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Fotografia de Natureza,

Arquitetura e Interiores
Equipamentos e Técnicas da Fotografia de Arquitetura
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Patricia Maria Borges

Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Equipamentos e Técnicas da Fotografia
de Arquitetura e Principais Fotógrafos
do Mundo e do País

• Introdução - O Conceito de
Fotografia de Arquitetura;
• Principais Fotógrafos de Arquitetura e Ambientes:
Referências Nacionais e Internacionais;
• Equipamentos e Recursos Técnicos (Objetivas,
Profundidade de Campo, Plasticidade da Luz)
na Fotografia de Arquitetura e Ambientes.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender as principais funções dos equipamentos e recursos técnicos em sua
utilização na fotografia de arquitetura e interiores.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Equipamentos e Técnicas da Fotografia de Arquitetura
e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

Introdução - O Conceito de
Fotografia de Arquitetura
Anteriormente, entendemos a importância da representação fotográfica na di-
fusão da arquitetura. O desenvolvimento da fotografia de arquitetura na França,
no século XIX, ocorreu, principalmente, por conta do interesse dos arquitetos em
conhecer a arquitetura existente na época e a arquitetura do passado, mas também
deve ser levada em conta a curiosidade do homem do século XIX em relação às
possibilidades das imagens fotográficas:
Muitos dos temas afeitos a satisfazer essa curiosidade: as viagens e mis-
sões exploratórias; os estudos de monumentos antigos e de culturas dis-
tantes; e as renovações e modernizações das cidades pertenciam, por
excelência, ao campo da fotografia e também ao domínio da arquitetura.
(FABRIS, 2008, p. 152)

Todos esses temas eram veiculados através de pranchas grandes com dimen-
sões de telas e em cartões postais colecionados pelos arquitetos como imagens
de lugares jamais visitados, mas que os ajudavam a enriquecer seu conhecimen-
to visual. As construções arquitetônicas e urbanísticas reiteradas nas fotos do
século XIX proporcionaram o conhecimento de lugares até então inatingíveis,
mas que podiam ser vistos pelas próprias mãos desses arquitetos através dos
cartões postais.
A fotografia de arquitetura no século XIX, além de constituir-se num documento
de registros de monumentos de obras arquitetônicas concluídas, pôde registrar as
etapas de execução das novas obras e ainda servir como fonte de levantamento de
detalhes construtivos.
Tais fotos de detalhes construtivos e do registro das fases de execução das obras
abandonaram as noções de composição fotográfica para apenas buscar o singular
e o detalhe significativo. Estas imagens fotográficas evidenciavam os detalhes das
vigas, dos cortes, das estruturas de ferro, e acabaram por resultar em efeitos visuais
novos, que posteriormente foram revistos nas composições abstratas do século XX
(cf. FABRIS, p. 155).
Arquitetura e fotografia iriam se encontrar e se relacionar, não como forma de
manifestação artística, mas como um recurso gráfico que possibilitava o registro
de imagens de arquitetura sem precisar contar com a intermediação das mãos dos
artistas. Tarefa que exigia do fotógrafo um comprometimento com a reprodução
fiel dos objetos.
Num universo bastante limitado de recursos técnicos nesta época, o fotógrafo ti-
nha de escolher o melhor ângulo e enquadramento da obra arquitetônica, de acordo
com o que entendia ser o mais interessante para reproduzir e bem informar. Entre
as múltiplas possibilidades do enquadramento em perspectiva, o fotógrafo optava
por aquelas que permitissem uma visão mais completa do volume arquitetônico
retratado. Explorar as potencialidades de vistas em perspectiva traria a possibilida-
de de representar uma experiência mais real de como observar a fotografia. Desta

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forma, ao posicionar a câmera do ponto de vista de onde o pedestre via o edifício
permitia recriar na fotografia o ponto de vista do observador, induzindo-o à sensa-
ção de estar naquele espaço representado.

Figura 1 – Foto de Edouard-Denis Baldus. Entrada da Biblioteca Imperial do Louvre, em Paris


Fonte: Wikimedia Commons

As vistas frontais representadas pelas fachadas no desenho de arquitetura


eram exibidas nestas fotografias do século XIX com o máximo rigor de obje-
tividade, evitando-se a mínima distorção possível das proporções.

