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Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas reais,
vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte do autor.
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ISBN-13: 9781234567890
ISBN-10 1477123456
Vou matar o Fred. Me traz para esse fim de mundo e me larga aqui
do lado de um bando de adultos que se comportam igual adolescentes. Quem
diabos joga jogo de tabuleiro hoje em dia? Mas essa garota baixinha é muito
engraçadinha, ela faz as mímicas mais atrapalhadas e eficazes do mundo,
não sei como eles não conseguem acertar. Será que ela é namorada dessa
gordinha? Só elas não estão de casal.
– Sério, não é possível que vocês não tenham captado! Foi perfeita minha
interpretação! – Os dois casais e a gordinha caem na risada.
– Bia, definitivamente, você é péssima, mas eu te amo assim mesmo! –
diz a gordinha.
Ah, então ela se chama Bia.
– Também te amo, mas você bem que podia prestar mais atenção. Se não
ficasse só olhando os sarados que passam na praia, a gente estaria ganhando!
– Minha filha, eu tô solteira, preciso arrumar um namorado antes daquele
safado! Ontem ele estava na balada junto com aquela loira magricela de
novo. Era só o que faltava ele namorar antes de mim!
– Você precisa parar com isso, Fafá, vocês terminaram. Para de ficar
acompanhando o que ele fez ou deixou de fazer. Acabou, está acabado!
– Também acho. Vocês duas precisam seguir a vida de vocês e esquecer
esses dois idiotas. – diz a morena mais alta, que está acompanhada de um
cara que fica o tempo todo bebendo.
– A Bia pelo menos foi promovida no trabalho! Bem feito para aquele
mal–agradecido. Foi só terminar e ela já está subindo na vida. Foi um encosto
que você perdeu, isso sim. – a baixinha dá um sorriso fraco que não alcança
os olhos.
Hum, então ela terminou um relacionamento recente! Será que ainda
gosta do cara?
– Também acho, Bia. Ainda bem que isso aconteceu antes de vocês se
casarem! Já pensou se vocês casam desse jeito?! Ele só te diminuindo?!…
– Foi melhor assim, eu sei, mas no fim o Ike está certo. Eu deveria pensar
mais em mim e guardar mais dinheiro. – elas todas chiam ao mesmo tempo.
– Ah não! Não acredito que agora você vai ficar dando ouvidos a esse
estúpido! Sério, que ódio! Meu Deus, você está pagando a faculdade do seu
irmão! Você não está por aí gastando com besteira. – diz a ruiva que estava
abraçada ao namorado.
– Gente, vocês precisam parar de falar do Henrique e do Marcelo assim,
poxa! Nós somos todos amigos há séculos! Agora, porque terminaram, vocês
ficam demonizando os caras?! – intervém o namorado da ruiva.
– Bruninho, coloca na sua cabeça: amigas são para isso! Nós sempre
vamos ficar ao lado delas, nunca do deles! – diz a mais alta. Elas todas riem e
brindam.
– Babi, já deu! Vocês ficam do lado delas, a gente é amigo dos caras, e no
fim, todo mundo tem razão! Agora deu! Está na nossa vez. Vamos jogar que
é melhor. – fala o namorado beberrão dela.
– Caco, o apaziguador! – e ri. – Agora trata de acertar, hein?! – e voltam a
jogar.
Como eles riem e brincam! Parecem extremamente íntimos. Pelo jeito
se conhecem há muito tempo mesmo! Deve ser legal ter um grupo de amigos
assim. A gordinha toda hora olha para mim. Agora, cutucou a Bia que me
olha em princípio sorrindo. De repente, para e me olha de cima a baixo e
passa a língua nos lábios. Que safada! Ela se assusta quando vê que estou
olhando para ela… Fica completamente vermelha e sorri sem graça. Meu
Deus, ela é linda! Sorrio de volta, instintivamente.
– Vem jogar com a gente! – grita a gordinha.
Que susto, ela está falando comigo?!
– Oi, obrigado! Vocês já estão todos em duplas, não quero atrapalhar…
– Precisamos de uma visão masculina! Estamos levando uma surra deles!
– sorrio, mas não vou aceitar. – Por favor! – Beatriz diz, fazendo beicinho e
juntando as mãos. Não resisto e rio, indo até eles. Estou só de short, sem
camisa. O olhar da baixinha percorrendo o meu tórax me faz agradecer o
quanto dou duro na academia!
– Eu nunca joguei isso. Não sei se serei de grande ajuda. – O que eu estou
fazendo aqui? Mas não tinha como não atender... Alguém consegue dizer não
para ela quando ela faz essa carinha? Chego perto e ela me pega pela mão e
me olha nos olhos. Meu coração dispara. Parece que olha no fundo da minha
alma.
– Nossa, como você é alto! Tô me sentindo um Minion perto do Gru!
– Bia, você é Minion perto de qualquer pessoa! – Todos riem. Ela faz
aquela carinha fofa de novo. Não resisto e acaricio aqueles cabelos macios...
O que deu em mim?! Não sou assim! Mas ela parece gostar e vejo que sua
respiração muda enquanto me olha.
– Eu sou a Beatriz, mas todos me chamam de Bia. – a voz dela quase não
sai. Está nervosa?
– Me chamo Philipe, mas podem me chamar de Phil. Você é baixinha,
mas eu também sou mais alto que a média mesmo.
– Você é enorme! Quanto você mede? A propósito, eu sou a Fátima, mas
me chama de Fafá, pelo amor de Jesus Cristo! – fala a gordinha. Ela se
arruma para eu me sentar entre as duas. Beatriz solta a minha mão enquanto
ajeita uma almofada nas minhas costas.
– Eu tenho 1,96 m.
– Nossa, você é mais alto que o Caco! Agora é oficialmente o mais alto
da turma! Já era, neném! – E ri olhando para o cara ao lado dela. –
Ah, eu sou, a Bárbara, Babi. – Esse é o meu marido, Carlos. – Os dois me
estendem as mãos.
– Casados já? Tão novos.
– Nem tanto! Temos 25 já! Só a carinha que é de adolescente! – E sorri
brincando. – Casamos no ano passado, depois de 10 anos de namoro!
– Uau! – me assusto. – Dez anos?!
– Sim! Aqui, todos temos relacionamentos desde o colégio. Estudamos
todos juntos e nos conhecemos desde crianças. Daí começamos a namorar
todos ao mesmo tempo, quando tínhamos 15, depois de uma viagem pela
escola. – Eles riem e se entreolham. Alguma piada interna.
