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Linguagens Contemporâneas

Instalação e Arte Urbana


Material Teórico
Arte Urbana

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Dr. Miguel Luiz Ambrizzi

Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Arte Urbana

• Aspectos Conceituais: Graffiti e Pichação


• Origem e Desdobramentos
• Arte Urbana Internacional: Das Ruas às Galerias – Keith Haring, Jean-
Michel Basquiat, Blek Le Rat e Banksy

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer e compreender os aspectos conceituais das obras de arte
urbana, especificamente do graffiti;
· Abordar sobre a origem das obras de intervenções artísticas
urbanas por meio do graffiti na história da arte e como foram seus
desdobramentos nas décadas iniciais do século XXI;
· Compreender como se dá as relações e oposições entre graffiti e
pichação e quais são os nomes emblemáticos desta linguagem
artística urbana internacional;
· Valorizar a arte urbana como construção de conhecimento e cultura.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.

No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Arte Urbana

Contextualização
Essa unidade de estudo é importante para lhe apresentar aspectos históricos
e conceituais da arte urbana que permitirão reflexões acerca das cidades em que
vivemos ou visitamos. Quando falamos em graffiti, temos um tema delicado, pois
muitas pessoas ainda o veem como vandalismo e associam a uma arte marginal.
Para iniciarmos nossos estudos, propomos a leitura do texto Graffiti e Pichação
– que comunicação é esta? produzido pelas autoras Dayse Martins da Cruz e
Maria Tereza Costa e publicado na Revista Linhas, de Florianópolis. Com esse
texto, poderemos compreender o grafite e a pichação como elementos que fazem
parte da rotina visual dos habitantes das grandes cidades, onde muros, paredes
e outros espaços públicos e privados são testemunhos do registro de diferentes
formas de expressão e inscrições urbanas. Uma contribuição desse texto é o fato de
ter realizado um estudo de caso voltado para o contexto escolar, onde analisaram
os ambientes internos de uma unidade escolar da rede de ensino da Prefeitura
Municipal de São José/SC, onde se constatou um número bastante elevado de
pichações, evidenciando atos de transgressão através do mau uso da escrita, como
elemento de comunicação e de desenvolvimento humano no processo de ensino-
aprendizagem dentro da Escola.

O importante nesse início de unidade é você verificar como que há uma infinidade
de possibilidades de relações entre a arte e o espaço urbano, onde os artistas
utilizam diferentes técnicas, materiais e suportes para realizar suas intervenções,
transformando a percepção do local, gerando inquietações, reflexões e críticas
sociais, ambientais, políticas e estéticas através do graffiti. Por se tratar de uma
linguagem de contato direto dos jovens, torna-se fundamental uma leitura crítica
para que sejam desenvolvidas futuras reflexões em conjunto com os futuros alunos
num contexto pedagógico da arte.
Explor

Grafite e Pichação - Que Comunicação é esta? - https://goo.gl/Ul7T1z

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Introdução
Nesta unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre as manifestações visuais
que certamente podem nos cercar diariamente pelos caminhos por onde andamos:
os graffitis e pichações. Vamos compreender as origens dessas manifestações ao
longo da história do homem e a sua incorporação na produção artística. Veremos
como que o seu surgimento nas comunidades e guetos que possuíam dificuldades
financeiras, que sofriam preconceitos raciais e desfavorecimento social irá, aos
poucos, se transformando de uma demarcação de território à uma crítica sobre os
vários problemas que recriminam essas pessoas. A arte urbana expressa pelo graffiti
nos leva a refletir sobre o mundo em que vivemos, sobre as relações humanas e os
problemas sociais e ambientais que o homem gera. A arte urbana vai para além
do vandalismo, da depreciação ou do adorno dos monumentos e locais da cidade,
mas ela critica, questiona, reflete e provoca nossos sentidos e sensações sobre
diferentes aspectos da complexidade humana.

Aspectos Conceituais – Graffiti e Pichação


Conforme vimos nas unidades anteriores, aos poucos a arte foi transitando entre
os espaços internos e externos, entre o museu / galeria e as ruas da cidade, com
as intervenções urbanas de artistas de diversas partes do mundo. A arte encontrada
diretamente nas cidades é conhecida por arte urbana, a qual pode ser feita em
diferentes linguagens e materiais como os já estudados na unidade anteriores e
conforme veremos mais detalhadamente na unidade a seguir. Nessa unidade vamos
no debruçar sobre a arte urbana expressa pela linguagem do graffiti.

Graffiti: origem na palavra em italiano sgraffito – que significa rabisco, ranhura, inscrição ou
Explor

desenhos de épocas antigas, toscamente riscados a ponta ou a carvão em rochas, paredes etc.
A palavra graffiti é a versão para a língua portuguesa da palavra graffiti, plural de sgraffito.
Vamos adotar a palavra na versão – graffiti – para a técnica, e utilizada no plural – graffitis
– para referir-se aos desenhos. No entanto, há uma variedade de versões da palavra em
diferentes línguas, regiões e culturas.

Quando falamos em graffiti, muitas pessoas podem ainda associar esta


linguagem artística ao vandalismo e a pichação. Realmente, há uma linha tênue
para distinguirmos uma obra de arte aceitável no muro de uma construção ou
não. O graffiti e a pichação utilizam os mesmos materiais e suportes, ou seja, as
tintas e a cidade. Ambos interferem na cidade, trabalham com conceitos e ideias
de subversão de valores, são espontâneos, gratuitos e também efêmeros. São
gratuitos, pois não pagamos para contemplá-los, são efêmeros porque estão no
espaço público, sujeitos à remoção pelos proprietários do local ou pela segurança
pública, ou ainda serem apagados por outros grafiteiros.

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UNIDADE Arte Urbana

As diferenças estéticas essenciais entre o graffiti e a pichação é que o primeiro


provém das artes visuais e, portanto, privilegia a imagem, já o segundo advém da
escrita, privilegiando a palavra, a letra.

De acordo com Gitahy (1999: 19-20), há vários significados para a pichação:


»» ato ou efeito de pichar;
»» escrever em muros e paredes;
»» aplicar piche em;
»» sujar com piche;
»» falar mal.

De certa forma, de acordo com esses conceitos, é possível que todos nós
tenhamos pichado uma vez na vida. Ainda de acordo com esse autor, a pichação
existe desde a Antiguidade, pois as paredes das cidades antigas eram tão pichadas
quanto às de hoje, ou ainda mais. Para ele,
havia de tudo nessas pichações. A julgar pelas paredes de Pompeia,
cidade vitimada pela erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto de 79
d.C., e por isso preservada, predominam xingamentos, cartazes eleitorais,
anúncios, poesias, praticamente tudo se escrevia nas paredes. Já na
Idade Média, época em que a Inquisição perseguia e castigava as bruxas,
cobrindo-as com uma substância betuminosa chamada piche, os padres
pichavam as paredes dos conventos de outras ordens que não lhes eram
simpáticas (1999: 20).

Posteriormente, a pichação passou a ser feita como forma de ataque às pessoas,


com insultos que falavam sobre as más qualidades da pessoa, principalmente nos
contextos políticos onde os revolucionários utilizavam a pichação como estratégia
para abalar a imagem dos governos, divulgando os seus objetivos e ideologia.

