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Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
Arte Urbana
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer e compreender os aspectos conceituais das obras de arte
urbana, especificamente do graffiti;
· Abordar sobre a origem das obras de intervenções artísticas
urbanas por meio do graffiti na história da arte e como foram seus
desdobramentos nas décadas iniciais do século XXI;
· Compreender como se dá as relações e oposições entre graffiti e
pichação e quais são os nomes emblemáticos desta linguagem
artística urbana internacional;
· Valorizar a arte urbana como construção de conhecimento e cultura.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Arte Urbana
Contextualização
Essa unidade de estudo é importante para lhe apresentar aspectos históricos
e conceituais da arte urbana que permitirão reflexões acerca das cidades em que
vivemos ou visitamos. Quando falamos em graffiti, temos um tema delicado, pois
muitas pessoas ainda o veem como vandalismo e associam a uma arte marginal.
Para iniciarmos nossos estudos, propomos a leitura do texto Graffiti e Pichação
– que comunicação é esta? produzido pelas autoras Dayse Martins da Cruz e
Maria Tereza Costa e publicado na Revista Linhas, de Florianópolis. Com esse
texto, poderemos compreender o grafite e a pichação como elementos que fazem
parte da rotina visual dos habitantes das grandes cidades, onde muros, paredes
e outros espaços públicos e privados são testemunhos do registro de diferentes
formas de expressão e inscrições urbanas. Uma contribuição desse texto é o fato de
ter realizado um estudo de caso voltado para o contexto escolar, onde analisaram
os ambientes internos de uma unidade escolar da rede de ensino da Prefeitura
Municipal de São José/SC, onde se constatou um número bastante elevado de
pichações, evidenciando atos de transgressão através do mau uso da escrita, como
elemento de comunicação e de desenvolvimento humano no processo de ensino-
aprendizagem dentro da Escola.
O importante nesse início de unidade é você verificar como que há uma infinidade
de possibilidades de relações entre a arte e o espaço urbano, onde os artistas
utilizam diferentes técnicas, materiais e suportes para realizar suas intervenções,
transformando a percepção do local, gerando inquietações, reflexões e críticas
sociais, ambientais, políticas e estéticas através do graffiti. Por se tratar de uma
linguagem de contato direto dos jovens, torna-se fundamental uma leitura crítica
para que sejam desenvolvidas futuras reflexões em conjunto com os futuros alunos
num contexto pedagógico da arte.
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Introdução
Nesta unidade, vamos conhecer um pouco mais sobre as manifestações visuais
que certamente podem nos cercar diariamente pelos caminhos por onde andamos:
os graffitis e pichações. Vamos compreender as origens dessas manifestações ao
longo da história do homem e a sua incorporação na produção artística. Veremos
como que o seu surgimento nas comunidades e guetos que possuíam dificuldades
financeiras, que sofriam preconceitos raciais e desfavorecimento social irá, aos
poucos, se transformando de uma demarcação de território à uma crítica sobre os
vários problemas que recriminam essas pessoas. A arte urbana expressa pelo graffiti
nos leva a refletir sobre o mundo em que vivemos, sobre as relações humanas e os
problemas sociais e ambientais que o homem gera. A arte urbana vai para além
do vandalismo, da depreciação ou do adorno dos monumentos e locais da cidade,
mas ela critica, questiona, reflete e provoca nossos sentidos e sensações sobre
diferentes aspectos da complexidade humana.
Graffiti: origem na palavra em italiano sgraffito – que significa rabisco, ranhura, inscrição ou
Explor
desenhos de épocas antigas, toscamente riscados a ponta ou a carvão em rochas, paredes etc.
A palavra graffiti é a versão para a língua portuguesa da palavra graffiti, plural de sgraffito.
Vamos adotar a palavra na versão – graffiti – para a técnica, e utilizada no plural – graffitis
– para referir-se aos desenhos. No entanto, há uma variedade de versões da palavra em
diferentes línguas, regiões e culturas.
