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SOBRE O AUTOR

Olá, caro aluno.


Sou Gabriel Rodrigues de Andrade e serei o seu professor na disciplina de
Linguagem Fotográfica. Tenho formação em Comunicação Social com
habilitação em Publicidade e Propaganda, sou especialista em Docência no
Ensino Superior e Linguagem Audiovisual e Cinema e mestrando em
Promoção da Saúde com enfoque na área da Comunicação.
Já atuei em grandes empresas nas áreas de Marketing, Criação e Retouching.
Também trabalhei como fotógrafo e filmmaker freelancer na área de eventos. A
fotografia sempre foi uma área de grande interesse pessoal e profissional.
Através dela é possível eternizar momentos e congelar o tempo. Como dizia o
grande fotógrafo Henri Cartier-Bresson “é uma ilusão pensar que as fotos são
feitas com a câmera, elas são feitas com os olhos, o coração e a mente”.
Através da fotografia um mundo de possibilidades se desdobra apenas a um
clique de distância. Essa máxima da fotografia é o que almejo que percebam
ao longo dos nossos estudos.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Caro aluno,
É com muita satisfação que apresento este material que lhe acompanhará na
disciplina de Linguagem Fotográfica. É importante lembrar que o conteúdo
apresentado a seguir é uma das ferramentas essenciais para o seu processo
de formação e que foi estruturado a partir de conteúdos atualizados.Almejo que
seja uma aprendizagem motivadora e agradável.
Tenha em mente que a disciplina está relacionada com os fundamentos da
fotografia, o que exige conhecimentos práticos, teóricos e uma alta
sensibilidade ao olhar fotográfico.
Nesta apostila, e durante as nossas aulas, abordaremos algumas temáticas
que farão com que você entenda como é o mundo da fotografia em sua
essência e parte técnica.
Abordaremos os seguintes conteúdos:
- Unidade I: Histórico da fotografia e suas funções sociais
- Unidade II: Estética da Imagem
- Unidade III: O Repertório Imagético e Fotografia Digital a partir de
Grandes Fotógrafos;
- Unidade IV: Técnicas fotográficas: composição, exposição, luz e lentes
objetivas.
Ótima leitura!

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UNIDADE I
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DA FOTOGRAFIA

Prof. Esp. Gabriel Rodrigues de Andrade

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Compreender o surgimento da fotografia;
Identificar quais foram os principais equipamentos que proporcionaram o
advento da fotografia;
Compreender o processo de desenvolvimento da fotografia documental.

Plano de Estudo
Nesta unidade, serão abordados os seguintes tópicos:
1. O surgimento da fotografia
2. Fotografia documental e fotojornalismo
3. O que é a imagem e como percebê-la
4. Aspectos sensíveis da imagem

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CONVERSA INICIAL

Caro aluno,
Nesta unidade você aprenderá sobre a história da fotografia, desde seu
surgimento, passando pelas invenções mais importantes, até o advento do
daguerreótipo. É muito importante que você compreenda o processo histórico
que foi, e ainda é, a fotografia.
Abordaremos também a influência da fotografia para as artes plásticas.
Entenderemos como o conhecimento empírico aliado à química foi essencial
para o descobrimento do processo de revelação do filme fotográfico. E como o
pensamento fotográfico mudou após a chegada da fotografia digital.
Enquanto objeto histórico, a fotografia revolucionou a forma como o homem
registra os acontecimentos e eterniza momentos. A imagem aliada ao texto
proporciona um novo patamar de armazenamento e desenvolvimento de
informações.
Com base nisso, caro aluno, podemos compreender a extrema importância da
fotografia não apenas enquanto objeto de estudo, mas também como uma
ferramenta fundamental para o desenvolvimento social, histórico, artístico e
econômico da humanidade.

