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Fotografia de Natureza,

Arquitetura e Interiores
Equipamentos, Técnicas da Fotografia de Natureza
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Patricia Maria Borges

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Equipamentos, Técnicas da Fotografia
de Natureza e Principais Fotógrafos
do Mundo e do País

• Introdução: O Conceito de Fotografia de Natureza;


• Principais Fotógrafos de Natureza e Paisagem,
Referências Nacionais e Internacionais;
• Equipamentos e Recursos Técnicos (Objetivas, Profundidade de
Campo, Plasticidade da Luz) na Fotografia de Paisagens e Animais.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender as principais funções dos equipamentos e recursos técnicos na utilização da fotografia
de natureza.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Equipamentos, Técnicas da Fotografia de Natureza
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Introdução: O Conceito de
Fotografia de Natureza
Como vimos anteriormente, a fotografia de natureza possui diversas funções
de grande importância para a sociedade e para o ser humano. Entre elas, estão:
conservação, denúncia, educação, turismo, terapia e arte.

Estamos acostumados com a ideia de que o mundo natural é fascinante e exis-


tem inúmeras fotografias de paisagens que nos fazem lembrar dos seus encantos:
uma fotografia do monte Fuji, no Japão, ou das cataratas do Iguaçu, na fronteira
entre a Argentina e o Brasil, por exemplo, exercem um encantamento imediato.
Essas imagens nos ajudam a recordar como a natureza é exuberante e que às
vezes dedicamos pouco tempo em contemplá-la.

No decorrer da história da arte, encontramos pintores e fotógrafos que tive-


ram como tarefa representar suas experiências com a natureza. Muitos desses
artistas foram responsáveis por criar imagens de uma faceta da natureza que
nos impressionou por sua beleza e sensibilidade. A obra do artista plástico e
fotógrafo James Turrell (nascido em 6 de maio de 1943) é fundamental para
vermos a natureza de forma mais significativa. Num primeiro momento em que
observamos suas obras, elas parecem retratar uma pintura oval do céu, que está
enquadrada por uma moldura de uma tonalidade cinza bem escura. Mas o que
o espectador está vendo é na realidade a abertura no teto de uma câmara de
observação especialmente projetada (cf. De BOTTON, 2014, p. 156). Dessa
forma, o artista nos solicita participar juntamente com ele de uma experiência
com a natureza, em vez de apenas registrar a experiência que ele teve. A ex-
periência nesta câmara de observação é descrita por Armstrong e De Botton
(2014, p. 156) da seguinte forma:

No canto da câmara, há um banco simples de pedra. A ideia é reunir


um grupo de pessoas, todas olhando o céu acima. É a busca de uma
experiência individual profunda, mas vivida ao mesmo tempo por outras
pessoas. Desse ponto de vista, a câmara é como uma igreja, no sentido
de que há uma experiência comunitária, mas de caráter transcendente.
O local inspira silêncio, paciência e respeito. Parecia impróprio cochilar,
permanecer apenas um instante ou ficar pensando mal dos outros.

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Figura 1 – Vista de satélite de Roden Crater, de James Turrell, Arizona, 1979. A cratera de Roden foi
adquirida por Turrell para ser transformada em um observatório a olho nu: trata-se de um espaço
integrado à natureza que proporciona a observação da luz natural e de acontecimentos celestiais
Fonte: Wikimedia Commons

Também o observatório de David


Chipperfield e Antony Gormley nos
oferece uma oportunidade mais signi-
ficativa ou íntima de se contemplar a
natureza. A pessoa deve se posicionar
nesta estrutura de dezoito metros de
altura, entre toda a vegetação dispo-
nível ao redor e a neblina que há no
local por conta da região muito úmi-
da e fria. A experiência de subir nesta
estrutura é única, pois a pessoa deve
adentrar por uma câmara de entrada
geométrica, para chegar até um pata-
mar aberto através de uma escada em
espiral fechada. Com esse pavilhão de
observação, os artistas querem pro-
porcionar aos visitantes que a expe-
riência mais íntima e profunda de se
admirar a natureza envolve, antes de
Figura 2 – David Chipperfield e Antony Gormley,
mais nada, se preparar e dedicar aten-
Torre de observação, Kivik Art Centre, Suécia, 2008
ção para olhar para a coisa real. Fonte: Wikimedia Commons

