridos, e apenas a
partir da década de 1970 a tecnologia de fotografia a cores se popularizou,
sendo possível que, praticamente, qualquer pessoa pudesse ter uma câmera
em casa.

Fotografia digital
Após a popularização da fotografia colorida, poucos avanços foram tão mar-
cantes para a arte da fotografia como o surgimento da tecnologia digital.
O funcionamento da câmera fotográfica digital é, basicamente, o seguinte:

„„ a luz do objeto fotografado é captada por um conjunto de lentes esfé-


ricas e projetada no fundo da câmera (da mesma forma como ocorre
na câmera analógica);
„„ o registro da imagem é feito por um sensor (denominado charge coupled
device [CCD]) que transforma a luz em sinais elétricos, os pixels;
„„ os pixels são transportados até um chip que transforma as informações
eletrônicas recebidas em sinais digitais e armazena a imagem em uma
memória.

O pixel é a menor parte formadora de uma imagem digital, e pode ser


entendido como um ponto de cor. Quanto maior for a quantidade de pixels,
melhor será a resolução da imagem. Por isso, a resolução de uma imagem é
medida pela quantidade de pixels e a proporção entre a quantidade de pontos
horizontais e verticais. Veja no Quadro 1 o uso recomendado de cada tipo de
resolução de imagem.
Fotografia para gastronomia 5

Quadro 1. Uso recomendado para cada resolução de imagem

Tamanho (em pixels) Uso recomendado

640 x 480 Apenas para veiculação na Internet (plataformas digitais)

1024 x 768 Impressões de até 9 cm x 12 cm

1290 x 960 Impressões de até 10 cm x 15 cm

1600 x 1200 Impressões de até 13 cm x 18 cm

2048 x 1536 Impressões de até 20 cm x 30 cm

2560 x 1920 Impressões de posters

A tecnologia das câmeras digitais apresenta três grandes vantagens em


relação à tecnologia analógica:

„„ Não depende da quantidade de poses de um filme.


„„ Possui baixo custo de impressão das fotos.
„„ A imagem pode ser vista antes da impressão.

No início dessa tecnologia, a qualidade de cores e texturas era inferior a


das imagens obtidas por câmeras analógicas. Hoje em dia, no entanto, já há
no mercado câmeras digitais com sensores de alta qualidade. Ainda há muitas
pessoas que defendem o processo fotográfico analógico, o julgando como
insuperável em termos de qualidade.
Preferências à parte, atualmente a câmera fotográfica digital está presente
nos smartphones mais simples e, literalmente, a um clique da maioria das
pessoas, sejam elas fotógrafos profissionais, amadores, ou até crianças. A
fotografia sai do celular para as redes sociais em questão de segundos, dei-
xando, assim, de ser apenas um meio de guardar recordações e se tornando
uma forma de comunicação com linguagem própria.

Linguagem fotográfica
A imagem já era uma forma de comunicação antes mesmo do surgimento
da fotografia, no entanto, a popularização das tecnologias fotográficas fez as
6 Fotografia para gastronomia

fotografias se tornarem uma forma de linguagem com elementos próprios e


peculiares. Apesar de ter surgido com o objetivo de “captar a realidade”, a
fotografia já é entendida como muito mais do que uma imagem, reconhecemos
a fotografia como uma representação da realidade, ou seja, ela carrega consigo
o olhar do fotógrafo.
Juchem (2009, p. 328) esclarece esse aspecto dizendo que:

[...] considerando a fotografia como meio de comunicação emitido por um


remetente a um destinatário, que transmite certa mensagem codificada, parece
coerente sintetizar este complexo processo como uma mensagem que contém
determinado conteúdo expresso em uma determinada forma. Esta, por sua vez,
vem a ser bastante relacionada ao código fotográfico, ou seja, à linguagem
fotográfica. Assim, pode-se considerar a linguagem como o modo pelo qual
o fotógrafo-remetente se expressa.