– A Cris e o Bruno estão noivos e se casam nesse ano. – e aponta para a
ruiva. Os dois estendem as mãos para mim.
– Sim, no dia que completamos 11 anos de namoro! – diz, empolgada.
– E vocês? – olho para as duas ao meu lado. Beatriz abaixa a cabeça sem
graça e a Fátima já começa a falar.
– Então, eu e a Bia fomos as primeiras a namorar. – olho para elas
estranhando. Já foram um casal? – Não! Não uma com a outra! – Todos
rimos. – A Bia com o Henrique e eu com o Marcelo. Mas o desgraçado do
Marcelo, quando falei que estava na hora de casar, já que a Bia, a Babi e a
Cris já estavam ficando noivas, disse que precisava pensar! Que nunca tinha
conhecido outra menina, que não podia casar assim sem antes experimentar
como é ficar com outras mulheres. Experimentar outras mulheres! Acredita
nisso?! – fala muito irritada em um tom mais alto. Concordo inteiramente
com o cara, mas acho que não deveria falar.
– Mas talvez isso seja bom, não?! Daí ele volta mais cheio de atitude! –
fala Beatriz. Elas caem na gargalhada e os caras se entreolham, indignados.
– Pensando por esse ângulo, até que seria… mas não! Ele já tinha a
melhor, que sou eu! Ele podia ler uns desses seus romances eróticos e já
estava bom. – olho chocado para a Beatriz, que não sabe onde enfiar a cara e
agora está vermelha igual a um tomate. As outras mulheres riem alto e os
namorados olham extremamente incomodados.
– Fafá, pelo amor de Deus! Agora o Phil vai pensar que a Bia é uma
vadia!
– Nada! Só porque gosta de ler putaria?! Olha essa carinha de anjo, ela é
moça de família. Só namorou o Ike. Coitada! – olho pra Beatriz e, de fato, ela
tem muito cara de moça pra casar. Moça pra casar? Até eu me espanto com
meu pensamento machista. Ela continua tão sem graça que não consigo evitar
acariciá-la no rosto. Faço-a olhar para mim.
– Não tem nada de mais em ler esse tipo de livro. Pelo contrário, você
está certíssima! Só estranhei porque você realmente tem muito cara de
santinha! – Falo baixo, mas todos ouvem. – Pelo menos você colocou em
prática? – digo, arrancando um olhar assustado dela. Todos caem na
gargalhada.
– Com o Ike?! Até parece! Aquilo era morto! – diz a Fátima. Beatriz me
olha balançando a cabeça, completamente horrorizada, e a única coisa em que
eu penso é como um cara que tem uma mulher tão gostosa dessa não
aproveitou cada centímetro.
– Depois que o Celo falou isso para Fafá, eu pensei que talvez fosse bom
dar uma apimentada, mas sei lá, não deu muito certo... Acho que não era esse
o problema, afinal. – fala e está claramente tentando achar um buraco para
enfiar a cabeça.
– Tenho certeza que não era! – e sorrio, provocando–a. E dá certo. Ela
não consegue esconder o que sente. Seria péssima negociadora.
– Claro que não era mesmo! Ele era só um chato nerd que não sabia dar
valor a mulher que tinha! – Beatriz abraça a Fátima, passando por cima de
mim. Que situação estranha...
– Nerd?
– Ela fala assim porque ele é muito metódico.
– Faz tempo que vocês terminaram?
– Foi na semana passada. Esse é o meu primeiro fim de semana solteira
em quase 11 anos...
– Sorte a minha, então! – O que deu em mim? Nunca dei em cima de uma
garota assim. Eu só saio com mulher que está a fim de uma noite só ou
contratada para isso! Mas o sorriso que ganho de volta valeu!
– E você, Phil? Tem namorada? – pergunta a Bárbara.
– Não, não sou de namorar. – Beatriz me olha de um jeito estranho.
Decepcionada será?
– Hum, baladeiro então? Aposto! Com esse corpão fica só na farra
pegando as modelos. Por que todos os caras bonitos são assim?! Nenhum
quer um relacionamento sério! – Fátima está indignada comigo e não entendo
o motivo.
– Não sou baladeiro. Na verdade, não gosto muito de bagunça. Só saio
para acompanhar o Fred, meu irmão. O baladeiro é ele!
– Aquele gatinho que estava junto com você é o seu irmão? – Fátima
pergunta, animada. Confirmo com a cabeça.
– Ele é solteiro? – pergunta Beatriz. Fala sério, ela quer o Fred?! Óbvio,
né?! O que eu estava pensando?
– Sim, agora está, eu acho. Está sempre mudando de namorada... – falo
impaciente.
– Você bem poderia apresentá-lo para a Fafá, hein?! – E pisca para mim.
Suspiro aliviado. Aliviado do quê?!
– Claro! Assim que ele voltar. – Se bem conheço o Frederico, ele jamais
vai se interessar por essa pobre garota. Ele só gosta das turbinadas. Ela e a
Fátima sorriem animadas.
Começamos a jogar e não vejo o restante da tarde passar. Incrível
como eu e a Beatriz temos sintonia. Acertamos sempre a mímica um do outro
e sempre ganho um abraço como prêmio. Que cheiro bom ela tem! O grupo é
ótimo. Me sinto como se fosse amigo deles há tempos. Finalmente Frederico
volta e me procura. Já é noite. Aceno para ele e ele me olha sem entender
nada. Percebo que ele olha para Beatriz e para mim algumas vezes e vejo que
estamos bem colados, com os braços entrelaçados e de mãos dadas. Sim,
estamos assim faz tempo. Nunca fiquei assim com uma mulher antes! Aliás,
para falar a verdade, nunca fico assim com ninguém. Não gosto muito de
tocar e nem ser tocado. Tenho pavor!
– E, aí, maninho?! Não vai me apresentar seus amigos? – e encara a
Beatriz se abaixando para beijá-la. Fecho a cara. Ela sorri.
– Oi, Fred, eu sou a Bia! – e me solta dando um abraço nele. Quando vejo
já abracei a cintura dela e a puxei, ela se desequilibra e cai sentada no meu
colo. Ela me olha nos olhos e não resisto e dou um selinho nela.