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e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Com todas essas ideias, entendemos que a missão desses novos artistas é a
de despertar o interesse para a importância da vivência e compreensão sensorial
que estas experiências podem nos oferecer. Imagine agora uma fotografia de
árvores e folhas secas de outono. Sabemos que a folhagem durante o outono
seca e cai. Caso encontrássemos essa imagem numa galeria relacionada ao tem-
po, certamente ela seria identificada pelo significado de envelhecimento ou da
morte. É como se diante de uma imagem da natureza nosso pensamento fosse
convidado a refletir sobre nossa própria individualidade. Em seguida, imagine
uma fotografia de primavera, quando as flores proporcionam um forte colorido
à imagem e exprimem a natureza primordial da vida.

A flor identifica-se ao simbolismo do amor e da harmonia, e essa imagem


poderia gerar em nós maior sensibilidade e a capacidade de valorizar tudo o que
temos ou quem somos. Estas imagens com todos os seus poderes nos lembram
de que temos fragilidades psicológicas associadas à contemplação da natureza.
Nessa realidade, a fotografia de natureza vem revelar o ambiente natural às pes-
soas, um universo de belíssimas imagens, e muitas vezes precisamos de ocasiões
especiais para nos recordar de dedicarmos maior tempo em apreciá-lo.

Principais Fotógrafos de Natureza


e Paisagem, Referências Nacionais
e Internacionais
Perfil do fotógrafo de natureza
Além de amar a natureza, fotografar o mundo natural requer uma combina-
ção de diversos requisitos, entre eles estão (cf. COLOMBINI, 2009, pp. 23-25):
ser paciente, pois o mundo natural é imprevisível e a ação do tempo (chuvas
repentinas, nuvens podem cobrir o sol) pode acontecer nos momentos mais
inesperados, além do mais deve-se esperar horas para captar uma ave no ninho
ou para encontrar um animal passeando com seu filote na Savana; humildade,
já que é importante lembrar que a presença do homem no hábitat natural dos
animais muitas vezes não é bem vista pela maioria dos animais e deve-se, por-
tanto, ter mais tolerância e humildade em saber o momento ideal de permanecer
ou se retirar do local; domínio da técnica: sabendo-se que muitas vezes a cena
ideal pode acontecer em frações de segundos, é importante dominar a técnica
para poder decidir, inclusive, sobre o melhor procedimento a tomar com rela-
ção à abertura e velocidade de exposição da lente; conhecimento de biologia:
trata-se da necessidade de ter conhecimento científico, seja de geografia, botâ-
nica, zoologia, ecologia ou qualquer outro assunto relacionado às suas produ-
ções fotográficas. É necessário compreender o comportamento e significado de
determinadas reações dos animais para saber exatamente o momento certo de
fotografar ou mesmo retroceder, para não colocar a vida do fotógrafo em risco;

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preparação física e adaptabilidade, em função da necessidade de enfrentar
longas caminhadas e escaladas, carregando pesados equipamentos e acessórios
para ocasiões de muito frio ou calor, recomenda-se um bom preparo físico e
fortalecimento diário dos músculos; observação e acuidade visual: todo o fotó-
grafo deve ser um bom observador - para conseguir distinguir as cores e formas
dos animais em meio à paisagem da Savana é preciso estar atento a tudo o que
se move, até às mínimas diferenças de tonalidades de cores presentes na paisa-
gem; planejamento: é necessário um planejamento bem estruturado sobre as
condições do local que se pretende fotografar. Isto inclui decidir sobre a melhor
época do ano, o período e todos os equipamentos necessários, tanto para o
conforto pessoal como para as necesidades técnicas da fotografia; espírito de
aventura: diz respeito ao prazer em viajar e em conhecer o novo – ter espírito
curioso e desbravador. Com essas qualidades, é muito provável que se consiga
fotos interesantes e inéditas.