Sabemos que toda mensagem, além de conter a subjetividade de quem a


produz e envia, recebe também a interpretação de quem a recebe. A mesma
coisa acontece com a fotografia: quem vê a foto, insere também sua subjeti-
vidade, sua experiência e sua compreensão.
Portanto, para o jornalista gastronômico, é imprescindível conhecer e
compreender o papel da fotografia e de seus elementos como forma de co-
municação e interação com seu público. Além disso, é importante considerar
que a fotografia jornalística não deixa de ser uma forma de arte, mesmo que
tenha a responsabilidade de transmitir e/ou complementar uma informação.

Elementos da linguagem fotográfica


Para entender a linguagem fotográfica, é preciso que você conheça os elementos
que a compõe, descritos a seguir.

„„ Ponto de vista — trata-se do lugar em que o fotógrafo se posiciona para


bater a foto. É uma escolha subjetiva e crucial, pois interfere totalmente
no resultado da imagem obtida. É importante experimentar diversos
ângulos e distâncias antes de decidir o ponto de vista.
„„ Composição — é a prática de dispor os itens do assunto a ser fotogra-
fado, considerando os objetivos desejados. Em gastronomia, o chef é o
artista do prato, mas o fotógrafo pode, e deve, auxiliar na composição
de acordo com seus conhecimentos das técnicas fotográficas.
Fotografia para gastronomia 7

„„ Planos — de acordo com o distanciamento entre a câmera e o objeto


a ser fotografado, a imagem pode ser de plano geral, plano médio ou
primeiro plano (nomenclatura herdada do cinema).

Uma fotografia de plano geral é aquela cujo ambiente todo é o elemento


principal. Já em plano médio, o item principal se destaca na foto, mas há
espaço para que apareçam outros itens que complementam o principal. Ima-
gens com esse tipo de plano são bem descritivas e, normalmente, narram o
sujeito e sua ação. Quando a fotografia destaca por enquadramento um item,
enfatizando um gesto, uma fisionomia ou uma textura, por exemplo, trata-se
de enquadramento em primeiro plano.

Uma única fotografia pode conter vários planos, nesses casos ela será classificada pelo
plano responsável por suas características principais.

Você já deve ter ouvido a expressão “em segundo plano”, que faz referência
a pessoas, assuntos ou objetos que, embora de não estejam em destaque no
primeiro plano, têm sua importância na imagem.
Sabe-se que uma fotografia é bidimensional, ou seja, possui apenas
largura e comprimento. A perspectiva é uma ilusão de ótica, que cria no
espectador a sensação de profundidade. Por meio da perspectiva, linhas
retas e paralelas dão a impressão de convergência; objetos colocados em
frente a outros, tampando-os parcialmente, promovem uma sensação de
profundidade; e o distanciamento dos objetos dá a impressão de parecerem
menores. Os recursos de perspectiva devem ser utilizados de acordo com o
objetivo da imagem a ser produzida.
A luz é um elemento fundamental e indispensável à fotografia e faz parte
do seu próprio nome (vocábulos gregos foto e grafia = escrita pela luz). A
combinação de luz e sombras é uma propriedade presente na fotografia, que
determina e revela a forma espacial, o tom e a textura dos objetos fotografa-
dos. Uma mesma composição pode gerar fotografias diferentes alternando-se
apenas a qualidade e a direção da luz.
8 Fotografia para gastronomia

A natureza da fonte de luz, que pode ser suave ou dura, é chamada de


qualidade. A luz natural de uma tarde nublada, por exemplo, é uma fonte de
luz suave, que proporciona sombras tênues e bordas pouco definidas. Já o
sol forte de meio-dia gera uma luz dura, produzindo sombras mais escuras e
bordas mais definidas.
A direção da fonte de luz em relação à composição é outro fator determi-
nante. De acordo com a localização da fonte de luz, é possível dar destaque
na luz ou “esconder” nas sombras determinados objetos da fotografia. Em
relação à posição da luz, ela pode ser: lateral, direta (ou frontal) ou contraluz.

