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Fotográfica
Material Teórico
O Mundo Passa a Ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999)
e a Fotografia Publicitária,
de Gastronomia e de Ação/Esportes
• Introdução;
• Magnum Photos;
• Polaroid: A Câmera “Mágica”;
• Evolução da Fotografia em Cores;
• Eletrônica a Serviço da Fotografia;
• Retratos de Celebridades;
• Paparazzo: um Mosquito?
• A Fotografia Publicitária, de Dastronomia e de Ação/Esportes.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer, contextualizar e analisar historicamente as diferentes fa-
ses do desenvolvimento da fotografia, técnica e artisticamente, na
segunda metade do século XX, assim como tendências, estilos e mo-
vimentos estéticos da fotografia;
· Reconhecer os subgêneros da fotografia publicitária, de gastrono-
mia e de ação/esportes a partir de sua história e principais nomes
de seus profissionais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE O Mundo Passa a ser Colorido (1946-1999) e
a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Introdução
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), e até o início dos anos 1970,
os países ocidentais, principalmente, viveram um período de grande prosperidade
econômica, inclusive aqueles castigados duramente pelo conflito, como Alema-
nha, Japão e França. O período também foi marcado pela criação, em 1945, da
Organização das Nações Unidas (ONU), com sede em Nova York, cujo objetivo é
promover a cooperação internacional. Neste cenário, “os Estados Unidos concen-
travam sozinhos a quase totalidade da liquidez mundial. Seu território continen-
tal não havia sido atacado, e sua infraestrutura e malha industrial saíram ilesas”
(GASPAR, 2015, p. 268).
Figura 1 – Saul Leiter. Táxi, Nova York, 1957. Leiter trocou os filmes em preto e
branco pelos coloridos em 1948. O fotógrafo imortalizou as ruas de Nova York por mais
de meio século, desde os anos 1950, até sua morte, em novembro de 2013
Fonte: sva.edu
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Magnum Photos
“Magnum é uma comunidade de pensamento, uma qualidade humana comparti-
lhada, uma curiosidade sobre o que está acontecendo no mundo, um respeito pelo
que está acontecendo e um desejo de transcrever visualmente.” A frase de Henri
Cartier-Bresson (1908-2004) contextualiza o perfil da mais importante agência de
fotografia já criada: a Magnum Photos (https://goo.gl/9pyspV).
Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1947, o húngaro Robert Capa
(1913-1954), o britânico George Rodger (1908-1995), o polonês David Seymour
(1911-1956) e o francês Cartier-Bresson, seguindo um modelo de cooperativa,
conceberam a agência “com o objetivo de tornar seus integrantes independentes
das revistas, que até então conservavam os direitos das fotografias que encomen-
davam” (HACKING, 2012, p. 326).
Figura 2 – George Rodger. Os núbios, 1949. Fotografia. O campeão de uma luta livre
núbio é carregado nos ombros por seu oponente em uma aldeia no Sudão (África)
Fonte: Hacking, 2012
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Polaroid: A Câmera “Mágica”
“A fotografia Polaroid tem uma materialidade imediata, que se distancia dos
processos fotográficos convencionais e a aproxima mais da imagem digital contem-
porânea [...]” (FRANDOLOSO, 2014, p. 12). Por incrível que pareça, a fascinante
história da Polaroid tem início na indagação de uma criança de três anos, que não
entendia por que demorava tanto para ela ver as suas fotos das férias de verão.
O pai, o cientista norte-americano Edwin H. Land (1909-1991), respondeu à sua
filha com a colocação no mercado, em 1948, de uma das mais revolucionárias câ-
meras fotográficas já comercializadas: a Polaroid Land Model 95 (Fig. 4), primeira
câmera fotográfica instantânea da história. A partir daquele momento, a filha de
Land poderia ver as suas fotos reveladas em até 60 segundos após serem tiradas.
Figura 4 – Polaroid Land Model 95, a primeira câmera instantânea do mundo, lançada em 1948
Fonte: iStock/Getty Images
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O apogeu da marca se deu nos anos 1970 com o lançamento do modelo SX-70
Land (Fig. 5), considerada uma das melhores câmeras instantâneas já fabricadas.
A câmera era completamente automática e revolucionária com um sistema de
fole, que, quando fora de uso, podia ser dobrada, cabendo em qualquer bolso.
Até 2002, a Polaroid havia fabricado um total de 13 milhões de câmeras.