– Calma, maninho, não sabia que você era tão ciumento. Só estava
cumprimentando minha cunhadinha... – fala rindo e pisca para ela.
Instintivamente, a abraço mais forte, encaixando–a melhor no meu colo. Tão
pequena e magrinha, mas parece que se molda perfeitamente ao meu corpo!
– Oi, eu sou a Fafá! – Meu irmão abraça a Fátima e ela termina de
apresentá-lo a todos. Meu irmão sempre foi melhor com essa interação social.
Em 5 minutos parece que já é o melhor amigos deles. Como ele consegue?!
Pedimos umas bebidas e percebo que a Bia fica mais soltinha.
Começa a acariciar minhas coxas, arranhando devagar. Às vezes faz a mesma
coisa com o meu braço. Não consigo evitar meu tesão, arranho o pescoço
dela com minha barba por fazer. Percebo o corpo dela inteiro se arrepiar.
Estou com uma visão privilegiada para os seus seios por dentro da blusinha
solta e decotada que ela usa. Tão redondos, empinadinhos, seus mamilos
marcam o biquíni. Que vontade de colocar na boca. Mordo de leve sua orelha
e vejo-a ofegar, sua respiração acelera e ela aperta minhas coxas encaixando
melhor o bumbum no meu pau. Olho em volta e eles estão rindo conversando
sobre uma das aventuras do Frederico e não prestam atenção em nós.
– Melhor parar de me provocar assim, santinha.– e beijo sua nuca. – Ou
eu não vou responder pelos meus atos. – falo baixinho no ouvido dela. Ela
passa a língua pelos lábios entreabertos. Por mais que eu esteja louco para
levá-la para a cama, sei que ela não é disso e eu só transo com mulheres que
não pensam em ter qualquer tipo de dia seguinte comigo. Não quero
machucá-la. Ela se vira de lado para me olhar.
– Te provocar? – e olha para a minha boca. – É você quem está me
provocando aqui. – diz indignada, sem graça, apertando a perna uma na
outra, se mexendo no meu colo. Olho no seu rosto e vejo o desejo nos seus
olhos. Subo a mão pela sua coxa e ela enfia os dedos pelo meu cabelo.
Percebo que ela quer me beijar. Congelo.
– É melhor a gente parar por aqui, santinha. – Ela fica vermelha e vejo
que a machuquei na mesma hora. Ela tenta sair do meu colo. A seguro.
– Desculpa, eu sei, você só gosta das barbies. Seu irmão comentou.
– Barbie?! – E acaricio o rosto dela. Ela é tão transparente e está tão
ferida, tento remediar o que disse.
– Sim, quando você foi ao banheiro, o Fred me disse que estava surpreso
em nos ver juntos porque você só pega as modelos que ele te apresenta. –não
acredito que o Fred falou isso!
– Não é nada disso, Bia.
– Phil, eu tenho espelho em casa. – Sério que ela está achando que eu
não quero ficar com ela porque não a acho bonita?!
– Eu pego as modelos que ele me apresenta porque ele já deixa claro para
elas que é só sexo e mais nada. Que no dia seguinte não vou nem lembrar o
nome delas. – ela me olha como se eu fosse um ET. Pelo menos não está
mais machucada. – Porra, eu sei que você não é disso. Por isso eu falei para
gente parar! – ela olha a minha boca e acaricia meu cabelo, enfiando os dedos
pela nuca. Adoro a sensação.
– E se eu aceitar esses termos? Você passaria a noite comigo? – fala
baixinho, com vergonha. Não consegue me olhar nos olhos. Levanto o queixo
dela para fazê-la me olhar. Ela fica vermelha, mas me encara. Vejo nos seus
olhos o quanto ela me quer. Eu sei que estou fazendo uma merda muito
grande, mas aperto o cabelo dela, puxando para baixo para que ela fique no
ângulo certo e a beijo com força. Ela enfia os dedos no meu cabelo e geme na
minha boca. Acaricia meu peito. Que beijo bom! Nossas bocas se encaixam
tão perfeitamente que não parece ser um primeiro beijo. Fico louco de desejo!
Preciso tê-la! Paro de beijá-la e estamos os dois ofegantes.
– Tem certeza que quer isso? – a olho nos olhos.
– Absoluta! – ela diz firme. A olho mais um pouco para ter certeza e tento
me acalmar. Não tenho a menor condição de me levantar agora. Estou muito
duro. Acho que nunca fiquei tão excitado só com um beijo.
– Gente, bebi demais e o Caco nem se fala! Vamos subir. Vocês ainda
vão ficar? – Bárbara fala e nos olha, já de pé abraçada ao Carlos. Cristina e
Bruno também se levantam concordando.
– Ah, vamos tomar uma saideira! Agora que a noite está começando!
Vamos lá na rave na praia! – Frederico não tem limites, como sempre.
– Eu topo! – Fátima sorri. Os dois casais se entreolham e se despedem de
nós. Vejo que as duas mulheres falam algo baixinho no ouvido da Beatriz e
ela sorri concordando. Eles saem e ficamos nós quatro.
– Vamos para a festa? – Frederico me olha e vejo que ele está tentando
não ficar sozinho com a Fátima. Tão previsível meu irmão. Sorrio e balanço a
cabeça.
– Eu e a Bia já vamos subir. Deixa a balada para vocês. – abraço minha
garota por trás. Ele me olha extremamente surpreso.
– Vocês são muito fracos! Está bem, aproveitamos por vocês. – Fátima
abraça a Beatriz e meu irmão me abraça.
– Tem certeza, maninho? Ela é diferente. – fala baixinho no meu ouvido.
Ele está preocupado com ela. Não sei se fico com ciúmes ou se dou razão.
– A gente conversou. Ela quis só uma noite. – falo baixo. – Eu sei que
estou errado, mas eu a quero. – ele me olha nos olhos. – Muito. – ele franze o
cenho. Eu sei, nem eu estou me reconhecendo.
– Se dê uma chance. Quem sabe ela não te faz rever suas ideias?!
– Não viaja, eu só quero trepar com ela. – ele me olha desconfiado e sorri.
– Vamos, Fafá, deixa esses dois fracotes aí e vamos nós dois nos
divertir?! – diz e abraça a Fátima, que sorri feliz.
– Cuida bem dela, hein?! – e faz uma cara brava. Eu rio, mas concordo
com a cabeça. Puxo a Beatriz para mais perto. Como pode essa coisa
pequena se encaixar tão bem nos meus braços?!