Todas as escolhas dos elementos a serem representados ou excluídos das foto-


grafias de arquitetura, fossem elas dos detalhes arquitetônicos, dos edifícios isola-
dos, das vistas dos edifícios em seu entorno, estavam diretamente relacionadas às
intenções do que o fotógrafo queria comunicar ou que fosse visto. Nas diferenças
entre as abordagens dos fotógrafos do século XIX e dos fotógrafos do nosso século
é que se distinguem as fotografias de arquitetura, segundo Fabris (2008, p. 144):
“Nessas imagens mais recentes, uma mudança de sensibilidade e intenções, no-
vas pesquisas e explorações visuais farão das formas arquitetônicas pretextos para
aproximações que não visem, necessariamente, ao edifício em si.”

O senso de beleza dos fotógrafos modernos


O desafio para muitos artistas modernos foi encontrar a beleza principalmente
nas paisagens modernas, consolidadas pelo advento da Revolução Industrial, que
significa basicamente compreender os espaços dominados pela indústria e pela

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e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

tecnologia. Diante dessa paisagem urbana, com uma profusão de formas desarmo-
nizadas, o impulso inicial que vem à mente é protestar que não se pode encontrar
nada que se aproxime do belo em, por exemplo, gigantescos depósitos de gás, nas
estruturas de ferro do interior das indústrias, no asfalto e pistas das rodovias e nas
paisagens industriais.

É muito difícil compreender que pode existir a sensação de glamour ou beleza


em algum lugar onde não conseguíamos encontrar valor algum. Talvez seja esta
a missão de um casal de fotógrafos, Bernd (1931-2007) e Hilla Becher (1934-
2015), que passaram a maior parte de suas vidas produzindo belas imagens de
edifícios e estruturas industriais, às quais pouquíssima gente poderia dar valor.

Como bem nos recorda De Botton (2014, p. 154), os títulos dos livros expres-
sam muito bem o interesse incomum desse casal de fotógrafos: Blast Furnaces
(Altos-fornos), Gas Tanks (Depósitos de gás), Industrial Facades (Fachadas indus-
triais), Mineheads (Bocas de minas), Basic Forms of Industrial Buildings (Formas
básicas de construções industriais); Cooling Towers (Torres de resfriamento).

Após várias décadas lecionando em Kunstakademie, em Düsseldorf, eles ti-


veram seu trabalho reconhecido e atualmente são considerados um dos mais
importantes artistas do século XX. Graças ao trabalho fotográfico desses artistas,
hoje podemos reconhecer e comentar sobre a beleza de uma torre d’água, o que
parecia ser impossível ocorrer na década de 1950.

O trabalho mais conhecido dos fotógrafos, Water Towers (1972-2009), é uma montagem
Explor

composta por nove fotografias tiradas por Bernd e Hilla Becher durante um período de
mais de trinta anos em diferentes lugares dos Estados Unidos e da Europa. As fotos estão
organizadas em três fileiras de três imagens, que mostram diferentes exemplos de um tipo
de arquitetura industrial – nove formas diferentes de torres de água. Acesse este trabalho
nos seguintes endereços:
• https://goo.gl/8UhqdP
• https://goo.gl/vzpVUV

Principais Fotógrafos de Arquitetura


e Ambientes: Referências Nacionais
e Internacionais
Fotógrafos brasileiros
Cristiano Mascaro (nascido em 1944) é um dos mais talentosos fotógrafos de ar-
quitetura do país, além de ter sido repórter fotográfico (na revista Veja, entre 1968 e
1972) e ter lecionado fotojornalismo. Entre seus trabalhos mais importantes, estão

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os registros de patrimônios históricos de todo o Brasil e do interior de São Paulo.
Em 1986 obtém o título de mestre em arquitetura com a dissertação “O uso da fo-
tografia na interpretação do espaço Urbano” e em 1995 titula-se doutor pela FAU/
USP, com a tese “A fotografia e a arquitetura”. É autor dos livros: As melhores fotos
(1989), Luzes da Cidade (1996), São Paulo (2000) e O patrimônio construído: as
100 mais belas edificações do Brasil (2003). Este último livro lhe rendeu o 2° lugar
do Prêmio Jabuti, o mais tradicional prêmio literário do Brasil.
Explor

Para conhecer as obras e a biografia de Cristiano Mascaro, acesse: https://goo.gl/h3tuzo.

