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Fotografia de Natureza,

Arquitetura e Interiores
Fundamentos e Função da Fotografia de Natureza

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Patricia Maria Borges

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Fundamentos e Função da
Fotografia de Natureza

• A Relação entre a Fotografia de Natureza e o Pictorialismo;


• Os Grandes Temas da Fotografia de Natureza;
• Funções da Fotografia de Natureza.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Discutir a relação da fotografia como manifestação artística, desvinculando-a da
mera reprodução da realidade;
• Evidenciar a importância do pictorialismo para a compreensão da fotografia de natureza;
• Conhecer as primeiras técnicas de manipulação da imagem fotográfica;
• Compreender a contribuição da fotografia de natureza como fonte de registro e in-
formação sobre a devastação da natureza e crimes ambientais;
• Conhecer as principais funções da fotografia de natureza.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Fundamentos e Função daFotografia de Natureza

A Relação entre a Fotografia


de Natureza e o Pictorialismo
Durante muito tempo, a imagem fotográfica quis se distanciar das imagens pro-
duzidas pelos homens por considerá-las demasiadamente subjetivas e deformado-
ras da realidade, no entanto, o pictorialismo, no final do século XIX, veio reivindi-
car a legitimidade artística ao campo da arte fotográfica e com ela a intervenção
da personalidade e manipulação criativa do fotógrafo. Nesse sentido, qual seria a
contribuição da pintura para a aceitação da arte fotográfica como expressão artís-
tica? Quais as características da fotografia pictorialista que permitem ao fotógrafo
imprimir sua personalidade?

O pictorialismo é um movimento fotográfico que desenvolve pretensões artísticas em todo


Explor

o mundo (embora principalmente na Europa, EUA e Japão) entre o final dos anos 1980 e o
fim da Primeira Guerra Mundial. O nome do movimento deriva do termo em Inglês Picture
(imagem, quadro, pintura, fotografia) e se define como uma reação à fotografia considerada
amadora e vulgar que nasceu com a comercialização da câmera Kodak e o sistema de
desenvolvimento de cópias em laboratórios industriais que se espalha rapidamente por
todo o mundo.
Fonte: https://goo.gl/9kCWP9

Na Unidade 1, vimos que uma das funções da fotografia era de reproduzir e


registrar a realidade da maneira mais fiel possível. A câmera tinha como tarefa
imprimir na foto as coisas que estavam diante da lente e o ato fotográfico foi
considerado um procedimento objetivo mais voltado à documentação do que
exatamente à criação. Tal postura negligenciara as infinitas mediações ocorridas
entre a cena, o objeto e as imagens. No entanto, os elementos responsáveis pela
forma e características da imagem fotográfica seriam exatamente aqueles negli-
genciados pela fotografia documental, entre eles estaria a individualidade e sub-
jetividade do fotógrafo. Como recusa a estas posições e à instrumentalização da
fotografia, surgiu no início dos anos 1850 uma corrente de artistas presidida por
Paul Périer (vice-presidente da Sociedade Francesa de Fotografia) que afirmava
que a fotografia tinha tanto mérito artístico como uma pintura.
O nascimento oficial deste movimento denominado de pictorialismo ocorreu
no ano de 1892, na França, quando Alfred Maskell foi deliberadamente defender
a posição de Périer e promover o efeito do flou, ou borrão, em função de uma
estética artística para o campo da fotografia.

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Figura 1 – “The Onion Field”, de George Davison, 1890
Fonte: Wikimedia Commons

Esta fotografia, “The Onion Field” do inglês George Davison se tornou referên-
cia para os pictorialistas. Observe que uma das principais características do efeito
flou confere contornos imprecisos à imagem fotográfica, promovendo desta forma
a aproximação da imperfeição do olho humano.

Durante todo o período de 1850, a fotografia esteve no limite das leis do co-
mércio e teria contribuído para introduzir as esferas econômicas do lucro da mer-
cadoria em detrimento do valor artístico das imagens. A famosa frase lançada pela
Kodak em 1888: “Aperte o botão, nós fazemos o resto!” é bastante simbólica para
descrever o aspecto automático das câmeras fotográficas na época. A nova câmera
de mão lançada pela Kodak no final dos anos 1880 permitia tirar cem fotos instan-
taneamente e sem a necessidade de qualquer orientação técnica, bastava apenas ao
amador apertar o botão da máquina (ROUILLÉ, 2009, p.252).