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De certa forma, de acordo com esses conceitos, é possível que todos nós
tenhamos pichado uma vez na vida. Ainda de acordo com esse autor, a pichação
existe desde a Antiguidade, pois as paredes das cidades antigas eram tão pichadas
quanto às de hoje, ou ainda mais. Para ele,
havia de tudo nessas pichações. A julgar pelas paredes de Pompeia,
cidade vitimada pela erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto de 79
d.C., e por isso preservada, predominam xingamentos, cartazes eleitorais,
anúncios, poesias, praticamente tudo se escrevia nas paredes. Já na
Idade Média, época em que a Inquisição perseguia e castigava as bruxas,
cobrindo-as com uma substância betuminosa chamada piche, os padres
pichavam as paredes dos conventos de outras ordens que não lhes eram
simpáticas (1999: 20).
Surgida como forma de protesto político, tal como podemos citar a revolta dos
estudantes em Paris, no ano 1968, a pichação perdeu seu caráter exclusivo político
e passou a ser uma expressão individual do pichador que agora escrevia seu nome
nos muros, fazia declarações de amor ou piadas.
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Figura 1 - Parede cheia de pequenas inscrições associadas à pichação
Fonte:Wikimedia Commons
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Para conhecer mais sobre os aspectos históricos do graffiti e, especialmente, sobre a história
das pichações no Muro de Berlim, indicamos a leitura do texto Graffiti: Entre o Passado e
o Presente, de autoria de Katiusca Angélica Micaela de Oliveira, que se propõe observar,
analisar, entender a importância da imagem e sua ressurgência, com intermitentes
aparecimentos e desaparecimentos, através da apreciação da ressignificação do graffiti,
entre o passado e o presente.
https://goo.gl/pDlUCN
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Origem e Desdobramentos
Para refletirmos sobre as origens históricas do graffiti, podemos iniciar com
a frase de Maurício Villaça, um dos precursores da arte do graffiti no Brasil,
que diz “Desde a pré-história, o homem come, fala, dança e graffita” (apud
GITAHY, 1999: 11).
Figura 3 - Pintura Pré-histórica, Mãos, Cova das Mãos, Santa Cruz, Argentina
Fonte: Miguel Luiz Ambrizzi, 2014
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UNIDADE Arte Urbana
O ato de grafitar também tem suas origens na história pessoal de cada um. Se
tomarmos a ideia de graffiti como a ação de desenhar sobre uma superfície na
arquitetura ou no ambiente, nos recordamos de que crianças têm o costume fazer
desenhos nas paredes das casas, em bancos da praça, nas portas dos banheiros
da escola etc. De acordo com Gitahy, “também o grafitar que se difunde de forma
intensa nos centros urbanos significa riscar, documentar, de forma consciente ou
não, fatos e situações ao longo do tempo. Diz respeito a uma necessidade humana,
como dançar, falar, dormir, comer etc.” (1999: 13).
Portanto, se refere a uma necessidade básica e, por isso, a arte urbana surge num
contexto de democratização da arte e da liberdade de expressão, rompendo com os
limites espaciais e ideológicos, se inserindo de forma arbitrária e descomprometida.
As pinturas eram realizadas com a têmpera pintada sobre gesso úmido e estarão
presentes desde a Idade Média e atingirá seu ápice com a utilização de artifícios
de perspectiva nas cúpulas das igrejas e palácios até o período do Renascimento,
Barroco e Neoclassicismo, no século XVIII. Muitas representações dos tetos das
igrejas católicas trabalham a ilusão do teto estar aberto e que os fieis tenham
uma visão do céu com anjos e santos adentrando a igreja. Veremos que há uma
série de artistas urbanos que trabalham com a técnica de ilusão em pinturas nos
grandes centros.
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A pintura mural no século XX irá assumir um contexto político mais acentuado.
No México, os muralistas Diego Rivera, José Clemente Orozco e David Alfaro
Siqueiros foram os nomes mais importantes, pois eles foram convidados por José
Vasconcelos, um intelectual revolucionário que assumiu o poder após uma série de
golpes de Estado. Foi em 1905 quando o pintor Bernardo Carnada publicou um
manifesto que defendia a necessidade de uma arte pública, estimulando a produção
artística engajada. Em 1920, David Alfaro Siqueiros, em Barcelona, irá fazer um
apelo aos artistas da América a promover uma arte que tivesse a capacidade de
falar às multidões: “Pintaremos os muros das ruas e das paredes dos edifícios
públicos, dos sindicatos, de todos os cantos onde se reúne gente que trabalha”
(apud GITAHY, 1999: 15).
