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Design Contemporâneo

Material Teórico
Pós-modernidade e Design no Brasil

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Christian David Rizzato Petrini

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Pós-modernidade e Design no Brasil

• Introdução;
• Pós-modernidade;
• Design no Brasil;
• Conclusão.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar a relação e a influência que os movimentos pós-modernistas relacionados ao
Design tiveram para o Design Contemporâneo, para o Design brasileiro e para a função e a
atuação do designer nos dias atuais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Pós-modernidade e Design no Brasil

Introdução
Como comentamos na unidade anterior, abriremos esta última unidade da disci-
plina com a pós-modernidade, período pós-Segunda Guerra Mundial. A Segunda
Guerra Mundial teve um grande impacto no Design, antes mesmo dela ter início.

Como estudamos anteriormente, em 1932, a Bauhaus foi perseguida pelo re-


gime nazista e obrigada a se mudar de Dessau para Berlim, e, mesmo depois da
mudança, um ano mais tarde, em 1933, a Bauhaus fecha as portas, pois essa
perseguição continua, tanto que, durante a Segunda Guerra Mundial, para mostrar
sua “força”, o regime nazista instalou no prédio da Bauhaus em Dessau uma escola
de formação nazista.

A Segunda Guerra Mundial começou de fato em 1939 e vai até 1945. Assim
como aconteceu em relação à Primeira Guerra Mundial do início do século, o Design
funcionou como ferramenta de reconstrução das sociedades destruídas após os
conflitos, ou seja, as guerras influenciaram os movimentos que estudamos.

Durante o período da Segunda Guerra, de 1939 a 1945, não somente a Europa,


mas todo o mundo praticamente “parou no tempo”. Somente depois do final da
Guerra, em 1945, que o mundo começou a se reconstruir. Esse é o período conhe-
cido na História e no Design como pós-modernidade, um período marcado pela
multiplicação de movimentos artísticos e de diversas discussões sobre a pluralidade
como parte dessa reconstrução do mundo.

Pós-modernidade
O próprio Estilo Internacional suíço, que vimos na unidade anterior e teve início
em 1950, ou seja, cinco anos após a Segunda Guerra Mundial, já pode ser conside-
rado um movimento da Pós-modernidade, porém, esse Estilo Internacional suíço,
conforme também vimos, foi resultado de um método de ensino aplicado na Suíça
desde 1908. Teve uma importante participação no Design pós-Guerra, mas não se
trata necessariamente de um movimento artístico ou de um estilo de Design criado
a partir da segunda metade do século 20, após a Segunda Guerra Mundial.

Deixamos para esta unidade os movimentos que tiveram origem nesse período
propriamente dito, movimento que até puderam ter sofrido influência ou tiveram
algum tipo de relação com os movimentos anteriores, mas que surgiram nesse pe-
ríodo, pós-1945.

Nos anos que se seguiram, após 1945, principalmente a partir das décadas de
1950, 1960 e 1970, começaram a surgir diversos movimentos relacionados à Arte
e ao Design e essa multiplicidade de movimentos e discussões marcaram o Design
do final do século 20.

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O artista pós-moderno não quer quebrar com a tradição dos movimentos artísti-
cos anteriores, ele quer acolhê-la, não no sentido idealizado de resgatar o passado
como ideal, mas sim para atualizar o antigo, combinar diversas tradições ou sim-
plesmente imitar. O Design pós-moderno, portanto, tem como características:
• abolição das fronteiras entre Arte e vida cotidiana;
• confluência casual de várias teorias e práticas de Designers e escolas espalha-
das pelo mundo;
• o funcionalismo não foi aniquilado;
• a geometria é usada de forma descontraída;
• tratamento mais livre da tipografia com mais mistura de pesos e menos preo-
cupação com clareza e legibilidade;
• colagens, paródias e resgates históricos;
• inclusão do ruído e da “sujeira” como recurso visual.

É difícil estabelecer uma ordem cronológica do Design pós-moderno, pois as


coisas aconteciam simultaneamente, interinfluenciavam-se e nem sempre haviam
movimentos bem estabelecidos, portanto, a pós-modernidade não foi um movi-
mento artístico com começo, meio e fim, foi um ideal que motivou a criação de
diferentes correntes artísticas depois da Segunda Guerra Mundial.