A pichação se intensificou após o surgimento das tintas em spray, advindas


após a Segunda Guerra Mundial com a produção de materiais em aerossol como
os perfumes, inseticidas e desodorantes, ou até mesmo as tintas aplicadas com a
bomba compressora como a tinta automotiva.

O uso do spray permitiu uma maior quantidade e qualidade de movimentos que


eram feitos de forma ágil pelos pichadores, permitindo uma maior flexibilidade de
transporte e manuseio da pequena lata.

Em termos gerais, a pichação é uma atividade ilegal, proibida e subversiva. Por-


tanto, ela é realizada geralmente durante a madrugada e sempre resulta numa surpre-
sa no dia seguinte, diferentemente de uma obra de arte urbana que é feita durante o
dia, com apoio da segurança, justamente por ser, muitas vezes, encomendada.

Surgida como forma de protesto político, tal como podemos citar a revolta dos
estudantes em Paris, no ano 1968, a pichação perdeu seu caráter exclusivo político
e passou a ser uma expressão individual do pichador que agora escrevia seu nome
nos muros, fazia declarações de amor ou piadas.

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Figura 1 - Parede cheia de pequenas inscrições associadas à pichação
Fonte:Wikimedia Commons

No Brasil, durante o período da Ditadura Militar – censurador e autoritário –,


não havia pichações nas paredes, justamente por ser uma atividade permitida e
tolerada. Sobre a relação entre pichação e comportamento, Gitahy cita um exemplo
interessante, o Muro de Berlim:
É interessante observar como o Muro de Berlim tinha duas faces
completamente diversas: do lado oriental, o muro estava sempre limpo e
de pintura intacta; do lado ocidental, desenhos e frases se sucediam, ora
de forma articulada, ora desordenada, espalhando-se por longos trechos.
Não é à toa que, quando da demolição do muro, esses garranchos tenham
figurado nas páginas dos principais órgãos da imprensa mundial, como a
significar a própria liberdade de expressão (1999: 22-23).

Figura 2 - Lado da Alemanha Ocidental do Muro de Berlin


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE Arte Urbana

Explor
Para conhecer mais sobre os aspectos históricos do graffiti e, especialmente, sobre a história
das pichações no Muro de Berlim, indicamos a leitura do texto Graffiti: Entre o Passado e
o Presente, de autoria de Katiusca Angélica Micaela de Oliveira, que se propõe observar,
analisar, entender a importância da imagem e sua ressurgência, com intermitentes
aparecimentos e desaparecimentos, através da apreciação da ressignificação do graffiti,
entre o passado e o presente.
https://goo.gl/pDlUCN

Pichação e graffiti são manifestações da liberdade de expressão, que são mais


presentes em sociedades não tão ditadoras ou conservadoras.

O graffitti, por estar relacionado diretamente ao uso da imagem em suas


manifestações, acaba sendo mais “socialmente aceito”. Tem como suporte toda
a cidade, os muros, as ruas, as calçadas, os postes, os viadutos etc., os quais
são preenchidos com imagens que encantam, questionam e causam um “bom
estranhamento” às pessoas que transitam pelas ruas e se deparam com elas. Os
temas são infinitos, são feitos uma única vez ou de forma repetida, trazendo a
herança da pop arte americana. As suas características são o uso do humor e da
descontração, convidando o público das ruas a dialogarem com a imagem e com o
próprio local onde ela está inserida. Os graffitis podem ser feitos para questionar
um tema específico, para adornar um local, para ser uma livre expressão do artista
urbano / grafiteiro, ou para causar um estranhamento nas pessoas. Em suma, o
graffiti apresenta dois tipos de características, as estéticas e as conceituais:

Tabela 1 - Grafitti - Características


Estéticas Conceituais
Expressão plástica figurativa e abstrata Subversivo, espontâneo, gratuito, efêmero
Utilização do traço e/ou da massa para Discute e denuncia valores sociais, políticos e econômicos com
definição das formas muito humor e ironia
Apropria-se do espaço urbano a fim de discutir, recriar e imprimir
Natureza gráfica e pictórica
a interferência humana na arquitetura da metrópole
Utilização de imagens do inconsciente coletivo, Democratiza e desburocratiza a arte, aproximando-a do homem,
produzindo releituras de imagens já editadas e/ sem distinção de raça ou de credo
ou criações do próprio artista

Após compreendermos os aspectos conceituais do graffiti, vamos agora co-


nhecer a sua origem e desdobramentos ao longo da história, privilegiando o con-
texto internacional para, posteriormente, conhecermos o contexto brasileiro da
arte urbana com os grafiteiros mais significativos.

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Origem e Desdobramentos
Para refletirmos sobre as origens históricas do graffiti, podemos iniciar com
a frase de Maurício Villaça, um dos precursores da arte do graffiti no Brasil,
que diz “Desde a pré-história, o homem come, fala, dança e graffita” (apud
GITAHY, 1999: 11).

De fato, se compreendermos o graffiti como uma intervenção gráfica nas


paredes de uma construção, teremos como suas primeiras manifestações as
pinturas fascinantes que foram deixadas pelos homens nas paredes das cavernas,
conhecidas como pinturas rupestres. Com representações de animais, caçadores
e símbolos, essas imagens possuem grandes mistérios e incertezas que estimulam
muitos arqueólogos e historiadores a desvendá-las.

Com objetivos que vão de representações pertencentes ao contexto de


uma cultura ritual mágica ou de registro do cotidiano, essas pinturas rupestres
possuíam uma linguagem simbólica própria que era reconhecida pela comunidade.
Tais pinturas eram feitas com materiais naturais como pigmentos de diferentes
tonalidades de terras, carvão, folhas, ossos fossilizados ou calcinados misturados
com gordura e sangue de animais.

A arte urbana e principalmente o graffiti hoje utilizam materiais totalmente


diferentes, como as tintas em spray, adesivos, serigrafia etc., e pintam outras imagens
que pertencem também às culturas em que se inserem: são ideias e signos que passam
a fazer parte da estética das cidades. No entanto, as origens do graffiti em associação
com o uso da tinta em spray também estão na pré-história, pois na Argentina temos
registros feitos nas paredes das cavernas de mãos que foram gravadas em suas silhuetas
feitas com o uso de ossos furados para soprar pigmentos naturais em volta das mãos.
Ou seja, os primeiros homens também anteciparam a técnica do estêncil e do spray,
que veremos de forma mais detalhada na próxima unidade.

Figura 3 - Pintura Pré-histórica, Mãos, Cova das Mãos, Santa Cruz, Argentina
Fonte: Miguel Luiz Ambrizzi, 2014

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UNIDADE Arte Urbana

Ao associarmos as pinturas rupestres com mais de 10 mil anos de existência


como as primeiras manifestações do graffiti, como no futuro as pessoas olhariam
para os graffitis produzidos no século XX e XXI? Será que os signos visuais que
são utilizados hoje nas obras de graffiti serão decifrados e compreensíveis pelos
cidadãos do futuro?