„„ Luz lateral: como o próprio nome diz, é a luz que incide lateralmente
na composição a ser fotografada. Destaca texturas e profundidade.
„„ Luz direta ou frontal: tem sua fonte localizada por trás do fotógrafo e
incide de forma direta pela frente da composição. Proporciona maior
riqueza de detalhes porque as sombras se escondem por trás da com-
posição, no entanto, faz a imagem perder volume.
„„ Contraluz: é o efeito causado quando a fonte de luz é colocada por
trás da composição. Caracteriza uma imagem na qual prevalecem as
silhuetas e perde-se a textura e demais detalhes.

Quanto mais dura for a fonte luminosa da fotografia, mais nítida será a
textura; é ela que permite reconhecer o material do qual é feito o objeto foto-
grafado. Especialmente na fotografia para o jornalismo gastronômico, quando
se trata de pratos ou ingredientes, a textura ajuda não apenas a identificar o
ingrediente, mas também a saber que sensação teríamos ao comê-lo.
Ajustar o foco de acordo com o que se quer destacar é essencial. Dependendo
da câmera utilizada, você pode não só escolher onde o foco será mais nítido
dentro do campo, como também escolher as partes que quer desfocar, dando
mais destaque ao item principal da composição. O foco interfere também na
sensação de profundidade da fotografia.
Ao fotografar objetos em movimento, é necessário saber controlar a ve-
locidade de abertura da objetiva da câmera fotográfica. Quanto mais tempo
a objetiva fica aberta, maior é o desfoque causado pelo movimento do item
fotografado. Algumas câmeras permitem um controle tão preciso dessa ferra-
menta que a velocidade da objetiva permite captar estaticamente o momento
preciso de um determinado movimento.
No foco do jornalismo gastronômico, frequentemente são realizadas fotogra-
fias em cozinhas e restaurantes, que são locais em que o movimento não para.
Portanto, é muito importante dominar a técnica de fotografia em movimento.
Fotografia para gastronomia 9

A Figura 2 sintetiza os elementos da linguagem fotográfica.

Ponto
de vista

Movimento Composição

Linguagem
Foco Planos
fotográfica

Textura Perspectiva

Luz

Figura 2. Elementos da linguagem fotográfica.

Além desses elementos, um bom fotógrafo gastronômico precisa entender


que comer é um ato sensorial complexo, e fotografar gastronomia não se resume
apenas a tirar fotos de comida. Diferentes da fotografia artística, na qual o
visual estético é o que mais importa, as fotografias de alimentos precisam
estimular todos os sentidos. Ao ver a foto de uma preparação culinária, o
espectador deve não apenas perceber as texturas e as cores, mas ser capaz de
imaginar o cheiro e/ou o sabor daquele prato.
10 Fotografia para gastronomia

Produção fotográfica em gastronomia


Sabbag (2014, p. 13–14) fez uma importante reflexão sobre a relação entre
imagem e sabor:

A expressão “comer com os olhos”, tão difundida em nossa cultura, de-


monstra o quanto a imagem da comida influencia sua degustação, pois, de
maneira agradável ou não, ao vivenciar experiências gustativas, cria-se um
repertório de imagens, que se armazenam no sistema perceptivo relacio-
nado ao sentir ou rememorar o sabor que o alimento possui. Diante disso,
é possível observar que a percepção humana carrega a imagem e o sabor
como signo relevante e suscetível de ser interpretado. Também se observa
o trabalho cuidadoso de chefs na elaboração de seus pratos, levando em
conta o entrelaçamento de cores, a forma e a materialidade dos elementos,
para tornar o prato uma obra de arte.