Figura 3 Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images Fonte: Patricia Borges, 2018

Patricia Borges (autora deste material), tirada em julho de 2018, no Pilanesberg


National Park, África do Sul. Os parques tipo safári são uma opção para fotografar
animais em seu habitat natural. Procedimento: objetiva 50mm. 1/250 seg. f/5.6.
ISO 100.

Fotógrafos brasileiros
Luiz Carlos (Wildlife Photografy) é fotógrafo da vida selvagem, tendo experiência
em trinta países dos cinco continentes. Desde a sua formação em 1988, se voltou
pata fotografar a natureza, especialmente a vida animal. Desde 2010, tem se de-
dicado a fotografar a África, tendo organizado nove expedições fotográficas por
vários países do continente: Botsuana, Zâmbia, Zimbabwe, África do Sul, Quênia,
Moçambique e Tanzânia. É professor de logística e organização da fotografia de vida
selvagem; faz palestras sobre fotografia de vida selvagem e sobre a importância da
preservação da vida animal. É autor do blog Wildlife Photography, que traz assuntos
relacionados à fotografia de vida selvagem, e responsável pelo projeto social “Foto-
grafando Gorongosa”, cujo objetivo é ensinar fotografia aos jovens da comunidade
local (Fotógrafos brasileiros).

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UNIDADE Equipamentos, Técnicas da Fotografia de Natureza
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Acesse os sites:
Explor

• Wildlife Photography: https://goo.gl/eZHzTi;


• Fotógrafos Brasileiros: https://goo.gl/xJEiFc.

Fabio Colombini é formado em arquitetura pela Universidade de São Paulo


e profissional autodidata de fotografia. Dispõe de um acervo fotográfico em seu
banco de imagens com mais de setenta e seis mil fotos, que já ilustraram mais
de dois mil e seiscentos livros (institucionais, didáticos e artísticos), inúmeras
revistas nacionais e estrangeiras, guias e calendários de empresas. Já participou
de mais de oitenta exposições fotográficas, incluindo países como França, Ale-
manha, Japão, Portugal, Argentina. Seu mérito artístico pode ser reconhecido
com as seguintes premiações: da Organização dos Estados Americanos (OEA),
da Fundação SOS Mata Atlântica, do World Calendar Awards (Illinois, EUA) e
do National Geographic Channel.
Explor

Fabio Colombini. Disponível em: https://goo.gl/kbZgRz.

Araquém Alcântara é considerado um dos precursores da fotografia de natu-


reza no Brasil e um dos mais atuantes ativistas em defesa do patrimônio natural
do país. Possui uma vasta produção autoral, que inclui quarenta e sete livros
sobre temas ambientais (suas publicações lhe renderam vários prêmios nacio-
nais importantes), trinta e dois prêmios nacionais, cinco prêmios internacionais,
setenta e cinco exposições fotográficas e diversos ensaios e reportagens para
revistas e jornais. É autor do livro de fotografia mais vendido do país, “Terra
Brasil”, lançado em 1997. Suas fotos estão presentes em vários acervos de ga-
lerias e museus nacionais e internacionais, entre eles: Centro Cultural Georges
Pompidou, em Paris; Museu Britânico em Londres; Museu de Arte de São Paulo
(MASP) e Museu de Arte Moderna (MAM), em São Paulo.
Explor

Araquém Alcântara. Disponível em: https://goo.gl/pZ8xd.