O ato de grafitar também tem suas origens na história pessoal de cada um. Se
tomarmos a ideia de graffiti como a ação de desenhar sobre uma superfície na
arquitetura ou no ambiente, nos recordamos de que crianças têm o costume fazer
desenhos nas paredes das casas, em bancos da praça, nas portas dos banheiros
da escola etc. De acordo com Gitahy, “também o grafitar que se difunde de forma
intensa nos centros urbanos significa riscar, documentar, de forma consciente ou
não, fatos e situações ao longo do tempo. Diz respeito a uma necessidade humana,
como dançar, falar, dormir, comer etc.” (1999: 13).

Portanto, se refere a uma necessidade básica e, por isso, a arte urbana surge num
contexto de democratização da arte e da liberdade de expressão, rompendo com os
limites espaciais e ideológicos, se inserindo de forma arbitrária e descomprometida.

Seguindo pelo contexto histórico da arte


urbana, numa associação do graffiti com
pinturas murais, temos na Antiguidade as
pinturas realizadas nas pirâmides, ou seja,
nos túmulos dos faraós, as quais represen-
tavam fatos da vida do faraó e imagens de
deuses da mitologia egípcia, com técnicas
mais requintadas de pintura, com traços
mais precisos e uma amplitude de cores.

A arte da pintura mural com função reli-


giosa, cultural ou decorativa também esteve
presente no Extremo Oriente, na Índia, na
China e por todos os povos do Mediterrâ-
neo. São famosos os murais descobertos em
Figura 4 - Pintura Mural em Pompeia, na Itália, pela sua qualidade técni-
Pompéia,cerca de 60d.C. ca de pintura alcançada pelos romanos.
Fonte: subsoloart.com

As pinturas eram realizadas com a têmpera pintada sobre gesso úmido e estarão
presentes desde a Idade Média e atingirá seu ápice com a utilização de artifícios
de perspectiva nas cúpulas das igrejas e palácios até o período do Renascimento,
Barroco e Neoclassicismo, no século XVIII. Muitas representações dos tetos das
igrejas católicas trabalham a ilusão do teto estar aberto e que os fieis tenham
uma visão do céu com anjos e santos adentrando a igreja. Veremos que há uma
série de artistas urbanos que trabalham com a técnica de ilusão em pinturas nos
grandes centros.

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A pintura mural no século XX irá assumir um contexto político mais acentuado.
No México, os muralistas Diego Rivera, José Clemente Orozco e David Alfaro
Siqueiros foram os nomes mais importantes, pois eles foram convidados por José
Vasconcelos, um intelectual revolucionário que assumiu o poder após uma série de
golpes de Estado. Foi em 1905 quando o pintor Bernardo Carnada publicou um
manifesto que defendia a necessidade de uma arte pública, estimulando a produção
artística engajada. Em 1920, David Alfaro Siqueiros, em Barcelona, irá fazer um
apelo aos artistas da América a promover uma arte que tivesse a capacidade de
falar às multidões: “Pintaremos os muros das ruas e das paredes dos edifícios
públicos, dos sindicatos, de todos os cantos onde se reúne gente que trabalha”
(apud GITAHY, 1999: 15).

No contexto brasileiro, temos nomes como Candido Portinari que, nos anos
1930 e 1940 realizou vários projetos de pintura mural, bem como Di Cavalcanti
que, nos anos 1950 realizou a pintura de vários murais com temas da história e
da arte brasileiras, dentre eles a fachada do Teatro de Cultura Artística na região
central de São Paulo com cerca de 15 metros de comprimento.

Para conhecer mais sobre o muralismo mexicano e brasileiro através dos artistas Diego
Explor

Rivera e Cândido Portinari, indicamos a leitura de uma monografia final de curso na Uni-
versidade Nacional de Brasília, com autoria de Adelson Matias Souza. Neste texto, o autor
propõe o aprofundamento sobre a função de crítica social que a arte exerce, podendo
converter-se em um instrumento de questionamento e transformação social a partir da
educação. Seu principal objetivo é analisar a arte muralista desses dois artistas moderni-
stas que marcaram para sempre a história das artes pelo viés da teoria e história da arte,
da visão marxista e da pedagogia sociocrítica, com destaque para uma visão histórica das
transformações políticas ocorridas na América Latina do século XX.
https://goo.gl/pzUqRd

Historicamente, a arte urbana feita com o graffiti foi documentada em 1904 com
o lançamento de uma revista que foi a primeira a abordar o graffiti de banheiro, a
Anthropophyteia. De acordo com Nicholas Ganz:
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas usaram inscrições em
muros como meio de propaganda para provocar o ódio contra os judeus
e os dissidentes. Contudo, o graffiti também foi importante para os mo-
vimentos de resistência, como forma de disseminar seus protestos entre o
grande público. Um exemplo é o “Rosa Branca”, grupo de inconformistas
alemães que se manifestavam contra Hitler e seu regime, em 1942, por
meio de folhetos e slogans pintados, até serem capturados, em 1943
(GANZ, 2008: 8)

Já nos anos 1960 e 1970, manifestantes das revoltas estudantis na França


utilizavam pôsteres e palavras pintadas para expressar e divulgar suas ideias. Eles já
utilizavam a técnica do estêncil, conhecida na França por pochoir.

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UNIDADE Arte Urbana

O contexto norte-americano tem gran-


de importância na história da arte urbana
e do graffiti. Segundo Ganz, o graffiti
tal como conhecemos hoje começou a
ser maior difundido no final da década de
1970, nas cidades de Filadélfia e Nova Ior-
que com artistas que pintavam seus nomes
nas estações de metrô ou nos muros ao
redor de Manhatan. Dessa época, nomes
famosos são Taki 183, Julio 204, Cat 161
e Cornbread. Na verdade, esses nomes
eram pseudônimos, como por exemplo,
o famoso Taki 183 era o apelido de De-
métrius, um jovem com origem grega que
Figura 5 - Taki 183 morava na Rua 183, assim como os ou-
Fonte: Wikimedia Commons tros artistas.

A respeito desse contexto norte-americano, Ganz ressalta:


A configuração singular da cidade de Nova York – na qual se encontram,
lado a lado, as ruas sujas do Harlem e o ambiente glamoroso da Broadway
– parece ter sito solo fértil para os primeiros artistas graffiteiros, reunindo
diferentes culturas e problemas de classe em um único lugar. Esse
ambiente alimentou uma batalha artística contra os donos do poder na
sociedade e possibilitou que certos artistas saíssem da pobreza e do gueto.
Cornbread, por exemplo, ganhou fama ao grafitar com spray sua tag
(assinatura chamativa do graffiteiro) num elefante em pleno zoológico
(GANZ, 2008: 8)

O graffiti surge com o desejo desses jovens de estar por toda a parte da
cidade, como uma espécie de demarcação do local, usando seus verdadeiros
nomes ou apelidos inicialmente e seguidos de seus pseudônimos. Esses graffiteiros
influenciaram o nascimento do estilo americano de graffiti que se espalhou pelo
mundo, cativando jovens que buscaram suas formas individuais de dar destaques às
suas assinaturas e, posteriormente, às suas obras.

As assinaturas (tags) passaram a ser cada vez maiores e apareceram nos trens
de Nova Iorque, com artistas que buscaram o reconhecimento pela quantidade de
trens assinados e pela qualidade gráfica das suas assinaturas. Os americanos mais
famosos neste estilo foram Seen, Lee, Dondi, Stayhig 149, Blade e Iz the Wiz, por
terem a maior quantidade e qualidade de obras nos trens.