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Módulo 1

A fotografia pode ser compreendida como um espelho do mundo ou como uma


forma de expressão que explora diversas camadas das emoções humanas. Ao
tirar uma foto, é possível eternizar um momento que, talvez, nunca mais será
reproduzido.
Em 1823, surge a fotografia. Hoje, com quase 200 anos de existência, é
considerada a arte visual que se desenvolveu mais rápido. As primeiras
câmeras fotográficas surgiram na primeira etapa da Revolução Industrial,
fazendo com que as primeiras fotografias registrassem o cotidiano acelerado
das grandes cidades.
A fotografia, em seu sentido literal, significa "escrita com a luz”, do grego foto
(luz) grafia (escrita). Fonseca (1990), reflete que o desejo de registrar o mundo
real como ele realmente é e a vontade de imobilizar em formas que escapam o
mutável têm fascinado o homem desde seus primórdios, como é possível
identificar a partir das pinturas rupestres.
Além de eternizar momentos, a fotografia foi a primeira técnica que possibilitou
a transformação das pessoas que tivessem contato com a imagem, seja
mostrando acontecimentos passados ou possibilitando mudanças futuras.
Foi a partir da década de 1930 que a fotografia alcançou a dimensão que
conhecemos hoje. Seja do ponto de vista estético, jornalístico, publicitário ou
tecnológico. É difícil definirmos, nos dias de hoje, a utilização total da fotografia,
pois são poucos os campos da comunicação em que ela não está presente.
Vale ressaltar que a fotografia foi a grande percursora do desenvolvimento da
televisão, do cinema e das revistas ilustradas.
A fotografia, portanto, é um meio que criou sua própria linguagem, nos campos
da expressão artística, das aplicações objetivas na tecnologia e na motivação
presente na publicidade.
A imagem sem foco e granulada acima representa uma grande revolução na
história da fotografia. A imagem foi feita pelo francês Joseph Nicéphore Niépce
(1765-1833), Vista da Janela em Le Gras é a foto mais atinga preservada até
hoje.
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Figura 1 - Vista da Janela em Le Gras: Joseph Nicéphore Niépce (1826)

Fonte: o autor.

A fotografia tem como princípio básico a câmara escura, que consiste em uma
caixa totalmente preta por dentro, com apenas um pequeno orifício feito em um
dos lados por onde ocorre a penetração de uma fonte externa de luz. Esse
efeito forma uma imagem invertida da cena externa. Para realizar a fotografia
Vista da Janela em Le Gras, Niépce utilizou a câmara escura. Curiosamente,
em IV a.C, Aristoteles havia descoberto e analisado o princípio da câmara
escura.

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Figura 2 - Exemplo de funcionamento de uma câmara escura

Fonte: o autor.

Em 1837, Louis-Jaques-Mandé Daguerre conseguiu fixar de modo permanente


as imagens vistas na câmara escura. Em algum momento entre 24 de abril e 4
de maio de 1838, Daguerre montou sua câmera em uma janela no andar
superior de sua residência e registrou uma imagem das ruas de Paris.
Carruagens, cavalos e pessoas passavam pela movimentada bulevar naquela
manhã, mas o longo tempo de exposição (aprenderemos a parte técnica na
Unidade IV) e a pressa com que as pessoas se movimentavam, fez com que
na imagem final parecessem fantasmas. Os únicos indivíduos que
conseguimos ver claramente, estão no lado inferior esquerdo e são o homem e
o engraxate que lustrava seus sapatos.
A imagem sobreviveu a um devastador bombardeio durante a Segunda Guerra
Mundial, para ser quase totalmente apagada em uma tentativa equivocada de
limpá-la, por volta de 1960. Por sorte, o curador fotográfico e historiador
Beaumont Newhall solicitou uma reprodução em alta qualidade da imagem, a
fim de imprimi-la para sua exposição pioneira no Museu de Arte Moderna em
Nova York em 1937.
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Daguerre foi o grande inventor do Daguerreótipo, um importante instrumento
que caracterizou um salto gigantesco para o advento da fotografia. A invenção
foi criada em 1837 mas apresentada somente em 1839, mesmo ano em que o
governo francês declarou o invento como domínio público.

Figura 3 - Boulevard du Temple, Paris: Louis-Jaques-Mandé Daguerre (1838)

Fonte: o autor.