Muitos movimentos aconteceram nos Estados Unidos pelo fato do país sempre
representar uma saída para artistas antes perseguidos desde a Primeira Guerra
Mundial, porém, alguns movimentos surgiram no Reino Unido, na Suíça, entre
outros países.

Dessa pluralidade de mentalidades surgiram vários movimentos importantes


para o mundo, para a Arte e para o Design. Escola de NY, Pop Art, Expressio-
nismo Tipográfico, Push Pin Graphic (também conhecido como Revivalismo),
Psicodelismo, Underground, Punk, New Wave, Revolução Digital, Retrô e
Revista Emigré são os movimentos que destacaremos aqui.

A Escola de NY não foi um estabelecimento de ensino como a Bauhaus do


início do século 20, trata-se de um grupo informal de poetas, pintores e músicos
americanos, ativos nos anos 1940, 1950 e 1960 na cidade de Nova York, nos
Estados Unidos, inspirados nas vanguardas europeias, especialmente no Cubismo,
Surrealismo e Abstracionismo.

No Design, foi um grupo de profissionais ativos durante os anos 1950 em NY e


arredores. Paul Rand foi um dos mais famosos Designers da Escola de NY. Rand
quebrou as tradições do Design de publicação americana, influenciado por Wassily
Kandinsky e pelos cubistas. Inseriu em seus projetos formas simbólicas e expressivas,
com isso, seu trabalho é geralmente divertido, visualmente dinâmico e inesperado.

Saul Bass, como falamos anteriormente, um dos pioneiros na aplicação da ti-


pografia em movimento nas aberturas de filmes, também fez parte do grupo. Bass

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UNIDADE Pós-modernidade e Design no Brasil

tinha por característica reduzir suas criações a uma imagem dominante. Além dos
créditos de abertura e de encerramento de filmes, especializou-se em cartazes de
produções cinematográficas e identidades corporativas.

A Escola de NY influenciou no que foi chamada de “nova publicidade”. Os anos


1940 foram medíocres para a publicidade, com repetição de slogans, depoimentos
de astros do cinema e afirmações exageradas. Depois da Escola de NY, a publici-
dade buscou excelência no Design que influenciou na publicidade pós-moderna.
Retirou o ponto de exclamação da publicidade, usou o espaço em branco e a com-
binação de imagem e texto de uma maneira mais criativa.

Também surgido nos EUA, a Pop Art teve início nos anos 1950 como uma
reação ao consumismo americano. Caracteriza-se pelo uso de cartazes e objetos
cotidianos e urbanos de uma maneira artística. Uma Arte nascida nas grandes ci-
dades e totalmente distante da natureza.

Os artistas pop tentam alcançar o máximo de público possível, sem excluir nin-
guém. Os temas normalmente envolvem a vida cotidiana, refletindo a realidade de
uma época e reforçando a mudança cultural que estava ocorrendo.

Diz-se que a Pop Art é o marco de passagem da modernidade, fruto da in-


dustrialização dos séculos 18 e 19, para a pós-modernidade da metade final do
século 20 na cultura ocidental. Os principais nomes da Pop Art são Andy Warhol
e Roy Lichtenstein.

Trocando ideias... Importante!


A Pop Art também foi um movimento muito estudado, relacionado à Arte Contemporâ-
nea. É mais um exemplo de manifestação artística que transita entre a Arte e o Design,
tanto que se relacionou com o movimento Punk, como falaremos mais adiante!

O Expressionismo Tipográfico foi mais uma tendência relacionada ao Design.


Como o próprio nome já adianta, a tipografia, que nasceu nos EUA, ainda no início
da década de 1950, ganha expressividade. Durante os últimos anos da década de
1950 a 1960, um dos fortes conceitos utilizados pelos Designers envolvia o uso
de tipografia figurativa. Uma das características era utilizar letras como objetos e
objetos que se tornavam letras. Outro enfoque era de que utilizava as propriedades
da palavra em si mesmas, ou sua organização no espaço, para exprimir a ideia.

