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Ancoragem esquelética em Ortodontia — Parte I:


miniplacas SAO (sistema de apoio ósseo para mecânica ortodôntica)

Maurício Tatsuei Sakima*

Introdução especial de pacientes mutilados, com várias perdas dentárias


A Odontologia sofreu uma verdadeira revolução com a e problemas periodontais, onde implantes osseointegráveis
introdução dos implantes osseointegráveis. Hoje, o plane- fizeram parte do planejamento interdisciplinar e, também,
jamento em reabilitação bucal é totalmente diferente do serviram de ancoragem na movimentação ortodôntica.
que era há 10 ou 20 anos. Atualmente, praticamente não As miniplacas SAO (RAHOS Technology, Ribeirão Preto/SP)
existem mais próteses extensas em perdas dentárias par- foram apresentadas em 2009 por Sakima et al.12, ilustrando
ciais, e as próteses totais são apoiadas em implantes. De sua utilização no tratamento da mordida aberta anterior es-
forma semelhante, a utilização de ancoragem esquelética e quelética. Desde então, foram introduzidas inovações no
o desenvolvimento de novas ligas metálicas que possibili- sistema, como os novos formatos utilizados nas regiões da
tam a liberação de forças leves e constantes revolucionaram abertura piriforme na maxila (em “C”), na sínfise mentoniana
a maneira de tratar os mais variados tipos de más oclusões anterior ao forame (em “L”) e no ramo mandibular (em “J”).
em Ortodontia. A popularização dos mini-implantes e dos Nesses sítios anatômicos, eram utilizadas miniplacas em “Y”
fios e molas de níquel-titânio possibilitou a diminuição dos e em “T” cortadas, deixando as miniplacas apoiadas em ape-
custos, tornando esses materiais presentes na maioria dos nas dois parafusos monocorticais. Com os novos formatos,
consultórios ortodônticos. todas as miniplacas devem ser fixadas por três parafusos mo-
Todavia, os mini-implantes não são a única possibilidade nocorticais de 2mm de diâmetro. Apesar de, na maioria das
de ancoragem esquelética. O objetivo da primeira parte des- vezes, não ser necessário o apoio da miniplaca em três para-
se artigo é explorar os recursos e as indicações das miniplacas fusos, faz-se essa recomendação por precaução, para evitar
SAO (sistema de apoio ósseo para mecânica ortodôntica) na que uma nova cirurgia de instalação tenha de ser realizada
solução de casos clínicos complexos, principalmente em pa- em caso de soltura de um parafuso. Esse tipo de soltura
cientes adultos. Na segunda parte, faremos uma abordagem pode ocorrer devido a três motivos: 1) superaquecimento do

Como citar este artigo: Sakima MT. Ancoragem esquelética em ortodontia – Parte I: mi-
niplacas SAO (sistema de apoio ósseo para mecânica ortodôntica). Rev Clín Ortod Dental * Doutor em Ortodontia, FOAr-UNESP. Pós-doutor em Ortodontia, Royal Dental
Press. 2013 jun-jul;12(3):8-20. College, Universidade de Aarhus. Professor Assistente, Departamento de Clínica
Infantil, FOAr-UNESP.
» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação
de suas fotografias faciais e intrabucais.

O autor declara que é sócio cotista da empresa Rahos, fabricante das miniplacas SAO.