Figura 6 – O criador da Polaroid, Edwin Land, foi capa da revista Life, em outubro de 1972.
Ele segura uma Polaroid SX-70 Land, considerada uma das melhores câmeras instantâneas já fabricadas
Fonte: aiga.org
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Co Rentmeester. Sem título, 1972. O fotógrafo da revista Life teve a oportunidade de experi-
Explor
mentar a câmera Polaroid SX-70 Land antes do seu lançamento comercial: https://goo.gl/Z2g2rS
Edwin Land, criador da Polaroid, é o caso de um inventor com imensas habilidades nos negócios.
Uma união perfeita. Entre as décadas de 1950 a 1970, a Polaroid foi considerada a mais
inovadora empresa de tecnologia do mundo, possuindo menos patentes apenas que Thomas
Edison, criador da lâmpada elétrica incandescente, entre suas 2.332 patentes registradas.
Steve Jobs, assumia abertamente ter várias vezes visitado Edwin Land e usado a Polaroid como
modelo para criar a Apple, aliando qualidade com simplicidade de uso. Deu certo!
A Polaroid também não resistiu à investida digital, que ocorreu forte a partir do
final do século XX. Em 2008, a empresa lançou a PoGo digital com a inovadora
tecnologia de impressão Zink, sem o uso de tinta (Zero ink). O segredo está no
papel, que possui cristais de corantes, ativados no momento da impressão da foto.
Tudo isso em menos de um minuto. Também é possível, por meio de bluetooth,
enviar imagens de celular para a impressora compatível com a tecnologia. A câme-
ra possibilita a edição da fotografia antes da sua impressão.
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Em 2010, a Polaroid firmou parceria com a cantora pop norte-americana Lady Gaga, que
assumiu o posto de diretora criativa da marca, em uma clara intenção de modernizar e atrair
jovens consumidores. Gaga ajudou na criação de novos modelos de máquinas digitais – como a
GL30 (Fig. 7a e b), com resolução de 12 megapixels e tecnologia de impressão instantânea Zink
– lançados comercialmente, em 2011, nas cores preta, azul e vermelha. Outro produto criado
com a colaboração da cantora foram uns óculos que permitem ao usuário tirar e exibir fotos por
meio das suas lentes (Fig. 7c). A história da Polaroid parece não ter fim.
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Entretanto, a introdução comercial da máquina de 35 mm, na década de 1930,
fez com que tudo mudasse. Os fotógrafos saíam mais facilmente dos estúdios para
realizar trabalhos de moda, documental ou autoral, com um investimento menor se
comparado com as máquinas de médio e grande formatos. Os fotógrafos passaram,
então, a se arriscar mais na utilização da cor.
Nas revistas do grupo editorial Condé Nast – Vogue, Vanity Fair e House &
Garden –, por exemplo, o uso de fotografias em cores foi incentivado a partir da
década de 1950, tendo como mote a ousadia e o moderno. O sucesso da fotogra-
fia em cores na publicidade e na moda nessas revistas foi tão grande que o grupo
“se viu sob o risco de adquirir uma reputação de frivolidade comercial populista,
ao passo que imagens em preto e branco transmitiam uma ideia de rigor artístico e
seriedade” (HACKING, 2012, p. 396). Sem querer ficar para trás, a Life publicou,
em setembro de 1953, 24 fotografias coloridas de Nova York, feitas pelo imigrante
austríaco Ernst Hass (1921-1986) – integrante da Magnum –, considerado um dos
mestres da fotografia em cores (Fig. 8).
“17 lições que Ernst Haas me ensinou sobre fotografia de rua”, por Eric Kim. O website
Explor
de Eric Kim é em inglês, entretanto, caso você queira ler o material em português, basta
clicar com o botão direito do mouse e clicar em “Traduzir para o português”:
https://goo.gl/Xaw7EL
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Até os anos 1980, a maioria dos fotógrafos que trabalhava com a imagem em
cores era bem remunerada somente pelos seus trabalhos em fotografia de moda ou
em trabalhos encomendados para outro tipo de produção. “Em galerias de arte ain-
da prevalecia o valor da imagem monocromática, sendo que muitos trabalhos feitos
a cores só atingiram preços elevados quando muitos dos seus autores já tinham fa-
lecido” (DIAS, 2016, p. 62). Outros atingiram esse reconhecimento público ainda
vivos, como William Eggleston (1939 —) e Annie Leibovitz (1949 —), entre outros.