O surgimento do daguerreótipo, além de exercer forte influência na fotografia,


também foi muito importante para as artes plásticas. A partir de seu
surgimento, os artistas plásticos passaram a ter muito mais liberdade de
criação, por não ser mais necessário se ater a reproduzir a realidade
exatamente como ela é. O funcionamento do daguerreótipo ocorre da seguinte
forma: uma placa de prata é sensibilizada com vapor de iodo formando o
composto iodeto de prata. Após a formação deste composto, a placa é exposta
à luz por meio de uma câmara escura por cera de, aproximadamente, 25
minutos. O contato com a luz transforma os cristais de iodeto de prata em prata
metálica, resultando em uma imagem que pode ser revelada com o uso do

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vapor de mercúrio. Após alguns processos químicos, tem-se como resultado
uma imagem com alta qualidade de detalhes, levando a imagem fotográfica
ainda mais longe.

Figura 4 - A invenção de Daguerre, o Daguerreótipo (1839)

Fonte: o autor.

Indicação De Recurso Didático

Caro aluno,
Aqui estão algumas sugestões de materiais complementares que aprofundarão
ainda mais os seus conhecimentos.
Boa leitura!

Fotografia - Teoria e Prática - 1ª edição. Vitché Palacin. 2012


Ler: Introdução: o que é fotografia? e Capítulo 1: Da câmara obscura à câmara
digital.

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Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788502175327/cfi/2!/4/4@0.
00:0.00

Fotografia & História - 2ª edição revista. Boris Kossoy. 2001.


Ler: Capítulo 1: Fotografia e História
Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=lZ83IeRyy1oC&printsec=frontcover&dq=
hist%C3%B3ria+da+fotografia&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjb29y3orrjAhXMFLkGHYUOA3UQ6AEIKTAA#v=one
page&q=hist%C3%B3ria%20da%20fotografia&f=false

História da Fotografia - Documentário - History Channel


Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=GyNa1OdJJcg&ab_channel=J%C3%BAlioL
eitte

Módulo 2

A fotografia consiste um campo da mensagem visual de extrema importância


para a construção de sentidos na sociedade. O século XXI, mais do qualquer
outra época, utiliza a fotografia não apenas como uma maneira de registro
social, mas também como forma de construção de identidade das diferentes
culturas.
A imagem é um meio de fácil acesso aos diferentes grupos sociais, devido ao
fato de vivenciarmos uma era extremamente imagética. A internet está repleta
de informações sendo transmitidas através de imagens e, o homem, a cada dia
se comunica mais com imagens do que palavras.
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Assim sendo, é muito importante observarmos como a imagem fotográfica é
abordada historicamente. Através da história, podemos observar os aspectos
sociológicos da imagem bem como suas interpretações perante as mais
diversas camadas da sociedade.
Começaremos, caro aluno, analisando o desenvolvimento histórico do retrato.
Este tipo de fotografia representou, em um primeiro momento, a elevação
progressiva de determinadas coletividades. O desenvolvimento do mercado e,
consequentemente, o aumento do poder econômico de determinadas esferas
sociais, significou o aumento da produção de bens.
Desta forma, o retrato, antes realizado à mão e depois ocasionalmente por
fotógrafos, passou a ser um exercício industrializado. Isso fez com que, o
retrato, que era visto como um ato simbólico que permitia aos indivíduos das
classes mais elevadas tomarem um posto de maior visibilidade, sofreu uma
grande democratização.
Desde sua origem até o seu desenvolvimento, todas as formas de arte
mostraram um processo idêntico ao desenvolvimento interno das formas
sociais. Ou seja, conforme a sociedade se transforma e se desenvolve, a arte a
acompanha. O retrato evoluiu juntamente com o desenvolvimento do registro
fotográfico. A primeira máquina oficial para produzir imagens foi o
daguerreótipo, máquina que já estudamos no módulo anterior.
Com o passar dos anos, o retrato passa a pertencer a dois mundos da
fotografia: o mundo da arte e da expressão pessoal, e o da arte aplicada e da
encomenda. Estes dois universos possuem funções diferentes quando
pensamos em fotografia. Enquanto tem como atenção o pessoal (o mundo da
arte e da expressão pessoal), o outro tem como objetivo a venda e o mercado
(arte aplicada e da encomenda).
No início, os retratistas eram guiados apenas pela obrigação de entregar
exatamente aquilo que as pessoas pediam. Porém, com a evolução das
técnicas do registro fotográfico, a prática da fotografia e, consequentemente, do
retrato se tornou muito mais acessível.
A mobilidade foi o grande diferencial que alavancou a forma de produzir
retratos. A possibilidade do fotógrafo se deslocar com seu equipamento com
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maior facilidade resultou em uma mudança drástica na forma de se fotografar.
O fotógrafo passou a retratar as situações com o mínimo de intervenções
possíveis. E foi assim que surgiu a fotografia documental e o fotojornalismo.
A fotografia está frequentemente relacionada à noção de documento e
documentação dos fatos. Portanto, antes de qualquer coisa, a fotografia tem
como função testemunhar e registrar determinada realidade e, posteriormente,
recordar a sua existência.
A função documental da fotografia, e a fotografia enquanto gênero documental,
evoluiu muito desde o seu surgimento até os nossos dias. No início, foi
associada às grandes navegações, onde constituiu um novo instrumento que
corroborou para a descoberta do mundo. Atualmente, a máquina fotográfica
tornou-se um instrumento de informação visual e, em muitos casos, substituiu a
ilustração.
Até meados do século XIX, a informação era disseminada, em sua grande
maioria, através da escrita. O desenho também era utilizado para informar mas,
estava muito associado à fantasia. A pintura, por sua vez, era quase sempre
produzida por encomenda, fazendo com que sua produção fosse escassa. Já a
fotografia por sua vez, possibilitou a superação dos modos de informação, visto
que é uma forma objetiva, rápida e autêntica de registro da realidade.
Desta forma, o fotojornalismo se desenvolve e se consolida na sociedade,
rompendo todas as camadas sociais e barreiras culturais. O principal objetivo
do fotojornalismo é retratar a sociedade e registrar o seu cotidiano.