Uma terceira tendência foi a reutilização de tipos decorativos e de fantasia do sé-


culo 19. Assim como os anteriores, o Push Pin Graphic também é um movimento
norte-americano. Surge em 1954 para romper com a previsibilidade e limpeza do
alto modernismo. Valorizam o engraçado, o ecletismo, o resgate histórico e a expe-
riência pessoal do Designer. Tem influência do Estilo Vitoriano, da Art Nouveau e
da Art Déco. Pelo fato de se deixar influenciar por movimentos mais antigos, tam-
bém ficou conhecido como Revivalismo, ou seja, uma forma de reviver o passado
de uma maneira pós-moderna.

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Caracterizou-se pelo uso de cores luminosas, formas sinuosas e exageradas.
Durante a década de 1950 e 1960, o estilo Push Pin continua sendo praticado
por diferentes Designers. Aqui, é quando começam a surgir os grandes nomes do
Design mundial.
Milton Glaser, por exemplo, foi o fundador e nome mais importante do Push Pin
Studios, junto com Seymour Chwast e Edward Sorel. Outro Designer expoente do
Push Pin Graphic é Herb Lubalin. Ele incorporou em seus trabalhos linguagens ver-
naculares, ou seja, das ruas; e ornamento tipográfico, com um estilo alfabético ca-
racterístico, com serifas, ligaduras, variações nas hastes e movimentos caligráficos.
Pouco menos famosos que os anteriores, mas importantes para o Push Pin,
ainda destacamos Bradubury Thompson, Rosemarie Tissi e Siegfried Odermatt.
Tissi e Odermatt, apesar de serem suíços, atuaram sob a estética do Push Pin
Graphic e abriram precedente para o movimento de “revolta” do Design na Suíça
no início dos anos 70: o New Wave, que falaremos mais adiante.
O Psicodelismo surgiu nos anos 1960 e 1970, na Califórnia, também nos Es-
tados Unidos. A moda dos cartazes nos EUA foi uma atividade de raízes populares
fomentada por um clima de militância social. A mídia e o público em geral asso-
ciavam esses cartazes ao rock e às drogas psicodélicas, então eram chamados de
cartazes psicodélicos. Os projetos eram, frequentemente, criados sob influência do
uso de drogas, liberado até 1966. Podemos destacar dois Designers psicodélicos
importantes para o movimento: Wes Wilson, que escolhia suas cores a partir de
suas experiências visuais com o LSD; Victor Moscoso, o mais conhecido artista
psicodélico e o único com formação acadêmica. Moscoso realizou seu estudo sobre
cores na Universidade de Yale com Josef Albers, ex-professor da Bauhaus. Combi-
nava efeitos e vibração ótica obtidos por meio das cores com letras formais que ele
tornava quase ilegíveis através da equivalência entre efeitos positivos e negativos.
O Underground surgiu na década de 1960 no Reino Unido como repúdio
à ordem estabelecida. Foi a contracultura, uma oposição de jovens Designers de
classe média, que adotaram valores culturais e posições políticas alternativas. Tinha
uma postura gráfica alternativa: má qualidade da impressão em papel barato, in-
formalidade nas publicações, DYI (do-it-yourself), ou seja, do “faça você mesmo”.
O Underground foi um movimento que precedeu o Punk.
O movimento Punk surgiu nos anos 1970, também no Reino Unido, como um
movimento cultural. No Design, como mencionamos anteriormente, foi influencia-
do pelos ideais do Underground, manifestou-se no movimento cultural inglês e teve
grande importância no Design pós-moderno.
Tinha por característica o desejo de chocar. Também teve uma relação com a
cultura das drogas, da anarquia e da rebeldia do movimento cultural. Percebe-se,
ainda, a incorporação do ruído, da “sujeira” e da feiura nos trabalhos, ou seja, não
se tinha uma preocupação em ter um visual agradável. Foi o chamado “antiDesign”,
pois buscava aleatoriedade e também o DIY (do-it yourself), assim como o
Underground. Representava uma despreocupação total com ordem ou acabamento.