O registro fotográfico vai eternizar a arte do chef, antes de ela ser degustada.
No caso da fotografia de alimentos, é essencial considerar que a responsabili-
dade do fotógrafo vai além da qualidade estética. A imagem precisa traduzir
sabores, cheiros, texturas, temperaturas e todas as sensações do ato de comer.
Isso significa que a foto precisa ter uma aparência apetitosa ou, como se diz
popularmente, “dar água na boca”. Isso é possível quando se valoriza a forma
orgânica dos alimentos e se destacam bem suas cores e seu volume. Mas, afinal,
como fazer isso? De fato, a prática é que vai levar à perfeição, mas conhecer
algumas técnicas e dicas pode ajudar muito.
Em relação às cores, é preciso ter muita atenção, pois em gastronomia é
fundamental ser fiel às cores dos alimentos. Danger (1973, p. 125) destaca
que “a cor é, sempre, uma parte do alimento. É um elemento visual ao qual
o olho, a mente e o paladar são altamente sensíveis. Com o passar do tempo,
o homem desenvolveu associações fortes e intuitivas entre o que vê e o que
come.” Você beberia um leite preto? Comeria um purê de batatas marrom?
Certamente, se for uma pessoa muito curiosa, poderia até estar disposta a
experimentar, mas não sem alguma estranheza. Estudos revelam que cores
quentes, como vermelho, alaranjado e amarelo, estimulam o sistema nervoso
humano, incluindo a digestão, e estão associadas a alimentos gostosos como
carnes, pães e a maioria das frutas. Já as cores frias, como lilás e azul, r­ etardam
Fotografia para gastronomia 11

o sistema nervoso. Nutricionistas indicam que se utilize louças nessas cores


quando se quer comer menos. Não existe absolutamente nenhum item comes-
tível na natureza que seja da cor azul.
A iluminação é outro ponto muito importante. Como você já viu, a luz é um
fator determinante na fotografia. Para fotografar alimentos, você deve evitar
a luz direta ou frontal, como o flash; a comida é um tema muito delicado para
receber luz tão forte. A iluminação lateral é a mais indicada, porque valoriza
as sombras, dando nuance e volume ao objeto fotografado.
Um fator de muita atenção do fotógrafo gastronômico é o cuidado com os
reflexos. Louças, vidros, inox, espelho e outros materiais que geram reflexos
estão muito presentes nas cozinhas e nas composições culinárias. Ninguém
quer ver o fotógrafo refletido em uma taça de vinho em uma bela foto. Os
reflexos podem até ser úteis e embelezar a fotografia, mas é necessário ter
muita atenção com o que exatamente está aparecendo neles.
Outro cuidado importante é a qualidade dos ingredientes e alimentos
que serão fotografados. Quanto mais frescas forem as folhas, mais crocantes
os biscoitos, mais fofinhos os pães, mais tenras as carnes, melhores cores
e formatos eles apresentarão, gerando uma imagem mais bonita e atraente.
No jornalismo, a fotografia sempre complementa uma informação, portanto,
se você vai informar uma receita de bolo de cenoura, por exemplo, é interes-
sante adicionar à composição uma cenoura crua ao lado da fatia de bolo, por
exemplo. Inserir ingredientes da receita na imagem, além de incrementar as
cores, a tornam mais informativa.
Posicionar a câmera de frente e na mesma altura da composição é, normal-
mente, um problema. Essa direção costuma gerar uma imagem “chapada”,
deixando os alimentos muito uniformes e sem nuances. Por isso, você deve
optar por alguma angulação, por exemplo, um pouco para cima ou um pouco
para o lado.
Em relação ao enquadramento, conhecer a “regra dos terços” é um bom
começo. Essa técnica consiste em dividir, mentalmente, em três partes hori-
zontais e três verticais, o quadro da fotografia, e usar os pontos de interseção
das linhas internas. Veja o modelo na Figura 3.
12 Fotografia para gastronomia

Figura 3. Regra dos terços.

Os pontos de interseção são conhecidos como pontos de interesse e indicam


a localização de maior impacto visual na fotografia. São quatro, portanto, as
opções para a colocação do centro de interesse para uma boa imagem. Escolher
qual (ou quais) dos pontos utilizar depende do assunto e de como o fotógrafo
quer que ele seja apresentado.