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Figura 6 - Iz The Wiz, Graffiti, sem data.
Fonte: Wikimedia Commons

O interesse em grafitar os trens se dava pelo fato de serem vistos por milhões
de pessoas a cidade. Tal interesse chegou ao fato de que nos anos 1980 não havia
nenhum trem na cidade de Nova Iorque que não estivesse grafitado ou ao menos
uma vez tivesse sido grafitado (GANZ, 2008).

Porém, esse cenário iria reverter-se nos anos 1986, quando as autoridades
da cidade de Nova Iorque construíram grades ao redor dos pátios ferroviários
para impedir o acesso às áreas em que os trens ficavam estacionados durante
a noite e também limpavam regularmente os trens, apagando todo o trabalho
dos artistas graffiteiros.

Será com o Movimento Hip-Hop que a cena do graffiti irá se fortalecer nos anos
1960 e 1970, por grupos formados nos bairros do Brooklin e Bronx em Nova
Iorque, por jovens africanos e jamaicanos. Esse movimento também aconteceu em
Paris e na Europa, baseando-se no modelo americano. O movimento unia beat-
box, dança, rap e graffiti, quatro pilares importantes na afirmação, entretenimento
e proteção desses bairros das grandes metrópoles:

» o graffiti era uma forma de demarcação de território através da simbologia


e de palavras;

» o beat-box e o rap eram formas de entreter as crianças e idosos dos bairros;

» a dança era uma forma de manifestação cultural entre grupos, como uma
arma de proteção, pois eles faziam batalhas de dança ao invés de se agre-
direm fisicamente.

Houve, portanto, uma forte influência na cultura das gangues que encontraram
no Movimento Hip-Hop uma nova forma de canalizar a violência em que estavam
submersas, com isso, passaram a frequentar as festas, competindo com passos de
dança, ao invés de lutarem e brigarem com armas.

Essa proposta era defendida pelo padrinho da cultura hip-hop, Afrikka


Bambaataa, pseudônimo de Kevin Donovan, um DJ americano, nascido no Bronx
em Nova Iorque em 1957. Ele fez parte de uma violenta gangue chamada Black
Spades (Espadas Negras) e resolveu mudar o destino desses grupos através da
música. Bambaataa criou as bases para surgimento do  miami bass e freestyle,

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UNIDADE Arte Urbana

ritmos que influenciaram o funk carioca na década de 90. Ele foi um dos criadores
do movimento Zulu Nation, o idealizador da junção dos elementos, criador do
termo hip-hop e por anos foi conhecido como o master of records (mestre dos
discos), pela sua vasta coleção de discos vinil.

Mais tarde ele próprio introduziu este movimento em França por volta do início
dos anos 1980, que foi muito bem recebido nos subúrbios de Paris, visto que a
maior parte dos emigrantes africanos vivia na periferia da cidade. Sobre a influência
do hip-hop americano na Europa e demais continentes, Nicholas Ganz ressalta:
A maioria do graffiti na Europa baseava-se no modelo americano, que
continua sendo o mais popular até hoje. Com o hip-hop, o graffiti foi
introduzido em quase todos os países ocidentais e também nos países
orientais influenciados pelo Ocidente, alcançando em seguida lugares ainda
mais distantes. Embora só mais tarde tenha chegado à Ásia e à América
do Sul, hoje a cultura do graffiti nesses lugares cresce a uma velocidade
surpreendente, tendo já alcançado um alto padrão, principalmente na
América do Sul (GANZ, 2008: 9).

Beat-Box: forma de percussão vocal na produção de “beats”, ritmos e sons musicais usando
Explor

a boca, língua e voz.


Rap: significa rimas ou líricas faladas, muito ricas em conteúdo, podem ser acompanhadas
por beat ou não. É constituída por uma vasta junção de estilos literários desde discurso,
prosa e poesia.
Beat: base instrumental que pode acompanhar ou não o rap, a sua base são linhas de baixo
e bateria fundidas com ”samples” retirados de músicas originais.
Sample ou Sampling: ato de retirar uma parte de uma música original e reutilizá-la como
instrumento ou som na criação de uma nova música.

Arte Urbana Internacional: Das Ruas às


galerias – Keith Haring, Jean-Michel
Basquiat, Blek Le Rat e Banksy
O graffiti, embora tenha relações diretas com as artes visuais, nem sempre foi
aceito socialmente. Durante décadas, o graffiti foi considerado uma “arte menor”,
mas hoje está reconhecido como mais uma expressão artística e com forte presença
na produção contemporânea com artistas que são reconhecidos por serem artistas
urbanos, ou até mesmo artistas que são direta ou indiretamente influenciados pela
arte de rua.

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O graffiti teve a sua fase marginal, tal como aponta Gitahy:
Um dos aspectos mais interessantes e nevrálgicos encontrado nessa
linguagem é, sem dúvida, a questão da proibição, sempre presente, qual
sombra, sobre aqueles que ousam fazer graffiti. Ao observarmos essa
proibição, percebemos que ela está intimamente ligada ao conceito de
propriedade privada, ou seja, o que pensará o proprietário do espaço ao
ver sua propriedade graffitada (1999: 32)

A questão da aceitação dos proprietários ainda está muito conflituosa, no


entanto, hoje em dia há uma negociação entre os grafiteiros e os proprietários.
Inclusive, os artistas grafiteiros recebem encomendas, ou seja, são remunerados
para realizarem um trabalho planejado e com aprovação do proprietário da cons-
trução ou dos responsáveis pela manutenção do patrimônio público.

No entanto, na fase chamada marginal, o graffiti era realizado com o uso das
cores preto e branco para fazer incursões sobre a cidade, até mesmo pela rapidez
que era necessária para realização, dificultando o uso complexo de cores, o qual
também contribui para um graffiti de qualidade estética.

A história do graffiti como arte, ou seja, a transição e o diálogo entre as ruas


e as galerias começou com a exposição de graffiti que foi realizada na cidade de
Nova Iorque, no Artist’Space, em 1975, com apresentação de Peter Schejeldahl.
Porém, foi no ano de 1981, num dos mais importantes espaços de vanguarda de
Nova Iorque, o famoso PS1, que foi organizada por Diego Cortez a mostra New
York/New Wave.

Foi nos anos 80, que em Nova Iorque tivemos artistas urbanos como Keith
Haring e Jean-Michel Basquiat, grafiteiros dos metrôs da cidade, já inseridos no
mercado institucionalizado de arte, participando da Documenta de Kassel.

Keith Haring foi um jovem artista norte-americano que nasceu em 1958 na


Pensilvânia e faleceu em 1990, em decorrência do vírus HIV. Além de artista
gráfico, Haring era um ativista que discutia em suas obras temas relacionados à
AIDS, ao amor, ao erotismo e às questões dos relacionamentos homossexuais.
Após estudar design gráfico em Pittsburgh, mudou-se para Nova Iorque e se
inscreveu na School of Visual Arts, onde seria influenciado pela forte presença do
graffiti nas ruas da cidade.

