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Apresentação
Seria possível resumir o fotojornalismo gastronômico em uma simples expressão: “comer com os
olhos”. A fotografia em gastronomia vai muito além de fotografar comida; ela precisa estimular o
apetite. Além disso, no jornalismo, a imagem não é só uma questão estética; ela tem a missão de
complementar uma informação. O recente jornalismo gastronômico, originado por conta do
crescimento do mercado de alimentação e da demanda que se interessa por gastronomia, é um
campo de trabalho aberto e carente de bons profissionais. Por isso, a proposta aqui é preparar você
para atuar nesse mercado, especificamente na fotografia.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá a história da fotografia, desde sua origem até a era
digital. Entenderá como funciona o processo de captura e armazenamento de fotografias digitais e
sua importância, como forma de comunicação, na sociedade atual. Você também verá os elementos
que compõem a linguagem fotográfica e como ela se aplica à gastronomia. Por fim, você será
orientado com técnicas, exemplos e exercícios sobre como produzir fotografias na área do
jornalismo gastronômico.
Bons estudos.
No capítulo Fotografia para gastronomia, da obra Comunicação em gastronomia, você vai viajar pela
história dessa técnica, desde sua invenção até a fotografia digital, entendendo o funcionamento
dessa última tecnologia. Vai também aprender sobre a linguagem fotográfica e ver detalhadamente
os elementos que a compõem. Por fim, você vai conhecer as técnicas e dicas específicas da
fotografia gastronômica, para ser capaz de fazer suas próprias produções.
Boa leitura.
COMUNICAÇÃO EM
GASTRONOMIA
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá o surgimento e a evolução da arte de
fotografar desde seu início até a era da fotografia digital, bem como
reconhecerá o funcionamento dessa tecnologia. Aprenderá, ainda, sobre
a linguagem fotográfica e os elementos que a compõem, e poderá ver
dicas e exemplos para desenvolver a habilidade de produzir suas próprias
fotografias de gastronomia.
Fotografia
Compreender o mundo a sua volta não é uma tarefa simples; trata-se de um
processo mediado pelo cérebro, que, apesar de instintivo, é bem complexo.
Olhos, boca, nariz, ouvidos e pele são as “ferramentas” que nos permitem
ver, degustar, cheirar, ouvir e sentir, e são fundamentais em nossa percepção.
Segundo Goldman (1964, p. 51), “numa pessoa normal, o sentido da visão
ocupa 87% da percepção total, o auditivo 7%, o do olfato 3%, ficando o saldo
dividido entre o paladar e o tato com 1,5% de percepção para cada” (Figura 1).
2 Fotografia para gastronomia
História da fotografia
De forma bem simples, a fotografia é o resultado da captura de uma imagem
através da ação de luz. Em 1793, Joseph Nicéphore Niépce, cientista francês,
desenvolveu uma câmara escura (do tipo que hoje conhecemos como pinhole)
e um tipo de papel com cloreto de prata, com os quais foi capaz de “imprimir”
a luz em uma superfície sem utilizar nenhum tipo de tinta (NEMES, 2014,
documento on-line). No entanto, a fotografia se apagava em pouco tempo.
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Fotografia para gastronomia 3
Fotografia digital
Após a popularização da fotografia colorida, poucos avanços foram tão mar-
cantes para a arte da fotografia como o surgimento da tecnologia digital.
O funcionamento da câmera fotográfica digital é, basicamente, o seguinte:
Linguagem fotográfica
A imagem já era uma forma de comunicação antes mesmo do surgimento
da fotografia, no entanto, a popularização das tecnologias fotográficas fez as
6 Fotografia para gastronomia
Uma única fotografia pode conter vários planos, nesses casos ela será classificada pelo
plano responsável por suas características principais.
Você já deve ter ouvido a expressão “em segundo plano”, que faz referência
a pessoas, assuntos ou objetos que, embora de não estejam em destaque no
primeiro plano, têm sua importância na imagem.
Sabe-se que uma fotografia é bidimensional, ou seja, possui apenas
largura e comprimento. A perspectiva é uma ilusão de ótica, que cria no
espectador a sensação de profundidade. Por meio da perspectiva, linhas
retas e paralelas dão a impressão de convergência; objetos colocados em
frente a outros, tampando-os parcialmente, promovem uma sensação de
profundidade; e o distanciamento dos objetos dá a impressão de parecerem
menores. Os recursos de perspectiva devem ser utilizados de acordo com o
objetivo da imagem a ser produzida.
A luz é um elemento fundamental e indispensável à fotografia e faz parte
do seu próprio nome (vocábulos gregos foto e grafia = escrita pela luz). A
combinação de luz e sombras é uma propriedade presente na fotografia, que
determina e revela a forma espacial, o tom e a textura dos objetos fotografa-
dos. Uma mesma composição pode gerar fotografias diferentes alternando-se
apenas a qualidade e a direção da luz.