Veja como os copos de vinho ganham destaque na fotografia a seguir (adaptada de


Prostock-studio/Shutterstock.com):
Fotografia para gastronomia 13

Isso acontece porque eles estão localizados nas áreas dos pontos de interesse. Nesse
caso, os dois da direita, como você pode observar na imagem a seguir.

A técnica também funciona para fotos verticais. Perceba, nas imagens a seguir (adap-
tadas de VICUSCHKA/Shutterstock.com), o destaque para os ingredientes dispostos e
como eles estão localizados nas áreas dos pontos de interesse (nesse caso, utilizando
os dois da direita e o inferior da esquerda):

  
14 Fotografia para gastronomia

De modo geral, fotos com o item de destaque centralizado horizontal e


verticalmente tendem a dar uma impressão mais estática e menos interessante
do que quando o item é deslocado para um dos pontos de interesse, ou seja,
fora do centro da imagem. Portanto, o enquadramento da composição deve
colocar em um, dois, três ou quatro pontos de interesse o(s) item(ns) de maior
importância da fotografia.
Como já mencionado, a experimentação é a melhor forma de praticar.
No entanto, outra boa tática para aprimoração é “colecionar” referências. Só
aprendemos a falar, porque ouvimos; só escrevemos bem, se lermos muito; da
mesma forma ocorre na fotografia. Quanto mais fotos você observar, maiores
serão as suas referências para produzir fotografias. Assim, procure conhecer o
trabalho de fotógrafos já bem reconhecidos no mercado. Observe as fotografias
e analise os elementos que você acabou de estudar. Quanto maior for seu re-
pertório de referências, maior será sua criatividade para desenvolver a técnica.

A matéria do site iPhoto Channel indica dez profissionais da área de fotografia de


gastronomia que podem ajudar você a começar o trabalho de pesquisa de referências.

https://qrgo.page.link/AjqRb

Equipamentos de fotografia
De início, não há necessidade de comprar inúmeros acessórios diferentes e
caros para ter bons resultados na área de fotografia gastronômica. Obviamente,
conforme você for se profissionalizando e criando seu próprio estilo, terá
necessidade e vontade de adquirir novas ferramentas. Porém, para começar a
treinar, basta você providenciar os equipamentos listados a seguir.

„„ Uma lente macro, pois quanto maior for a capacidade da máquina de


registrar pequenos detalhes, maior será a chance de captar boas texturas,
o que já vimos ser importante na fotografia de alimentos.
„„ Um tripé para estabilizar a câmera, fundamental na utilização de len-
tes macro, pois por mais firmes que sejam suas mãos, nunca irão se
comparar a uma câmera devidamente estabilizada.
Fotografia para gastronomia 15

„„ A luz natural é sempre a melhor opção, mas ter um ou dois rebatedo-


res pode ajudar a ter um melhor controle sobre a iluminação de uma
composição.
„„ No caso de fotos para cardápios ou catálogos, uma caixa de luz ajuda
a realçar os pratos e os ingredientes.

DANGER, E. P. A cor na comunicação. Rio de Janeiro: Fórum, 1973. 211 p.


GOLDMAN, S. Psicodinâmica das cores. 4. ed. Canoas: La Salle, 1964. 2 v. 591 p.
JUCHEM, M. Linguagem fotográfica: uma possibilidade de leitura de fotografias. Lin-
guagens — Revista de Letras, Artes e Comunicação, Blumenau, v. 3, n. 3, p. 325–347, 2009.
Disponível em: https://proxy.furb.br/ojs/index.php/linguagens/article/view/1954/.
Acesso em: 11 ago. 2019.
NEMES, A. 175 anos de fotografia: conheça a história dessa forma de arte. TecMundo,
Curitiba, 22 ago. 2014. Disponível em: https://www.tecmundo.com.br/fotografia-e-
-design/60982-175-anos-fotografia-conheca-historia-dessa-forma-arte.htm. Acesso
em: 11 ago. 2019.
SABBAG, P. H. Fotografia gastronômica: um convite a “comer com os olhos”. Orientadora:
Heloísa de Araújo Duarte Valente. 2014. 92 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) —
Universidade Paulista, São Paulo, 2014. Disponível em: https://www.unip.br/presencial/
ensino/pos_graduacao/strictosensu/comunicacao/download/comunic_perciahele-
nasabbag.pdf. Acesso em: 11 ago. 2019.