Haring vivia em Times Square e, ao estar sempre em contato com as linhas de


metrô, descobriu que havia grandes painéis negros vazios. Seus primeiros trabalhos
no espaço público foram feitos com giz branco nas estações de metrô de Nova
Iorque. Sua marca gráfica consiste numa figura humana simples, um boneco de
cabeça redonda, muito próximo dos pictogramas que encontramos na sinalização
urbana. Ele criou padrões de repetição dessas figuras humanas e também de animais,
criando labirintos gráficos que se tornaram uma marca registrada, levando-o a ser
reconhecido não somente nos Estados Unidos, mas também na Europa e Japão.

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Figura 7 - Keith Haring desenhando em painéis do metro


Fonte: unionsurfboards.com

As primeiras exposições de Keith Haring foram realizadas no Club 57, nos anos
1980, um local que era frequentado pela elite vanguardista de Nova Iorque. Ele foi
considerado um dos principais, senão o mais próximo discípulo de Andy Warhol,
um dos artistas mais importantes da Pop Arte americana e um dos mais influentes
artistas de Nova Iorque nos anos 1970 e 1980. Haring e Warhol foram amigos
íntimos por mais de cinco anos e sempre discutiam as relações delicadas entre o
lado oficial e não oficial da arte, tal como as questões reflexivas sobre a hierarquia
entre arte, cultura e poder (GITAHY, 1999).

Keith Haring pintou o corpo da sua amiga cantora Grace Jones para o videoclipe da música
Explor

“I’m not perfect”. Para conhecer o resultado dessa parceria artística.


https://youtu.be/ztUbweJQvi8

Figura 8 - Frame do videoclipe de Grace Jones com grafismo de Keith Haring


Fonte: Adaptado de youtube.com

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Dentre seus trabalhos mais significantes no mundo institucionalizado da arte,
temos a participação de Keith Haring na Bienal de Paris do ano 1985 com a
produção de um corredor de graffiti e a pintura feita no Muro de Berlim feita em
1986 a convite de um museu da cidade de Berlim ocidental.

Figura 9 - Keith Haring, Muro de Berlim - Ocidental, 1985


Fonte: studyblue.com

Haring foi um artista que começou nas ruas e transitou muito bem nas instituições
artísticas. Se no início ele queria uma arte para todos com seus desenhos na rua,
o artista acabou se rendendo ao mercado de arte e abriu uma loja chamada Pop
Shop, no SoHo, East Side e depois também no Japão, onde vendia seus trabalhos
que eram estampados em camisetas, pôsteres, bótons e pequenas esculturas de
madeira. Não somente vendia esses produtos mais acessíveis, onde havia uma
clara referência e influência do Pop na seriação das obras, mas também recebia
encomendas de criação de painéis com mensagens educativas para a comunidade,
relacionadas ao combate às drogas, mensagens a favor do sexo seguro etc.

Figura 10 - Keith Haring, AIDS 85, 1985


Fonte: art.com

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UNIDADE Arte Urbana

O artista visitou o Brasil em vários momentos, dentre os quais participou em


1983 da Bienal de São Paulo. Trabalhou com vários artistas brasileiros como o
graffiteiro paulistano Rui Amaral, bem como Alex Vallauri e Maurício Villaça, os
quais serão apresentados nas próximas Unidades. Junto com seu amigo colega de
sala na época de estudante, Kenny Scharff, expôs trabalhos na Galeria Thomas
Cohn, no Rio de Janeiro.

Figura 11- Keith Haring, Houston Bowery Wall, 1982


Fonte:widewalls.ch

Haring foi sempre aberto sobre ser homossexual. Vítima do vírus HIV, o artista criou
a Keith Haring Foundation, instituição que cuidava das crianças vítimas da AIDS.

Figura 12 - Keith Haring, Heritage of Pride


Fonte: sacerdart.fr

Seu último trabalho foi uma obra pública, um mural intitulado Tuttomondo,
feito perto da igreja de Sant’Antonio Abate, na cidade italiana Pisa, com um
tema dedicado à paz universal, no ano de 1989. Em fevereiro do ano seguinte,
Haring viria a falecer com apenas 31 anos de idade, devido aos problemas de

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saúde relacionados à doença. No entanto, sua obra ainda está presente no mundo
artístico e também na publicidade e em produtos de design que sempre trazem seus
trabalhos estampados, atribuindo-lhes um valor estético e artístico.

Figura 13 - Keith Haring, Tuttomondo, 1989.


Fonte: ourtour.co.uk

Há duas publicações da editora Cosac Naify que trabalham a obra de Keith Haring. Voltado
Explor

para as crianças, o livro Ah, se a gente não precisasse dormir conta sobre a vida do artista
e traz como sua obra é vista por crianças de diferentes idades. Outra publicação é de autoria
e criação do próprio artista que fez para presentear a filha de um amigo. Intitulado O livro
da Nina para guardar pequenas coisas, este livro estimula a criatividade através de
atividades de leitura, desenho, costura etc.

Jean-Michel Basquiat nasceu no Brooklyn, em Nova Iorque em 22 de de-


zembro de 1960, filho de pai haitiano e de mãe porto-riquenha. Desde criança
teve contato com a língua crioula e da religião das massas haitianas por influência
do pai e também do espanhol afro-caribenho e admiração por obras de arte por
influência de sua mãe.
Em seu contexto local da infância, Basquiat cresceu em Boerum Hill, cerca-
do de pessoas que se expressavam e comunicavam com o uso do inglês padrão
quando estavam na frente de estranhos e com o inglês dos negros quando esta-
vam entre amigos.
Com três anos de idade, ele já desenhava figuras do cotidiano de forma carica-
tural, sempre com grande incentivo de sua mãe. Quando criança, ele já possuía
um cartão de “membro júnior” do Museu de Arte Moderna do Brooklyn, pois o
frequentava regularmente com sua mãe que lhe presenteou com um livro “Gray’s
Anatomy” quando ele sofreu um acidente de carro aos sete anos de idade, ficando
com um braço ferido. Com o fascínio pelas imagens desse livro de anatomia, Bas-
quiat teve grande estímulo para criar desenhos de figuras humanas, forte marca da
sua produção artística futura.

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UNIDADE Arte Urbana

Após a separação de seus pais, Basquiat teve momentos de rebeldia e fugia de


casa, quando chegou a morar nas ruas protegendo-se com caixotes de papelão
no Central Park. Em 1977 ele foi encaminhado para uma escola para crianças
dotadas. Dois anos depois, em 1979, ele formou uma banda musical com seus
amigos, conhecida como “Gray’s”, a qual teve grande sucesso por um tempo.

Após deixar o colégio com 17 anos, Basquiat começou a produzir obras,


iniciando seu trabalho como artista de rua. A sua marca era definida por frases
engraçadas e com crítica social nos muros juntamente com seus amigos conhecidos
como “artistas do grafitti”, jovens de classe média baixa que se reuniam para se
expressar nos metrôs e muros da cidade de Nova Iorque.

Juntamente com seu amigo Al Diaz, criou a assinatura SAMO (Same old shit),
e assinavam nas ruas movimentadas como os caminhos de Soho e do East Village,
associando-a com textos de publicidade pessoal e de crítica social.

Figura 14 - Jean-Michel Basquiat, Which of These Institutions Has…, 1982


Fonte: iamgraffiti.es

Foi no ano de 1978 que Basquiat deixou de frequentar o colégio, vivendo nas
ruas e vendendo seus trabalhos feitos em postais, com desenho e pintura, para se
sustentar. Inclusive Andy Warhol comprou seus postais quando estava em um café
e foi abordado por Basquiat.

