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instalação de mini-implantes?
Escrito por Redação
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Autores
|Matheus Alves JR|Carolina Baratieri|Mariana Marquezan|Lincoln Issamu Nojima|
Maria Christina Thomé Pacheco|Mônica Tirre de Souza|
Resumo
A região do palato é um dos locais mais favoráveis para a instalação de mini-
implantes. Fatores como fácil acessibilidade, cobertura total de gengiva
queratinizada e boa qualidade óssea em sítios específicos contribuem para a
redução do risco de inflamação e aumento da estabilidade primária. No entanto, a
presença de vasos, nervos e forames demanda grande atenção no momento da
instalação desses dispositivos. Lesões nestas estruturas podem levar ao
comprometimento da técnica e do tratamento. Descrições pormenorizadas da
região palatina são escassas na literatura, até mesmo em livros de anatomia.
Buscando preencher essa lacuna, o presente trabalho descreve detalhadamente a
região palatina, destacando áreas de maior ou menor espessura óssea, espessura
de mucosa, posição e trajeto de nervos, vasos e forames, destacando os locais
mais indicados para a instalação desses dispositivos.
Na região do terço posterior do palato duro, entre a mucosa e o osso tem início
uma camada de glândulas salivares menores (glândulas palatinas), que se
estende ao palato mole. O palato mole diferencia-se do palato duro através da
coloração, que passa de rosa para vermelho translúcido, e também por meio de
sua mobilidade. O palato mole é composto de tecido fibroso e formado pelos
músculos tensor do véu palatino, levantador do véu palatino, palatoglosso,
palatofaríngeo e músculo da úvula16. Nessa região não se recomenda a instalação
de mini-implantes, devido à indisponibilidade óssea.
Vascularização e inervação
Dentro da fossa pterigopalatina, a artéria maxilar dá origem à artéria palatina
descendente, que desce pelo canal pterigopalatino e emerge no palato pelo
forame palatino maior (Fig. 2) com o nome de artéria palatina maior. A artéria
dirige-se para anterior, num sulco palatino entre as espinhas palatinas, liberando
ramos pelo palato e suprindo mucosa, glândulas e gengiva palatina, dos dentes
até chegar ao canal incisivo. Ainda dentro do canal pterigopalatino, pequenas
artérias palatinas menores emergem posteriormente pelos forames palatinos
menores para irrigar o palato mole16.
Oriundo da porção maxilar do gânglio trigeminal, o nervo palatino desce pelo canal
pterigopalatino juntamente com a artéria palatina maior, emitindo ramos que irão
atravessar o forame palatino maior e dar origem ao nervo palatino maior; e ramos
que vão atravessar os forames palatinos menores e dar origem aos nervos
palatinos menores. O nervo palatino maior emerge do forame e caminha
anteriormente em direção ao forame incisivo, cerca de 5 a 15mm da margem
gengival, sendo responsável pela sensibilidade da mucosa palatina da região de
canino até o limite anterior do palato mole (Fig. 2), que terá sua sensibilidade
recolhida pelos nervos palatinos menores16,18.
A sensibilidade da região anterior ao canino é recolhida por meio do nervo
nasopalatino, que também se origina do nervo maxilar, percorre o septo nasal em
direção inferior e anterior para atravessar o forame incisivo e caminhar
posteriormente até a região de canino, quando irá se anastomosar com o nervo
palatino maior16.
O planejamento prévio à colocação dos mini-implantes nessas regiões se faz
necessário para evitar injúria ao feixe vásculonervoso. A lesão do feixe nervoso
pode provocar parestesia transitória, necessitando em torno de seis meses para
completa cicatrização. O contato com o nervo por longo período pode levar à
necessidade de farmacoterapia (corticoides), laserterapia ou até mesmo
microcirurgias30. Devido à importância dessas estruturas na região palatina, a
inserção segura de mini-implantes deve ser feita lateralmente ao feixe
vásculonervoso (Fig. 9).
As raízes dentárias
Devido às suas características e tamanhos diminutos, os mini-implantes são,
frequentemente, instalados entre as raízes dos dentes, por palatino ou vestibular, o
que aumenta a probabilidade do contato desses com o ligamento periodontal ou
com uma raiz durante a instalação. Contatos com as raízes podem levar à
sensibilidade dentária, perda do mini-implante 31 ou, em alguns casos, a perfuração
e a perda do elemento dentário 9. Por esse motivo, o procedimento de instalação do
mini-implante deve ser realizado apenas sob anestesia mucoperióstea, sendo que,
em caso de contato com o periodonto, a sensibilidade será relatada pelo paciente
e, dessa forma, evitará que perfurações severas ocorram.
Levando-se em conta que a espessura aproximada do ligamento periodontal é de
0,25mm, considera-se que um espaço mínimo de 1mm ao redor do mini-implante
deva ser suficiente para manutenção da saúde periodontal e, assim, combinando
esse valor com o diâmetro do mini-implante, as zonas seguras para inserção
interradicular podem ser identificadas19.
Por palatino, a região próxima às raízes dos dentes com maior disponibilidade
óssea é entre o segundo pré-molar e o primeiro molar 19, entre 2 e 8mm acima da
crista marginal (Fig. 3).
CONCLUSÃO
A região palatina é de extrema importância para a ancoragem ortodôntica e sua
utilização para colocação de mini-implantes tem sido cada vez maior; no entanto
falhas na instalação desses dispositivos vêm ocorrendo com frequência. Para
assegurar que o sucesso do tratamento seja alcançado, atenção especial deveria
ser dada ao estudo detalhado da área anatômica escolhida e às peculiaridades
dessa região. Sabendo que a variação dessa anatomia entre os pacientes é
grande, a necessidade de exames radiográficos e tomográficos complementares
deve ser considerada.