Fotógrafos internacionais
Ansel Adams (1902-1984) nasceu em São Francisco, na Califórnia. É a princi-
pal referência da fotografia de paisagem e natureza. Foi responsável por desenvol-
ver, juntamente com o fotógrafo Fred Archer, um sistema de zonas para identificar
níveis de contraste e exposição correta, permitindo aos fotógrafos interpretar inte-
lectualmente a visualização da cena e registrar no papel fotográfico os valores de
luz desejados diante do tema fotografado. Ansel Adams foi um ativista pela causa
do deserto e do meio ambiente; entre suas principais causas ambientais, estiveram

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o sistema de parques nacionais e a preservação da natureza selvagem. Adams lu-
tou contra o superdesenvolvimento dos parques nacionais e a sua dominação por
concessionárias privadas. Sua temática predileta era a magnífica beleza natural
americana e suas imagens tornaram-se verdadeiros ícones da América selvagem.
Explor

Ansel Adams. Disponível em: https://goo.gl/hFESr1.

Figura 5 – The Tetons and the Snake River, foto de Ansel Adams, 1942
Fonte: Wikimedia Commons

John Blakemore (nascido em 1936) é um fotógrafo inglês que nasceu em


Coventry e iniciou sua carreira na área em 1956. Leciona fotografia há mais de
duas décadas, atualmente é professor na Universidade de Derby, em um curso
que associa a fotografia a vários fenômenos naturais. Suas fotografias, a grande
maioria em preto e branco, são uma referência da sua relação pessoal com a na-
tureza e sua investigação sobre o ambiente dos lugares que fotografa. Quase todo
o trabalho de Blakemore é baseado no retrato de natureza-morta, na exploração
de paisagens da natureza e na captura de tulipas. Suas fotos de paisagens foram
inspiradas na pintura de Samuel Palmer (pintor paisagístico inglês) e de William
Blake (poeta e pintor inglês, cujas pinturas podem ser definidas por pinturas fan-
tásticas) e suas fotos de tulipas se assemelham a pinturas surrealistas. É autor do
livro “Black and White Photography Masterclass”, uma das importantes obras
que evidencia duas questões importantes da fotografia: a arte e a filosofia (Leia
entrevista de Blakemore à Folha de S. Paulo, publicada em 29 de junho de 1994:
ROCHA, Daniela. Blakemore redesenha mundo com suas fotos).

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UNIDADE Equipamentos, Técnicas da Fotografia de Natureza
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Explor
• Blakemore redesenha mundo com suas fotos. Disponível em: https://goo.gl/vUTVhU.
Reconhecidos fotógrafos da vida selvagem:
• Daisy Gilardini: www.daisygilardini.com.
• Jonathan & Angie Scott: www.jonathanangelascott.com.
• Andybiggs: www.andybiggs.com.
• Richard Peters: www.richardpeters.co.uk.
• Melissa Groo: www.melissagroo.com.

Equipamentos e Recursos Técnicos


(Objetivas, Profundidade de Campo,
Plasticidade da Luz) na Fotografia
de Paisagens e Animais
O equipamento
Em primeiro lugar, é importante saber que o olhar do fotógrafo é que irá fazer
toda a diferença e garantirá a melhor foto, e não o equipamento. Assim como
todo o instrumento musical nunca garantirá que se tenha um bom som, o melhor
equipamento fotográfico também não é garantia da melhor foto. Mas aliando-se
um belo senso de observação e de composição de imagem a uma boa qualidade
de equipamentos, a chance de conseguir belas imagens aumenta. Apesar da gran-
de tentação em obter um conjunto de lentes pesadas e caríssimas, flashes, tripés
e variados tipos de filtros, o fotógrafo Fabio Colombini (2009, p. 36) recomenda
aliar a utilidade e praticidade. Para ele, o fato de carregar pesados conjuntos de
materiais pode gerar situações mais incômodas, que irão interferir na agilidade
requerida em determinadas situações que se pretende fotografar.

A seguir listamos alguns equipamentos sugeridos pelo fotógrafo (cf COLOMBINI,


2009, pp. 37-52), ciente de que a fotografia de natureza requer a substituição dos
equipamentos com maior frequência do que outro tipo de fotografia, considerando o
desgaste do equipamento gerado pela interferência do calor, da poeira e umidade –
fatores que diminuem a vida útil dos mesmos.