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A fotografia documental também se rendeu às cores. Um dos mestres neste tipo
de trabalho, que combina as cores como ninguém, é o fotojornalista norte-ameri-
cano Steve McCurry (1950 —). Ele ficou mundialmente conhecido pela imagem
de uma jovem afegã, publicada na capa da National Geographic Magazine, em
junho de 1985. McCurry é adepto da fotografia digital desde o seu aparecimento,
nos anos 1990, pela facilidade de observação e de correção de imagens, principal-
mente em áreas, regiões ou situações onde pode não haver uma segunda tentativa
(DIAS, 2016).
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Figura 11 – Câmera fotográfica Agfa Optima, de 1959, a primeira com programação automática de exposição
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 12 – Yashica Electro 35, lançada em 1966, com obturador eletrônico e exposição semiautomática
Fonte: Wikimedia Commons
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As 35 mm SLR (single-lens reflex) – ou simplesmente reflex, em que o fotógrafo
enxerga o objeto refletido por um conjunto de espelhos (visor óptico) – da Pentax,
Nikon, Canon, Minolta e Yashica, a partir do final da década de 1950, marcam a
chegada das máquinas de uma única lente, com enquadramento por meio da obje-
tiva. Os dispositivos permitem o uso de grande-angulares e teleobjetivas potentes,
além de motordrive para transporte rápido do filme.
As câmeras que mais se destacaram nessa época foram as da Nikon, que, após
tentativas de conquistar o mercado desde 1917, obtiveram êxito com a linha Nikon
F (Fig. 14). A primeira de muitos modelos Nikon F foi lançada em 1959 e se tornou
um sucesso mundial (EPRIN, 2018). Juntamente com a Leica M3, ela se tornaria a
preferida dos repórteres fotográficos. Nikon e Canon passam, então, a dominar o
mercado mundial de câmeras analógicas, até o final do século XX. A Canon AE-1,
por exemplo, foi a primeira no mundo a vir com um microcomputador embutido,
em 1976 (Fig. 15).
Figura 15 – Canon AE-1, a primeira câmera do mundo a vir com um microcomputador embutido
Fonte: Wikimedia Commons
A Sony Mavica (1981) – com lentes intercambiáveis – foi a primeira câmera totalmente
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Retratos de Celebridades
A era de ouro do cinema de Hollywood – entre os anos 1920 e 1960 –, prin-
cipalmente com os grandes filmes musicais, transformou rapidamente atores em
astros internacionais, levando consigo ao estrelado personalidades da música, da
arte, da literatura, da política e até da ciência. E as revistas de jornalismo, moda e
entretenimento precisavam de retratos dessas personalidades. Assim, a partir do
final da década de 1940, publicações como Life, Harper’s Bazaar e Fortune, nos
Estados Unidos, contrataram fotógrafos no mundo inteiro para entregar-lhes ima-
gens exclusivas dessas celebridades.
Retratos executados de forma meticulosa se tornaram cruciais na promo-
ção da aura das celebridades. Iluminados com esmero, habilmente estili-
zados e primorosamente retocados, esses retratos moldavam e fixavam a
imagem de uma estrela na mente do público. (HACKING, 2012, p. 350.)
Já o fotógrafo Irving Penn (1917-2009), que por mais de meio século tirou
fotografias para a Vogue americana, produzia suas fotos de celebridades, como o
artista Marcel Duchamp e o estilista Christian Dior, por exemplo, em um estúdio
anônimo (poucos sabiam do endereço), não bajulava os modelos e, na maioria das
vezes, “enfatizava a artificialidade do ambiente por meio da inclusão de cabos de
eletricidade e cenários montados” (HACKING, 2012, p. 351). Normalmente, ele
escolhia um fundo neutro que excluía toda e qualquer sugestão de narrativa, sem
objetos cênicos ou qualquer outra referência que demonstrasse a personalidade
retratada. “Era comum haver guimbas de cigarro, pedaços de tapetes e cabos à vista
no chão não pintado do estúdio, gerando o que Alexandre Liberman, diretor de arte
da Vogue, viria a reconhecer como ‘a sordidez do período’” (HACKING, idem).
1. − Sinal gráfico que indica a redução de um semitom (meio tom) da nota que precede.