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UNIDADE Pós-modernidade e Design no Brasil

Aqui, nasceu a cultura dos fanzines, livretos independentes com letras e imagens
recortadas, coladas e elementos desenhados à mão. Foi um movimento cultural que
influenciou o Design, mas muito ligado à música.

O Punk, enquanto movimento cultural, migrou para os Estados Unidos, ainda


na década de 1970. Nos EUA, o movimento se vinculou à Pop Art, que falamos
anteriormente. As primeiras bandas do movimento Punk, nos EUA, frequentavam
o ateliê de Andy Warhol.

O livro Mate-me por favor, de Legs McNeil e Gillian McCain, que conta a história do movi-
Explor

mento Punk, descreve a relação que o movimento teve com a Pop Arte, nos EUA. Vale a pena
a leitura!

Voltando ao Reino Unido, podemos mencionar Jamie Reid como um Designer


exponente do Punk. Criou um estilo tipográfico chamado Ransom, que usava le-
tras diferentes como se fossem colagens e uma carta anônima, ou seja, misturava
a colagem e a fotografia.

Na Suíça, também nos anos 1970, ou seja, após o “fim” do Estilo Internacio-
nal, nasceu o movimento New Wave. Como falamos anteriormente, Rosemarie
Tissi e Siegfried Odermatt abriram precedente para o New Wave, movimento
de “revolta” do Design na Suíça, após terem atuado sob a estética do Push Pin
Graphic, nos EUA.

Essa “nova onda” se caracterizou pela despreocupação com as premissas de


ordem e clareza. Tinha variações tipográficas de peso e estilo com blocos de texto
que se interpenetram, linhas e barras como elementos funcional e ornamental.
Além disso, na diagramação de textos, as linhas de base e de alinhamento são
abandonadas, ou seja, os elementos não precisavam estar ancorados em nenhuma
linha de base.

Os trabalhos no New Wave usavam ainda como técnica sobreposições de ca-


madas para fotografias, textos e texturas, fotocópia e impressão de meios-tons,
expressão visual mais simbólica e arbitrária e layout menos lógico, ou seja, mais
informal e mais “solto”. Era um layout “rebelde”, por influência da cultura Punk
inglesa dos anos 1970.

Um dos nomes mais importantes do New Wave foi Wolfgang Weingart, Designer
que aprendeu com mestres da Escola de Design de Basel, na Suíça, durante o Estilo
Internacional, visto anteriormente. Considerava “anêmicas” as soluções funcionalis-
tas repetidas, portanto, buscava uma quebra das regras do Design moderno suíço.

Também podemos mencionar April Greiman e Dan Freidman como dois Designers
New Wave. Foram alunos de Weingart e foram os responsáveis por levar o estilo
New Wave para os EUA. April Greiman, inclusive, foi uma das pioneiras na expe-
rimentação estética do Design digital, a chamada Revolução Digital.

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Na década de 1980, a Revolução Digital, ou seja, a tecnologia digital, possibilitou
que uma única pessoa, operando um microcomputador, controlasse a maioria ou até
mesmo a totalidade das funções de editoração gráfica. Foi uma ferramenta inovado-
ra capaz de expandir as possibilidades e a própria natureza do processo de Design.
Foi nesse período que a Apple desenvolveu o Macintosh, a Adobe Systems inventou
a linguagem de programação postscript e a Aldus criou o software Pagemaker.

Além de April Greiman que foi uma das primeiras profissionais a usar o com-
putador para seus projetos, podemos também destacar Neville Brody, Designer
francês, do estilo (também francês) Grapus, com influências diversas na Arte e no
Design, como o Dadaísmo e Construtivismo russo, respectivamente, sempre rein-
ventando estilos do passado. Foi o responsável por “domar” a estética anárquica
do Punk e a torná-la mais comercial. Foi o criador de revistas importantes para o
Design como The Face, de 1981 a 1986, e Arena, de 1897 a 1990.

Voltando aos Estados Unidos, ainda nos anos 1980, nasceu um movimento de
releitura de características antigas, aplicada na linguagem gráfica, em produtos,
ambientes e embalagens, influenciado pelo Push Pin Graphics, da década de 1950,
por esses motivos que recebeu o nome Retrô.