Após a briga e rompimento da amizade com Al Diaz, resultando no fim da


assinatura SAMO, aparecia nas ruas a frase “SAMO is dead” (SAMO está morto).

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Figura 15 - SAMO is dead
Fonte: chuansong.me

Sua carreira artística iniciou efetivamente após o financiamento da empresa


“Colab” para a exposição no “The Times Square Show”. Posteriormente, um
dos grandes nomes dos meios culturais e artísticos da época, René Ricard, fez uma
crítica muito positiva aos trabalhos de Basquiat, dando uma grande colaboração
para o seu lançamento a nível mundial.

As suas exposições inauguravam e todos os seus quadros eram vendidos na pró-


pria abertura. No entanto, Basquiat queria ser reconhecido pelo meio institucional
da arte com um dos grandes artistas, tal como Schnabel e Warhol.

Dentre os artistas famosos com quem trabalhou, podemos citar os neoex-


pressionistas Julien Schnabel, David Salle e o pai da pop arte, Andy Warhol,
com quem fez muitos trabalhos em parceria, sendo muito próximos até a morte
de Warhol em 1987. Ainda houve rumores de que Basquiat tivesse um envolvi-
mento amoroso com a cantora pop, Madonna.

Neoexpressionismo: movimento artístico que surgiu no final de 1970 e dominou o mer-


Explor

cado da arte até meados dos anos 1980. Surgiu como proposta de reação á arte conceitual
e arte do minimalismo dos anos 1970, pois se voltou para retratar objetos reconhecíveis,
como o corpo humano (embora às vezes de uma forma abstrata), de uma maneira áspera e
violentamente emocional, utilizando na maioria dos casos cores vivas.

Numa combinação de desenho e pintura que mesclava imagens e textos de


diferentes idiomas que eram falados em Nova Iorque, somando ao contexto mu-
sical do jazz, ópera e blues, assim como as manifestações expressivas da cultura
afrodescendentes. Essas influências são claras na produção artística de Basquiat,
marcada pelos desenhos com figuras rudes combinados com frases manuscritas

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UNIDADE Arte Urbana

e fórmulas científicas. Suas composições variam entre um “caos visual” organi-


zado, seja com a grande quantidade de palavras e números ou com o impacto de
fundos multicoloridos.

Denominado por alguns como “primitivista”, seus desenhos apresentam carac-


terísticas visuais e formais que remetem aos grafismos infantis mesclados com as
estéticas das matrizes africanas. Seus trabalhos dialogam com o seu entorno, ou
seja, uma sociedade marcada pela divisão entre brancos e negros, onde os negros
sofrem a determinação de uma imagem negativa que resultava numa autoestima
muito baixa, devido a essa marcada pelo ideal branco de ego.

Primitivismo: termo que surge para definir certas tendências ou características da arte
Explor

vindas de diferentes nacionalidades, ainda sem conformidade como arte para a maioria
das pessoas, bem como para definir um tipo de arte não acadêmica, feita por artistas
autodidatas, com pouco ou nenhum conhecimento técnico ou teórico, que se caracteriza
por certa simplificação formal, no uso da perspectiva, por exemplo, e da temática
normalmente popular.

No entanto, Basquiat foi conhecido e reconhecido pela sua atitude e coragem de


enfrentar todo tipo de afrontamento que sofria da imprensa que, de alguma forma,
utilizava algumas palavras durante as entrevistas que fizessem referência a uma
depreciação irônica e maldosa sobre o fato de ele ser negro e também por utilizar
referências ditas “primitivas” em suas obras. Basquiat possuía uma coragem sem
limites, porém sofria muito com os momentos de racismo e preconceito.

Basquiat foi um artista que iniciou como um artista de rua, um grafiteiro (writer
– escritor) e passou a incorporar a estética do graffiti em trabalhos de pintura em
telas, em objetos que encontrava na rua como portas e janelas etc. Ele queria ser
um artista reconhecido, era compulsivo, pintava horas e horas. As técnicas por
ele utilizadas eram a pintura com tinta acrílica, carvão vegetal, grafite, tinta a óleo,
colagem, giz pastel, spray, giz de cera e canetas.

Figura 16 - Jean-Michel Basquiat, Slave Auction, 1982


Fonte: opencityprojects.com

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Ele não tinha medo de falhar, não tinha rédeas estéticas que poderiam fazer com
que ele se sentisse menosprezado ou um ridículo. Fez uma combinação das referencias
do expressionismo com grafites, cartuns, quadrinhos e outros estilos, criando uma
linguagem própria e incomparável. Interessava-se muito por arte, visitava os museus
e fundia informações sobre arte erudita com a arte de rua, rompendo os padrões até
então existentes no mundo da arte, buscando sempre ser fiel à sua identidade.

Figura 17 - Jean-Michel Basquiat, Asbestos, 1981-2


Fonte en.amorosart.com

Basquiat ganhou muito dinheiro, mas não sabia administrá-lo, guardava em casa,
debaixo de colchões, no meio de livros. Ele vivia rodeado de amigos que se interessa-
vam pelos benefícios materiais de estar junto com ele, sempre com boa comida e be-
bida. Porém, as pessoas também estavam envolvidas com drogas, fazendo com que
Basquiat encontrasse na heroína uma forma de lidar com tanta pressão da imprensa
e dos que encomendavam suas obras com algumas exigências visuais, como escolher
uma cor de fundo para combinar com o sofá da residência. Foi em 1984 que a sua
dependência pela heroína passa ser evidente, tornando-se uma preocupação para os
que eram mais próximos.

Figura 18 - Jean-Michel Basquiat e Figura 19 - Jean-Michel Basquiat, Enob, 1985


Fonte: buongiornosuedtirol.it
Andy Warhol, Untitled, 1984
Fonte: worthpoint.com

Em 1985, Basquiat foi entrevistado pela revista The New York Times Magazine,
quando declarou que ele fugia dos padrões estigmatizados, “creolizantes” da arte
africana tão difundida pelo expressionismo das máscaras e dos crânios africanizados.

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UNIDADE Arte Urbana

Ele vai para o sentido oposto, busca colocar o negro como protagonista muito
presente em grande parte das suas pinturas, pois afirmou que não havia visto mui-
tos quadros com pessoas negras em suas visitas aos museus. Com essa entrevista,
Basquiat passou a ser um artista internacional.

De acordo com Marlúcia Mendes da Rocha,


Em muitas de suas obras, Basquiat registrou seu pensamento como
uma leitura cínica e jocosa da tecnologia, colocando um crânio para
parar o relógio e nos fazer olhar em volta com o objetivo de rediscutir
e redimensionar o nosso olhar no mundo. O linguajar do corpo e o de
um acontecimento eletrônico, juntos, sugere uma sintaxe sincera, pós-
moderna, da qual os representantes, negros ou de qualquer outra raça,
estarão livres (2002: 39).