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Figura 16 – Arnold Newman. Igor Stravinsky, cidade de Nova York, 1946. Fotografia
Fonte: moma.org
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Philippe Halsman. Albert Einstein, 1947. Fotografia. Capa da revista Time, de dezembro de
Explor
1999: https://goo.gl/TirXgx
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Figura 21 – Mark Seliger. Dalai Figura 22 – Mark Seliger. Figura 23 – Mark Seliger.
Lama, 2011. Fotografia Presidente Barack Obama, Kurt Cobain, 1993. Fotografia
Fonte: Mark Seliger, 2011 2010. Fotografia Fonte: Mark Seliger, 1993
Fonte: Mark Seliger, 2010
Paparazzo: um Mosquito?
Avanços técnicos, como dos filmes de alta sensibilidade, das lentes teleobjetivas
e do flash, contribuíram para a redução da fronteira entre as vidas públicas e
privadas das celebridades a partir da década de 1960. Muitos fotógrafos, oriundos do
fotojornalismo, fizeram fama ao fotografar famosos, de preferência em ambientes
pouco convencionais, para revistas e jornais. Foi quando surgiram os paparazzi
(a palavra paparazzi, plural de paparazzo2, é de origem italiana, designando os
fotógrafos de celebridades). “Na maioria dos casos, as fotos são ‘roubadas’, ou seja,
invadem a intimidade do ‘alvo’ e são tiradas sem o consentimento da celebridade”
(DIAS et al., 2016, p. 1). Os retratos altamente produzidos até então deram lugar
a instantâneos com a intenção de serem íntimos e autênticos.
A profissão de paparazzo ainda é muito criticada devido ao seu caráter
invasivo e antiético, que acaba muitas vezes gerando confusões. Tal ofício
é reprovado tanto pelas celebridades, como também por fotógrafos
de outras áreas. Entre tantos motivos que essa profissão é odiada, o
principal advém da manipulação de cenas, ou seja, a prática de fotografar
determinado momento alterando seu real contexto [...] Apesar das
controvérsias, é uma profissão que exige demasiado esforço, pois vale de
tudo para conseguir uma informação e foto antes de outros paparazzi, até
mesmo arriscar a própria vida. (DIAS, et al., 2016, p. 3 e 4.)
2. Uma das teorias para a origem do termo é uma analogia entre um mosquito siciliano chamado “papareceo” com a
profissão de paparazzo. Esse mosquito é conhecido por ficar rodeando e perturbando as pessoas; normalmente é
assim que esses fotógrafos são vistos: inconvenientes, como o mosquito (DIAS, et al., 2016, p. 2).
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Trocando ideias...Importante!
Ron Galella, o Rei dos Paparazzi
O fotógrafo norte-americano Ron Galella (1931 −) teve um relacionamento profissional
com Jackie Onassis que pode ser descrito como frenético. A ex-primeira-dama tornou-se
uma obsessão para ele e seu comportamento pode ser visto como “predador”. Jackie o
processou, conseguindo uma ordem de restrição que o manteria a 46 metros de distân-
cia, embora ele a tenha quebrado repetidamente. Quando essa distância foi reduzida
para 7,6 metros, Galella levava uma fita métrica enorme para que ele pudesse manter a
distância. “Por que eu tenho uma obsessão com Jackie? Eu analisei. Eu não tinha namo-
rada. Ela era minha namorada, de certa forma”, afirmou (TIME, 2018). O que você acha?
Galella é chamado de O Rei dos Paparazzi.
Explor
Apesar de ser uma profissão não muito bem aceita pelos famosos, ela está
ganhando cada vez mais espaço no mercado como forma de entretenimento por
meio da exposição de celebridades, especialmente a partir do advento da internet.
Ao escolher a profissão de paparazzo, conforme Dias et al. (2016), é necessário
adquirir equipamentos específicos que costumam ir além de uma boa câmera.
O profissional deve levar em conta questões como situações de pouca luz, lentes
rápidas e com boa performance.
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Importante! Importante!
Paparazzo Digital
A profissão de paparazzo, como muitas outras, está sendo alterada pela era da
internet. Uma prova disso são alguns sites destinados aos paparazzi amadores,
onde pessoas comuns podem postar fotos de celebridades tiradas por elas mesmas.
“Desse modo, indivíduos comuns passam de receptores para emissores de fotos
e notícias, apenas usando câmeras ou smartphones, acessíveis à maioria hoje em
dia” (DIAS, 2016, p. 8).