No contexto brasileiro, temos nomes como Candido Portinari que, nos anos
1930 e 1940 realizou vários projetos de pintura mural, bem como Di Cavalcanti
que, nos anos 1950 realizou a pintura de vários murais com temas da história e
da arte brasileiras, dentre eles a fachada do Teatro de Cultura Artística na região
central de São Paulo com cerca de 15 metros de comprimento.
Para conhecer mais sobre o muralismo mexicano e brasileiro através dos artistas Diego
Explor
Rivera e Cândido Portinari, indicamos a leitura de uma monografia final de curso na Uni-
versidade Nacional de Brasília, com autoria de Adelson Matias Souza. Neste texto, o autor
propõe o aprofundamento sobre a função de crítica social que a arte exerce, podendo
converter-se em um instrumento de questionamento e transformação social a partir da
educação. Seu principal objetivo é analisar a arte muralista desses dois artistas moderni-
stas que marcaram para sempre a história das artes pelo viés da teoria e história da arte,
da visão marxista e da pedagogia sociocrítica, com destaque para uma visão histórica das
transformações políticas ocorridas na América Latina do século XX.
https://goo.gl/pzUqRd
Historicamente, a arte urbana feita com o graffiti foi documentada em 1904 com
o lançamento de uma revista que foi a primeira a abordar o graffiti de banheiro, a
Anthropophyteia. De acordo com Nicholas Ganz:
Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas usaram inscrições em
muros como meio de propaganda para provocar o ódio contra os judeus
e os dissidentes. Contudo, o graffiti também foi importante para os mo-
vimentos de resistência, como forma de disseminar seus protestos entre o
grande público. Um exemplo é o “Rosa Branca”, grupo de inconformistas
alemães que se manifestavam contra Hitler e seu regime, em 1942, por
meio de folhetos e slogans pintados, até serem capturados, em 1943
(GANZ, 2008: 8)
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O graffiti surge com o desejo desses jovens de estar por toda a parte da
cidade, como uma espécie de demarcação do local, usando seus verdadeiros
nomes ou apelidos inicialmente e seguidos de seus pseudônimos. Esses graffiteiros
influenciaram o nascimento do estilo americano de graffiti que se espalhou pelo
mundo, cativando jovens que buscaram suas formas individuais de dar destaques às
suas assinaturas e, posteriormente, às suas obras.
As assinaturas (tags) passaram a ser cada vez maiores e apareceram nos trens
de Nova Iorque, com artistas que buscaram o reconhecimento pela quantidade de
trens assinados e pela qualidade gráfica das suas assinaturas. Os americanos mais
famosos neste estilo foram Seen, Lee, Dondi, Stayhig 149, Blade e Iz the Wiz, por
terem a maior quantidade e qualidade de obras nos trens.
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Figura 6 - Iz The Wiz, Graffiti, sem data.
Fonte: Wikimedia Commons
O interesse em grafitar os trens se dava pelo fato de serem vistos por milhões
de pessoas a cidade. Tal interesse chegou ao fato de que nos anos 1980 não havia
nenhum trem na cidade de Nova Iorque que não estivesse grafitado ou ao menos
uma vez tivesse sido grafitado (GANZ, 2008).
Porém, esse cenário iria reverter-se nos anos 1986, quando as autoridades
da cidade de Nova Iorque construíram grades ao redor dos pátios ferroviários
para impedir o acesso às áreas em que os trens ficavam estacionados durante
a noite e também limpavam regularmente os trens, apagando todo o trabalho
dos artistas graffiteiros.