Essa automatização da máquina traduziu-se numa abundância de imagens tira-


das por amadores sem qualquer qualificação de ordem técnica e nem estética para
produzir as fotos. Em oposição a este novo regime de padronização e vulgarização
das imagens fotográficas, entendido como declínio e uma crise grave da estética
da fotografia, os pictorialistas promoveram uma série de exposições e associações
reivindicando à fotografia o estatuto de belas artes.

A forte recusa do pictorialismo pelo registro puramente mecânico da fotografia


promoveu um discurso em benefício de estabelecer uma aliança entre a fotografia
e a pintura, no sentido de conferir legitimidade artística à arte fotográfica.

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UNIDADE Fundamentos e Função daFotografia de Natureza

Figura 2 – “The Bridge at Ipswich”,


de Alvin Langdon Coburn, 1904
Fonte: wikiart.org

Observe nesta fotografia do americano Alvin Coburn, “The Bridge at Ipswich”,


que os detalhes da natureza somem em meio a grandes massas de volume e a foto
apresenta características de uma pintura de paisagem.

Os pictorialistas reclamavam uma seleção de temas, entre os mais apreciados


estavam as paisagens de dias chuvosos ou com neblina e todos aqueles em que as
ações atmosféricas introduzia um aspecto impreciso nas imagens.

Figura 3 - “Drops of Rain”, de Clarence H. White, 1903


Fonte: Wikimedia Commons

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Em vigor nesta época, a pintura Impressionista permitiu estabelecer uma forte
aliança com as características do pictorialismo, por serem demasiadamente subjeti-
vas e permitirem que o artista interferisse nas impressões das cenas e no resultado
estético das imagens. O próprio nome do movimento impressionista seria derivado
de uma obra de Claude Monet intitulada de “Impressão: nascer do sol”, de 1872.

Figura 4 – “Impressão, nascer do Sol”, de Claude Monet, 1872


Fonte: Wikimedia Commons

Surgido na França em 1874, o impressionismo foi um movimento artístico que passou a


Explor

explorar, de forma conjunta, a intensidade das cores e a sensibilidade do artista. O sentido


de impressionismo pode assumir o significado de selecionar a impressão dos raios solares
sobre a paisagem. Nesse sentido, os pintores do impressionismo selecionam a própria
impressão da cena como uma experiência importante a ser valorizada.
Explor

Sugestão de filme: “Sonhos” de Akira Kurosawa, 1990.

Com o objetivo de amenizar as características mecânicas da máquina e chegar


a um resultado diferente daquele oferecido pelas imagens tradicionais, os pictoria-
listas passaram a adotar técnicas de manipulação do negativo, para conseguir um
resultado artístico na foto, semelhante às características estéticas das pinturas.

Para esses pictorialistas, as intervenções dos fotógrafos deveriam acontecer em


todas as etapas do processo fotográfico, a começar pela resistência à utilização da
objetiva, que era acusada de conferir valor documental e desumanizar o procedi-
mento fotográfico. Visando responder a estes objetivos, os pictorialistas optavam
pela utilização de procedimentos arcaicos, tais como a utilização de lentes de luneta
como objetivas; a utilização das teleobjetivas para registrar imagens desfocadas em
função da pouca profundidade de campo; e de lentes especiais denominadas de

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objectifs d’artistes (objetivas de artistas) que produziam o efeito de flou (desfoca-


do) nas imagens. Com relação ao aspecto estético, a resolução derivada da imagem
flou apontava para uma forte influência do movimento impressionista

Figura 5 – “Miss Hair”, de Alfred Stieglitz, 1904


Fonte: Wikimedia Commons

Observe na foto do americano Alfred Stieglitz como a estética do flou no retra-


to de “Miss Hair” produz uma impressão de movimento, como se a moça tivesse
acabado de se virar em direção à câmera. É esta qualidade estética em favor da
omissão dos detalhes e contrária à nitidez da forma que permite à imagem flou
distanciar-se de uma mera reprodução da realidade (ROMITI, 2017).

Você já pensou em fazer um trabalho unindo a fotografia e a pintura ou realizar fotomon-


Explor

tagens. É possível criar imagens inéditas utilizando impressões fotográficas e tintas. Você
pode se envolver com diversos materiais para dar forma as suas fotografias e produzir um
trabalho bastante original e criativo. Pesquise sobre as obras de Juliana Helcer disponível
em: http://www.juhelcer.com.