Figura 20 - Jean-Michel Basquiat, She Installs Confidence (detalhe), 1988


Fonte: losbuffo.com

Após a morte de seu amigo Andy Warhol, em 1987, Basquiat passou a ficar
mais isolado e iniciou uma fase de declínio artístico devido a não aceitação das
obras que fizeram juntos. Inclusive, uma de suas últimas obras, como Riding With
Death (1988), já revelam como a morte de Warhol o abalou, refletindo em sua
produção artística e na sua vida pessoal.

No ano seguinte, em 1988, Basquiat passou a consumir heroína de forma mais


intensa, causando sua morte por overdose no estúdio em que trabalhava.

Brutalidade, incoerência e expressões assustadoras marcam os trabalhos de


Basquiat, que fazia referências e interligações com mensagens sugestivas e críticas
a opostos como riqueza e pobreza. Suas obras são o resultado da combinação de
texto e imagem, de desenho e pintura, de poesia e graffiti, de figuração e abstração,
de dados históricos com a crítica contemporânea ao racismo, ao colonialismo e às
classes inferiores da sociedade norte-americana. Basquiat é considerado o primeiro
artista plástico negro reconhecido e famoso da história e suas obras são até hoje
fonte de inspiração para muitos artistas contemporâneos, é uma referência de
artista que começou com os graffitis nas ruas e metrôs de Nova Iorque e seguiu
para a circulação entre as maiores galerias e museus de todo o mundo.

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Você Sabia? Importante!

Lançado em 1996, o filme biográfico intitulado Basquiat foi dirigido por Julian Schnabel,
pintor neoexpressionista que trabalhou junto com Basquiat. O filme foi escrito por
Schnabel e Thomas Michael Holman. Jean-Michel Basquiat foi interpretado por Jeffrey
Wright e Andy Warhol foi interpretado pelo cantor David Bowie.

Saindo do contexto americano, passemos para o contexto europeu, no qual


citaremos os artistas Blek Le Rat e Banksy, dois grandes nomes da arte urbana e
do graffiti.

Blek Le Rat é, historicamente, o artista mais famoso na França quando falamos


em arte urbana. Seu verdadeiro nome é Xavier Prou, nascido em Paris em 1951,
filho de pai francês com descendência judia e de mãe chinesa. Em sua infância,
durante viagens com o pai, ele já teve contato com propagandas e pôsteres que
havia nas ruas da Itália, os quais faziam publicidade da campanha de Mussolini e
da sua ditadura com técnica de stencil. Nos anos 1971, época em que a França
se recuperava dos danos causados pela Segunda Guerra Mundial, com 20 anos,
Xavier Prou viajou para Nova Iorque, lugar onde adquiriu conhecimento sobre o
que chamamos hoje de graffiti. Após seu retorno à França, ele estudou arquitetura
por 10 anos em Paris. Novamente em visita a Nova Iorque, no ano de 1981, ele
se depara com uma cidade totalmente diferente, cheia de paredes e de metrôs com
intervenções feitas por grafiteiros. Nessa junção do conhecimento da arquitetura e
do impacto visual da cidade americana, ele cria seu pseudônimo (tag) Blek Le Rat
e inicia seus trabalhos com stencil pela cidade de Paris. As primeiras intervenções
foram feitas com a imagem de um rato e depois passou para imagens mais
elaboradas como anjos caídos que criticavam a sociedade, até seu próprio retrato.

Figura 21 - Blek Le Rat, Figura 22- Blek Le Rat, Sheep – Subliminal Figura 23- Ble Le Rat, O icônico stencil
Ballerina, s/data Projects Gallery, s/data do Rato, s/data
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons

O britânico Banksy é um dos artistas mais famosos da arte urbana e do graffiti.


Nascido em Bristol, na Inglaterra, este artista se mantém escondido, não revela sua
verdadeira identidade. Começou sua carreira por volta dos 14 anos, fase em que
revelou comportamentos indevidos como pequenos roubos que o levaram a ser

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UNIDADE Arte Urbana

preso e também foi expulso da primeira escola que frequentou. Poucas pessoas
sabem a verdadeira identidade de Banksy, até mesmo sua família não sabe que é
ele o autor dos trabalhos, pois pensam que ele é decorador e pintor.

No documentário Graffiti Wars, dirigido por Jane Preston, podemos conhecer


a história de Blek Le Rat, de King Robbo e de Banksy através da rivalidade entre
ambos. A história do surgimento de Banksy começa no ano 2009 com uma
intervenção sobre um graffiti de King Robbo, um dos maiores graffiteiros britânicos
dos anos 80 e 90. Esse ato é considerado pela comunidade dos graffiteiros como
uma ofensa, como algo proibido, ou seja, não se deve apagar ou alterar um
graffiti feito por outra pessoa. Com isso, começaram uma série de intervenções
de ambos graffiteiros sobre a mesma parede que foi alterada, criando uma situação
de confronto entre ambos, dividindo inclusive as pessoas em dois “times”, numa
grande rivalidade, finalizando com a morte de King Robbo.

Para conhecer mais sobre a história de Banksy, Robbo e Blek Le Rat, assista ao documentário
Explor

Graffiti Wars (2011), dirigido por Jane Preston.


https://youtu.be/bPanruXr_bg

Muitos dos trabalhos de Banksy fazem referência direta aos trabalhos de Blek
Le Rat, o que gerou também um mal estar entre ambos graffiteiros, pois o francês
acusou Banksy de plágio e imitação. No entanto, o próprio Banksy afirmou, com
humildade, que o seu antecessor é Blek le Rat, dizendo “Sempre que penso que
pintei algo original, descubro que o Blek Le Rat o fez também, mas vinte anos mais
cedo” (apud EDLIN,p,38)

Figura 24 - Comparação de stencil de Blek Le Rat e Banksy


Fonte: theodysseyonline.com

30
Essa história deixou manchada a imagem de Banksy na comunidade dos
graffiteiros, porém seu sucesso mundial não teve nenhum problema em deslanchar.

Apesar de não ter o hábito de aparecer em público, ele é venerado por muitas
pessoas e artistas no mundo todo. Seu trabalho possui um tom provocativo,
esteticamente sedutor, pois usa a técnica do stencil para realizar suas intervenções
na cidade, as quais sempre geram grandes repercussões. Assim como os demais
artistas urbanos que vimos até o momento, Banksy também usa os muros da rua
para transmitir mensagens sociais, demonstrando sua posição que é nitidamente
crítica sobre os conceitos de autoridade e poder.

Figura 25 - Banksy, Rage, Flower Thrower, 2003


Fonte: velvet.hu

Sua fama e reconhecimento foram reafirmados quando em 2010 a revista ame-


ricana Time colocou Banksy como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Não se sabe ao certo a sua data de nascimento, mas através de um vídeo publicado
no site do artista em 2014, podemos concluir que ele tenha cerca de 40 anos. Na
cidade em que nasceu, Bristol, nos anos 1980, havia vários conjuntos habitacionais
no distrito de Barton Hill, conhecido pela má reputação por ser habitado por pessoas
de classe baixa, onde proliferava o tráfico e a criminalidade. É nesse distrito que co-
meçam as primeiras paredes grafitadas legalmente no Barton Hill Youth Club, onde
se tornou a Meca dos grafiteiros nos anos 1980. Foi nesse contexto que Banksy se
insere, uma cena underground na sua juventude nos anos 1990.

A primeira obra famosa de Banksy foi realizada em 1997, intitulada The Mild
Mild West está no muro até hoje.