Indicação De Recurso Didático

Fotografia, História e Cultura Visual: pesquisas recentes. Carolina


Etcheverry, Charles Monteiro, et. al. Ler: Capítulo 3.
Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=SQBM1ZDi1gQC&pg=PA117&dq=fotogr
afia+social&hl=pt-

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BR&sa=X&ved=0ahUKEwjioqrUx7_jAhVWJLkGHQW1DysQ6AEILzAB#v=onep
age&q&f=false

A Fotografia a Serviço de Clio: Uma interpretação da história visual da


Revolução Mexicana. Carlos Alberto Sampaio Barbosa, 2006.
Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=h0sN8R7jJi0C&pg=PA191&dq=fotografi
a+social&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjioqrUx7_jAhVWJLkGHQW1DysQ6AEIMzAC#v=one
page&q&f=false

Fotografia Usos e Funções no Século XIX. Annateresa Fabris, 2008.


Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=84ERMEgyezoC&pg=PP41&dq=fotografi
a+social&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjioqrUx7_jAhVWJLkGHQW1DysQ6AEIRTAF#v=onep
age&q&f=false

Photography and Social Movements: from the globalisation of the


movement (1968)to the movement against globalisation (2001). Antigoni
Memou, 2013.
Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=2rNSDwAAQBAJ&pg=PA144&dq=fotogr
afia+social&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwjioqrUx7_jAhVWJLkGHQW1DysQ6AEIVjAI#v=onepa
ge&q&f=false
Ler: Part II. Páginas 69 a 100.

Fotografia e Jornalismo: a informação pela imagem. Dulcilia Schoroeder


Buitoni, 2011. Ler: Capítulo 7 - Usos Jornalísticos da Fotografia: informação,
ilustração, expressão. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502122222