David Hochney: Fotomontagens “Joiners”.


Robert Rauschenberg: Monograma.
Man Ray: Fotogramas.

Outro elemento requisitado para sofrer intervenção artística foi o negativo da


foto através do método de “retoque com buril“ de Robert Demachy.

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Figura 6 – “Severity”, 1904
Fonte: Wikimedia Commons

Com essa técnica, o artista raspava e repintava o negativo, para somente realçar
a imagem da mulher e apagar as demais imagens do fundo da cena; como na foto
de Robert Demachy, de 1904. A técnica de raspar o negativo podia claramente
imvprimir na foto os traços deixados pelas mãos do artista.

Outro recurso promovido na época foi a técnica da goma bicromatada - um pro-


cesso de impressão criado por Rouillé, em 1894, que consistia em cobrir a emulsão
transparente e viscosa do papel com pigmentos coloridos solúveis em água (aqua-
rela, nanquim ou guache), utilizando-se de um pincel. A goma quando exposta
à luz, endurecia e a imagem surgia (ou como dizem os especialistas, descascava)
quando o papel era lavado com água morna. A imagem obtida mantinha a cor do
pigmento empregado e revelava um aspecto delicado, semelhante a uma pintura
(saída das mãos de um pintor ou aquarelista) com degradês suaves entre os tons.

Figura 7 – “Primavera”, de Robert Demachy, 1899


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Fundamentos e Função daFotografia de Natureza

Com a técnica da goma bicromatada, os fotógrafos pictorialistas podiam mani-


pular e intervir no resultado estético da imagem fotográfica, modificando os efeitos
de luz e sombra, alterando e removendo detalhes e controlando as tonalidades.

Os Grandes Temas da
Fotografia de Natureza

Figura 8 – Parque do Ibirapuera, em São Paulo


Fonte: iStock/Getty Images

Importante! Importante!

A fotografia de paisagem apresenta-se ao nosso olhar para que possamos admirá-la.


Com muita frequência, temos dificuldade de perceber o que está ao nosso redor, em
boa parte das vezes, porque nos acostumamos com as paisagens do nosso cotidiano. A
fotografia é um recurso que nos permite dar mais atenção e nos convida a admirar e ver
com outros olhos os elementos que o mundo tem a nos oferecer.

Como visto anteriormente, uma das grandes contribuições do movimento picto-


rialista foi reivindicar o mérito artístico ao campo da fotografia e, neste sentido, o
efeito promovido pela imagem flou acabou traduzindo a aparência da natureza e
dos objetos como pinturas. A concepção da fotografia dos pictorialistas, em favor
da subjetividade do fotógrafo e contraria à objetividade da óptica, permitiu também
a aproximação entre a temática da natureza e a representação fotográfica.

Para se firmar como expressão artística, a fotografia emprestou técnicas de


pintura e foi buscar no movimento impressionista um conjunto de temáticas para a
inspiração dos ambientes das fotos de paisagem e natureza.

Atualmente, pensar na fotografia de natureza é pensar numa imagem admirável


que traz muitas recordações.

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Explor
A fotografia de natureza é um amplo tema fotográfico que visa representar fenômenos
ou agentes naturais (plantas, animais, paisagens, fenômenos meteorológicos, pequenos
pormenores, entre outros). A fotografia de natureza tende a centrar a sua atenção na
captação de aspectos estéticos, mais que outros tipos de fotografia.

Fonte: https://goo.gl/7KLHqA

Existem inúmeras imagens na história da arte e nos cartões-postais que mostram


a importância da natureza em nossas vidas. Podemos ter uma noção das diversas
maneiras de como olhar a natureza se pararmos para observar o modo de pintar
de muitos artistas e as fotografias impressas num livro de arte fotográfica.

Para ter uma ideia da grande variedade de modos de olhar para a natureza, po-
demos observar as obras de um pintor de paisagem chamado Jean-Baptiste Camille
Corot (1796-1875). Corot tinha um grande interesse por enfatizar em suas obras
alguns elementos da natureza, como os arbustos, colinas e céus nublados. Outro
especial interesse do pintor era por visualizar o horizonte, podendo representar
a ilusão de distância e profundidade em seus quadros, através de um conjunto de
árvores e vegetação colocadas sequencialmente nas laterais da trilha.