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A câmera
Hoje em dia há dois tipos de câmeras que podem ser boas opções para se foto-
grafar a natureza: as câmeras com lentes cambiáveis e as de lente fixa. As câmeras
modernas com zoom ótico de vinte vezes (variando de 28mm a 560mm) que in-
cluem a focagem macro são uma excelente opção para praticar seus conhecimen-
tos e se familiarizar com a natureza. A resolução da imagem é suficiente para obter
pequenas ampliações impressas e montar suas primeiras exposições fotográficas,
mas há também a opção de criar sites para a exibição de suas fotos. Outro recur-
so um pouco mais avançado e mais profissional que dispõe de melhor qualidade
óptica e definição de imagem são as câmeras SLR digitais, com lentes cambiáveis.
Neste caso, você pode considerar adquirir uma marca com boa reputação no mer-
cado – Nikon, Pentax, Sony, Olympus e Canon são as melhores opções. Opte
por uma câmera com resolução mínima de dez megapixels, que permite obter
qualidade para a maioria das publicações impressas, a menos que você já tenha um
trabalho em mãos e que exija ampliações de grandes dimensões e, neste caso, terá
de recorrer a uma câmera de vinte megapixels.

Figura 6 – Câmera SLR digital 2


Fonte: Free Images

Importante! Importante!

Um dos grandes problemas das câmeras de lentes cambiáveis para fotografar na-
tureza é a poeira que entra no momento de trocar a lente e que certamente produzirá
manchas nas suas imagens. Neste caso, sugere-se fazer a troca de lentes com maior
rapidez e sempre mantê-las limpas e viradas para baixo no momento de guardá-las.
O passo a passo de como limpar e conservar as lentes da sua câmera pode ser aces-
sado no seguinte endereço: https://goo.gl/w7QGDL.

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UNIDADE Equipamentos, Técnicas da Fotografia de Natureza
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Lentes
As lentes são um dispositivo de alta precisão muito importante na composição
do seu acervo fotográfico pessoal, pois é a qualidade da lente que garantirá a
qualidade da imagem. Lentes podem ter um custo bastante elevado, inclusive serem
muito mais caras do que o próprio corpo da máquina (há lentes que custam mais
de sete mil dólares). Há basicamente três tipos de lentes para você começar seu
trabalho com a natureza: uma angular de 24mm, uma macro de 100mm e uma
tele de 400mm. Com esse conjunto de lentes você conseguirá fotografar animais
e plantas, detalhes e paisagens. Outro detalhe significativo sugerido pelo fotógrafo
Fabio Colombini é optar pela compra de lentes da mesma marca da câmera para
garantir o uso de todas as funções do corpo.

A meia tele macro de 100mm é a mais comum no uso do dia a dia e ideal para
registrar paisagens mais fechadas, além de animais e plantas a curta distância
(incluindo os pequenos seres: anfíbios, insetos, detalhes de flores).

Figura 7 – Joaninha verde folha em close-up. A lente macro é a mais versátil para tirar fotos em close-up, já que
sua reduzida profundidade de foco pode ser explorada a favor da sensação de tridimensionalidade da composição
Fonte: iStock/Getty Images

Para fotografar os animais a longa distância, uma boa opção é a teleobjetiva de


400mm, que também pode ser utilizada para achatar a perspectiva de paisagens a
longa distância, por isso, muitas vezes ela é pouco utilizada em fotos de paisagem.

Importante! Importante!

Em decorrência do seu peso, sensibilidade a vibrações e tamanho, as lentes tele longas


são um pouco mais difíceis de usar, e muitas vezes é necessária a utilização de um
monopé ou algo similar para apoiar o aparelho. Uma das opções para compensar essa
vibração sentida na imagem é a utilização de estabilizadores.

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A teleobjetiva permite que você veja a distância, aumentando a cena a sua frente
e recortando parte dela (cf. HEDGECOE, 2013, p. 46); é também essencial para
fotografar detalhes isolados da arquitetura e paisagens.