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UNIDADE Arte Urbana

Figura 26 - Banksy, The Mild Mild West, 1997


Fonte: hiveminer.com

No início ele começou com o uso de adesivos (sticker art) e com stencil, técnica
que lhe garantia rapidez. No seu livro Wall and Piece (2005), Banksy afirma que
não tinha agilidade para grafitar à mão livre, optando por utilizar a técnica do stencil
que permitia a velocidade de impressão do trabalho nas paredes e a fuga da polícia.

Seus trabalhos revelam um “olhar agudo ao mundo que nos cerca”


(ELLSWORTH-JONES, 2013: 3), pois em suas intervenções ele faz críticas
políticas, sociais e principalmente à guerra. Suas críticas são carregadas de humor
sombrio e resultam da combinação de arte, de comentário social, de comicidade e
revelam que ele também é um ótimo cartunista. É conhecido como um “artista de
guerrilha”, justamente pelos temas que aborda e por realizar ações explícitas em
locais específicos e politicamente visados como o muro que separa a Cisjordânia de
Israel, local que Banksy pintou painéis irônicos. Outra obra polêmica foi a pintura
de um boneco inflável vestido de prisioneiro do Guantánamo no parque da Disney
em Orlando, fazendo referência aos mexicanos que tentam entrar ilegalmente nos
Estados Unidos, tornando-o muito conhecido.

Banksy passou de um artista que corria da polícia para alguém que hoje tem suas
intervenções nos muros protegidas pela própria polícia e que vende suas peças para
artistas famosos como Brad Pitt, Christina Aguilera, entre outros. Em sua cidade,
Bristol, suas obras são consideradas patrimônio do município, portanto, todos são
obrigados a preservá-las. Suas obras passaram a ter grande valor comercial, tanto
que algumas das bancas de jornal que tinham suas pinturas foram roubadas.

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Figura 27 - Banksy, Slave Labour, 2012
Fonte: Wikimedia Commons

Figura 28 - Banksy, Sweeping it under the carpet, 2005


Fonte: Wikimedia Commons

Banksy começou com o stencil graffiti, com os adesivos e passou para as telas
e também para instalações artísticas, dialogando mais diretamente com o cenário
artístico internacional validado pelas instituições culturais e artísticas.

Outros trabalhos famosos e ações polêmicas do artista são a adulteração de


quinhentos CDs originais com músicas de Paris Hilton substituídos por cópias
adulteradas e a inserção do retrato da princesa Diana em notas falsas de dez libras
que estavam em circulação.

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UNIDADE Arte Urbana

Esse artista também realiza trabalhos de forma ilegal como a infiltração em


museus, onde coloca alguns de seus quadros para serem expostos de forma
clandestina. Ele conseguiu, dentre outras obras, colocar um quadro seu que retratava
uma lata de sopa na parede do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o qual
permaneceu sem ser notado durante três dias. Em entrevista, Banksy afirmou: “Foi
a minha irmã quem me inspirou a fazer isto. Um dia ela estava jogando fora pilhas
dos meus trabalhos e eu perguntei-lhe por que. Ela respondeu: ‘Ora, até parece
que um dia eles vão ser pendurados no Louvre!’. Para que esperar até eu estar
morto?” (ELLSWORTH-JONES, 2013)

Ao longo dessa unidade, pudemos ver que com todos esses artistas citados,
e principalmente com Banksy, o graffiti e a arte urbana passou a ter uma nova
visão e aceitação pela sociedade. Com origem no movimento Hip-Hop nas culturas
dos guetos das periferias norte-americanas e europeias, em populações menos
favorecidas e oprimidas pela sociedade, essa arte ganhou espaço não somente nas
cidades, mas também nas galerias e museus.

Os aspectos críticos da sociedade e as reflexões que esses artistas urbanos,


grafiteiros, pichadores ou com qualquer outra denominação possível, passaram
a ter seu espaço nas sociedades mais abertas à liberdade de expressão. Esse
caráter ativista do graffiti contemporâneo muda o antigo conceito associado a
uma arte marginalizada.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Jean-Michel Basquiat
https://goo.gl/474Ixi
Jean-Michel Basquiat Biography
https://goo.gl/k3ayz3
Basquiat
https://goo.gl/ECYfqW

Livros
Graffiti 365
EDLIN, Jay, Graffiti 365, Nova Iorque, Abrams (October 1, 2011)

O Mundo do Grafite
GANZ, Nicholas. O mundo do grafite. Arte urbana dos cinco continentes. Tradução de
Rogério Bettoni. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

Banksy: The Man Behind the Wall


ELLSWORTH-JONES, , Will. Banksy: The Man Behind the Wall , St. Martin’s Press; Reissue
edition (February 12, 2013)

Vídeos
A Relação de Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat | Philos TV –
https://youtu.be/nkMWow08a60

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UNIDADE Arte Urbana

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Leitura
Banksy: Do Muro às Galerias.
TEIXEIRA, A. M. B. Banksy: do muro às galerias. A carreira de um artista na sociedade do
espetáculo e a comercialização da arte do graffiti (1970-2014). Monografia de Graduação –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
https://goo.gl/Rwfamg
Jean-Michel Basquiat
ROCHA, M. M. da. Jean-Michel Basquiat. IN : Revista KÀWÉ 2/2001
https://goo.gl/lnQUrJ
A Trajetória do Graffiti Mundial
SILVA-E-SILVA, William. A Trajetória Do Graffiti Mundial. In: Revista Ohun, ano 4, n. 4,
p.212-231, dez 2008.
https://goo.gl/7Rj0Hw
A Diversidade do Graffiti Urbano
SILVA-E-SILVA, William. A diversidade do graffiti urbano. In: III Encontro Nacional de
Estudos da Imagem 03 a 06 de maio de 2011 - Londrina – PR.
https://goo.gl/hE2QLZ
Graffiti: Entre o Passado e o Presente.
OLIVEIRA, K. A. M. de. Graffiti: entre o passado e o presente. In: VI Simpósio sobre
Formação de Professores – anais eletrônicos, 2014.
https://goo.gl/InLGDL
Uma Guerra com Spray
QUIROGA, Joana. Uma Guerra com Spray. In: Jornal A Gazeta, Vitória – ES, 24 de
novembro de 2012.
https://goo.gl/n2Ft0cw

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Referências
ARCHER, M. Arte Contemporânea - uma História Concisa. São Paulo: Martins
Fontes, 2005.

FARTHING, S. Tudo sobre Arte. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2010.

LUCIE-SMITH, E.  Os Movimentos Artísticos a partir de 1945.  São Paulo:


Martins Fontes, 2006.

BENKE, Street Art: técnicas e materiais para arte urbana. São Paulo: Gustavo
Gili, 2015.

DUARTE, P. S. ARTE Brsileira Contemporânea: Um Prelúdio. Rio de Janeiro:


Silva Roesler Edições, 2008.

GITAHY, Celso. O que é grafite. São Paulo: Brasiliense, 1999.

RUHRBERG, K; HONNEF, F. ARTE do século XX, v. 2. China: Taschen, 2010.

STANGOS, N. Conceitos da Arte Moderna: Com 123 Ilustrações. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar Editor, 2000.

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Você também pode gostar