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osso durante a perfuração; 2) aperto excessivo do parafuso necessidade de colocação de duas miniplacas convencio-
na miniplaca e no osso (por falta de adaptação da miniplaca nais na mesma hemiarcada.
à superfície óssea ou por querer buscar um ”travamento”, As miniplacas SAO foram especialmente desenvolvidas
como se faz nos implantes); e/ou 3) excesso de carga orto- para ser utilizadas em Ortodontia. Têm como característica
dôntica na miniplaca. Na Figura 1, temos as miniplacas indi- principal a possibilidade de se acoplar um acessório a si — o
cadas para cada sítio anatômico. denominado ADV (adaptador duplo vertical), que é amar-
São indicados dois sítios anatômicos em cada maxilar, rado à haste transmucosa por meio de fio de amarrilho de
sendo um na região anterior e outro na posterior. As maio- 0,30mm. O excesso da haste transmucosa, no sentido ver-
res críticas feitas às miniplacas são a possibilidade de in- tical, deve ser cortado para evitar que cargas mastigatórias
fecção devido sua instalação ser realizada em mucosa gen- sejam colocadas sobre as miniplacas. O ADV é o grande
gival livre. Para se evitar tal transtorno, durante a cirurgia diferencial desse sistema, apresentando dois tubos e dois
de instalação, a incisão deve ser realizada em mucosa ce- ganchos onde diversos dispositivos ortodônticos podem ser
ratinizada, ou próxima à junção mucogengival, ou seja, em acoplados, sozinhos ou simultaneamente. Isso possibilita
áreas de pouca ou nenhuma mobilidade. Outro cuidado que apenas dois sítios sejam necessários em cada maxilar,
especial é a realização de duas dobras em 90°, em forma independentemente do tipo de má oclusão a ser tratada.
de baioneta, na área da incisão, de forma a deixar um pla- Não existe a necessidade de precisão cirúrgica na instala-
tô de higienização. O cirurgião deve estar ciente de que a ção, como ocorre nos outros sistemas, pois nessa minipla-
região das perfurações na haste transmucosa não pode ser ca serão acoplados os dispositivos que realizarão a movi-
dobrada, para que o acessório possa ser encaixado com mentação dentária. Dessa forma, não são necessárias tantas
precisão nessa miniplaca instalada. Após a instalação, o miniplacas, pois, por exemplo, forças requeridas na região
paciente deverá higienizar a miniplaca com clorexidina a anterior podem ser apoiadas em miniplacas instaladas tanto
0,12% e escova interdental. na região posterior quanto na anterior.
Nas miniplacas convencionais, geralmente são utiliza- Para maior conforto do paciente, recomenda-se que as
das molas ou elásticos (para apenas um ponto de aplica- miniplacas, com seus respectivos ADVs e acessórios aco-
ção das forças), conectando a si os dentes a serem movi- plados, sejam envoltas com resina acrílica fotopolimerizá-
mentados. Não existem tubos conectados a elas. Dessa vel ou com resina flow.
forma, a precisão na colocação dessas é essencial para Entre as principais vantagens das miniplacas sobre os mi-
que as forças a serem exercidas sejam feitas na direção ni-implantes, estão os menores índices de insucesso, a maior
correta. Isso exige maior habilidade do cirurgião no posi- quantidade de carga suportada, a possibilidade de transla-
cionamento, para que a região do dente a ser movimenta- dar dentes na área em que a miniplaca está instalada, a pos-
do possa receber as forças adequadas. Não é incomum a sibilidade de realizar diferentes mecânicas simultaneamente

Figura 1 Sítios anatômicos e respectivas mini-


placas adaptadas. A dobra em baioneta deve
ser realizada na área de incisão, próxima à jun-
ção mucogengival.

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e, principalmente, a facilidade de lidar com efeitos colaterais. com o lado esquerdo se apresentando em Classe II de cani-
Essa última vantagem representa uma tranquilidade clínica nos e molares. O objetivo do tratamento foi verticalizar os se-
para o ortodontista. Por esses motivos, os tratamentos or- gundos molares inferiores e mesializar os segundos e tercei-
todônticos realizados com o auxílio dessas miniplacas são, ros molares inferiores, evitando implantes ou próteses nessa
geralmente, mais rápidos. arcada, uma vez que os terceiros molares estavam em oclu-
Os dispositivos ortodônticos que podem ser encaixados são. A correção da Classe II do lado esquerdo foi realizada
no ADV são cantiléveres, alças de correção radicular, alças por meio da mesialização do canino e de dentes posteroin-
em “T” para retração, power-arms, molas de aço ou de ní- feriores, evitando extrações na arcada superior e alterações
quel-titânio, cadeias elásticas e fios de amarrilho. Esses dis- dramáticas no perfil. As Figuras 2 e 3 mostram as fotografias
positivos se caracterizam, em sua maioria, por liberar cargas iniciais e as imagens radiográficas do caso clínico relatado. A
leves e constantes, agindo praticamente o tempo todo, não Figura 4 ilustra o início do tratamento, sendo realizada a ins-
apenas um ou dois dias após a colocação das forças. talação de duas miniplacas na região de sínfise mentoniana,
A seguir, serão apresentados casos clínicos para exem- e os segundos molares sendo corrigidos com o auxílio de
plificar a utilização desse sistema de ancoragem. Traremos alças de correção radicular ativadas em geometria VI. Nesse
situações clínicas diferentes das apresentadas em outro tra- tipo de alça, um fio de TMA de 0,017” x 0,025” é adaptado
balho12, relacionadas ao tratamento da mordida aberta. passivamente entre o tubo do segundo molar e o tubo da
miniplaca (ADV). Após a alça estar passiva, duas dobras de
Caso clínico 1 igual magnitude são incorporadas a essa, sendo uma na me-
O primeiro caso ilustra uma situação clínica bastante co- sial do molar e outra na distal do ADV. Essas dobras devem
mum do dia a dia do ortodontista brasileiro, em que ocor- ter 30° no sentido cervical, e são realizadas assim para evi-
reram perdas de primeiros molares permanentes inferiores, tar que forças extrusivas sejam incorporadas no movimento

Figura 2 Fotografias iniciais do caso clínico 1. Má oclusão Classe II subdivisão esquerda, com perdas dos primeiros molares inferiores e consequen-
te inclinação mesial dos segundos molares.