Paul Clemence é um fotógrafo premiado e um artista que explora as intersecções


entre o design, a arte e a arquitetura. Possui exibições em circuitos de arte inter-
nacionais, desde clássicas fotografias em preto e branco a instalações fotográficas
urbanas em larga escala. Participou de eventos tais como: Fuori, em Milão; ArtBasel/
Design, em Miami; e Bienal de arquitetura de Veneza. Seu livro “Farnsworth House”
mantém-se até hoje como a mais completa documentação fotográfica do design da
icônica residência moderna (a residência Farnsworth) e uma seleção dessas fotos é
parte dos arquivos de Mies van der Rohe expostos no MOMA de Nova York. Seu
trabalho é vastamente publicado em revistas de arte, arquitetura e lifestyle, tais como:
Metropolis, ArchDaily, Architizer, Casa Vogue Brasil, entre outras. Seu fotoblog no
Facebook rapidamente se tornou uma comunidade de fotografia e arquitetura, com
mais de 800 mil seguidores ao redor do mundo. Clemence é natural do Rio de Janeiro
e atualmente vive e trabalha em Nova York.
Explor

PAUL CLEMENCE. Disponível em: https://goo.gl/LKfWzz. Acesso em 27 jul. 2018.

Fotógrafos internacionais
João Morgado nasceu em Cascais (Portugal) e iniciou-se na fotografia de ar-
quitetura em 2008, após estagiar no ateliê do arquiteto Wiel Arets (na Holanda)
e descobrir sua paixão pela fotografia. Em 2015, foi considerado pela revista
Top Teny, de Nova Iorque, um dos dez melhores fotógrafos de arquitetura do
mundo. João Morgado já trabalhou em diversos escritórios de arquitetura famo-
sos internacionalmente (Croácia, França, Itália, Espanha) e participou de muitos
workshops de arquitetura em diferentes países, como Itália, Holanda e Suíça. Em
2014 recebeu o ARCAID Architectura Photography Award (Prêmio de fotogra-
fia arquitetônica de 2014).
Explor

JOÃO MORGADO. Disponível em: https://goo.gl/YKZxV5. Acesso em: 28 jul. 2018.

Daniel Cheong é descendente de chineses, nascido na França e vive atualmente


em Dubai. É considerado um dos melhores fotógrafos de arquitetura no mundo,
graças a suas fotografias maravilhosas. Seu trabalho na indústria de telecomuni-

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e Principais Fotógrafos do Mundo e do País

cações lhe proporciona excelentes oportunidades para visitar múltiplos destinos,


incluindo a França, EUA, Japão e Singapura. Daniel Cheong sempre gostou de
fotografia, mas a atividade tornou-se algo mais sério quando ele comprou sua
primeira câmera DSLR, em Singapura, no ano de 2006. Cheong acha a cidade
mais atraente quando é fotografada dos pontos mais altos em que consegue che-
gar. Uma vez capturada a imagem, ele procura acrescentar um toque de hiper-
-realidade ou surrealismo – um efeito usualmente encontrado nas pinturas que
costumamos apreciar.

• Resumo Fotográfico. Disponível em: https://goo.gl/JA4TPn.


Explor

• Daniel Cheong Photography. Disponível em: https://goo.gl/NXEgmV.

Equipamentos e Recursos Técnicos na


Fotografia de Arquitetura e Ambientes
(Objetivas, Profundidade de Campo, Plasticidade da Luz)
A câmera
Para fotografar arquitetura, é recomendável utilizar câmeras de formato médio
ou grande, como uma monoreflex 35 mm, que possa incorporar uma objetiva PC
(controle de perspectiva).

Objectiva: (também conhecida como lente fotográfica, lente de câmera ou objetiva fo-
Explor

tográfica) é um conjunto de lentes ópticas usadas em conjunto com um corpo de câmera e


um mecanismo para reproduzir imagens em um filme fotográfico ou em outra mídia capaz
de armazenar uma imagem quimicamente ou eletronicamente. É o elemento óptico que
foca a luz da imagem no material sensível (filme fotográfico ou sensor digital) de uma câ-
mara fotográfica.