Foi um movimento que usava e abusava das misturas de tipografias, do uso de


espaçamentos extremos, da cor e de texturas. Dentre os principais nomes do movi-
mento Retrô, podemos destacar Designers que atuaram e atuam muito próximo de
nosso momento atual, ou seja, são Designers contemporâneos a nós, que apresen-
tam referências para trabalhos atuais. São eles: Paula Scher e Louise Fili.

De 1984 a 2005, nos EUA, circulou a Revista Emigré, como o próprio slogan já
descreve: “A revista que ignora fronteiras.” Por ser uma revista sem restrições de mo-
vimentos, diversos Designers famosos participaram da Emigré, com isso, a revista
abriu espaço para novos talentos na época como Zuzana Licko e Rudy Vanderlans.

Ed Fella também foi um Designer que figurou na Emigré, com um estilo de ti-
pografia manuscrita com caracteres excêntricos e imagens vernaculares, empeças
gráficas entrópicas, ou seja, trabalhos imprevisíveis.

Por sim, mencionamos David Carson como um Designer contemporâneo a apa-


recer na Revista Emigré. Foi considerado o neo-dada, ou seja, o “novo dadaísta”,
pois, assim como o movimento original do século 20 que tinha por característica
não dizer absolutamente nada, Carson tinha uma despreocupação com a clareza e
a lógica da informação. Para Carson, a atitude do trabalho é mais importante que a
função, para ele: “mais é mais”! Posteriormente, Carson criou a Revista Ray Gun.

Muitos Designers que mencionamos aqui, de diferentes movimentos, são entrevistados no


Explor

documentário da tipografia Helvética que comentamos na unidade anterior, lançado no ano


de 2007. O filme, além de contar a história do tipo suíço da década de 1950, também mostra
como os Designers de movimentos atuais se relacionavam com os elementos do passado!

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UNIDADE Pós-modernidade e Design no Brasil

Como vimos, o Design pós-moderno começa a partir de aproximadamente 1950,


na metade final do século 20, após o fim da Segunda Guerra Mundial, mas podemos
dizer que ele realmente “engrenou” nos anos 1960 e 1970.

O Design pós-moderno traz uma grande variedade de estilos e possibilidades de


uso de novas mídias e ideologias. O racionalismo modernista não é abandonado,
mas passa a ser contestado e reformulado livremente. De uma forma ou de outra, a
compreensão do passado é necessária, seja para rejeitá-lo, imitá-lo ou modificá-lo.
Mas ficam perguntas no ar… e o Brasil? Qual a trajetória e qual a identidade do
Design brasileiro?

Design no Brasil
Assim como os movimentos citados até aqui, fora do Brasil, durante a pós-
-modernidade, ou seja, entre os anos de 1950 e 1990, “surgiu” o Design brasileiro.
Escrevemos a palavra “surgiu” entre aspas porque, como vimos anteriormente nos
movimentos artísticos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, o Brasil já
produzia Arte simultaneamente à Arte europeia. Durante as unidades anteriores,
por algumas vezes, quando mencionamos manifestações artísticas ou movimentos
associados ao Design, comentamos que o Brasil tinha alguns representantes desses
movimentos. Por exemplo, citamos Tarsila do Amaral, que pode ser considerada
uma artista com características cubistas, e Victor Brecheret, que foi um dos maiores
nomes da Art Decó no país.
Contudo, como falamos, durante a pós-modernidade, ou seja, após a Segunda
Guerra Mundial, a partir de 1950, o Design brasileiro se consolidou e cresceu com
características próprias.
O Brasil é fruto da mistura de povos distintos e isso se reflete no seu povo, na
sua identidade e na sua produção cultural, material e gráfica, ou seja, isso se reflete
no Design brasileiro. Nossa identidade é a diversidade!
Nossa formação básica no Design provém do racionalismo alemão, porém, nos-
sa história complexa, multifacetada e barroca, contaminou-se na busca por uma
identidade própria. Embora o Design brasileiro tenha sua dose de conceitos em-
prestados, nem por isso deixa de ter um caráter singular. A Arte construtiva foi o
passaporte para colocar o Brasil na modernidade.
A história do Design pós-moderno brasileiro passa por dois italianos. Pietro
Maria Bardi, nascido em La Spezia, na Itália, em 1900, museólogo, crítico e histo-
riador da Arte, jornalista, colecionador e professor; e Achillina Bo Bardi, conhecida
como Lina Bo Bardi, nascida em Roma, em 1914; são dois dos principais respon-
sáveis por começar a mentalidade do Design em nosso país, pois, em 1946, os
dois se casam e se mudam para o Brasil. Em 1947, Pietro Maria Bardi é convidado
pelo jornalista Assis Chateaubriand a fundar e dirigir o Museu de Arte de São Pau-
lo, o MASP, em São Paulo, com ajuda de sua esposa Lina. Com isso, a trajetória
do Design brasileiro pós-moderno passa pelo MASP que, sob o comando de Lina