8 Fotografia para gastronomia
Luz lateral: como o próprio nome diz, é a luz que incide lateralmente
na composição a ser fotografada. Destaca texturas e profundidade.
Luz direta ou frontal: tem sua fonte localizada por trás do fotógrafo e
incide de forma direta pela frente da composição. Proporciona maior
riqueza de detalhes porque as sombras se escondem por trás da com-
posição, no entanto, faz a imagem perder volume.
Contraluz: é o efeito causado quando a fonte de luz é colocada por
trás da composição. Caracteriza uma imagem na qual prevalecem as
silhuetas e perde-se a textura e demais detalhes.
Quanto mais dura for a fonte luminosa da fotografia, mais nítida será a
textura; é ela que permite reconhecer o material do qual é feito o objeto foto-
grafado. Especialmente na fotografia para o jornalismo gastronômico, quando
se trata de pratos ou ingredientes, a textura ajuda não apenas a identificar o
ingrediente, mas também a saber que sensação teríamos ao comê-lo.
Ajustar o foco de acordo com o que se quer destacar é essencial. Dependendo
da câmera utilizada, você pode não só escolher onde o foco será mais nítido
dentro do campo, como também escolher as partes que quer desfocar, dando
mais destaque ao item principal da composição. O foco interfere também na
sensação de profundidade da fotografia.
Ao fotografar objetos em movimento, é necessário saber controlar a ve-
locidade de abertura da objetiva da câmera fotográfica. Quanto mais tempo
a objetiva fica aberta, maior é o desfoque causado pelo movimento do item
fotografado. Algumas câmeras permitem um controle tão preciso dessa ferra-
menta que a velocidade da objetiva permite captar estaticamente o momento
preciso de um determinado movimento.
No foco do jornalismo gastronômico, frequentemente são realizadas fotogra-
fias em cozinhas e restaurantes, que são locais em que o movimento não para.
Portanto, é muito importante dominar a técnica de fotografia em movimento.
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Ponto
de vista
Movimento Composição
Linguagem
Foco Planos
fotográfica
Textura Perspectiva
Luz
O registro fotográfico vai eternizar a arte do chef, antes de ela ser degustada.
No caso da fotografia de alimentos, é essencial considerar que a responsabili-
dade do fotógrafo vai além da qualidade estética. A imagem precisa traduzir
sabores, cheiros, texturas, temperaturas e todas as sensações do ato de comer.
Isso significa que a foto precisa ter uma aparência apetitosa ou, como se diz
popularmente, “dar água na boca”. Isso é possível quando se valoriza a forma
orgânica dos alimentos e se destacam bem suas cores e seu volume. Mas, afinal,
como fazer isso? De fato, a prática é que vai levar à perfeição, mas conhecer
algumas técnicas e dicas pode ajudar muito.
Em relação às cores, é preciso ter muita atenção, pois em gastronomia é
fundamental ser fiel às cores dos alimentos. Danger (1973, p. 125) destaca
que “a cor é, sempre, uma parte do alimento. É um elemento visual ao qual
o olho, a mente e o paladar são altamente sensíveis. Com o passar do tempo,
o homem desenvolveu associações fortes e intuitivas entre o que vê e o que
come.” Você beberia um leite preto? Comeria um purê de batatas marrom?
Certamente, se for uma pessoa muito curiosa, poderia até estar disposta a
experimentar, mas não sem alguma estranheza. Estudos revelam que cores
quentes, como vermelho, alaranjado e amarelo, estimulam o sistema nervoso
humano, incluindo a digestão, e estão associadas a alimentos gostosos como
carnes, pães e a maioria das frutas. Já as cores frias, como lilás e azul, r etardam
Fotografia para gastronomia 11
Isso acontece porque eles estão localizados nas áreas dos pontos de interesse. Nesse
caso, os dois da direita, como você pode observar na imagem a seguir.
A técnica também funciona para fotos verticais. Perceba, nas imagens a seguir (adap-
tadas de VICUSCHKA/Shutterstock.com), o destaque para os ingredientes dispostos e
como eles estão localizados nas áreas dos pontos de interesse (nesse caso, utilizando
os dois da direita e o inferior da esquerda):
14 Fotografia para gastronomia
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Equipamentos de fotografia
De início, não há necessidade de comprar inúmeros acessórios diferentes e
caros para ter bons resultados na área de fotografia gastronômica. Obviamente,
conforme você for se profissionalizando e criando seu próprio estilo, terá
necessidade e vontade de adquirir novas ferramentas. Porém, para começar a
treinar, basta você providenciar os equipamentos listados a seguir.