Leituras recomendadas
COUTINHO, L. M. Audiovisuais: arte, técnica e linguagem. 4. ed. Cuiabá: Universidade
Federal de Mato Grosso; Rede e-Tec Brasil, 2013. 123 p. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/docman/fevereiro-2016-pdf/33651-06-disciplinas-ft-md-caderno-11-au-
diovisuais-pdf/file. Acesso em: 11 ago. 2019.
GODINHO, R. D. Como foi inventada a fotografia? Superinteressante, São Paulo, 18 abr.
2011. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-inventada-
-a-fotografia/. Acesso em: 11 ago. 2019.
MAUAD, A. M. Fotografia e História. Rede Memória — rede da memória virtual brasileira,
Rio de Janeiro; Brasília, [201-?]. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-
-da-memoria-virtual-brasileira/artes/fotografia-e-historia/. Acesso em: 11 ago. 2019.
RICCETTO, L. N. O efeito da percepção visual das cores na comensalidade humana. In: MA-
RINHO, R. J. (org.). Comunicação, poética e imaginário. Brasília: Casa das Musas, 2013. 138 p.
16 Fotografia para gastronomia

SILVA, L. A. S.; MADIO, T. C. C. Linguagem cinematográfica e documentos audiovisuais:


compreendendo seus elementos. In: SEMINÁRIO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, 6., 2016,
Londrina. Anais [...]. Londrina: Centro de Educação, Comunicação e Artes; Programa de
Desenvolvimento Educacional, Universidade Estadual de Londrina, 2016. p. 972–989.
Disponível em: http://www.uel.br/eventos/cinf/index.php/secin2016/secin2016/paper/
viewFile/273/190. Acesso em: 11 ago. 2019.
TUCHERMAN, I. Gastronomia, cultura e mídia: o longo percurso “você é o que você
come”. Revista Famecos — mídia, cultura e tecnologia, Porto Alegre, v. 17, n. 3, p. 314–323,
set./dez. 2010. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revis-
tafamecos/article/view/8199/. Acesso em: 11 ago. 2019.
Dica do professor
A fotografia de alimentos exige diversos cuidados. Existem diversas técnicas de produção de
alimentos para fotografia, elas sempre priorizam a aparência e a apresentação dos pratos.

Nesta Dica do Professor, você vai ver algumas técnicas de produção de alimentos para fotografia.
Acompanhe!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) A fotografia digital foi um dos mais importantes avanços tecnológicos dessa arte. As
alternativas a seguir trazem características do processo fotográfico digital. No entanto, uma
delas é comum ao processo analógico. Qual?

A) A luz do objeto fotografado é captada por um conjunto de lentes e projetada no fundo da


câmera.

B) O registro da imagem é feito por um sensor que transforma a luz em sinais elétricos.

C) O pixel é a menor parte formadora da imagem e pode ser entendido como um ponto de cor.

D) A imagem pode ser vista antes mesmo da impressão.

E) Não há limitação de poses por um filme.

2) De acordo com o distanciamento entre a câmera e o objeto a ser fotografado, a imagem


pode ser de plano geral, plano médio ou primeiro plano. Escolha a alternativa que apresenta
uma fotografia em plano geral:

A)
B)

C)

D)
E)

3) A combinação de luz e sombras é uma propriedade presente na fotografia; é ela que determina e
revela a forma espacial, o tom e a textura dos objetos fotografados. De acordo com a localização
da fonte de luz, pode-se dar destaque na luz ou “esconder” nas sombras determinados objetos da
fotografia. Em relação à posição da luz, ela pode ser lateral, direta (ou frontal) ou contraluz.
Observe a fotografia deste café expresso e marque a alternativa que descreve corretamente a
direção da luz:

A) A utilização da contraluz permite valorizar a silhueta do copo em que o café está servido.