Fonte: https://goo.gl/pU57o7

Lentes
Como os edifícios são construções geralmente grandes e cercadas por muitos
elementos ao redor, costumam ser fotografados a curta distância. Para este propó-
sito, a objetiva grande-angular (como vimos na anteriormente, também é utilizada
para fotos de paisagens) é a mais indicada por conseguir enquadrar toda a estrutu-
ra. No entanto, é preciso reclinar-se um pouco para trás para conseguir que o topo
das construções apareça na foto e, neste caso, as linhas que deveriam prolongar-se
paralelamente parecerão inclinar-se em direção umas às outras (cf. HEDGECOE,
2013, pp. 284-285).

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Esta questão da convergência das linhas verticais pode ser resolvida com a utili-
zação da lente objetiva PC (controle de perspectiva), mencionada acima. A grande
maioria das objetivas PC possui um ângulo grande de visão que permite fotografar
um edifício alto sem que as linhas pareçam convergir verticalmente. Soma-se a
possibilidade de movimentação tanto horizontalmente como verticalmente para
incluir todas as partes da arquitetura na foto.

Figura 2 – Der Würzburger Dom Figura 3 – Der Würzburger Dom


Fonte: iStock/Getty Images Fonte: Wikimedia Commons

Na Figura 2, observe como as linhas das torres laterais parecem inclinar-se.

Na Figura 3, a objetiva PC permite fotografar um edifício muito alto sem que


as linhas da construção pareçam convergir.

Importante! Importante!

Para corrigir o problema das linhas verticais convergentes, outra dica é utilizar uma
teleobjetiva (em vez de uma grande-angular) e mudar o ponto de vista do observador,
que deve procurar se posicionar num local mais elevado (em vez de posicionar-se ao
nível do chão), como, por exemplo, a sacada de um apartamento. A grande vantagem,
neste caso, seria não precisar virar a câmera para cima para enquadrar o topo do edifi-
cio, além de conseguir o preenchimento total da imagem no quadro, sem que as linhas
pareçam inclinar-se (cf. HEDGECOE, p. 284).

Muitas vezes, uma boa foto de arquitetura requer mostrar apenas partes das
construções, em vez de procurar enquadrá-las por inteiro. Esse procedimento cos-
tuma trazer belíssimos resultados, principalmente com a arquitetura contemporâ-
nea, que dispõe de estruturas geométricas e apresenta integração do ambiente com
seu entorno.

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Figura 4 – A ponte de Barqueta de Sevilha (Espanha)


Fonte: iStock/Getty Images
Explor

Foi construída de 1989 a 1992 para fornecer acesso à feira mundial Expo 92.

A série de fotos abaixo (comentadas segundo as categorías conceituais da gestalt)


demonstra como as objetivas mais longas (são indicadas para fotografar objetos
que têm de ser vistos a distância) podem promover combinações contrastantes de
cores e de formas, circulares e retilíneas, muitas vezes difíceis de serem percebidas
em fotos panorâmicas. Nestas fotos foi utilizado um conjunto de objetivas que vão
desde a grande-angular de 18 mm à objetiva de 150 mm (cf. HEDGECOE, p. 286).

Figura 5 Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images Fonte: iStock/Getty Images

Figura 7
Fonte: iStock/Getty Images

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Na Figura 5, observa-se a categoria da continuidade na sequência alinhada
das estruturas retilíneas Objetiva 18 mm.

Na Figura 6, a visão longitudinal da ponte, predomina o conceito de harmo-


nia por ordem e por regularidade, que se efetiva na ordenação dos diversos
omponentes da fotografia: postes de luz, grades, segmentos de linhas do
asfalto. Objetiva 24 mm.

Na Figura 7, a estrutura geométrica da ponte expressa a categoria conceitu-


al do contraste que se dá através de cores e das formas retas e curvilíneas. A
construção arquitetônica apresenta um contraste entre os elementos sólidos
arredondados (concreto) e as linhas retas (cabos de aço). Observe que o filtro
polarizador ajuda a aumentar o contraste entre o azul do céu e o branco da
estrutura de concreto.

O desenvolvimento da história da fotografia de arquitetura registrou a incessan-


te intenção dos fotógrafos em buscar um ângulo inusitado, que destaque a cena
sob um aspecto muito original. Além de registrar belas imagens de arquitetura ,
muitos fotógrafos preferem apontar suas lentes para o incomum, tal como a pro-
posta do casal de fotógrafos Bernd e Hilla Becher.