Fotografia Publicitária
A definição de fotografia publicitária a caracteriza como especialmente pro-
duzida para a difusão comercial de um produto, independentemente do suporte
escolhido pelo anunciante, que tanto pode ser a mídia impressa – jornais, revistas,
cartazes, outdoors ou folhetos – quanto audiovisual, como anúncios transmitidos
pela televisão, pelo cinema ou no meio digital (internet). Poucos recursos se torna-
ram tão indispensáveis quanto a utilização da fotografia no mercado publicitário.
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
Figura 24 – Ator Ramon Navarro para a brilhantina Stacomb. Revista A Cigarra, 15 out. 1929
Fonte: PALMA, 2007
Hoje, uma infinidade de produtos e serviços são anunciados sem que uma úni-
ca palavra seja dita, graças ao apelo e expressividade que a fotografia é capaz
de causar. Isso pode ser explicado, em parte, pela aproximação cada vez maior,
principalmente a partir da década de 1980, da fotografia publicitária com as artes
visuais e também da produção de uma imagem com extrema inovação estética em
detrimento apenas do produto ou serviço.
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Desde 2004, o francês Jean-Yves Lemoigne trabalha para as melhores agências
do mundo, como DDB, BBH, Euro RSCG, Saatchi & Saatchi, BBDO, TBWA,
Wieden & Kennedy, criando fotografias para diversas marcas e campanhas. Seu
trabalho mais conceituado e conhecido é uma campanha para a marca de água
Perrier em que faz um tributo à obra surrealista do artista catalão Salvador Dalí
(1904-1989) (Fig. 25). Sua fotografia é considerada uma das melhores no mundo
da publicidade.
https://goo.gl/qHZiee
Fotografia de Gastronomia
Devido à expansão do mercado mundial de alimentos, com o crescimento de
redes fast-foods, de restaurantes, bares, padarias, alta gastronomia e espaços
gourmets, além de publicações impressas e online sobre gastronomia, aumentou,
consequentemente, a procura por profissionais que possam atender à demanda de
registros fotográficos especializados em alimentos. Assim, a fotografia gastronômica
passa a se tornar uma peça fundamental e influente, ao utilizar uma linguagem
específica para apresentar o alimento.
Talvez não passe pela cabeça das pessoas que um pimentão, para ser
fotografado e sobretudo para se impor com um poder de verossimi-
lhança irresistível, precisa ser preparado; é preciso escolher o legume
ideal em termos de cor e textura, trabalhar a sua casca com resinas
que lhe realcem o brilho, dispor a câmera e a iluminação de modo a
acentuar-lhe o relevo e assim por diante. Ninguém melhor que os fotó-
grafos que trabalham com publicidade conhece essa técnica de transfi-
gurar o referente para aumentar o poder de convicção de sua imagem.
(MACHADO, 1984, p. 56.)
Influência da Pintura
Em 1945, apenas seis anos depois do anúncio oficial da criação do daguerreótipo,
William Henry Fox Talbot (1800-1877), cientista inglês pioneiro da fotografia, fez
uma das primeiras imagens cujo motivo central era alimentos. Tratava-se de um
registro de cestas de pêssegos e um abacaxi. Nessa fase, em que livros de receita
raramente recorriam à fotografia e a publicidade era ainda incipiente, as fotos de
comida – na sua grande maioria frutas – eram fortemente influenciadas pelo gênero
natureza-morta da pintura.
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A fotografia de comida não era mais apenas um gênero de arte, agora as imagens
eram utilizadas para vender. Para parecerem vivos e com cores atraentes, alguns
alimentos chegavam a receber uma camada de verniz ou spray para cabelo antes
do registro. A espuma da cerveja era substituída por bolhas de sabão e o leite de
cereais por cola (que, digamos, ainda é utilizada hoje).
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Comida com Cara de Comida
Nos anos 1990, a fotografia comercial de comida passou a ser mais naturalista
e documental, e os alimentos voltaram a parecer mais comestíveis nas imagens.
Ao mesmo tempo, alimentos também estavam sendo utilizados por artistas e
fotógrafos em seus trabalhos artísticos e a qualidade das imagens dos livros de
receita tornou essas publicações mais parecidas com livros de fotografia.