– Amanhã te devolvo ela sã e salva depois do café da manhã. – Frederico
me olha estranhando. Verdade, nunca passei a noite inteira com as mulheres
que transei, mas a Beatriz é diferente! Não vamos ter um relacionamento,
mas sinto que quero aproveitar o tempo que puder.
– Relaxa! Só vamos embora amanhã à tarde, né Bia?! – e pisca para mim.
Sorrio e pisco de volta.
– Sim. Vocês dois também se comportem! Cuida bem dela, Fredinho! –
eu ouvi direito? Fredinho? Meu irmão repara minha cara feia na hora e ri.
– Maninho, não adianta ficar com ciúme, é óbvio que a Bibizinha gostou
mais de mim e só está ficando contigo porque eu cheguei atrasado. Eu sou o
irmão legal, às vezes você esquece. – Beatriz puxa meus braços me apertando
contra ela.
– Fredinho, você é lindo, mas seu irmão é perfeito, sinto muito! – solto a
respiração que não sabia que estava prendendo. Sorrio satisfeito e beijo o
pescoço da minha garota. Frederico finge que ficou chateado, mas todos
vemos que é brincadeira. Ele e a Fátima saem juntos rumo à rave que tinha
na praia.
– Para minha suíte, santinha? – falo no ouvido dela. Ela concorda com a
cabeça e subimos.
2.
Fantasia materializada.
Beatriz
Passo a tarde agoniado. Minha santinha vai sair com outro. Ela me
prometeu que não vai transar com ele, mas tenho medo que as coisas saiam
do controle. Eu juro que tentei me afastar, mas ela me faz tão bem! Fazia
tempo que eu não tinha inspiração para nada, mas, só de tê-la aqui perto,
trazendo essa luz para a minha vida, mudou tudo! Ela é tão inteligente, tão
carinhosa, tão alegre. Dou um murro na mesa. Vou até a sala do Frederico.
– Vamos beber?! – Frederico me olha, desconfiado.
– São 17h30, Phil! O que deu em você? Achei que ia sair com a sua
namorada...
– Ela não é minha namorada! E ela vai sair com o Augusto! – falo
tudo rápido, não conseguindo mais segurar.
– Como é?! Que porra é essa, mano?! Vocês não estavam transando
agora, antes do almoço?
– Eu não tinha camisinha. – olho pelo vidro, sem graça. Estou
ofegante. Frederico chega atrás de mim e massageia meus ombros, tentando
me acalmar.
– Por que não?
– Eu não sou igual a você, que tem uma mulher querendo te dar só
porque você sorri pra ela.
–Tem razão! A sua quer beijar, transar e namorar você, mesmo com
você enrolando-a igual a um idiota... – olho pra ele.
– Fred, eu não sou homem pra ela! Olha pra ela e olha pra mim!
– Já olhei. Ela é linda e você também. Ela quer você, tá escrito na cara
dela! Qualquer um vê isso!
– Eu não sei o que ela vê em mim, mas eu amo o jeito que ela me
olha! Ela me olha de um jeito que nenhuma mulher jamais me olhou... –
tenho vontade de chorar. Volto a ser o fraco que sempre fui. Ele me segura
pelos ombros, olhando nos meus olhos.
– Ei! Ela te olha do jeito que você merece ser olhado! Ela tá
apaixonada por você! Por que você não aproveita e vive isso?
– Ela não tá apaixonada por mim! É só sexo.
– Ela não é assim e você sabe! Meu Deus, olha o jeito que os olhos
dela brilham quando ela fala de você! Olha como vocês estavam no almoço!
Porra, maninho, eu jurei que vocês tinham se acertado... – abaixo a cabeça,
com vergonha.
– Eu fiquei louco quando ele se declarou pra ela, mais cedo, e pediu
pra sair com ela hoje. Porra, hoje de manhã foi foda! Primeiro você, depois
ele... Eu... eu a toquei. Eu estava louco de ciúmes... Ela me queria, mas eu
não tinha camisinha. Eu esqueci de comprar.
Frederico acaricia meu rosto e vai até a mesa. Volta com um pacote
de camisinhas e me entrega.
– Primeira coisa: a partir de hoje, tenha sempre com você. Crie o
hábito de comprar. Tua mulher tá contigo todo dia. – e sorri. Balanço a
cabeça. – Segunda coisa: você sabe que eu só fiz aquilo porque eu não
aguentava mais essa sua teimosia e queria fazer você se mexer, né?! –
confirmo, com a cabeça. – Terceira coisa: ela não quer ele. Se ela vai sair
com ele, vai ser por educação. Quarta: mandou bem em, pelo menos, não
deixar sua mulher na vontade... – e soca meu peito.
Eu o abraço. Meu irmão sempre teve esse poder de conseguir me
acalmar quando tenho minhas crises...
Batem na porta e ele manda entrar. É a minha baixinha. Abre um
sorriso ao nos ver abraçados.
– Tá esperando o quê?! Vem pro sandubão, cunhadinha! – Ela ri e
vem correndo. Abraça nós dois. Respiro fundo. Me sinto tão seguro perto
deles, tão feliz! Os dois me olham e acariciam meu rosto. Retribuo.
– Tá tudo bem?
– Depende... Fiquei sabendo que você vai sair com outro cara,
cunhadinha. Que merda é essa?! – ela fica vermelha.
– É, eu vim pedir pra sair agora. O Guto já tá aí. Ele quer conversar.
A gente vai ao café aqui perto. Eu não sei o que tá acontecendo...
– Não sabe o caralho, Beatriz! Ele quer te comer! Já te falei isso! –
falo exaltado. Ela se assusta e me olha, sem graça. Frederico pigarreia.
Respiro fundo e vou para a janela. Fico de costas tentando me acalmar.
– Ele é meu amigo!
– Um amigo que quer mais que amizade, cunhadinha. Ele deixou isso
claro, mais cedo, na frente de todo mundo!
– Eu posso não ser atraída por ele, mas ele merece meu respeito e
carinho! Não posso simplesmente não ouvir o que ele tem a dizer. Não é
justo! Não é certo ignorar os sentimentos de outra pessoa!
Meu coração se enche ainda mais de amor por essa mulher. Se é que
isso é possível... Se ela tivesse noção do quanto aquelas palavras caem como
uma luva para mim, em como eu gostaria que as pessoas tivessem pensado
assim sobre mim, e ter tido uma chance... Meus olhos enchem de água.