Figura 8 – Pássaro tropical: tucano do Amazonas, sobre fundo desfocado. As teleobjetivas


são úteis para seleccionar o tucano em meio à vegetação pelo fato de que quando
utilizadas com aberturas grandes facilitam desfocar o segundo plano
Fonte: iStock/Getty Images

A melhor opção das lentes grande-angulares, utilizadas principalmente para


paisagens, está entre 24 a 28mm; estas lentes conferem destaque aos primeiros
planos e proveem um ângulo mais amplo da paisagem. A fotografia de paisagem
é uma das especialidades mais comuns entre os fotógrafos amadores, pois o movi-
mento das águas, o cheiro e a sensação de grandiosidade das formas naturais en-
cantam de imediato as pessoas. Para conseguir retratar toda essa beleza e emoção
num retângulo de duas dimensões, é necessário bastante análise e reflexão sobre
como arranjar todos os elementos de maneira harmoniosa dentro dos limites do
quadro. Trata-se de uma questão bastante subjetiva, que pode ser alcançada atra-
vés de nossas próprias e internas noções de equilíbrio, beleza e harmonia.

Figuea 9 – Upper Yosemite Falls, no Yosemite National Park. É a quarta cachoeira


mais alta do mundo e uma das vistas mais belas para fotografar
Fonte: iStock/Getty Images

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Uma das grandes questões da fotografia de paisagem é conseguir manter a sen-


sação de profundidade na composição, que pode ser obtida mediante o cuidado
com as seguintes ações:
• utilizar lentes grande-angulares com aberturas mínimas do diafragma, para
que a nitidez ou profundidade de campo atinja todos os planos da cena;

O que é profundidade de campo em óptica: é um efeito que descreve até que ponto obje-
Explor

tos que estão mais ou menos perto do plano de foco aparentam estar nítidos. Este efeito é
dado por um fenômeno ótico denominado de círculos de confusão, que aumentam progres-
sivamente conforme os objetos se afastam do plano de foco. Em uma imagem, quando os
círculos de confusão se tornam maiores do que a acuidade visual humana, eles passam a dar
a sensação de falta de nitidez que caracteriza os limites da profundidade de campo.

Figura 10 – Macrofotografia da planta carnívora Drosera tentaculata. Esta imagem serve


para exemplificar a profundidade de campo na fotografia, quando apenas a porção
inferior da planta está focada e as demais partes da imagem não apresentam
um grau de nitidez tão satisfatório em relação à parte em foco
Fonte: Wikimedia Commons

Fonte: https://goo.gl/TMc8Wa

• promover uma composição em que os variados elementos da paisagem fi-


quem posicionados em diferentes planos, conferindo sempre destaque para
algo no primeiro plano;

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• destacar elementos da natureza para emoldurar a foto, usando, por exemplo,
troncos de árvores, folhagens e arbustos nas margens do campo fotográfico -
este recurso permite que nossa visão olhe para dentro da foto.

Figura 11 – Mesa de madeira sobre a paisagem de outono. A mesa e a imagem


escura do tronco da árvore em primeiro plano ajudam a criar a sensação de
profundidade, direcionando o olhar para o encontro das árvores com o rio
Fonte: iStock/Getty Images

Você Sabia? Importante!

Você pode fazer do seu celular uma poderosa câmera fotográfica. Há disponíveis no
mercado lentes grande-angulares, olho de peixe e teleobjetivas para câmeras de celular
das marcas: Samsung Galaxy, Moto G, Iphone, Nokia Lumia.

Tripé
Recomenda-se sempre que necessário a utilização do tripé para fornecer fir-
meza e a estabilidade que não conseguimos obter com nossas mãos. Com o tripé,
você irá percebe que a definição da foto ficará impecável e livre da mínima quan-
tidade de vibrações. Desta forma, a utilização do tripé permitirá exposições mais
longas e aberturas mais fechadas sem, no entanto, precisar aumentar o valor do
ISO da câmera.