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Módulo 3

Caro aluno, já estudamos que a imagem fotográfica foi uma invenção que
revolucionou diversas áreas atividade humana. Agora, cabe a nós nos
questionarmos o que é a imagem em sua essência e quais são suas
características para atingir tão fortemente os mais variados públicos. Portanto,
neste módulo, discutiremos o que é uma imagem e quais são seus aspectos
sensíveis.
Do latim, imago, é aquilo que apresenta semelhança com alguma coisa
conhecida ou ainda, a idealiza. É muito comum dizer que uma imagem
representa um sentimento ou objetivo. A ideia de representação nos leva a
pensar que a imagem está no lugar de algo que, por qualquer motivo, não pode
estar ali.
Por exemplo, a figura de uma cadeira em uma revista tem como função
representar, ou seja, evocar a própria cadeira, já que a cadeira, enquanto
objeto, não pode ser confinada à uma página de revista. Neste caso, podemos
dizer que a representação é uma das funções passíveis de serem cumpridas
pela imagem. Ao mesmo tempo que não podemos esquecer que está é uma de
suas funções mas não a única.
Quando algo é idealizado, uma construção por exemplo, como fazem os
arquitetos, eles desenham imagens de elementos que não existem na
materialidade do mundo naquele momento, mas que estão presentes em suas
mentes. Ao desenharem tais coisas, eles dão nome de Projeto, ou seja, algo
lançado adiante, que pode vir a ser, que não está finalizado. Algo que poderá
ter existência material desde que seja realizado ou construído por alguém com
outras habilidades, que é o seu fazer.
Se pensarmos que o projeto é a pré-configuração de uma ideia antecipando o
futuro, podemos aceitar, sem restrições, o conceito de representação, embora
saibamos que o projeto seja, na verdade, uma apresentação original, já que
não havia nada pré-existente que lhe fizesse referência.
Poderíamos pensar também que a construção da uma casa fosse a
representação do projeto, mas como são de naturezas materiais diferentes,
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sabemos que a casa é realizada e não idealizada. Embora resultasse,
originariamente, da imaginação do arquiteto.
Portanto, caro aluno, representar algo não é apenas e nem tudo o que uma
imagem pode fazer, então concluímos que: a imagem é uma configuração
visual capaz de produzir sentido. Toda imagem significa, produz significação,
quer seja sobre as suas próprias condições de existência, sobre as qualidades
sensíveis e plásticas que revela ou ainda, sobre aquilo a que se refere, como
assuntos, temáticas ou circunstâncias que aborda ou registra.
Entretanto, ela faz isso por meio de aspectos visíveis ou visuais que podemos
chamar de qualidades sensíveis. Essas qualidades são originárias do mundo
real, percebidos por nós, mas retirados e transformados em modos de construir
e articular o visível na criação das imagens.
Deste modo, somos capazes de reordenar o que vemos por meio de diversos
materiais, instrumentos, suportes, aparelhos e mídias capazes de reproduzir o
visível. Então, caro aluno, para que uma imagem seja apreendida,
dependemos de duas condições essenciais: primeiro, a capacidade de
perceber e apreender o visível e, segundo, a capacidade de distinguir as
variações das informações disponíveis.
Já que a imagem é carregada de sentido, como é que percebemos uma
imagem? No sentido etimológico a palavra “perceber" vem do latim, percipere,
que tem o sentido de apropriar-se de algo.
O corpo humano é capaz de captar as manifestações do mundo real por meio
dos sentidos, ou seja, dos órgãos destinados a identificar e organizar as
sensações que obtemos no ambiente, transformando-as em informação.
Quando falamos da imagem, nos importa a compreensão do mundo sensível e
o modo como aplicamos esta compreensão no contexto da construção
imagética, principalmente sobre três categorias de manifestações comumente
perceptíveis, vejamos a seguir:
A luminosidade se refere à capacidade de apreender e identificar os valores
luminosos do meio, o que implica em possuir percepção de frequência e
intensidade de luz. Perceber a intensidade significa perceber o brilho e as
variações tonais que existem em relação à fonte de iluminação (sejam elas
altas médias ou baixas) e também as sombras.
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Quando percebemos a variação de frequência, identificamos as variações
cromáticas e toda a variedade de cores que compõem a imagem. Neste caso,
dependendo do tipo da imagem, do horário e do próprio ambiente, haverá
maior ou menor variação cromática. Se pegarmos por exemplo, o céu, ao por
do sol, percebemos uma grande variação de cores. Já o mesmo céu ao meio
dia, possui praticamente a mesma cor.
A espacialidade se refere à apreensão de informações sobre o espaço,
direções e também como convertemos esse espaço no contexto das imagens.
Falar em espaço é falar do ambiente ao nosso redor. O que nos envolve,
emociona e chama atenção é o que determina o nosso ponto de vista perante
os fatos.
Por fim, a temporalidade implica em compreender a ação ou deslocamento de
tudo o que se move no espaço a nossa volta. Cabe a nós identificarmos como
ocorrem esses movimentos e como eles podem se configurar em imagens.
Desde os primeiros momentos da humanidade, as tentativas de sugerir,
representar ou recriar o movimento esteve presente na cultura, embora só a
partir do século XIX fosse possível realizar tal proeza.
Isto só aconteceu a partir da invenção da fotografia pois, a partir dai tornou-se
possível gravar uma sequência de cenas em fotogramas sucessivos recriando
assim, o movimento. No século XIX, vários estudiosos procuraram captar e
reproduzir o movimento do mundo e do ser humano. O que para nós é habitual
e comum, para a tecnologia foi um grande passo. Os aparelhos criadores de
imagem em movimento se tornaram o projeto de trabalho de vários inventores.