– Você está certa, santinha! Vai lá. Está liberada. – falo, com a voz
embargada. Permaneço de costas.
– Chefe, eu...
– Vai, antes que eu me arrependa...
Só escuto a porta fechar. Meu irmão me abraça por trás.
– Ainda quer beber? – olho para ele e ele está sorrindo. – Sabe, a
gente pode não ter sido convidado, mas a gente pode ficar de longe
garantindo que nada saia do controle... – abro um sorriso.
De fato, nós vamos atrás do dois. Estão em um café, próximo à
empresa. Sentamos no fundo, para que não sejamos vistos. Quase enlouqueço
ao ver o quanto eles se tocam enquanto conversam. Ela é extremamente
carinhosa com ele. Quando ele acaricia os lábios dela, perco a cabeça e vou
até lá. Frederico corre atrás de mim. Quando chegamos na mesa seguro o
ombro dela, que se assusta e me olha sem entender. Estou puto e sei que ela
sabe.
– Olá! Guto e Bia! Que legal vocês aqui. Podemos nos juntar? –
Frederico disfarça abraçando Augusto e já puxando a cadeira. Encaro Beatriz,
que sorri, acariciando minha mão. Está tentando me acalmar.
– Senta, chefe.
Me sento e olho para Augusto, encarando-o. Ela é minha,
desgraçado! Mantenha as mãos longe dela! Ele abaixa a cabeça e toma um
suco. Frederico inventa um assunto qualquer e Augusto responde. Fico
acariciando o cabelo da minha garota, brincando com seu rabo de cavalo.
Augusto olha várias vezes, estranhando. Isso mesmo, minha! Ela acaricia
minha coxa embaixo da mesa. Tenho uma ideia idiota, mas quero tirá-la dali.
– Minha carteira tá cheia agora. Consegui um pacote de camisinhas,
santinha. – falo, no ouvido dela. Ela me olha piscando várias vezes,
vermelha. Sorrio vitorioso ao ver o desejo em seus olhos. Funcionou.
– Você sabe que eu não sou santinha, né?! – fala no meu ouvido e
escorrega a mão pela minha coxa. Acaricia meu pau. Safada! Me deixando de
pau duro, no meio do café! Dá uma risada e disfarça, pegando um copo de
suco.
Mais uma meia-hora e nos despedimos. Damos tchau para um
Augusto, que está extremamente sem graça. Frederico cai na gargalhada
assim que o carro dele some.
– Vai dizer que não foi o melhor encontro da sua vida, cunhadinha?! –
ela ri.
– Vocês são terríveis! Como nos acharam aqui?
– Coincidência pura! Estava louco por um café! – Frederico e suas
mentiras deslavadas... Ela me olha, procurando confirmação.
– Chegamos na hora certa, né?! – digo, encarando-a. Ela suspira.
– É, foi mais difícil do que imaginei... No fim, foi bom vocês
aparecerem! – faz uma carinha triste. Puxo-a para mim, abraçando-a.
Voltamos andando para a empresa.
Sabia! O filho da puta ia tentar beijar minha mulher! Será que ela
beijaria?
– Foi mesmo?! Ou você queria que ele tivesse te beijado? – pergunto,
com o coração na boca, com medo da resposta.
– É o teu beijo que eu quero! – diz, olhando-me. Sorrio, aliviado.
– Essa foi a última chance que eu te dei! Não tenho certeza se você
teria negado o beijo dele... – ela me olha, indignada.
– Quem você acha que eu sou?
– Uma santinha! – e pisco para ela. Ela ri.
– Chegamos. – Frederico fala, na porta da empresa. Despede-se dela e
nos deixa sozinhos.
Levo-a até seu carro. Me despeço com um beijo bem demorado... De
repente, sinto que não quero ficar dois dias sem vê-la. Seguro a porta do
carro.
– Bia... Vamos lá pra casa? Podemos passar o fim de semana juntos.
–Tem certeza? – ela responde, animada. Gosto disso. Muito!
–Tenho! Podemos passear em algum lugar aqui perto se quiser...
– Preciso passar em casa para pegar roupa.
– Eu te sigo, você deixa seu carro e vamos no meu. – a vejo um
pouco hesitante. – Que foi?! Seus pais estão em casa?
– Não! Eles voltaram pro interior depois que o Bernardo entrou na
faculdade. Moramos só nós dois. Phil, eu moro num lugar bem simples... –
diz, muito sem graça. Acaricio o rosto dela, confortando-a.
– E daí?! Eu não me importo com isso. Achei que você não fizesse
esse tipo de diferença...
– Eu não faço, mas... Phil, você é milionário! Se o ... – e para. Sei que
ela ia falar do ex-noivo. Lembro-me de falarem que ele cobrava isso dela.
– Eu não sou seu ex, Bia. Eu não faço distinção entre as pessoas.
Nenhuma! Nisso, nós somos iguais. Por favor, nunca mais pense menos de
você. Eu não suporto isso! – ela me abraça. Dou um selinho. – Então vou
conhecer meu cunhadinho? – ela sorri. Fico feliz em fazê-la mudar de humor.
– Vai! Hora dessas, ele já está em casa. Ah... Eu não falei pra ele que
você era meu chefe, tá?! Mas falei do fim de semana...
Concordo com a cabeça, feliz por ela ter comentado sobre mim. O
que está acontecendo comigo? Vejo-a ir embora e entro no carro. A sigo até
em casa. De fato, o prédio dela é bem deteriorado, bem no centro da cidade.
Ela estaciona na garagem e eu na rua. Nos encontramos na portaria.
10.
Conhecendo meu rival.
Philipe
É a primeira vez que vou receber gente em casa. Primeira vez que vou
jogar em grupo na minha sala de jogos. Estou super ansioso. Louco para esse
dia passar logo e chegar a noite. Luciana bate na porta e entra com um buquê
de flores e uma caixa grande de bombom Ferrero Rocher. Beatriz abre um
sorriso lindo e me olha. Luciana entrega para ela.
– Meu amor, como você sabe que são os meus favoritos? – Meu
coração bate descompassado. Filho da puta! Eu não acredito que mandaram
isso para a minha mulher, bem debaixo do meu nariz.
– Eu não sabia. Não fui eu quem te mandou isso. – Estou furioso. Ela
me olha sem entender e abre o cartão. Vejo que fica pálida, sem graça. –
Quem foi?