O trabalho desses fotógrafos evidenciou que as cidades têm muito mais a nos
oferecer do que simplesmente imagens bonitas. Caso a intenção do fotógrafo seja
comunicar uma mensagem, denunciar algum problema ou simplesmente mostrar
como as coisas são na realidade, os motivos e objetos menos óbveis podem ser os
mais indicados para esse objetivo.

Os artistas que desejam captar os aspectos mais comuns e banais que a vida nas
cidades tem a oferecer, sem que a cena pareça ter sido arranjada pelo fotógrafo,
podem optar pelo estilo conhecido como fotografia objetiva.

Figura 8 – Fábrica industrial química


Fonte: iStock/Getty Images

O contraste do progresso industrial com a atmosfera de um pôr-do-sol pro-


duz um resultado fotográfico interesante para uma paisagem industrial. Ob-
jetiva 35 mm.

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Fotografia de interiores
Diferentemente da proposta de mostrar uma cena improvisada, sem qualquer
interferência do fotógrafo, na fotografia de interiores o ambiente deve estar impe-
cável. A abordagem da fotografia de interiores pede que o ambiente esteja com-
pletamente organizado e que não haja objetos de uso cotidiano espalhados pelo
cômodo. Outra característica desse estilo é acrescentar objetos de decoração - va-
sos, quadros, almofadas, livros - para conferir um aspecto mais natural à imagem.

Figura 9
Fonte: iStock/Getty Images

Na Figura 9, nas fotografias de ambientes, o melhor posicionamento é na altura do es-


Explor

pectador, que destaca mais os objetos e amplia a visão do cômodo.

Quando fotografar ambientes, uma das decisões mais importantes é a escolha


do ângulo de visão e dos objetos que entrarão na composição. O ângulo ao nível
dos olhos do espectador confere o aspecto da amplitude ao ambiente, portanto é
o mais usual.

Figura 10 –Fonte: iStock/Getty Images Figura 11


Fonte: iStock/Getty Images

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Na Figura 10, observe na foto horizontal como a visão do cômodo é bas-
tante ampla e revela uma interação entre os ambientes vistos em primeiro
plano (destacando o sofá e a mesa de centro) e o ambiente ao fundo, com
destaque para a estante com livros.

Na Figura 11, a escolha do enquadramento pode mudar completamente


a composição. O equilíbrio na imagem pode ser alcançado dispondo-se os
objetos simetricamente no quadro ou posicionando-se os objetos a um terço
das dimensões do campo visual, como nesta fotografia de um quarto.

Regra dos Terços: é uma técnica utilizada na fotografia para se obter melhores resulta-
Explor

dos. Para utilizá-la deve-se dividir a fotografia em nove quadrados, traçando duas linhas
horizontais e duas verticais imaginárias, e posicionando nos pontos de cruzamento o as-
sunto que se deseja destacar para se obter uma foto equilibrada.

Fonte: https://goo.gl/a8vqxA

Iluminação para arquitetura


A fotografia de arquitetura de exteriores depende exclusivamente da iluminação
ambiente, ao contrário da arquitetura de interiores, que pode utilizar tanto a ilumi-
nação natural como também pode precisar da iluminação artificial.

Figura 12
Fonte: iStock/Getty Images

Na Figura 12, a luz lateral confere modelagem ao edifício, ressaltando seu aspecto tri-
Explor

dimensional, sem produzir áreas muito demarcadas nas quais a sombra pode esconder
detalhes interessantes da estrutura.

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Luz dura e luz difusa

Figura 13
Fonte: iStock/Getty Images
Figura 14
Fonte: iStock/Getty Images

Na Figura 13, a luz dura provém de uma fonte pequena em relação ao ob-
jeto. A luz dura gera uma sombra com contornos muito nítidos, produzindo
um forte contraste entre as áreas iluminadas e as áreas de sombra.

Na Figura 14, a luz difusa provém de uma fonte grande em relação ao obje-
to. Uma fotografia com luz difusa tem como caraterística um baixo contraste
entre as áreas iluminadas e as áreas de sombra.

Figura 15 – Seminário São José, em Garanhuns, estado de Pernambuco


Fonte: Wikimedia Commons

A fotografia de exteriores, deve-se tomar cuidado com a luz do meio-dia,


por conta das sombras fortes e duras. A luz direta do sol cria sombras muito
duras, que alteram nosso principal foco de atenção.