Será com o Movimento Hip-Hop que a cena do graffiti irá se fortalecer nos anos
1960 e 1970, por grupos formados nos bairros do Brooklin e Bronx em Nova
Iorque, por jovens africanos e jamaicanos. Esse movimento também aconteceu em
Paris e na Europa, baseando-se no modelo americano. O movimento unia beat-
box, dança, rap e graffiti, quatro pilares importantes na afirmação, entretenimento
e proteção desses bairros das grandes metrópoles:
» a dança era uma forma de manifestação cultural entre grupos, como uma
arma de proteção, pois eles faziam batalhas de dança ao invés de se agre-
direm fisicamente.
Houve, portanto, uma forte influência na cultura das gangues que encontraram
no Movimento Hip-Hop uma nova forma de canalizar a violência em que estavam
submersas, com isso, passaram a frequentar as festas, competindo com passos de
dança, ao invés de lutarem e brigarem com armas.
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ritmos que influenciaram o funk carioca na década de 90. Ele foi um dos criadores
do movimento Zulu Nation, o idealizador da junção dos elementos, criador do
termo hip-hop e por anos foi conhecido como o master of records (mestre dos
discos), pela sua vasta coleção de discos vinil.
Mais tarde ele próprio introduziu este movimento em França por volta do início
dos anos 1980, que foi muito bem recebido nos subúrbios de Paris, visto que a
maior parte dos emigrantes africanos vivia na periferia da cidade. Sobre a influência
do hip-hop americano na Europa e demais continentes, Nicholas Ganz ressalta:
A maioria do graffiti na Europa baseava-se no modelo americano, que
continua sendo o mais popular até hoje. Com o hip-hop, o graffiti foi
introduzido em quase todos os países ocidentais e também nos países
orientais influenciados pelo Ocidente, alcançando em seguida lugares ainda
mais distantes. Embora só mais tarde tenha chegado à Ásia e à América
do Sul, hoje a cultura do graffiti nesses lugares cresce a uma velocidade
surpreendente, tendo já alcançado um alto padrão, principalmente na
América do Sul (GANZ, 2008: 9).
Beat-Box: forma de percussão vocal na produção de “beats”, ritmos e sons musicais usando
Explor
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O graffiti teve a sua fase marginal, tal como aponta Gitahy:
Um dos aspectos mais interessantes e nevrálgicos encontrado nessa
linguagem é, sem dúvida, a questão da proibição, sempre presente, qual
sombra, sobre aqueles que ousam fazer graffiti. Ao observarmos essa
proibição, percebemos que ela está intimamente ligada ao conceito de
propriedade privada, ou seja, o que pensará o proprietário do espaço ao
ver sua propriedade graffitada (1999: 32)
No entanto, na fase chamada marginal, o graffiti era realizado com o uso das
cores preto e branco para fazer incursões sobre a cidade, até mesmo pela rapidez
que era necessária para realização, dificultando o uso complexo de cores, o qual
também contribui para um graffiti de qualidade estética.
Foi nos anos 80, que em Nova Iorque tivemos artistas urbanos como Keith
Haring e Jean-Michel Basquiat, grafiteiros dos metrôs da cidade, já inseridos no
mercado institucionalizado de arte, participando da Documenta de Kassel.
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As primeiras exposições de Keith Haring foram realizadas no Club 57, nos anos
1980, um local que era frequentado pela elite vanguardista de Nova Iorque. Ele foi
considerado um dos principais, senão o mais próximo discípulo de Andy Warhol,
um dos artistas mais importantes da Pop Arte americana e um dos mais influentes
artistas de Nova Iorque nos anos 1970 e 1980. Haring e Warhol foram amigos
íntimos por mais de cinco anos e sempre discutiam as relações delicadas entre o
lado oficial e não oficial da arte, tal como as questões reflexivas sobre a hierarquia
entre arte, cultura e poder (GITAHY, 1999).
Keith Haring pintou o corpo da sua amiga cantora Grace Jones para o videoclipe da música
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Dentre seus trabalhos mais significantes no mundo institucionalizado da arte,
temos a participação de Keith Haring na Bienal de Paris do ano 1985 com a
produção de um corredor de graffiti e a pintura feita no Muro de Berlim feita em
1986 a convite de um museu da cidade de Berlim ocidental.