– O Ike... – levanto as sobrancelhas, esperando por mais.
– Hoje completaríamos 11 anos de namoro. – fala bem baixinho. Vejo
que está com medo da minha reação. Me levanto e vou até lá. Ela me encara,
nervosa. – Phil, eu não sei por que ele mandou isso. – estou com tanto ciúme
que não consigo falar nada. Acaricio o cabelo dela, com a mão tremendo. –
Na verdade, eu não entendi nada desse cartão. – e me entrega. Olho para ela.
Não quero ler o que aquele filho da puta escreveu para a minha namorada. –
Pode ler.
“Bebê, feliz 11! Foram os anos mais felizes da minha vida e eu não
imagino meus dias sem você, ao meu lado. Preciso de você para preencher
esse vazio que se tornou minha vida. Antes, eu não podia agir diferente.
Estava pensando no melhor futuro que poderíamos ter. Estava me
certificando de que teríamos uma vida estável e confortável. Você achava
que eu estava exagerando, mas vendo você agora, sei que concorda comigo.
Não se preocupe, tudo que ele está te dando, vou dar também! Vou cuidar de
você e você não precisará procurar isso nos braços de outro homem. Estou
consertando isso. Eu te amo e sei que, no fundo, é a mim que você ama!”
Leio três vezes. O filho da puta tem certeza de que a Beatriz está
comigo por causa do meu dinheiro.
– Ele falou isso por causa daquela ideia idiota que eu tive de vocês
irem com os carros na casa dele, não é? Eu não deveria ter feito aquilo.
Magoei ele à toa. E agora ele acha que é só isso, que é no seu dinheiro que tô
interessada.
– Você está preocupada com ele?! Com o que ele pensa? Que o
magoou? O que é isso, Bia?! – estou nervoso.
– Eu não sou assim. Não sei por que fiz aquilo.
– Eu sei. E ele deveria saber também. Você estava magoada e pronto.
Esquece isso. – respiro fundo. – Ou você concorda com o que ele disse? – ela
me olha, sem entender. – É a ele que você ama? – ela me olha, indignada.
Sorrio aliviado e a puxo num abraço.
– Só não vou te xingar porque sei que você está com ciúmes. –
encaro-a. Ela não sabe o quanto. Me beija demorado. Pego-a no colo e sento-
a na mesa.
– Você é minha!
– Só sua! – era isso que eu precisava ouvir.
Abro um dos chocolates e mordo. Beijo-a e ela me beija sentindo o
gosto do doce na minha boca. Passo o pedaço que sobrou nos lábios dela e a
beijo de novo. Ela geme, apreciando. Abro meu cinto, a calça e abaixo o
zíper, sem parar de beijá-la. Pego outro chocolate e mordo. Lambuzo minha
boca e ela vem ávida para lamber. Acaricio sua boceta por cima da calcinha e
ela geme gostoso. Afasto-a para o lado, me certifico que ela está molhada e
enfio de uma vez. Ela finca as unhas nos meus braços, depois enfia a mão no
meu cabelo pela nuca e puxa. Aperto o peito dela e puxo o cabelo dela com
força. Meto forte, rápido! Uma necessidade absurda de posse! Um pouco
depois, sinto ela começar a ofegar. Sei que está perto, aperto a bunda dela,
trazendo-a ainda mais para mim, para meter ainda mais fundo, achar o ponto
sensível dela. Ela geme gostoso e sei que acertei. Estou muito perto e sei que
ela também. Aumento a velocidade e começo a senti-la tremendo, me
apertando com as pernas e suspirando na minha boca. Ela está gozando. Me
perco e gozo junto com ela. Ficamos um tempo ofegantes, com as testas
coladas. Pego um lenço que havia na mesa dela e a seco, me secando
também, e arrumo nossas roupas.
Olho para as flores. Ela vai ficar com elas?
– Quando formos almoçar, você se importa em parar em uma igreja
para eu colocá-las lá? – abro um sorriso e concordo com a cabeça. – O
chocolate... Eu posso comer? São os meus preferidos. – fala com a voz fofa e
cara de criança. Me derreto.
– Pode, minha santinha. Mas, a partir de agora, quem te dá esse
chocolate sou eu!
Beijo-a e vou para minha mesa. Envio uma mensagem para as
secretárias, para que se certifiquem de colocar uma bombonière na nossa sala
e para que esse chocolate nunca falte nela! Peço para que comprem um
arranjo de flores bem bonito para colocar na mesa dela e estar lá assim que
voltarmos do almoço.
À tarde, quando voltamos, ela pula em meus braços, feliz da vida com
a surpresa.
– Prefiro te levar para todos os lugares, mas sei que você é muito
independente, então achei melhor comprar um carro só pra você. – e entrego
a chave do carro para ela. Ela me olha em choque. – Eu já tinha comprado na
segunda, antes que você ache que comprei por causa das flores. É que só
entregaram hoje.
– Phil, você não precisava me dar um carro! Eu ganho bem aqui,
sabia? Posso comprar um pra mim!
– Eu posso e eu quero. Me deixa mimar você, meu amor. Você já
mimou tanta gente, agora é a sua vez. – me olha emocionada, com lágrimas
nos olhos.
– Obrigada, meu amor! Posso ver meu carro? – fala com a voz fofa.
– Você acabou de ver e parece ter gostado muito. – ela me olha,
chocada.
– Você não fez isso?! Aquele Porsche Cayenne branco, ao lado da
nossa vaga, que achei que fosse o novo brinquedo do Fred?! – concordo com
a cabeça. Ela fica boquiaberta. Depois dá um gritinho.
– Phil, esse carro é meu sonho de consumo há anos!
– Eu sei. Sexta passada, quando fomos almoçar e você conversava
sobre carros com o Fred, você mencionou isso. – ela faz aquela carinha linda,
apaixonada, e me abraça forte.
– Você não existe! Sempre tão atencioso, tão carinhoso e generoso!
Eu não mereço tanto.
– Você merece mais!
O resto da tarde passa rápido. À noite, estou preparando a sala de
jogos, quando Frederico entra.
– Animado?
– Pra caralho! É a primeira vez que recebo gente em casa, porra!
Semana passada, quando jogamos na casa da Bia, foi tão massa, Fred! Você
não tem noção de como é legal jogar de galera! – ele sorri.