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Figura 16 – Fachada central da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, localizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo
Fonte: Wikimedia Commons

O prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foi tom-


bado em 1981 pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio
Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), que reconheceu-o como um
bem cultural importante para a história da medicina brasileira. Observe que
quanto mais nublado estiver o céu, mais difusa será a luz. Essas condições
realçam os detalhes do primeiro plano e do fundo. A luz do meio da tarde e
da manhã são ideais para produzir uma luz uniforme, com sombras menos
demarcadas. Nesta foto há também a sensação de tridimensionalidade, que
faz com que espreitemos a arquitetura através das árvores laterais no pri-
meiro plano.

Os espaços de São Paulo indicados abaixo propõem um guia de referências importantes por
Explor

sua arquitetura e pelas histórias que abrigam. Foram escolhidas as edificações erguidas no
século XX, entre as áreas dos rios Pinheiros e Tietê, que acima de qualquer gosto pessoal,
constituem interessantes referenciais simbólicos que nos ensinam a reconhecer os tesouros
que a cidade abriga (cf. PERRONE, 2000).
• Teatro Municipal de São Paulo (1911).
• Estação da Luz (1901).
• Mercado Municipal Paulistano (1933).
• Biblioteca Municipal Mário de Andrade (1942).
• Casa das Rosas (1928).
• Estação de Metrô Sumaré (1998).
• Memorial da América Latina (1989).
• Pinacoteca do Estado (1905).
• FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1969).
• MuBE – Museu Brasileiro da Escultura (1995).

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Figura 17 – Interior de sala de estar


Fonte: iStock/Getty Images

Assim como na arquitetura de exteriores, a luz do meio da tarde e da manhã


sempre confere um equilíbrio entre a área interna e externa. Utilizar a luz
natural também irá contribuir para que as cores da imagem sejam as mais
fiéis possíveis ao ambiente, uma vez que a luz artificial elimina muitas som-
bras do ambiente e confere um aspecto muito amarelado.

Importante! Importante!

Estudar a iluminação das pinturas nos livros de história da arte pode ser bastante
útil no aprendizado da iluminação em fotografia. Enquanto que as pinturas da Idade
Média são essencialmente bidimensionais, nas pinturas do Renascimento pode-se
identificar o uso do claro-escuro na intensificação do realismo na representação das
pessoas (Da Vinci, Michelangelo). Rembrandt (1606-1669) foi reconhecido como um
dos maiores artistas no domínio da luz, e suas obras mostram personagens com ex-
pressões muito fortes, usando o contraste de luz.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Casa Cor
https://goo.gl/zzM67E
Robert Doisneau - Pinterest
Conheça as fotos estonteantes do fotógrafo francês Robert Doisneau (1912-1994).
https://goo.gl/TH1GqU

Livros
Coleção Senac de Fotografia
Coleção Senac de Fotografia. Organização: Simonetta Persichetti e Thales Trigo. São
Paulo: Editora Senac.

Vídeos
ZAHME TR
ZAHME TR. ZAHME TR vídeos.
https://goo.gl/JSB2qW
5 stairs collection best 2000 photos designs
ZAHME TR. 5 stairs collection best 2000 photos designs.
https://youtu.be/OI8y8RPNGnQ

Filmes
Lost in Translation
“Lost in Translation” (Encontros e Desencontros), longa-metragem que mostra o
contraste entre as culturas japonesa e americana, tendo como pano de fundo a cidade
de Tóquio; dirigido por Sofia Coppola, 2003.

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Referências
DE BOTTON, Alain; ARMSTRONG, John. Arte como terapia. Tradução de De-
nise Bottmann. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e funções no século XIX. 2ª ed. São Paulo:
EDUSP, 2008.

GOMES FILHO, João. Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da forma. 9ª


ed. São Paulo: Escrituras Editora, 2009.

HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os


formatos. Tradução de Assef Nagib Kfouri e Alexandre Roberto de Carvalho. 4ª
ed. São Paulo: Senac, 2013.

PERRONE, Carlos. São Paulo por dentro: um guia panorâmico de arquitetura.


São Paulo: Senac, 2000.

PERSICHETTI, Simonetta; TRIGO, Thales (org.). Coleção Senac de Fotografia


- Cristiano Mascaro. Vol. 11. São Paulo: Editora Senac, 2006.

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