Leituras recomendadas
COUTINHO, L. M. Audiovisuais: arte, técnica e linguagem. 4. ed. Cuiabá: Universidade
Federal de Mato Grosso; Rede e-Tec Brasil, 2013. 123 p. Disponível em: http://portal.
mec.gov.br/docman/fevereiro-2016-pdf/33651-06-disciplinas-ft-md-caderno-11-au-
diovisuais-pdf/file. Acesso em: 11 ago. 2019.
GODINHO, R. D. Como foi inventada a fotografia? Superinteressante, São Paulo, 18 abr.
2011. Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-foi-inventada-
-a-fotografia/. Acesso em: 11 ago. 2019.
MAUAD, A. M. Fotografia e História. Rede Memória — rede da memória virtual brasileira,
Rio de Janeiro; Brasília, [201-?]. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-
-da-memoria-virtual-brasileira/artes/fotografia-e-historia/. Acesso em: 11 ago. 2019.
RICCETTO, L. N. O efeito da percepção visual das cores na comensalidade humana. In: MA-
RINHO, R. J. (org.). Comunicação, poética e imaginário. Brasília: Casa das Musas, 2013. 138 p.
16 Fotografia para gastronomia
Nesta Dica do Professor, você vai ver algumas técnicas de produção de alimentos para fotografia.
Acompanhe!
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios
1) A fotografia digital foi um dos mais importantes avanços tecnológicos dessa arte. As
alternativas a seguir trazem características do processo fotográfico digital. No entanto, uma
delas é comum ao processo analógico. Qual?
B) O registro da imagem é feito por um sensor que transforma a luz em sinais elétricos.
C) O pixel é a menor parte formadora da imagem e pode ser entendido como um ponto de cor.
A)
B)
C)
D)
E)
3) A combinação de luz e sombras é uma propriedade presente na fotografia; é ela que determina e
revela a forma espacial, o tom e a textura dos objetos fotografados. De acordo com a localização
da fonte de luz, pode-se dar destaque na luz ou “esconder” nas sombras determinados objetos da
fotografia. Em relação à posição da luz, ela pode ser lateral, direta (ou frontal) ou contraluz.
Observe a fotografia deste café expresso e marque a alternativa que descreve corretamente a
direção da luz:
A) A utilização da contraluz permite valorizar a silhueta do copo em que o café está servido.
C) O uso da luz lateral forma sombras que valorizam a superfície parcialmente iluminada do café.
A) O ponto de vista não é um elemento de muita importância, pois cada fotógrafo irá escolher o
que melhor domina de acordo com sua técnica.
B) Em relação aos planos, quando se trata de jornalismo gastronômico, devemos sempre optar
pelo primeiro plano.
C) Ajustes de foco são uma escolha essencialmente estética, não interferindo no valor
informativo da imagem.
D) A textura será mais nítida quanto mais dura for a fonte luminosa da fotografia, e é ela que nos
permite reconhecer o material de que é feito o objeto fotografado.
E) Para fotografar objetos em movimento, quanto mais tempo a objetiva fica aberta, menor será
o desfoque causado pelo movimento do item fotografado.
5) Uma boa dica para enquadramento é utilizar a regra dos terços. Sobre essa técnica, é correto
afirmar:
A) Deve-se escolher apenas um ponto de interesse para localizar o objeto de maior destaque e
não posicionar mais nada nos outros três.
B) Se o objeto de destaque estiver localizado nos dois pontos de interesse superiores, não deve
haver nada mais localizado nos pontos inferiores.
C) Se o objeto de destaque estiver localizado nos dois pontos de interesse da esquerda, não
deve haver nada mais localizado nos pontos da direita.
D) O objeto de maior destaque da composição deve sempre ser centralizado entre os quatro
pontos de interesse.
E) Essa técnica consiste em dividir mentalmente, em três partes horizontais e três verticais, o
quadro da fotografia e usar os pontos de interseção das linhas internas.
Na prática
Praticar fotografia é essencial para quem quer entrar nesse ramo. No entanto, a formação
acadêmica não pode ser deixada de lado. Ter um bom diploma e certificados que complementem a
formação ajuda muito na hora de garantir trabalho no mercado, principalmente se você ainda não
tem muita experiência profissional. Grandes empresas costumam filtrar candidatos por análise de
currículo e, em seguida, submetem os aprovados nessa etapa a algumas provas, para verificar se as
habilidades citadas no currículo realmente fazem parte do perfil do candidato.
Neste Na Prática, veja um caso de seleção, no qual o recém-formado Caio foi submetido a uma
prova teórica de fotografia para comprovar suas habilidades.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
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