Figura 9 – “Le chemin de Sèvres. Vue sur Paris”, Jean-Baptiste Camille Corot, entre 1855-1865
Fonte: Wikimedia Commons

Através de um conjunto de pinturas, entendemos que ao enfatizar alguns ele-


mentos da natureza e omitir outros, a ênfase de Corot estava em transmitir a
sensação atmosférica do lugar. E o que entendemos por estilo de um paisagista é
justamente o registro de aspectos da natureza sobre os quais o artista se concentra
e que permitem direcionar a atenção para determinados aspectos.

Ao contrário de Corot, cujas imagens de vegetação não tinham foco definido


e as folhas e demais figuras não eram retratadas com precisão, o alemão Albre-
cht Dürer (1471-1528) foi o artista mais importante do Renascimento nórdico
que desempenhou um trabalho de grande perícia técnica para reproduzir em suas

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UNIDADE Fundamentos e Função daFotografia de Natureza

pinturas imagens tão detalhadas como as do mundo real. Observe como os deta-
lhes da obra “O Grande Tufo de Ervas” são tão minuciosos que a imagem acaba
obtendo uma precisão semelhante à imagem fotográfica. Dessa nova maneira, o
pintor nos apresenta uma obra em que a arte e a natureza se fundem para evi-
denciar uma nova oportunidade de vermos os elementos simples que nos passam
despercebidos no dia a dia, assim como o grande tufo de ervas abaixo.

Figura 10 – “La grande Touffe d’Herbes”, Albrecht Dürer, 1503


Fonte: Wikimedia Commons

O estilo de retratar a paisagem é um regis-


tro dos elementos da natureza sobre os quais
Com o objetivo de manter
um artista se debruça, mas também serve como
contato com a natureza, o
um método para nos inspirar a tirar boas fotos. artista britânico Hamish Fulton
O fotógrafo de natureza quer interpretar a lin- (nascido em 1946) registrou
guagem e os elementos da natureza de modo durante trinta anos suas
experiências de caminhadas
que as pessoas possam reagir ao contemplar por várias partes do mundo.
suas imagens. Entretanto, para fotografar a na- Desde 1972 ele começou a
tureza, não basta apenas amá-la, mas é neces- fazer anotações (incluindo
fotografia, ilustrações e textos)
sário ter controle sobre um conjunto de facetas, de datas, locais e as condições
que incluem desde a paciência, observação, in- atmosféricas dos lugares por
tuição, planejamento, até mesmo a preparação onde passou.
física e o espírito de aventura.

A fotografia de natureza se dedica não somente ao registro de imagens de paisa-


gens, mas também incluem fotos do mundo selvagem e da fotografia macro; cada
uma dessas especialidades requer trabalhar com equipamentos apropriados. Na fo-
tografia de paisagem, por exemplo, quando alguns fotógrafos se dedicam a cap-
tar grandes cenários naturais, usualmente são utilizadas lentes grandes angulares
(pois oferecem um maior ângulo de visão) com aberturas reduzidas que permitem
alcançar a profundidade de campo.

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Para fotos aéreas (Figura 11), o importante é pensar no horário e nas melhores
condições atmosféricas que, segundo Colombini, o ideal seria como um dia em que
a atmosfera estivesse muito limpa, tal como num dia de sol após uma grande chuva
(2009, p.102-103).

Figura 11 – Rio de Janeiro, vista aérea


Fonte: iStock/Getty Images

Na fotografia macro (fotografia de aproximação), em que se trabalha com dis-


tâncias muito próximas para capturar os detalhes da natureza, são utilizadas teleob-
jetivas. Para tirar fotos de pequenos objetos a distâncias muito curtas, há também a
opção das lentes macro, que conseguem focar nas texturas dos insetos.

Figura 12 – Macrofotografia de uma abelha


Fonte: Wikimedia Commons

Para conseguir fotografar os insetos com distâncias muito próximas, os fotó-


grafos devem ter conhecimento sobre técnicas de macrofotografia, mas, também,
são necessárias algumas recomendações importantes que envolvem desde conhe-
cimentos prévios sobre as espécies (venenosas, agressivas) até os procedimentos
relacionados à postura e movimentação do fotógrafo.