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Figura 3 Imagens radiográficas iniciais.

Figura 4 Miniplacas SAO instaladas e alças de


correção radicular ativadas em geometria  VI
para verticalização dos dentes 37 e 47, sem
gerar forças extrusivas.

de verticalização (Fig. 10). Observe que, para que a vertica- ADV fixado à miniplaca. Para facilitar a movimentação mesial,
lização possa ocorrer com sucesso, a intrusão dos molares o fio que passa dentro das canaletas dos molares deve ser
superiores deve ser realizada concomitantemente à movi- redondo (0,018” ou 0,020”, de aço) e um aparelho removível
mentação dos dentes inferiores (Fig.  5). Nesse caso, foram com cobertura oclusal posterior na arcada superior deve ser
utilizados cantiléveres com forças de 50g, apoiados em toda usado (uso noturno, no mínimo). A correção da Classe II na
arcada superior na parte vestibular, e, na palatina, foi utiliza- região anterior foi realizada por meio de cantiléveres apoia-
da uma barra palatina de encaixe em forma de ferradura para dos nas miniplacas, com forças mesiais de 80 a 100g, amar-
o controle de inclinação. Após a verticalização dos molares, rados nos caninos (Fig. 6, 7). Observe que toda a movimen-
esses foram mesializados com o auxílio de molas fechadas tação principal ocorreu na arcada inferior, praticamente pela
(150g, Sentinol – GAC) apoiadas em power-arms feitos com mesialização de todos os dentes, apoiados na miniplaca e
fio de aço de 0,019”  x  0,025”, e amarradas no gancho do com a utilização de forças leves e constantes (Fig. 8, 9).

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Figura 5 Intrusão dos dentes 16 e 26 por meio


de cantiléveres por vestibular e barra palati-
na em forma de arco lingual para controle de
inclinação.

Figura 6 Término da verticalização dos den-


tes 37 e 47 e molares superiores já nivelados.
Cantiléveres nos caninos inferiores para me-
sialização e correção da Classe II.

Figura 7 Molas de níquel-titânio com 150g,


apoiadas em extensões (power-arms) para
mesialização dos molares inferiores. O con-
trole rotacional é feito pelo arco lingual.

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Figura 8 Fotografias extrabucais e in-


trabucais finais.

Figura 9 Radiografias finais.

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Figura 10 Alça de correção radicular ativada em


geometria VI para correção de inclinação mesial
de molar inferior e ancorada na miniplaca SAO.

Caso clínico 2 Esse problema foi facilmente solucionado com colocação de


Na Figura  11, ilustramos outro caso, com a realização dois cantiléveres apoiados na região posterior da arcada infe-
de verticalização e mesialização dos segundos e terceiros rior, cada um com 150g de força intrusiva (Fig. 13). Essas forças
molares. Nesse caso, durante o processo de verticalização foram incorporadas ao mesmo tempo que se realizava a me-
ocorreu a abertura da mordida, provavelmente devido aos sialização dos molares. Observe que os aparelhos fixos na ar-
contatos prematuros gerados pelos molares verticalizados, cada superior só foram montados na fase final do tratamento
mesmo utilizando mecânica sem forças extrusivas (Fig.  12). — fato bastante apreciado pelos pacientes adultos (Fig. 14).

Figura 11 Fotografias iniciais do caso clínico 2.


Perda dos primeiros molares inferiores.

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Figura 12 Efeito colateral gerado pela vertica-


lização dos molares inferiores (mordida aberta
anterior).

Figura 13 Cantiléveres apoiados no fio e en-


caixados na miniplaca para intrusão dos mo-
lares inferiores.

Figura 14 Fotografias e radiografia finais, ilustrando o fechamento dos espaços dos primeiros molares inferiores.

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Caso clínico 3 montados na fase final do tratamento ortodôntico. A mecâ-


Outra utilização bastante importante é a possibilidade de nica utilizada consistiu da colocação de cadeia elástica en-
distalização dos dentes superiores apoiados nas miniplacas. tre as miniplacas e os caninos, possibilitando a distalização
Esse caso ilustra uma situação onde a paciente não queria dos dentes posteriores ao mesmo tempo que espaços foram
a extração de pré-molares (Fig.  15). A solução proposta foi abertos na região anterior (Fig. 16). O fio utilizado nessa fase
a distalização de todos os dentes posterossuperiores para foi o redondo de 0,018”, de aço. Após os dentes posteriores
criar espaço para o alinhamento dos dentes anteriores, bem engrenarem em correta oclusão, aparelhos fixos foram mon-
como a correção sagital dos dentes posteriores que estavam tados nos dentes anterossuperiores e, também, nos dentes
em Classe II. Os aparelhos fixos na arcada inferior só foram inferiores (Fig. 17, 18).