Haring foi um artista que começou nas ruas e transitou muito bem nas instituições
artísticas. Se no início ele queria uma arte para todos com seus desenhos na rua,
o artista acabou se rendendo ao mercado de arte e abriu uma loja chamada Pop
Shop, no SoHo, East Side e depois também no Japão, onde vendia seus trabalhos
que eram estampados em camisetas, pôsteres, bótons e pequenas esculturas de
madeira. Não somente vendia esses produtos mais acessíveis, onde havia uma
clara referência e influência do Pop na seriação das obras, mas também recebia
encomendas de criação de painéis com mensagens educativas para a comunidade,
relacionadas ao combate às drogas, mensagens a favor do sexo seguro etc.
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Haring foi sempre aberto sobre ser homossexual. Vítima do vírus HIV, o artista criou
a Keith Haring Foundation, instituição que cuidava das crianças vítimas da AIDS.
Seu último trabalho foi uma obra pública, um mural intitulado Tuttomondo,
feito perto da igreja de Sant’Antonio Abate, na cidade italiana Pisa, com um
tema dedicado à paz universal, no ano de 1989. Em fevereiro do ano seguinte,
Haring viria a falecer com apenas 31 anos de idade, devido aos problemas de
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saúde relacionados à doença. No entanto, sua obra ainda está presente no mundo
artístico e também na publicidade e em produtos de design que sempre trazem seus
trabalhos estampados, atribuindo-lhes um valor estético e artístico.
Há duas publicações da editora Cosac Naify que trabalham a obra de Keith Haring. Voltado
Explor
para as crianças, o livro Ah, se a gente não precisasse dormir conta sobre a vida do artista
e traz como sua obra é vista por crianças de diferentes idades. Outra publicação é de autoria
e criação do próprio artista que fez para presentear a filha de um amigo. Intitulado O livro
da Nina para guardar pequenas coisas, este livro estimula a criatividade através de
atividades de leitura, desenho, costura etc.
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Juntamente com seu amigo Al Diaz, criou a assinatura SAMO (Same old shit),
e assinavam nas ruas movimentadas como os caminhos de Soho e do East Village,
associando-a com textos de publicidade pessoal e de crítica social.
Foi no ano de 1978 que Basquiat deixou de frequentar o colégio, vivendo nas
ruas e vendendo seus trabalhos feitos em postais, com desenho e pintura, para se
sustentar. Inclusive Andy Warhol comprou seus postais quando estava em um café
e foi abordado por Basquiat.
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Figura 15 - SAMO is dead
Fonte: chuansong.me
cado da arte até meados dos anos 1980. Surgiu como proposta de reação á arte conceitual
e arte do minimalismo dos anos 1970, pois se voltou para retratar objetos reconhecíveis,
como o corpo humano (embora às vezes de uma forma abstrata), de uma maneira áspera e
violentamente emocional, utilizando na maioria dos casos cores vivas.
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Primitivismo: termo que surge para definir certas tendências ou características da arte
Explor
vindas de diferentes nacionalidades, ainda sem conformidade como arte para a maioria
das pessoas, bem como para definir um tipo de arte não acadêmica, feita por artistas
autodidatas, com pouco ou nenhum conhecimento técnico ou teórico, que se caracteriza
por certa simplificação formal, no uso da perspectiva, por exemplo, e da temática
normalmente popular.
Basquiat foi um artista que iniciou como um artista de rua, um grafiteiro (writer
– escritor) e passou a incorporar a estética do graffiti em trabalhos de pintura em
telas, em objetos que encontrava na rua como portas e janelas etc. Ele queria ser
um artista reconhecido, era compulsivo, pintava horas e horas. As técnicas por
ele utilizadas eram a pintura com tinta acrílica, carvão vegetal, grafite, tinta a óleo,
colagem, giz pastel, spray, giz de cera e canetas.