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UNIDADE Fundamentos e Função daFotografia de Natureza

Na fotografia do mundo selvagem, cujo objetivo é o de capturar o movimento


e o modo de vida dos animais, são utilizadas as objetivas longas ou teleobjetivas
que aproximam os animais que estão distantes, além de garantirem o foco nos
elementos de maior interesse do fotógrafo. Além da escolha certa do tipo de lente,
fotografar os animais em seu habitat natural requer o conhecimento prévio sobre o
comportamento do animal, o planejamento do local onde estará posicionado e ter
muita paciência (COLOMBINI, 2009, p.119-122).

Funções da Fotografia de Natureza

Figura 13 – O fotógrafo de natureza observa todos os detalhes da imagem e nos


convida a contemplar as formas e texturas próprias de cada vegetação, a observar
os efeitos da luz, as variações de cores e a maneira como as formas se agrupam
Fonte: iStock/Getty Images

A fotografia de natureza é também considerada um gênero do fotojornalismo,


por contribuir como fonte de registro e informação sobre a devastação da natu-
reza e crimes ambientais, tais como: a poluição, queimadas, vazamento de óleo;
e o comércio ilegal de animais e plantas. A força da imagem fotográfica tem um
apelo visual muito forte, podendo despertar a sensibilização da opinião pública
a favor das causas ecológicas, diretamente relacionadas com a preservação dos
habitats naturais.

Além de aproximar o homem ao ambiente natural, a fotografia da natureza pos-


sui várias funções que são de extrema importância para a sociedade e para o ser
humano, entre elas, pode-se destacar: a função do registro de imagens da flora e
fauna, destinadas ao estudo sobre o comportamento, anatomia e identificação das
espécies; a utilização na área da educação, com a ilustração dos livros escolares,
atlas, revistas e álbuns; na divulgação das imagens destinadas a fazer propagandas
e divulgar o turismo ecológico.

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Explor
AFNATURA é uma associação de fotógrafos de natureza do Rio de Janeiro, fundada em 2009, e
que reúne alguns dos mais importantes nomes da fotografia de natureza, além de curiosos e
amantes da arte fotográfica e do meio ambiente. Com o objetivo de destacar a importância que
a imagem fotográfica possui na preservação e conservação do meio ambiente, a associação
promove várias ações de conscientização da sociedade, tais como cursos, palestras, exposições,
seminários, entre outras. Disponível em: http://www.afnatura.org.br/

É claro que além de todas essas funções importantes, outra importante carac-
terística da fotografia de natureza para auxiliar na transmissão das mensagens é
a expressão de beleza. O belo atrai, cativa e desperta sentimentos de alegria e
desejos de nos aproximarmos dessa beleza. Trata-se de um ingrediente importante
da imagem fotográfica e como veremos mais adiante, os critérios de beleza é que
darão respaldo nas decisões tomadas pelos fotógrafos.

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UNIDADE Fundamentos e Função daFotografia de Natureza

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Diversitas
Mini documentário sobre fotografia macro com professores e fotógrafos de destaque
no país.
www.diversitas.46graus.com

Livros
A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica. Trad.
Gabriel Valladão Silva. Porto Alegre: Zouk, 2012.
A câmera de Pandora: a fotografia depois da fotografia
JUAN, Fontcuberta. A câmera de Pandora: a fotografia depois da fotografia. São
Paulo: GG Brasil, 2013.

Filmes
O Sal da Terra
Dirigido por Wim Wenders e Juliano Salgado, 2015.

Leitura
Luzes e Sombras da Noite: os olhares pictóricos e cinematográficos de Edward Hopper, Vittorio Storaro e Henri Alekan
Indicação de tese de doutoramento.
https://goo.gl/fs3zhR

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Referências
COLOMBINI, Fabio. Fotografia de natureza brasileira: guia prático. Santa Ca-
tarina: Editora Photos, 2009.

FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e funções do século XIX. 2. ed. São Paulo:
EDUSP, 2008.

________. O desafio do olhar: fotografia e artes visuais no período das vanguar-


das históricas. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo, Ática, 2007.

ROMITI, Marco. Luzes e sombras da noite: os olhares pictóricos e cinemato-


gráficos de Edward Hopper, Vittorio Storaro e Henri Alekan. Tese (Doutorado em
Comunicação). Universidade Paulista. São Paulo, 2017.

ROUILLÉ, André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. Tradu-


ção de Constancia Egrejas. São Paulo: Senac, 2009.

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