– Tão feliz de te ver assim, maninho. De ver sua vida, finalmente, do
jeito que você sempre mereceu!
– Graças à Bia! É tudo por causa dela!
– Não é pra me ver que eles estão vindo aqui, chefe. – ela fala,
entrando e abraçando meu irmão. Ele dá um beijo na bochecha dela. – Aliás,
as meninas disseram que eles só falam nisso! Vão jogar na equipe do Wreck!
– fala, encenando de um jeito engraçado. Eu rio e a abraço. – Amor, você
pode competir? Eu digo porque você cria jogos. – percebo que ela está
querendo me perguntar algo.
– Posso. Teria que ver as regras e depende do jogo ou do torneio;
mas, teoricamente, posso. Por quê?
– O Bê quer entrar nesses campeonatos aí. Acho que é um brasileiro
que vai abrir. Quer montar um time e queria te pedir pra jogar com eles, mas
tá sem graça. Os meninos vão te pedir hoje. Eles acham que com você no
time, a competição vai aceitar a inscrição. – olho pro meu irmão.
– Sabe que seria um excelente marketing pra gente? Se você estiver a
fim, consulto o Dr. Joel para ele analisar as regras e conversar com os
organizadores. Certeza que eles vão surtar! Você entrando, vai trazer muito
holofote e patrocinador pra competição. – estou animado, realmente
animado! Será?
– Faz tempo que eu não jogo disputando prêmio...
– Você vai arrebentar! Você nunca deixou de jogar; só não estava
competindo. E você joga pra caralho, maninho! E olha que isso pode dar um
retorno fodido! Posso fazer várias parcerias com você jogando esse
Brasileiro. De repente, consigo até incluir nosso app novo e usar para lançá-
lo oficialmente.
– Meu amor, eu sou bem competitivo e fico um pouco psico quando
participo de competição. E isso toma muito meu tempo. Tem certeza que
você não se importa?
– Você vai ficar feliz em jogar com eles?
–Pra caralho! Eu amo esse universo! Eu assisto todos esses torneios
na TV e adoro ver as equipes jogando. Ano passado teve até jogo com
torcida! Eu fui lá; é sinistro demais! – Ela olha para mim, sorrindo, e sei que
estou falando rápido e empolgado demais.
– E por que eu não concordaria? – acaricia meu rosto.
– Cunhadinha, ele não estava exagerando quando disse que fica muito
psico. Boa parte do tempo dele, ele vai passar treinando, jogando. Ele tem um
nome de peso, não pode entrar e cair no começo. Ele vai ter que treinar os
caras também.
– Por mim tudo bem. Se você estiver feliz, eu estarei feliz. – Ah,
minha santinha. Abraço-a apertado.
– Prometo que sempre vou arrumar tempo pra você, tá? Mas promete
que terá paciência comigo. Eu nunca competi tendo namorada.
– Namorada?! Fui rebaixada? – ela brinca e sei que é pra aliviar meu
súbito medo de perdê-la.
– Você ainda não é minha mulher, oficialmente, porque não quis ir
amanhã pra Vegas. – ela ri. – Mas, no fim do mês, você será Beatriz
Werneck, santinha. – ela fica pensativa.
– Eu vou ter que mudar meu sobrenome? – ela não quer?
– Eu ficaria extremamente feliz se você tivesse meu nome, mas se
você não quiser... – fico bem decepcionado, não consigo disfarçar. Ela ri.
– Eu tô brincando, bobinho! – e pula no meu pescoço. Respiro
aliviado. Pego-a no colo e ela me enlaça com as pernas, me beijando.
Frederico ri.
Ouvimos o interfone e vamos os três receber a galera. Pelo jeito, foi
combinado, pois chegaram todos juntos. Procuro ansioso para ver se
Henrique tinha vindo. Não tinha certeza se eles o haviam chamado. O cara é
amigo deles e sexta passada também havia sido convidado. Não está, e sinto
um alívio enorme. Aquelas flores e aquele bilhete me angustiaram o dia todo.
Fazem uma festa enorme enquanto passeiam conhecendo a cobertura.
Eu não dava valor a esse lugar e na verdade só tinha comprado por causa da
vista e da privacidade. Era grande demais, impessoal, me fazia me sentir
ainda mais só. Quase não andava pela casa. Normalmente só ia até a cozinha,
minha suíte, nadava todos os dias na piscina, fazia meus exercícios diários na
academia, e a maior parte do tempo ficava na sala de jogos. É visível como a
casa está mais alegre com as mudanças que a Bia fez. Ela deu muita vida ao
lugar. Já colocou novos enfeites, algumas fotos nossas e da nossa família,
mudou algumas coisas de lugar. Está tudo mais colorido e com mais cara de
lar. Agora, amo esse lugar! Amo estar aqui dividindo cada lugarzinho com
ela.
– Aqui fica ótimo para fazer o quartinho do bebê, né, Phil?! – Fátima
me provoca.
– Por mim já estávamos decorando o quarto. – sorrio. Elas fazem uma
barulheira. A ideia de ser pai me emociona. Eu nunca imaginei que teria um
filho um dia. Que me casaria. Que teria uma família. Meu coração acelera só
em pensar nisso! Abraço minha mulher por trás e acaricio seu ventre.
– Mas já? – Marcelo olha assustado.
– Que é isso, Bia?! – Bernardo fala, enciumado. Eu rio.
– Calma, cunhadinho. Ainda não temos bebezinho não. Meninas,
vocês precisam me ajudar a convencer a fazer a Bia parar de tomar pílula. –
Bernardo suspira, aliviado. As meninas gritam e pedem para ela, até cantam
uma música antiga. Todos rimos.
– Assim que a gente se casar, prometo. – ela fala baixinho, no meu
ouvido. Meu coração dispara. Aperto-a.
– Eu vou cobrar, meu amor. – ela me beija e sorri me olhando. Sei
que está falando a verdade.
Os caras simplesmente piram na sala de jogos. De fato, ela é enorme e
superbem equipada. Tenho tudo que há de mais moderno. Essa semana ainda
comprei mais mesas, cadeiras e computadores e deixei tudo pronto para que
coubessem todos. Eles me abraçam, superagradecidos.
– Cunhado, isso é tudo profissional! Que louco!
– Sim, se é pra gente ganhar o Brasileiro, temos que treinar no que
tem de melhor no mercado. – há um silêncio geral e eles me olham sem
acreditar.