B) A luz frontal utilizada na fotografia realça a textura do café expresso.

C) O uso da luz lateral forma sombras que valorizam a superfície parcialmente iluminada do café.

D) A fonte de luz é suave, e, por isso, as sombras aparentes são tênues.

E) A iluminação superior incide na composição e esconde as sombras, valorizando o café.

4) Para o jornalista gastronômico, é imprescindível conhecer e compreender o papel da


fotografia e de seus elementos como forma de comunicação e interação com seu público-
alvo.
Sobre os elementos da linguagem fotográfica, é correto afirmar:

A) O ponto de vista não é um elemento de muita importância, pois cada fotógrafo irá escolher o
que melhor domina de acordo com sua técnica.

B) Em relação aos planos, quando se trata de jornalismo gastronômico, devemos sempre optar
pelo primeiro plano.
C) Ajustes de foco são uma escolha essencialmente estética, não interferindo no valor
informativo da imagem.

D) A textura será mais nítida quanto mais dura for a fonte luminosa da fotografia, e é ela que nos
permite reconhecer o material de que é feito o objeto fotografado.

E) Para fotografar objetos em movimento, quanto mais tempo a objetiva fica aberta, menor será
o desfoque causado pelo movimento do item fotografado.

5) Uma boa dica para enquadramento é utilizar a regra dos terços. Sobre essa técnica, é correto
afirmar:

A) Deve-se escolher apenas um ponto de interesse para localizar o objeto de maior destaque e
não posicionar mais nada nos outros três.

B) Se o objeto de destaque estiver localizado nos dois pontos de interesse superiores, não deve
haver nada mais localizado nos pontos inferiores.

C) Se o objeto de destaque estiver localizado nos dois pontos de interesse da esquerda, não
deve haver nada mais localizado nos pontos da direita.

D) O objeto de maior destaque da composição deve sempre ser centralizado entre os quatro
pontos de interesse.

E) Essa técnica consiste em dividir mentalmente, em três partes horizontais e três verticais, o
quadro da fotografia e usar os pontos de interseção das linhas internas.
Na prática
Praticar fotografia é essencial para quem quer entrar nesse ramo. No entanto, a formação
acadêmica não pode ser deixada de lado. Ter um bom diploma e certificados que complementem a
formação ajuda muito na hora de garantir trabalho no mercado, principalmente se você ainda não
tem muita experiência profissional. Grandes empresas costumam filtrar candidatos por análise de
currículo e, em seguida, submetem os aprovados nessa etapa a algumas provas, para verificar se as
habilidades citadas no currículo realmente fazem parte do perfil do candidato.

Neste Na Prática, veja um caso de seleção, no qual o recém-formado Caio foi submetido a uma
prova teórica de fotografia para comprovar suas habilidades.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Alexander Landau #imagenscomsabor


Visite, conheça e explore os vídeos do canal de Alexander Landau, fotógrafo com 30 anos de
carreira, que foi colaborador das melhores revistas de alimentos do Brasil, assinou vários livros de
gastronomia e é contratado por importantes indústrias de alimentos para ilustrar suas embalagens e
anúncios. Você vai aprender muito com ele!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

A iluminação na fotografia de alimentos


A luz é parte integrante da fotografia. Dominar as técnicas de iluminação permite dominar
elementos importantes na fotografia de alimentos, como volume, texturas, cores e perspectiva.
Nesta Dica do Professor, você vai ver alguns exemplos da utilização da luz nas técnicas de
fotografia em gastronomia, para ser capaz de começar a treinar suas habilidades de fotógrafo
gastronômico.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Dicas para tirar fotografias tentadoras de alimentos


O site da Nikkon traz, nesta matéria de sua seção de dicas e técnicas, a experiência pessoal e
profissional da fotógrafa Alison Lyons em suas experiências com o mundo da gastronomia. A leitura
é divertida e muito informativa.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Você também pode gostar