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Bo Bardi, funda o Instituto de Arte Contemporânea, o IAC, em 1951. Apesar de
ter durado apenas 3 anos, o IAC foi responsável por formar a primeira geração de
Designers brasileiros. Em seu corpo docente destacam-se a fundadora Lina Bo
Bardi, seu marido Pietro Maria Bardi, Oswaldo Bratke, Roberto Sambonet, Jacob
Ruchti, Roger Bastide, Leopold Haar e Flávio Motta.
O IAC foi uma das primeiras iniciativas no campo do ensino de desenho in-
dustrial no Brasil, seu objetivo era preparar profissionais para atuar na então
emergente indústria nacional. A escola visava formar jovens que se dedicassem à
Arte industrial e se mostrassem capazes de desenhar objetos nos quais o gosto e a
racionalidade das formas correspondessem ao progresso e à mentalidade atualizada.
Sob o controle do casal Bardi, o MASP começa a compor um acervo próprio,
tanto que, em 1953, Pietro Maria leva toda a coleção do MASP para uma exposição
internacional, incluindo o Museu do Louvre, em Paris, e a Tate Gallery, em Londres.
Como mencionamos, o IAC durou somente 3 anos, porém, formou a primeira
geração de Designers brasileiros. Entre os formandos dessa primeira geração do
IAC está um dos mais importantes Designers brasileiros, Alexandre Wollner.
Wollner iniciou seus estudos no curso de Design Visual do IAC, portanto, estu-
dou com Lina Bo Bardi e Roberto Sambonet. Foi selecionado por Max Bill para
estudar na Escola Superior da Forma, em Ulm, na Alemanha, portanto, estudou
com professores envolvidos com os métodos da Bauhaus.
Em 1953, interessado no movimento concretista, filia-se ao Grupo Ruptura que,
como vimos na anteriormente nesta disciplina, foi um grupo de artistas de São
Paulo com influência do Construtivismo russo. Em 1958 retorna ao Brasil e monta
o Form-Inform, o primeiro escritório de Design do país, com Geraldo de Barros,
Ruben Martins e Walter Macedo. Wollner tinha como lema a ideia de que “Design é
projeto” e também foi extremamente importante para o ensino do Design brasileiro.
Em 1963, foi criada por Wollner a Escola Superior de Design Industrial, a ESDI,
no Rio de Janeiro. Foi a primeira escola sul-americana de formação profissional.
Em virtude de seu histórico acadêmico, o currículo da escola foi planejado em Ulm,
utilizando o programa da escola alemã, com suas devidas adaptações para as ca-
racterísticas brasileiras.
Assim como no escritório Form-Inform, na ESDI, Wollner contou com a con-
tribuição de seus parceiros Geraldo de Barros, Ruben Martins e Walter Macedo.
Os trabalhos desenvolvidos no estúdio Form-Inform e na ESDI foram extremamen-
te importantes e relevantes para o Design brasileiro, pois elevaram a produção
nacional ao nível dos movimentos fora do país.
De 1990 em diante, o Design brasileiro entra na era digital, ou seja, o Design
nacional entra na Revolução Digital, que aconteceu nos anos 1980 no Design mun-
dial, já mencionado anteriormente.
Isso muda a produção do Design brasileiro. O projeto em Design passa defini-
tivamente da prancheta para o computador. O Designer se distancia da produção
de imagens e fortalece seu perfil de operador de imagens e fotografia, é o início da

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UNIDADE Pós-modernidade e Design no Brasil

pós-fotografia. A desconstrução da imagem é potencializada pelos novos meios de


comunicação. Isso continua até hoje.