– Você tá falando sério? – Bernardo me olha, apreensivo.
– Se vocês quiserem, só tem uma coisa: eu não jogo para perder!
Os quatro correm para me abraçar, pulam comemorando. Puxam
Frederico, que bagunça meu cabelo, após se juntar ao abraço. Ele me olha
feliz e sei que ele está feliz por minha causa. De lado, olho minha mulher,
emocionada com as duas mãos juntas à boca, como se tivesse em oração.
Sussurro um obrigado para ela e jogo um beijo. Ela devolve. Sai com as
meninas e depois voltam trazendo umas bebidas e uns lanches para nós. Já
estamos nos ajeitando para jogar. Ela me beija demorado e me deseja sorte.
Me promete voltar de vez em quando. Preciso cuidar disso. Sei como fico
quando jogo. Esqueço de tudo ao redor e não posso arriscar deixá-la de lado.
Perdê-la não é uma opção.
16.
Noite das Meninas
Beatriz
Duas semanas depois, estamos em Las Vegas. Deu tudo certo para vir
a minha família, a da Bia e todos os nossos amigos. Fizemos vários passeios
pela cidade. Nenhum deles conhecia a cidade. Conhecemos cassinos, eu e os
caras dirigimos uns carrões no autódromo; as meninas foram às compras.
À noite, nosso casamento foi celebrado pelo Elvis. Chorei muito
quando meu sogro entrou com a minha santinha. A noiva mais linda que já vi
na vida! Fred tinha preparado uma super-recepção e um show para irmos. O
pessoal adorou!
– Hoje foi, certamente, o dia mais feliz da minha vida! Nem acredito
que você é oficialmente minha, Bia Werneck!
– Eu sou sua desde aquele sorriso lindo que você me deu, quando me
pegou babando por você no hotel, há um mês!
– Eu já era seu antes de você me olhar. Eu te amo tanto!
– Também te amo tanto, meu amor! Obrigada por tudo que você faz
por mim e pelas pessoas que eu amo! Você e o seu coração de ouro! – ela fica
com os olhos cheios d’água. – Eu não poderia ter escolhido um pai melhor
para os meus filhos... – meu coração bate acelerado.
– Você prometeu que pararia de tomar pílula depois do casamento. Eu
vou poder finalmente te engravidar, minha santinha? – ela me olha, com cara
de sapeca.
– Naquele fim de semana, com a saga tentando achar o Ike, eu nem
me lembrei de tomar... Então, na segunda, em casa, eu nem voltei mais a
tomar. Por isso eu tive aquele sangramento.
– Sua safadinha! Você disse que tinha sido por causa do estresse! Isso
quer dizer que pode ser que já tenha um bebezinho aqui?! – e acaricio o
ventre dela, com o coração saindo pela boca. Ela sorri e confirma.
– E estou bem na minha semana fértil, meu marido, caso você queira
aproveitar a lua de mel e garantir que eu volte grávida pra casa... – e me olha,
safada. Abro um sorriso enorme e a levanto pela cintura. Ela me abraça pelo
pescoço.
– Você tem alguma dúvida, minha esposa linda? Se depender de mim,
nem do quarto a gente sai nesta semana! – ela ri e a beijo. Faço amor com ela
à noite e durante toda a semana.
A semana passa rápido demais. Voltamos e começo a treinar os caras,
já que aceitaram nossa inscrição no Campeonato Brasileiro e, de quebra,
fechamos a parceria do aplicativo para ser lançado junto com o torneio. O
meu retorno como jogador profissional virou assunto durante vários dias na
internet! Nosso primeiro jogo foi inclusive transmitido para a TV! Estreamos
com vitória e foi um sucesso o lançamento do app!
Na última semana, comecei a achar minha baixinha muito quietinha,
quase não tem comido, e estou começando a ficar com medo de estar me
dedicando demais ao campeonato e ela estar se sentindo preterida. Peço para
os meninos para acabarmos o treino mais cedo, para que possa ficar com ela.
Entro no quarto e ela está chorando. Meu coração quase sai pela boca.
– Meu amor, o que foi?! Você está chateada comigo? Eu sei que andei
um pouco ausente nessas duas últimas semanas. Me perdoa?!
– Você andou jogando muito ultimamente, chefe.
– Eu te falei que eu ficava psico quando competia e que era pra você
me chamar a atenção. Que você viria sempre em primeiro lugar! Por favor,
me perdoa! Eu vou mudar. – falo rápido, desesperado. Ela me olha e sorri.
– Eu também andei jogando muito com o meu chefe, sabe?! – fico
sem entender.
– Jogando comigo?! – ela faz aquela carinha fofa que eu amo.
– Sim e a gente acabou vencendo esse campeonato. Juntos!
– Santinha, eu não estou entendendo...
– Tenho um troféu pra te entregar... Talvez você queira colocar junto
com todos aqueles que você já tem.
Troféu? Ela abre a mão e me entrega um negócio parecendo um
termômetro. Olho para ela, sem entender, e ela sorri com a aquela cara e fofa
e diz com vozinha.
– A gente passou de fase, papai... – meu coração para um instante. Eu
ouvi direito?!
–Papai?! Você tá grávida?! A gente vai ter um bebê?! – ela confirma
com a cabeça. Dou um grito e a pego no colo, abraçando-a e enchendo-a de
beijos. Não consigo parar de chorar! Ajoelho-me e beijo a barriga dela. – Oi,
bebê...
– Oi, papai! Já vou nascer vendo meu papai campeão. Minha mamãe
disse que o meu papai é o melhor do mundo! Em tudo!
– O papai já te ama tanto! Você ainda não sabe, mas você tem a
melhor mamãe do mundo! Ela transformou a vida do papai e fez dele o
homem mais completo e feliz do mundo! – olho para ela. – Eu te amo tanto,
tanto... Que parece que meu coração vai explodir! Obrigada!
– Meu amor, eu que sou a mulher mais feliz desse mundo! Te amo!
Hoje e sempre!
Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que um dia teria
tudo que sempre sonhei: uma esposa linda que me ama, uma família unida
que nos apoia, amigos queridos sempre presentes, uma empresa de sucesso, e
que, ainda, voltaria a competir e vencer! Agora, para completar, um filho a
caminho! Esse é, sem dúvida, a melhor fase do meu melhor jogo!
Fim
Palavras finais.
Cara(o) leitor(a),