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Ele não tinha medo de falhar, não tinha rédeas estéticas que poderiam fazer com
que ele se sentisse menosprezado ou um ridículo. Fez uma combinação das referencias
do expressionismo com grafites, cartuns, quadrinhos e outros estilos, criando uma
linguagem própria e incomparável. Interessava-se muito por arte, visitava os museus
e fundia informações sobre arte erudita com a arte de rua, rompendo os padrões até
então existentes no mundo da arte, buscando sempre ser fiel à sua identidade.
Basquiat ganhou muito dinheiro, mas não sabia administrá-lo, guardava em casa,
debaixo de colchões, no meio de livros. Ele vivia rodeado de amigos que se interessa-
vam pelos benefícios materiais de estar junto com ele, sempre com boa comida e be-
bida. Porém, as pessoas também estavam envolvidas com drogas, fazendo com que
Basquiat encontrasse na heroína uma forma de lidar com tanta pressão da imprensa
e dos que encomendavam suas obras com algumas exigências visuais, como escolher
uma cor de fundo para combinar com o sofá da residência. Foi em 1984 que a sua
dependência pela heroína passa ser evidente, tornando-se uma preocupação para os
que eram mais próximos.
Em 1985, Basquiat foi entrevistado pela revista The New York Times Magazine,
quando declarou que ele fugia dos padrões estigmatizados, “creolizantes” da arte
africana tão difundida pelo expressionismo das máscaras e dos crânios africanizados.
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Ele vai para o sentido oposto, busca colocar o negro como protagonista muito
presente em grande parte das suas pinturas, pois afirmou que não havia visto mui-
tos quadros com pessoas negras em suas visitas aos museus. Com essa entrevista,
Basquiat passou a ser um artista internacional.
Após a morte de seu amigo Andy Warhol, em 1987, Basquiat passou a ficar
mais isolado e iniciou uma fase de declínio artístico devido a não aceitação das
obras que fizeram juntos. Inclusive, uma de suas últimas obras, como Riding With
Death (1988), já revelam como a morte de Warhol o abalou, refletindo em sua
produção artística e na sua vida pessoal.
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Você Sabia? Importante!
Lançado em 1996, o filme biográfico intitulado Basquiat foi dirigido por Julian Schnabel,
pintor neoexpressionista que trabalhou junto com Basquiat. O filme foi escrito por
Schnabel e Thomas Michael Holman. Jean-Michel Basquiat foi interpretado por Jeffrey
Wright e Andy Warhol foi interpretado pelo cantor David Bowie.
Figura 21 - Blek Le Rat, Figura 22- Blek Le Rat, Sheep – Subliminal Figura 23- Ble Le Rat, O icônico stencil
Ballerina, s/data Projects Gallery, s/data do Rato, s/data
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Arte Urbana
preso e também foi expulso da primeira escola que frequentou. Poucas pessoas
sabem a verdadeira identidade de Banksy, até mesmo sua família não sabe que é
ele o autor dos trabalhos, pois pensam que ele é decorador e pintor.
Para conhecer mais sobre a história de Banksy, Robbo e Blek Le Rat, assista ao documentário
Explor
Muitos dos trabalhos de Banksy fazem referência direta aos trabalhos de Blek
Le Rat, o que gerou também um mal estar entre ambos graffiteiros, pois o francês
acusou Banksy de plágio e imitação. No entanto, o próprio Banksy afirmou, com
humildade, que o seu antecessor é Blek le Rat, dizendo “Sempre que penso que
pintei algo original, descubro que o Blek Le Rat o fez também, mas vinte anos mais
cedo” (apud EDLIN,p,38)
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Essa história deixou manchada a imagem de Banksy na comunidade dos
graffiteiros, porém seu sucesso mundial não teve nenhum problema em deslanchar.
Apesar de não ter o hábito de aparecer em público, ele é venerado por muitas
pessoas e artistas no mundo todo. Seu trabalho possui um tom provocativo,
esteticamente sedutor, pois usa a técnica do stencil para realizar suas intervenções
na cidade, as quais sempre geram grandes repercussões. Assim como os demais
artistas urbanos que vimos até o momento, Banksy também usa os muros da rua
para transmitir mensagens sociais, demonstrando sua posição que é nitidamente
crítica sobre os conceitos de autoridade e poder.