Indicação De Recurso Didático

Fotografia - Teoria e Prática - 1ª edição. Vitché Palacin. 2012


Ler: Capítulo 2: O que é fotografar. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788502175327

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A Fotografia Enquanto Representação do Real: a identidade visual criada
pelas imagens dos povos do médio-oriente publicadas na National
Geographic. Daniel Rodrigues Meirinho de Souza. Disponível em:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/souza-daniel-a-fotografia-enquanto-representacao-
do-real.pdf

Como Ler e Interpretar uma Imagem fotográfica. Escola Pública de


Fotografia. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=MmbyqJEEwPk&ab_channel=EscolaP%C3
%BAblicadeFotografia

Fotojornalismo com João Bittar. Imã Foto Galeria. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=z48fBU9nBNc&ab_channel=Im%C3%A3Fot
oGaleria

Linguagem Fotográfica e Leitura da Imagem. Campus Party. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=z48fBU9nBNc&ab_channel=Im%C3%A3Fot
oGaleria

Entrevendo olhares espectrais: as fotografias de vítimas das ditaduras em


obras de arte contemporâneas. Ana Carolina Lima Santos, 2018. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/ars/v16n34/2178-0447-ars-16-34-233.pdf

Módulo 4

Caro aluno, neste módulo continuaremos nossa reflexão sobre o movimento e


a fotografia. Após dominar as imagens estáticas, o homem passou a realizar
estudos sobre como fotografar os objetos (por objeto entenda-se qualquer
pessoa, animal, paisagem, objeto e etc, que se deseja fotografar) em
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movimento. Em um primeiro momento, realizar imagens de animais e pessoas
em diferentes fases do movimento mobilizou o interesse dos fotógrafos e várias
estratégias passaram a ser analisadas.
Um dos maiores pesquisadores da imagem em movimento foi o inglês
Eadweard Muybridge. A partir dos resultados do pesquisador, surgiram os
primeiros movimentos do cinema.
Muybridge foi contratado para fotografar a linha de chegada de uma corrida de
cavalos. Para isso, o fotógrafo disponibilizou 24 câmeras fotográficas com um
cordão atravessando a pista para que, quando o primeiro cavalo passasse, o
cordão fosse rompido e a fotografia tirada. A partir deste experimento,
Muybridge descobriu que em determinado momento o cavalo tira as quatro
patas do ar.

Figura 1 - Experimento de Muybridge

Fonte: o autor.

As artes visuais também se inspiraram para criar o efeito de movimento em


suas produções. O Futurismo, o Cubismo foram as principais escolas artísticas
que se dedicaram ao registro do movimento.