Figura 15 Fotografias iniciais de paciente Classe II divisão 2 com apinhamento na arcada superior.

Figura 16 Distalização de todos os dentes


posterossuperiores apoiados nas miniplacas
SAO. Observe a correção da Classe  II e a
abertura de espaço para solucionar o apinha-
mento superior.

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Figura 17 Montagem dos aparelhos fixos na


arcada inferior para a finalização do tratamen-
to ortodôntico.

Figura 18 Fotografias finais do caso 3, tratado


sem extração de pré-molares superiores.

Caso clínico 4 Por ser redondo, o fio diminui o atrito em relação aos bra-
Nesse último caso (Fig. 19, 20), ilustramos a verticalização quetes, e forças menores podem ser utilizadas de maneira
e mesialização dos dentes 47 e 48, a distalização dos dentes eficaz. Na arcada inferior foi utilizada uma alça de correção
posterossuperiores do lado esquerdo, e mecânica assimétri- radicular no dente 47; a mesialização foi feita utilizando a
ca no sentido de corrigir a linha mediana desviada (Fig. 21). miniplaca instalada na sínfise mentoniana. Após a obtenção
A paciente apresentava assimetria sagital na arcada superior, desse movimento, toda a arcada serviu de ancoragem para
sendo corrigida pela distalização dos dentes posterossuperio- a verticalização do dente 37, que foi realizada por meio de
res do lado esquerdo. Isso foi realizado com o auxílio da anco- outra alça de correção radicular apoiada diretamente no arco,
ragem esquelética da miniplaca SAO, instalada na região de mais precisamente no tubo cruzado presente entre os dentes
pilar zigomático, à qual foram apoiadas cadeias elásticas no 33 e 34 (Fig. 22). Observe a correção da linha média superior
canino e no sliding-jig para a distalização de todos os dentes em relação à face e as movimentações dentárias realizadas
dessa hemiarcada. Tal como no caso clínico 3, fios de 0,018” de forma assimétrica, sendo parte feita na hemiarcada inferior
de aço foram utilizados como guia da movimentação distal. direita e parte na hemiarcada superior esquerda (Fig. 23, 24).

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Figura 19 Fotografias iniciais de caso clínico 4, com perda dos dentes 16, 36 e 46. Note a assimetria da arcada superior, com linha média deslocada
para o lado direito.

Figura 20 Imagens radiográficas iniciais.

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Figura 21 Verticalização do dente 47 e distali-


zação de dentes superiores do lado esquerdo
apoiados em miniplaca. Observe o início da
verticalização do dente 37, realizada com can-
tiléver ativado para mesializar o dente 33.

Figura 22 Verticalização do dente 37 com alça


de correção radicular apoiada no arco inferior.

Figura 23 Fotografias finais. Observe a correção da linha média dentária em relação à facial.

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Figura 24 Fotografias intrabucais finais.

Conclusão movimentações no sentido mesial ou distal de todos os


Os casos apresentados ilustram situações clínicas bas- dentes de uma hemiarcada podem ser realizadas simulta-
tante comuns em pacientes que tiveram perdas precoces neamente, ao invés de um a um, e, ainda, por a miniplaca
de dentes permanentes. O tratamento de pacientes adul- estar fixada em osso basal, os dentes podem ser movidos
tos é um desafio para o ortodontista, principalmente no até mesmo nas áreas onde ela se fizer presente.
que se refere ao sentido vertical, ou seja, a extrusão de Sendo assim, conforme o exposto, podemos concluir
dentes posteriores. As miniplacas SAO são um elemento que as miniplacas SAO representam um ótimo dispositivo
de segurança nesse tipo de tratamento porque, a qual- para ancoragem esquelética, possibilitando movimenta-
quer momento, forças intrusivas podem ser aplicadas ções eficazes, facilitando o controle de efeitos colaterais e
aos dentes posteriores concomitantemente à mecânica permitindo a movimentação simultânea de dentes. Tudo
principal sendo realizada. Isso faz com que os possíveis isso representa um ganho de eficiência e, portanto, me-
efeitos colaterais possam ser debelados antes mesmo lhora do tempo total do tratamento ortodôntico —  algo
que se expressem de maneira significativa. Além disso, que pode ser bastante apreciado por pacientes adultos.

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Endereço para correspondência
2007 [2007 Jul 3). Disponível em: http://revista.inpi.gov.br/INPI_UPLOAD/Revistas/
PATENTES1904.pdf Maurício Tatsuei Sakima
Rua Gonçalves Dias, 1767 – Centro – Araraquara/SP
9. Mendonça AA. Placa temporária de ancoragem (PTA) [dissertação]. Campinas (SP):
CEP: 14.801-290 – E-mail: ortodontiasakima@gmail.com
Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic; 2012.

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