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UNIDADE Equipamentos, Técnicas da Fotografia de Natureza
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Flash
É indispensável a utilização de flash nas situações com pouca luz, como na foto-
grafia de animais em estúdio, fotos noturnas, macrofotografia e em ambientes de
mata fechada. Geralmente, nestes casos utiliza-se o flash acoplado à câmera, no
entanto o resultado em termos de qualidade de luz é pouquíssimo satisfatório, pois
o fundo ficará muito escuro, há perdas de relevos e a cena toda ficará iluminada de
maneira bastante artificial.

Neste caso a recomendação (COLOMBINI, 2009, p. 48) é que a luz do flash se


assemelhe à luz natural, devendo recorrer ao uso de rebatedores, difusores, mais de
um flash acoplado à máquina ou mesmo pode-se desconsiderar o flash e substituí-
-lo pela utilização do tripé.

Figura 12 – Corrupião de Baltimore, ou Oriole de Baltimore, é uma pequena ave reprodutora


migratória em vôo. A utilização do flash é a única forma de conseguir paralisar o
movimento das aves, principalmente em situações de pouca luz no ambiente
Fonte: iStock/Getty Images

Filtros
A utilização de diversos filtros de correção de cor foi substituída através da op-
ção do balanço de branco (white balance) que a câmera digital possui. No entan-
to, há ainda alguns filtros que podem ser considerados úteis e de uso frequente:
• Filtros coloridos – nas cores laranjas, azuis, sépias, podem ser utilizados para
acentuar as cores de um pôr-do-sol.
• Filtros UV – são utilizados para proteger as lentes contra impactos, água e poeira.
• Filtros polarizadores – são utilizados para intensificar a tonalidade do céu,
eliminar os reflexos da água, destacar as nuvens e as cores das águas.

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Figura 13 – Jovem pulando o penhasco e mergulhando no mar azul. Observe como os
filtros polizadores eliminam o reflexo da água e acentuam o tom azul do céu
Fonte: iStock/Getty Images

Lembre-se de que para a criatividade do ser humano não há limites. Portanto, invista
Explor

sempre na sua formação: pesquise, leia sobre fotografia e sobre temas que lhe interes-
sam, veja filmes e admire imagens. Invista em seu trabalho, buscando temáticas que não
necessitem de grandes investimentos de viagem – explore suas ideias com criatividade e,
assim, pouco a pouco, você terá um acervo fotográfico como cartão de visitas para atuar
no mercado. Não importa quão cara seja sua câmera, ainda é a sensibilidade e visão do
fotógrafo que determinará quão admirável e encantadora será a sua foto.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Fabio Colombini
https://goo.gl/kbZgRz
Afnatura
Associação dos Fotógrafos de Natureza.
https://goo.gl/9D38pu

Livros
Terra Brasil
ALCÂNTARA, Araquém. Terra Brasil. São Paulo: Editora TerraBrasil, 2015.

Filmes
Hero
“Hero” (Herói), longa-metragem dirigido por Zhang Yimou, China, 2002.
Lawrence of Arabia
“Lawrence of Arabia” (Lawrence da Arábia), longa-metragem britânico-estadunidense
dirigido por David Lean, 1962.
Na natureza selvagem
“Na natureza selvagem”, longa-metragem com belas imagens do Alasca e de outros
destinos dos EUA, dirigido por Sean Penn, 2007.
Out of Africa
“Out of Africa” (Entre dois amores), longa-metragem dirigido por Sydney Pollack,
EUA, 1985.
Sen to Chihiro no Kamikakushi
“Sen to Chihiro no Kamikakushi” (A viagem de Chihiro), longa-metragem em ani-
mação dirigido por Hayao Miyazaki, Japão, 2001.

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Referências
COLOMBINI, Fabio. Fotografia de natureza brasileira: guia prático. Santa
Catarina: Editora Photos, 2009.

DE BOTTON, Alain; ARMSTRONG, John. Arte como terapia. Tradução de


Denise Bottmann. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os


formatos. Tradução de Assef Nagib Kfouri e Alexandre Roberto de Carvalho. 4ª ed.
São Paulo: Senac, 2013.

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