Figura 27 – Revista Menu, nº. 160, 167 e 172, Editora Três, março de 2012
Fonte: SABBAG, 2014
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Fotografia de Ação/Esportes
Ao longo da história, muitas foram as dificuldades para que a fotografia de
esportes se consolidasse nas publicações. No passado, os fotógrafos de esportes
trabalhavam no “escuro”. As imagens registradas só eram vistas no momento de
sua revelação e ampliação. Nas coberturas de eventos esportivos importantes, os
fotógrafos montavam minilaboratórios nos banheiros dos hotéis, por exemplo,
revelando as fotografias captadas nos estádios e ginásios onde aconteciam as
competições. Hoje, em segundos, é possível ver os cliques e editá-los.
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2. A tecnologia digital, surgida comercialmente nos anos 1990, que beneficiou
sobremaneira o profissional especializado em fotografia de ação. A automa-
ção da tomada fotográfica liberou o fotógrafo para fixar sua atenção no visor
da câmera, monitorando com mais precisão o desenrolar da ação.
No fotojornalismo a máquina digital começou a ser testada na Copa do
Mundo de Futebol dos Estados Unidos de 1994, mas o formato diferen-
te do corpo de câmera e as dificuldades em se transmitir os fotogramas
resultaram em seu pouco uso. Foi em outro grande evento esportivo que
esta tecnologia começou a chamar a atenção dos profissionais, nas olim-
píadas de Atlanta, em 1996, vários fotógrafos utilizaram o equipamento.
(OLIVEIRA, 2012, p. 2.)
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
10 Fotógrafos de Gastronomia para Seguir no Instagram
https://goo.gl/E5JdRg
Livros
Fundamentos da Fotografia Criativa
PRAKEL, David. Fundamentos da fotografia criativa. São Paulo: Gustavo Gili, 2015.
Filmes
Amnésia (Memento)
Direção: Christopher Nolan. Estados Unidos, 2000. Sinopse: homem sofre de distúr-
bios de memória recente. O personagem, então, lança mão de várias estratégias para
encontrar segurança diante dos desdobramentos da trama, já que não tem a memória
natural. Um deles, além de tatuagens e anotações de caneta no corpo, é justamente o
uso de Polaroids para criar esse lugar de referência.
Sentença de um Assassino
Direção: Joshua Sinclair. Estados Unidos, 2008. Sinopse: Na década de 1950, o fotó-
grafo Philippe Halsman se torna famoso por fotografar artistas de sua geração, crian-
do imagens inesquecíveis de famosas personalidades, como Salvador Dali, Marilyn
Monroe, entre outros. Antes de ir para os Estados Unidos, porém, Halsman vive um
fato terrível. Ao embarcar para uma caminhada turística pela Áustria com seu pai, com
o qual mantinha uma relação turbulenta, algo inesperado acontece. O pai é encon-
trado morto numa trilha, e Halsman acaba sendo declarado culpado pela morte dele.
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Referências
CAIN, Abigail. Food photography didn’t start on onstagram – Here’s its 170
year history (Fotografia de alimentos não começou no Instagram – Aqui está sua
história de 170 anos). 2017. Disponível em: <https://www.artsy.net/article/ar-
tsy-editorial-food-photography-start-instagram-170-year-history>. Acesso em: 25
jun. 2018.
DIAS, Guilherme et al. Paparazzi – Profissional sem celebridade. In: XXI Con-
gresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, Intercom – Sociedade
Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, Salto/SP, 17 a 19 jun.
2016. Disponível em: <http://www.portalintercom.org.br/anais/sudeste2016/
resumos/R53-1001-1.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2018.
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a Fotografia Publicitária, de Gastronomia e de Ação/Esportes
HACKING, Juliet. Tudo sobre fotografia: técnicas criativas de 100 grandes fotó-
grafos. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
SANTOS, Rui Cezar dos. Anotações sobre a fotografia de futebol. In: Revista
Mediação, Universidade Fundação Mineira de Educação e Cultura/Fumec, nº 4,
34
dez. 2004. Disponível em: <http://www.fumec.br/revistas/mediacao/article/
view/242/239>. Acesso em: 25 jun. 2018.
TIME. Ron Galella, King of the Paparazzi (Ron Galella, Rei dos Paparazzi). Disponível
em: <http://content.time.com/time/photogallery/0,29307,2008078_2171511,00.
html>. Acesso em: 22 jun. 2018.
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