Conclusão
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo precisou se reconstruir e isso envol-
veu o conhecimento e a Arte, influenciando também, o Design. Se nos anos 1980
o computador permitiu novas experimentações no Design, os anos 2000 aponta-
ram para um ponto de referência e uma definição de estilo no Design do mundo
todo. A internet se consolidou como veículo de comunicação em massa. Nas Ar-
tes, tendências pós-modernistas continuam se manifestando, enquanto outros tipos
de mídia como o vídeo e a Arte digital também obtiveram destaque. Ocorreu um
aperfeiçoamento do web Design, dos conceitos sobre game Design e de projetos
automobilísticos. Com certeza, para os anos seguintes, a evolução da tecnologia vai
continuar influenciando a atuação do Designer.

Além disso, vimos que as manifestações artísticas e os movimentos associados


ao Design na Idade Contemporânea, ou seja, a partir de 1820, que chamamos de
Design Contemporâneo, tiveram influência de diversos outros períodos da História
da humanidade, conectaram-se e influenciaram os movimentos mais recentes.

Saber mais sobre a Arte e sobre o Design, além de conhecimento, proporciona


um enriquecimento das referências e fundamentações de um Designer, contribuin-
do para a criação e para o desenvolvimento de um trabalho.

Como sabemos, em muitos casos, a atuação profissional e os trabalhos desenvol-


vidos por um Designer estão sujeitos à aprovação de uma pessoa, seja o indivíduo
que solicitou o trabalho diretamente ao Designer, o cliente, ou mesmo a um profis-
sional de cargo superior em algum estúdio, agência ou empresa em que o Designer
esteja atuando. Essa figura da pessoa que aprova um trabalho, muitas vezes não
tem formação técnica e toma sua decisão com base em gostos particulares. Ter re-
ferência e embasamento teórico e histórico proporciona ao Designer ter mais argu-
mentos para justificar suas escolhas através de referências sólidas e ter um trabalho
aprovado de maneira mais consistente. Lembre-se, conhecimento nunca é demais!

Não deixe de assistir à videoaula desta unidade. Veja exemplos e complemente seus estudos!

Trocando ideias... Importante!


Todos os movimentos artísticos desta unidade estão situados a partir da metade final
século 20, ou seja, a partir de 1950 até os dias atuais.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Mate-me por favor
LEGS, M. Mate-me por favor/Legs McNeil e Gillian McCain. Porto Alegre: L&PM, 2014.
História do Design Gráfico
PURVIS, A. W.; MEGGS, P. B. História do Design Gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.
Alexandre Wollner e a formação do Design moderno no Brasil: depoimentos sobre o Design visual brasileiro
STOLARSKI, A. Alexandre Wollner e a formação do Design moderno no Brasil:
depoimentos sobre o Design visual brasileiro / Um projeto de André Stolarski. São
Paulo: Cosac Naify, 2005.

Filmes
Helvética
2007. Apresenta a história e opiniões de Designers contrários e a favor da tipogra-
fia Helvética.

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UNIDADE Pós-modernidade e Design no Brasil

Referências
LEGS, M. Mate-me por favor / Legs McNeil e Gillian McCain. Porto Alegre:
L&PM, 2014.

PETRINI, C. D. R. Legenda Cinética: tipografia em movimento e traduções nar-


rativas. São Paulo: Gênio Criador, 2018.

PURVIS, A. W.; MEGGS, P. B. História do Design Gráfico. São Paulo: Cosac


Naify, 2009.

STOLARSKI, A. Alexandre Wollner e a formação do Design moderno no Bra-


sil: depoimentos sobre o Design visual brasileiro / Um projeto de André Stolarski.
São Paulo: Cosac Naify, 2005.

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Você também pode gostar