A primeira obra famosa de Banksy foi realizada em 1997, intitulada The Mild
Mild West está no muro até hoje.
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UNIDADE Arte Urbana
No início ele começou com o uso de adesivos (sticker art) e com stencil, técnica
que lhe garantia rapidez. No seu livro Wall and Piece (2005), Banksy afirma que
não tinha agilidade para grafitar à mão livre, optando por utilizar a técnica do stencil
que permitia a velocidade de impressão do trabalho nas paredes e a fuga da polícia.
Banksy passou de um artista que corria da polícia para alguém que hoje tem suas
intervenções nos muros protegidas pela própria polícia e que vende suas peças para
artistas famosos como Brad Pitt, Christina Aguilera, entre outros. Em sua cidade,
Bristol, suas obras são consideradas patrimônio do município, portanto, todos são
obrigados a preservá-las. Suas obras passaram a ter grande valor comercial, tanto
que algumas das bancas de jornal que tinham suas pinturas foram roubadas.
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Figura 27 - Banksy, Slave Labour, 2012
Fonte: Wikimedia Commons
Banksy começou com o stencil graffiti, com os adesivos e passou para as telas
e também para instalações artísticas, dialogando mais diretamente com o cenário
artístico internacional validado pelas instituições culturais e artísticas.
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UNIDADE Arte Urbana
Ao longo dessa unidade, pudemos ver que com todos esses artistas citados,
e principalmente com Banksy, o graffiti e a arte urbana passou a ter uma nova
visão e aceitação pela sociedade. Com origem no movimento Hip-Hop nas culturas
dos guetos das periferias norte-americanas e europeias, em populações menos
favorecidas e oprimidas pela sociedade, essa arte ganhou espaço não somente nas
cidades, mas também nas galerias e museus.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Sites
Jean-Michel Basquiat
https://goo.gl/474Ixi
Jean-Michel Basquiat Biography
https://goo.gl/k3ayz3
Basquiat
https://goo.gl/ECYfqW
Livros
Graffiti 365
EDLIN, Jay, Graffiti 365, Nova Iorque, Abrams (October 1, 2011)
O Mundo do Grafite
GANZ, Nicholas. O mundo do grafite. Arte urbana dos cinco continentes. Tradução de
Rogério Bettoni. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
Vídeos
A Relação de Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat | Philos TV –
https://youtu.be/nkMWow08a60
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UNIDADE Arte Urbana
Leitura
Banksy: Do Muro às Galerias.
TEIXEIRA, A. M. B. Banksy: do muro às galerias. A carreira de um artista na sociedade do
espetáculo e a comercialização da arte do graffiti (1970-2014). Monografia de Graduação –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014.
https://goo.gl/Rwfamg
Jean-Michel Basquiat
ROCHA, M. M. da. Jean-Michel Basquiat. IN : Revista KÀWÉ 2/2001
https://goo.gl/lnQUrJ
A Trajetória do Graffiti Mundial
SILVA-E-SILVA, William. A Trajetória Do Graffiti Mundial. In: Revista Ohun, ano 4, n. 4,
p.212-231, dez 2008.
https://goo.gl/7Rj0Hw
A Diversidade do Graffiti Urbano
SILVA-E-SILVA, William. A diversidade do graffiti urbano. In: III Encontro Nacional de
Estudos da Imagem 03 a 06 de maio de 2011 - Londrina – PR.
https://goo.gl/hE2QLZ
Graffiti: Entre o Passado e o Presente.
OLIVEIRA, K. A. M. de. Graffiti: entre o passado e o presente. In: VI Simpósio sobre
Formação de Professores – anais eletrônicos, 2014.
https://goo.gl/InLGDL
Uma Guerra com Spray
QUIROGA, Joana. Uma Guerra com Spray. In: Jornal A Gazeta, Vitória – ES, 24 de
novembro de 2012.
https://goo.gl/n2Ft0cw
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Referências
ARCHER, M. Arte Contemporânea - uma História Concisa. São Paulo: Martins
Fontes, 2005.
BENKE, Street Art: técnicas e materiais para arte urbana. São Paulo: Gustavo
Gili, 2015.
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