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Figura 2 - Representações de movimento durante a escola Futurista

O surgimento do Cinematógrafo, nome dado à máquina criada para gravar


fotografias em sequência e reproduzir o efeito de movimento, passa a ser uma
das principais invenções tanto para artistas quanto para fotógrafos.
No contexto da fotografia, o efeito de tempo e movimento pode ser retratado de
duas formas diferentes, pelo congelamento ou pelo borramento da cena. No
congelamento, o tempo é suprimido, intensificando o que é retratado, como nas
figuras a seguir:

Figura 3 - Figuras demonstrativas do momvimento na fotografia

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Já nas imagens borradas, é possível observar algo além do que é retratado. O
borrão de movimento nos proporciona uma sensação única que nos faz
observar a imagem por mais tempo. Com isso um novo sentido importante de
significação das imagens surgem.

Figura 4 - Imagens borradas

É importante perceber que tudo o que vemos se torna referência para a criação
e a transformação humana, quer seja na ciência ou na arte, logo, a
possibilidade de reproduzir o efeito de movimento passa a ser um dado
importante para as manifestações visuais.

Indicação De Recurso Didático

A Linguagem do Cinema: coleção fundamentos do cinema. Robert Edgar


Hunt, John Marland, Steven Rawle. 2010.
Ler: Capítulo 1 - Semiótica. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582600375/pageid/0

Animals in Motion. Eadweard Muybridge. 1957. Disponível em:


https://books.google.com.br/books?id=_ETCAgAAQBAJ&printsec=frontcover&d
q=muybridge&hl=pt-
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BR&sa=X&ved=0ahUKEwi664bzhMHjAhXhD7kGHeAeCrkQ6AEITzAF#v=onep
age&q&f=false

O Momento Futurista: avant-garde, avant-guerre e a linguagem da ruptura.


Marjorie Perloff. 1993.
Ler: Capítulo 6 - Deus Ex Machina: alguns legados futuristas. Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=W3c3EYfc5hUC&printsec=frontcover&dq
=arte+futurista&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwj7kaWwh8HjAhUmILkGHWeZC_MQ6AEILTAB#v=on
epage&q&f=false

The History and Practice of the Art of Photography. Henry H. Snelling.


2008. Disponível em: https://www.gutenberg.org/files/168/168-h/168-h.htm

Meet the Art - Eadweard Muybridge Photographys of Motion. Zach


Johnson. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=FYKZif9ooxs&ab_channel=ZachJohnson

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Conclusão

Caro aluno, chegamos ao final da primeira Unidade. Espero que os


conhecimentos adquiridos sobre a história e algumas funções da fotografia
sejam fontes de inspiração para sua carreira acadêmica e, futuramente,
profissional.
Nesta unidade percebemos que a câmara escura e o daguerreótipo foram
invenções fundamentais para que a fotografia se desenvolvesse e chagasse ao
patamar de importância. Percebemos também que, além do olhar treinado para
realizar imagens, o conhecimento de física e química foram essenciais para o
advento da fotografia analógica e o surgimento das câmeras como
conhecemos hoje.
A fotografia de retrato surgiu em um contexto onde as classes com maior poder
aquisitivo registravam suas famílias e bens com o objetivo de se promover
socialmente. A princípio, a fotografia de retrato não estimulava a criatividade
dos fotógrafos, estes eram obrigados a reproduzir exatamente o que os clientes
solicitavam.
Porém, com o advento da tecnologia, as câmeras se tornaram mais portáteis e
a mobilidade encontrou a fotografia. A possibilidade de se mover com o
equipamento possibilitou aos fotógrafos a explorarem cada vez mais a sua
criatividade e o espaço ao seu redor.
Com isso, a fotografia passou a adquirir um caráter extremamente documental.
Uma vez que os fotógrafos buscavam retratar tudo aquilo que acontecia em
suas cidades ou em vários lugares do mundo. O aspecto documental se
desenvolveu de tal forma que a fotografia passou a ser uma maneira de
registro histórico e informativo. E assim surgiu o fotojornalismo.
Por fim, a fotografia explorou o campo do movimento trazendo uma grande
reviravolta para o mundo das imagens e também deu início aos estudos em
cinema. A fotografia com borrões e a fotografia com congelamento
desbravaram novas formas de registro e expressão humana.
De posse desses novos conhecimentos, encerramos a nossa primeira Unidade.
Até breve!
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Internacional.
REFERÊNCIAS

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2016.

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Internacional.

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